CAPITULO XLIX
CAPÍTULO QUARENTA E NOVE
contem 3352 palavras
Calíope
Entalei, um nó cresceu na minha garganta sem saber o que dizer, baixei a cabeça riscando a areia fazendo desenhos de coisas que não tinha noção o que seriam, esperando acalmar as batidas do meu coração
. O que mais incomodava era o jeito inocente como Iara me olhava, era aquele olho lindo de cores diferentes me encarando passando a mensagem que estava pronta para encarar junto comigo os meus demônios, os mesmos que ultimamente me tirava o sono.
. Incomodava e muito o fato de um dia eu ter sido igual a ela, e como tal ter sido apaixonada por uma pessoa mais velha e mais experiente, e essa mesma pessoa ter pisado em meus sentimentos sem um pingo de remorso e por causa disso eu ter me fechado para o amor.
— Escuta, ao invés de ficarmos falando besteira, porque não vamos ajudar Nara e sua companheira a procurar a tal cobra. — Pedi mais para fugir do assunto.
Iara virou a cabeça tão rápido fazendo com esse gesto brusco suas tranças saltarem do elástico que as mantinham presas no alto da cabeça, seu semblante era de surpresa com o que eu disse.
- Estou admirada que tenha descoberto essa coisa que só a alfa acha que é segredo, não comente nada com a Nyxs ela não sabe que a alfa também é sua companheira de alma, Nyxs acha que só ela sente o cheiro original da alfa, e deve permanecer assim mesmo. Nenhuma de nós sabe o real motivo de sentirmos que não podemos falar para ninguém e a Nyxs mesmo sabendo que vai ser a companheira da Nara não tem noção que já é que sempre foi. Tudo isso é meio louco.
— Não vou falar nada, agora a Nyxs é muito cega para não perceber o jeito que minha irmã a olha e como as duas se comportam quando estão juntas.
— Verdade, lá em casa, quando a Nara vai jantar, elas se comportam como companheiras, uma colocando o que a outra gosta no prato, uma cortando a carne da outra, e o mais incrível é que elas não percebem.
— Eu vi naquela noite lá em Salém, eu só tinha visto coisa parecida com meus pais. — Falei com remorsos e saudades nunca disse ou demonstrei aos meus pais o quanto os amava e admirava, às vezes cheguei a sentir ciúmes da forma como Nara
paparicava meu pai e como ele a amava, mesmo sabendo que a culpa de tudo era minha.
— Todos os casais que completam o laço, se comportam assim: minhas mães, Ananya, minha irmã Ameth e Lilith. Eu também quando completar meu laço quero tratar minha companheira do mesmo jeito. — Iara falava docemente, sem deixar de ter uma voz forte, grossa e imponente.
— Acho que eu não gostaria dessa coisa melada — Falei mais para chatear a índia que sorria com aquele jeito de quem não acreditou em uma palavra do que acabei de dizer, mudei de assunto e completei— No entanto, continuo achando que devemos ir ajudar na busca. ―Mesmo estando fascinando com a companhia diferente das outras vezes em que tive que interagir com amigos nunca me senti verdadeira, era como se eu tivesse sendo forçada a interagir, já com Iara eu queria mesmo estar a seu lado e também ajudar na busca.
— Nara, Nyxs e a Nana dão conta do recado sozinhas, se precisarem elas chamam.
Iara estava perdida com o olhar distante observando uma ave que voava longe e seu canto chegou até nós, um canto cheio de gorjeios e trinados formando uma melodia alegre. Iara fechou os olhos e por instantes seu corpo parecia não lhe pertencer, com um sorriso aberto no rosto e olhos fechados a impressão que eu tinha é que ela voava com o pássaro, que planava distante, seu corpo todo acompanha os movimentos da ave e balançava ao sabor corrente de ar marítima, exuberante e magnífica essa era a palavra adequada para descrever toda a beleza selvagem a minha frente, minha vontade era de puxar aquelas tranças soltando os cabelos para ver até onde ia seu comprimento, eles pareciam estar sempre limpos com aquele cheiro estonteante igarapé misturado com vitória Regia, cheiro da selva das plantas exóticas e venenosas.
