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Striptease por Patty Shepard

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Palavras: 10998
Acessos: 3568   |  Postado em: 08/01/2024

Capitulo 47

 

 

O tempo parecia estar passando um pouco mais rápido do que o normal, foi assim que o meio de mais uma semana chegou, mais precisamente, uma quarta feira. O dia estava bonito, o céu limpo e o clima agradável e Helena apreciou e muito isso enquanto caminhava sem pressa pelas ruas da cidade, mas não qualquer rua. Mais a frente já conseguia ver o letreiro do restaurante Palermo e não tardou muito para que chegasse à frente do mesmo. Matt, o Maitre do restaurante abriu a porta para que Helena entrasse e prontamente a saudou.

— Muito boa tarde, Srta. Helena. — a saudou de forma educada, afinal, não havia um trabalhador daquele restaurante que não conhecesse a mexicana desde o dia do aniversário do patriarca da família Palermo.

— Boa tarde! O dia está lindo hoje não está? — deu um sorriso um pouco largo para o homem, o qual imediatamente foi retribuído.

— Muito, o céu resolveu nos agraciar com um belo tom azul para acalmar os ânimos. — ele respondeu com certo entusiasmo, mas logo em seguida deu alguns passos a frente. — Me siga, por favor, Amélia pediu que eu levasse você até ela assim que você chegasse.

— É claro, eu agradeço. — Helena mais do que imediatamente começou a seguir o homem notando que estavam tomando rumo da cozinha do estabelecimento, porém, as coisas mudaram um pouco quando repentinamente foi impedida por uma mão tocando a sua.

— Nem pensar, Matt! — foi a voz de Vera que interrompeu o caminho dos dois. — A Mia não vai deixar a Helena enfurnada naquela cozinha... Você vem comigo, querida.

Helena riu enquanto erguia os braços para abraçar Vera, a cumprimentando de forma calorosa já que fazia algum tempo que não via a sogra.

— Quanto tempo, Vera. — disse assim que se afastou um pouco para a encarar a mulher sorridente. — Está mais feliz... O que é que um namoro não faz não é mesmo?

— Oh, minha querida. — Vera riu enquanto entrelaçava seu braço ao de Helena ficando lado a lado com ela. — Nós acabamos sendo muito sortudas.

— Isso é verdade e eu ainda preciso conhecer o felizardo, apesar de já ter uma dezena de informações sobre ele.

— O que a Mia falou sobre ele? — Vera pareceu mais interessada do que o normal, o que arrancou uma pequena risada de Helena.

— Você pode ficar tranquila, ele já caiu nas graças da sua filha e sabendo como ela é chatinha com isso, quer dizer que o Elijah é um homem incrível. — Helena garantiu e não estava mentindo, afinal, conhecia muito bem a namorada que tinha e o quão exigente ela era quando se falava sobre a mãe.

— Devo dizer que essas exigências dela, ela puxou de mim. — Vera deu de ombros enquanto começava a andar, levando Helena junto já que estavam de braços dados. — Vamos, vou te levar até a Mia, mas depois você vai almoçar comigo e com o Elijah, ele já está a caminho.

— Finalmente vou conhece-lo.

— Vou te apresentar a cozinha de nosso restaurante, quando Mia trabalha aqui as vezes ela trás o Hernando e ele passa o dia trabalhando em uma mesinha reservada aqui dentro, ele adora por que é cobaia das invenções de Mia... E hoje com certeza seria você a cobaia.

— É, ela me falou algo sobre isso, mas realmente não me importo de perder isso para finalmente conhecer o Elijah. — Helena deu de ombros, mas pensou mesmo assim que adoraria passar horas admirando Mia cozinhar.

Vera empurrou as portas com a mão livre e calmamente adentrou o ambiente reservado só para funcionários e bem diferente de como estava no salão, lá dentro estava bem barulhento e o cheiro de comida era avassalador. Helena olhou tudo com admiração, a cozinha era verdadeiramente imensa e ela não conseguiu contar quantas pessoas estavam trabalhando ali no momento, mas era algo muito frenético, era tudo tão limpo e brilhante que dava gosto de ver, havia toda uma bancada onde os garçons chegavam para recorrer os pedidos prontos e também onde chegavam para pedir.

— É aqui onde a mágica acontece. Mia deve ter te falado que o Fred não está aqui hoje, ele está terminando um curso de aperfeiçoamento e Mia está apenas supervisionando para que nada saia errado já que nossa subchef ainda é novata. — Vera explicou com calma, mais uma característica típica dos Palermo: a fala calma.

