ASTRID PARKER ESTAVA PERFEITA.

Esta era a forma que acreditava que poderia ficar ou ao menos quanto possível fosse. Estava com um jeans skinny preto, camiseta branca justa e um blazer preto totalmente sob medida. O cabelo louro estava como sempre, até a altura dos ombros e uma franja ajustada e impecável até as sobrancelhas. Usava suas argolas douradas de sempre que pendiam de suas orelhas e anéis que a deixavam impecável.

Sentia-se pronta para encontrar com as meninas na Taverna da Stella, o bar mais badalado de Bright Falls e consequentemente, o único mais perto que estava aberto, a cidade ainda estava se organizando e crescendo cada vez mais.

Astrid, durante boa parte da sua juventude foi nascida e criada nessa região, no dia seguinte da formatura de Delilah, enquanto sua irmã mais velha partira para Seattle, ela e as amigas foram em uma viagem para a França. Depois de sua própria formatura no ensino médio veio a universidade e por quatro anos durante a faculdade de administração passara fora de Bright Falls.

Em seu retorno para Bright Falls após a faculdade e com seu diploma em administração de Berkeley, ela assumiu a empresa de design de interiores de Lindy Westbrook e durante sua longa ascensão profissional, já revitalizara praticamente mais da metade das casas, consultórios daquela pequena cidade. Estando sempre juntas  junto ao seu trio imbatível, Claire e Iris e agora desfrutava, ao seu modo, da companhia da irmã.

Porém, após um rompimento de noivado com um ex-noivo egocêntrico, machista, manipulador e narcísico, Astrid precisava de um novo desafio que a motivasse e a inspirasse. Assim, a oportunidade que surgira de reformar a pousada Everwood e aparecer no programa da maior referência em design de interiores Natasha Rojas a animara. Até mesmo ignorou o fato de estar trabalhando e dormindo pouco como uma louca, o que significava bolsas roxas ao redor dos olhos. Mas nada que uma boa camada de corretivo não resolvesse, estava elegante. O resultado era simplesmente fabuloso. Estava com seus saltos pretos de oito centímetros e resolveu chamar no aplicativo um carro, pois queria comemorar antes do grande dia amanhã.

Se dirigiu para a Taverna da Stella naquele carro de aplicativo e antes de entrar no bar, verificou seu visual uma última vez e procurou as meninas, apenas avistou a cabeleira ruivas de Iris que estava sentada ao lado de Jillian sua nova namorada. Iris por sua vez apontava para que ela viesse, não avistou Claire ou mesmo sinal da sua irmã, resolveu se sentar ao lado da amiga. O jukebox tocava alguma música country ao fundo que Astrid não se importou.

- Cadê a Claire e a Delilah? – Astrid disse ao se sentar e se servir do resto da garrafa de Syrah na taça que devia ser a de Iris.

- Já vamos começar a comemorar tão repentinamente assim? – dizia Iris com um sorriso. – Elas devem estar chegando. Sabe o que eu estava contando para a Jillian?

- Não, mas suponho que deve ter alguma relação com vida sexual sua ou de alguém. – expressou Astrid.

- Sim e não. – continuou Iris. – Estava contando para a Jillian como a Delilah e a Claire se conheceram aqui, nesse exato bar e como fui eu a responsável por esse casal. – Iris dizia se vangloriando e se sentindo orgulhosa.

Astrid suspirou.

- Podemos não falar sobre relacionamento só por hoje? – disse Astrid.

- Ora, por qual razão? O bota de merd* é carta virada Astrid, não acha que já está na hora de desbravar outras terras? – Iris Kelly falava o apelido que haviam dado ao seu ex-noivo, Spencer, – Inclusive eu posso ajudar. – fazia aquela dança de cima para baixo com as sobrancelhas e indicou para si mesma com um sorriso sacana.

- Ah, pode parar, não vamos começar novamente com isso, por favor! – completou Astrid.

Como já havia feito outra vez para Claire e Delilah, Iris colocou-se de pé com as mãos em forma de concha ao redor da boca e disse:

-“ Aí, Bright Falls! Quem quer uma chance com essa bela mulher ao meu lado? – apontou para Astrid – Ela está comemorando uma bela oportunidade de um projeto incrível e que será apresentado em rede nacional e para isso está precisando de uma boa trep...”[1]

- Santo Deus, Iris, cala a boca! – suplicou Astrid, puxando a amiga para baixo. – Já disse a você que não estou procurando por namorado nenhum.

Muitas cabeças viraram para a direção das garotas e Astrid sabia que se fosse uma Claire da vida estaria mais vermelha do que os cabelos da Iris agora. Como sempre, todos riam quando Iris Kelly ousava erguer a voz com suas gracinhas. A ruiva sentou ao seu lado novamente, enquanto Jillian só fazia rir por ter uma namorada um tanto engraçada demais da conta.

- Não acredito que fez isso comigo, Ris. – Astrid entornou todo aquele líquido alcoólico na taça de uma vez.

- Vai com calma, mulher, a noite ainda é uma criança. – disse Iris, com um sorriso.

- Depois dessa, só posso tomar uma taça cheia.

- Vamos lá Astrid, te desafio a pegar o número de qualquer pessoa desse bar, pode ser mulher também se os caras daqui não chamarem sua atenção! – desafiava a amiga.

- Nem morta faria isso, você, seus joguinhos e essa conversa fiada não irão conseguir me convencer. Além disso, tenho um grande dia amanhã e tudo o que eu quero é comemorar com as minhas amigas de forma sensata. – Astrid argumentou e fez Iris rolar os olhos buscando o olhar da namorada ao seu lado. – Agora podemos não falar mais da minha vida sexual ou de qualquer outra pessoa?

- Bem que você gostaria de ter uma vida sexual. – Iris caiu na gargalhada. – Tem anotado alguma coisa de interessante naqueles planner que eu fiz para você? Não esqueça da caixinha ao final que fiz inteiramente dedicada para você que dizia sex*: sim, não, talvez.

Astrid revirou os olhos. Não esquecia que a amiga havia feito isso a um ano atrás quando ainda estava noiva de Spencer e estava muito estressada com os preparativos do casamento. Desde que aquele tempo o planner personalizado para ela nunca fora aberto, deletado nem nada, apenas esquecido nos recantos mais profundos do seu notebook.

- Você sabe que eu quase matei você por isso! – expressou Astrid ao fita-la.

- Ora, eu apenas quis ajudar naquela época com a sua organização, é o que uma boa amiga faria e uma boa amiga se preocupa com a saúde sexual da outra!.

- Acho que já passou da hora de você parar de dar palpite na vida sexual dos outros – respondeu Astrid[2], quando passou a olhar em direção ao balcão e viu sua irmã abraçando uma mulher de cabelo branco – Com quem Delilah está falando?

[1] Delilah Green não está nem aí, página 342

[2] Delilah Green não está nem aí, página 342.

Fim do capítulo