Iara, cheirava a perigo, esse ar angelical que eu via em lapsos de segundos era ainda mais perigoso, como se tivesse lido meus pensamentos, virou rápido e me surpreendeu encarando-a, sorriu maliciosamente ou então era a forma dela sorrir, talvez eu, que visse malícia em tudo.
— Aquela gaivota está voltando para sua companheira depois de uns dias ferida e escondida nas grutas tentando sobreviver.
— Como você sabe? — Perguntei e me senti uma imbecil, ela era filha de índio, essas coisas eles aprendiam como aprendiam a andar ou falar.
— O canto daquele pássaro e de liberdade, na Amazônia onde minha mãe nasceu os nativos quando chegam numa certa idade são abandonados na selva para aprender a caçar, procurar plantas que curam e achar água, tudo isso fugindo das onças e cobras, os pássaros com seus cantos orientam onde tem comida ou predador, fugir de aranhas marrom, pretas ou reclusas as marrons são pequenas e
letais iguais os escorpiões-pretos, temos que contar com ajuda dos pássaros que dizem onde está a caça e os grandes cardumes.
— Mas isso é crueldade deixá-los entregue a própria sorte. — Não concordava com certas culturas.
— Isso é um ritual de passagem, os humanos têm a pré e a adolescência para se tornarem jovens adultos, nós lobos temos o cio para nosso corpo ficar adulto e pronto para acasalar, os índios têm os rituais que diferem entre as tribos. Eu e minha irmã encontramos o caminho de volta no mesmo dia.
Ela estava brincando comigo, só podia.
— Está de sacanagem, vai me dizer que vocês passaram pelo ritual de passagem da aldeia da sua mãe em um dia? — Ela não podia me deixar mais surpresa.
— Quando completamos dez anos, doparam todas as crianças que tinham entre treze e quinze anos e nos soltaram no meio da mata, as mais novas eram Inaê e eu, voltamos antes do anoitecer, com peixes, mel e uma capivara espetada na minha flecha. E tudo isso sem magia, minha mãe Esther jogou um pó em nós para prender nossa magia.
— Vocês são todas loucas. — Não pude conter a gargalhada ao imaginar o diabinho da índia criancinha chegando imunda de sujo com uma capivara no ombro e sorrindo como uma louca.
— A gaivota está dizendo que está livre o tempo de prisão acabou, agora ela está livre para começar uma vida e construir laços.
Ficamos um tempo em silêncio, apreciando o pôr do sol que estava findando o céu estava repleto de estrelas ainda meio envergonhada resolvi falar.
— Não sei se é a pessoa certa para eu despejar toda essa bosta em cima de você é muito novinha, não entende nada da vida.
— Só jogue, nada do que fez será demais para mim eu sobrevivo.
Seu jeito era tão parecido com o meu, quando comecei a ouvir as confidências da loba vermelha, do que ela passou quando esteve presa sofrendo todo tipo de abuso, de como foi resgatada, foi tão fácil eu me apaixonar por ela.
— Eu tinha acabado de passar pelo meu primeiro cio quando Amkaly começou a ir com mais frequências lá em casa — Parei e fiquei olhando o mar azul com as ondas vindo lamber bem próximos a nossos pés, em pouco tempo chegaria até nós, iara apoiou as mãos na areia e relaxou estirando as pernas grossas e musculosas, pernas masculinas de quem pratica academia.
— Quando ela chegava ia direto para nosso quarto ficamos as três conversando até o sol raiar, a Cassandra logo se cansou e passou a ocupar o quarto sozinha e eu me mudei para o quarto antigo da Nara e passamos a dormir só nas duas, minha irmã viajava muito, era só ela sair que Amkaly, vinha para minha casa, passamos quase
dois anos sendo amantes em segredo, eu me sentia a loba mais suja por trair minha irmã, mas Amkaly me assegurou que as duas tinham um relacionamento aberto, isso é muito comum, muitos lobos, tem um relacionado aberto com direito a outros parceiros.
— Eu sei e não estou te julgando.
— Mas a diferença é que nestes acordos não deve rolar sentimentos, na época eu já estava alucinada por ela, e faria qualquer coisa que Amkaly pedisse, e uma delas era manter o relacionamento em segredo.
Parei para respirar, senti minha boca seca por falta de água ou nervoso, eu não sei, umedeci os lábios com a língua, iara me fitava aguardando o final da história, sem perguntas, ou julgamentos, isso me deu coragem para continuar.
— Cassandra e meus pais nunca gostaram muito da Amkaly eles aceitaram por ser a companheira da minha irmã e ela não dava muita importância a opinião deles. No dia que o papai pegou nós duas dormindo abraçadas e nuas na cama ele não falou nada, comprou a passagem e no mesmo dia foi nos deixar em Paris, morou quase um ano com a gente até nos adaptar, quando ele voltou não sei como seus irmãos descobriram e foram para lá, eu fiquei com o Dafo e com o Scire, era de boa todos estavam de acordo, até Amkaly chegar, aí virou putaria, íamos os quatro para cama tem certeza que quer ouvir o resto?? — Perguntei por que eu sabia que estava quebrando aquela imagem de garota legal que ela podia ter a meu respeito, mas parece que ela não estava levando as coisas tão a sério, o que facilitou o que ia falar dependendo do que ela disse.
— Eu cresci ouvindo que o Scire e o Dafo estavam apaixonados por você, só não sabia que tinham sido amantes, e Cassandra não se divertia?
— Cassandra é diferente de mim, só namorava garotas, nunca quis machos, mas nunca se ligou a ninguém, já eu sinto prazer com machos e fêmeas.
— Eu ainda não entendi onde Camile entra nessa história? — Iara desfazia as tranças colocando lentamente o elástico no pulso
— O Dafo tinha arranjado um amante e esse garoto frequentava a casa de Show da Camile e Sandra. E fomos eu e Amkaly conhecer a casa, gostamos do que vimos, eu sempre gostei de trans*r com tudo aquilo que me desse prazer, desde que não envolvesse crianças ou animais, o resto eu tirava de letra, logo comecei a dar show na casa de BDSM. Sabe o que é isso? — Iara talvez nem soubesse do que eu falava, mas seu jeito sério e calado me deixou em dúvida, pois ela do seu jeito frio só mandou eu continuar.
— Eu tinha prazer no que fazia e como fazia, me sentia poderosa sendo possuída por duas ou três pessoas ao mesmo tempo—Olhei de canto para ver o desprezo e
nojo na cara da índia, mas não vi nada, suas feições estavam neutras, será que ela estava com nojo de mim, era bom que tivesse, aí acabava de vez suas ilusões a meu respeito.
— Você continuava apaixonada pela Amkaly nessa época em que era a porr* louca das lobas? — Ela perguntou sorrindo como se fosse a coisa mais normal do mundo.
- Sim, eu contava as horas e minutos todas as noites para dormir em seus braços, muitas vezes eu esperava Amkaly terminar de trans*r com dois ou três parceiros para levar para minha casa, outras vezes ela estava tão chapada que me batia por eu a obrigar ir para casa. Por mais que eu tivesse amantes, era com ela que eu queria dormir, as coisas mudaram quando ela começou a me tratar como um bicho, me batia, obrigava seus amantes fazer sex* comigo para ela ver, e só depois ela vinha toda gostosa pedindo para fazê-la goz*r. Uma noite estávamos na casa de show, ela já estava drogada, ela mesmo me amarrou na cruz, me amordaçou e deu a primeira chicotada, meu corpo entrou em combustão de desejo, mais aí….
Parei de repente, sem coragem para continuar.
A mão de Iara segurava a minha, seu indicador desenhava círculos suavemente numa carícia inocente. Senti a sua bravura quando seus olhos bicolores irradiando luz encararam os meus, me incentivando a continuar. Eu sabia que ela não me julgaria, mas, no fundo, sendo bem sincera, não queria perder a admiração que ela sentia por mim. Quando soubesse tudo que fiz e como sou, talvez não restasse mais aquele brilho no olhar.
— Bora lá, falta pouco. Vai ver que quando colocar tudo para fora vai se sentir mais livre. — O modo como Iara falava lembrava muito a sua mãe, só que ela não tinha seiscentos anos de vida. Será que longevidade era transmitida pelo DNA? Ali não estava uma garotinha, mas uma mulher adulta segura do que dizia, me dando forças para continuar. E foi o que fiz.
— Ela se afastou e mandou que os clientes que pagaram... muita gente que frequenta essas casas paga um valor muito alto para realizar certos desejos sombrios. — Expliquei antes de continuar. — Amkaly entregou o chicote de couro que estava usando em mim para um sádico. A primeira chicotada foi tão forte e inesperada que eu me mijei toda ali na frente de todo mundo.
Me concentrei na sensação da sua mão na minha. Iara chegou mais perto, sentou bem junto de mim, e passou o braço por cima de meus ombros. Esse gesto, por mais singelo que fosse, mexeu com alguma coisa morta dentro de mim. Essa coisa se remexia, fazia arder meus olhos e entalava a garganta.
— Quando perceberam o cheiro forte de urina, alguns homens chamados de Dom… “Dominadores”. — Esclareci.
— Eu sei o que é um Dom e uma domme e suas taras, mas também sei o que é uma mente pervertida. Continue. — Eu não sabia o que pensar. Uma garota de quase dezoito anos não deveria conhecer esse estilo de vida.
— Os “dommes”, dois deles que estavam assistindo com seus submissos, enlouqueceram e pediram à dona da casa para trans*r comigo. Naquele momento eu estava de submissa, algemada, amordaçada e amarrada na cruz.
— Você não podia fugir ou se transformar em loba e matar todos aqueles filhos da puta. — A voz que falou isso era desconhecida para mim. Não a garotinha que eu vinha brincando, era um ser de voz cavernosa e olhos vermelhos,
aterrorizantemente linda, perfeita até no olhar de sangue. Para aquele ser eu teria dito sim na hora.
— Eu quis estar ali, para o meu prazer e para o prazer da Amkaly. Aquele momento era só nosso, mas ela estragou tudo. Deu permissão ao “Dom” para trans*r comigo, e recebi outra chicotada em cima da primeira e mais uma vez me urinei. As chicotadas queimaram minha pele, e eu gritei a palavra de segurança, mas o Dom me penetrou de uma tacada só. Eu gritei a palavra de segurança outra vez, mas outro veio e me penetrou por trás. Consegui tirar a mordaça e fiquei pedindo para parar. Eu digo que foi estupro porque eu gritei a palavra de segurança várias vezes e Amkaly não permitiu que eles parassem. Enquanto outros trans*vam com ela, ela não tirava os olhos de mim, sentia prazer na minha dor. Quando tudo terminou, eu fui embora como loba correndo na noite. A ONG de
proteção aos animais “30 Millons d´amis” me recolheu e passei uma semana sendo tratada e cuidada como um animal. As chicotadas queimaram a pele da minha loba e a mordaça da boca cortou parte do meu focinho, mas cicatrizou logo e não deixou marcas. Quando me senti curada, eu fugi e liguei para o meu pai. Não sei o que ele sentiu na minha voz, mas no mesmo dia voltamos. Amkaly só voltou no mês seguinte. Não falamos no que aconteceu, acho que ela nem lembra de tão chapada que estava.
— Você sente falta da vida que teve com ela? Das coisas que faziam juntas? — Iara estava séria, com aquela voz tenebrosa e, ao mesmo tempo, cativante.
— Se eu disser que me arrependo estarei mentindo. Eu gostava, as noites de sex* eram loucas, mas perdi o interesse desde a vez que não respeitaram minha vontade. Acho que não deixei de gostar, só não estou praticando e não sinto falta de nada.
— Como foi voltar a ser amante da Amkaly depois de tudo?
Agora foi minha vez de encarar Iara.
— Daquele dia em diante não deitei mais com ela, mesmo que ela insistisse. Tudo que eu sentia foi enterrado na boate, com cada grito pedindo para parar. Hoje somos só amigas. Se ela lembra do que aconteceu, nunca tocou no assunto, mas tenho certeza que ela só ficou comigo porque foi fácil me dominar e pela minha semelhança com minha irmã. Muitas vezes ela me chamava de lobinha, só depois foi que descobri que era a forma que ela tratava Nara. — Iara estava certa, me sentia mais leve após vomitar toda a sujeira que foi minha vida sexual.
— Mas aqui vocês fizeram tudo de novo. Eu vi as marcas no seu corpo e de como isso te assustou.
— Aqui foi diferente. Eu bebi a Bloody Mary que eles servem para alguns clientes e fiquei dopada. Quando dei conta do que estava acontecendo, coloquei a boate abaixo e vim embora.
— Fez pouco, eu teria matado todos eles. — Sua voz já não estava linda e apaixonante, agora era a garota sorridente de sempre.
— Amkaly é assim, quebrada. Viciada em drogas, dependente química. Olha, essas merd*s são capazes de destruir os humanos, mas aos lobos tira os melhores sentimentos que temos. Tira a coletividade, a família, a sensação de pertencer a um lugar. Amkaly não sabe valorizar as pessoas, sejam elas amigas ou amantes, mas esse problema é dela, não meu.
Iara levantou com um pulo. Não fiquei decepcionada quando limpou a areia do corpo e me encarou, já esperava que fosse embora. Afinal, era muito para digerir. Se eu fosse ela, não iria querer ser minha amiga.
— Agora tire toda sua roupa e vamos lavar sua alma com a água do mar. — Ela estendeu a mão com um sorriso aberto. Parece que me enganei. Ela não era como Amkaly. Talvez fosse esse tipo de amizade que eu precisasse para voltar a ter confiança nos meus relacionamentos.
— Ficou louca? Esse mar aí está cheio de tubarão. — Aceitei sua mão e levantei. Eu me sentia aliviada. Ela não deu tanta importância aos meus demônios.
— Essa será a sua passagem para a fase adulta, vai ter que lutar para salvar sua vida. Você tem que contar tudo para sua irmã e a mais ninguém, a vida é sua, as decisões sempre serão suas. Vamos, deixe de moleza. — Ela deu um puxão e juntas corremos em direção do mar. A água estava morna e bem gostosa, perfeita para nadar. Quando mergulhei e voltei à superfície, iara ainda estava lá.
— Oi, muito prazer. Meu nome é Iara Yoki. Esse último eu ganhei do pajé no dia da minha passagem, significa pássaro-azul e premeditação.
Ela me deu a mão, se apresentando, e eu entrei na brincadeira.
— Oi, muito prazer. Meu nome é Calíope, filha de Ziam. E pelo que entendi estou passando agora pela minha transição, portanto ainda não tenho um segundo nome.
— “Anahi” é um nome Guarani que gosto muito.
— E o que quer dizer Anahi? — Apesar da descontração, meus olhos não paravam de buscar qualquer barbatana no mar. Mas assim como o céu, a água estava limpa. Nada de tubarão nem estrelas essa noite.
— Vai ter que descobrir. — Ela sorria com aquele jeito malicioso. — Sabe que eu vou continuar dando em cima de você mesmo depois do que me disse, não sabe?
— E eu vou continuar dizendo não.
Sorri de volta. Iara estava quase respondendo quando se voltou rapidamente para o lado e mudou de expressão. Esther acenava freneticamente da praia nos chamando. Olhei ao redor, mas não vi nada. Se o perigo não estava no mar, então estava na terra. Nadamos de volta, não tinha percebido que estávamos tão longe. A tranquilidade de Iara ao meu lado transbordava para mim e acalmava meu
espírito. Rezei baixinho para qualquer deus que estivesse ouvindo para que ela nunca desistisse de me puxar do fundo do poço.
Fim do capítulo
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Bruna Oliveira
Em: 26/01/2024
Eu estou deslumbrada com este livro. Parabens autora, voce escreve de uma maneira super envolvente e sua criatividade é apaixonante.
Bel Nobre
Em: 26/01/2024
Autora da história
Agradeço o carinho.
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