Helena procurou ao redor a sua namorada, mas não a encontrou, o que a fez franzir um pouco o cenho, mas nada falou.

— Está agitado por que como sabe, estamos em horário de almoço, mas a noite isso fica muito pior, mas trabalham com perfeição... Todos tem medo da Amélia.

— Mas é claro que tem. — Helena deu um sorrisinho orgulhoso.

— Lá trás fica o nosso depósito que é reabastecido todos os dias para que possamos manter a procedência de alimentos sempre frescos. — Vera continuava andando devagar, passando por um corredor ao redor da cozinha, mas é claro evitando a entrar realmente dentro da mesma. — Aqui a esquerda fica o nosso vestiário e sala de descanso, é muito bem equipado por que trabalhador insatisfeito não faz comida boa. E mais a frente... — Vera deu alguns passos um pouco mais rápidos até ver uma sala de tamanho pequeno, mas com grandes janelas espelhadas para quem estivesse dentro sempre pudesse ver o que estava acontecendo, o mesmo para quem estivesse de fora. Foi assim que ambas as mulheres viram Mia na companhia de uma mulher, ambas vestidas praticamente iguais e a cena era obvia já que Mia claramente dava alguma bronca na mulher a frente.

— E isto é a minha filha dando bronca em nossa subchef. — Vera falou como se isso fosse totalmente obvio, não ouviam nada lá que a sala estava fechada, mas ainda assim era realmente obvio. Só não foi obvio quando repentinamente as duas se abraçaram. — Olha só, mais uma para a lista.

— Para a lista de que? — Helena franziu o cenho enquanto notava que o abraço estava durando um pouco demais.

— De apaixonados pela Mia, não é incomum, com o Fred também acontece. — Vera falou como se isso fosse a coisa mais normal do mundo. — Você vai para um emprego totalmente novo que sempre foi o seu sonho e lá é recebido por um de seus chefes que é bonito e simpático além da conta, além de claro ser um expert no que faz. O que vai acontecer?

— Isso faz bastante sentido. — Helena franziu um pouco o cenho.

— Mais do que você imagina, mas tanto a Amélia quanto o Fred sabem muito bem contornar isso, apesar de Amélia sempre negar que isso acontece com ela, ela diz que as pessoas só gostam muito dela.

Helena semicerrou um pouco os olhos enquanto voltava a encarar a namorada, que a essa altura já havia se afastado da garota e terminava de lhe falar mais alguma coisa.

— No nosso encontro fomos a hamburgueria da Lindsay... — Helena começou e então encarou Vera, havia acabado de jogar verde.

— Oh, a Lindsay é um amor de garota. — Vera deu uma pequena risada. — Além de ser uma excelente profissional, sofri um pouco quando ela saiu daqui, é difícil encontrar profissionais bons em que possamos confiar de olhos fechados dentro de uma cozinha como essa e ela também tinha uma quedinha pela Mia, confesso que torci um pouquinho pelas duas...

— Isso me magoa um pouquinho, Vera. — Helena brincou para disfarçar a sua expressão, afinal, aquela sim era a confirmação que ela tanto queria, a prova de que ela não estava enxergando coisas onde não tinha. Ela estava certa.

Vera riu.

— Fique tranquila, querida. Você é minha nora preferida...

— É claro que eu sou, a concorrência é zero.

— Mesmo que houvesse concorrência, nós nos conhecemos antes mesmo da Mia entrar em jogo, então isso conta muito...

— Amor! — a conversa das duas foi interrompida pela voz animada de Mia. Quando Helena virou o rosto pode encarar aquele sorriso animado, aquele mesmo sorriso que absolutamente sempre era capaz de derreter o seu coração. — Não acredito que a Mamma conseguiu te achar antes de mim. — reclamou enquanto já ia diretamente para os braços da namorada.

Helena riu enquanto recebia Mia em um abraço gostoso e apertado.

— Eu estava mostrando o restaurante a ela, até encontrarmos você dando bronca na novata, o que houve? — Vera cruzou os braços enquanto encarava o casal apaixonado ao seu lado, era extremamente satisfatório ver o jeito carinhoso como as duas se abraçavam.

— Ela estava distraída e errou um dos pratos, mas me explicou que está passando por alguns problemas.

— Deu bronca na garota por causa de apenas um erro? — Helena questionou enquanto erguia as mãos para tocar o rosto da namorada. Ela usava uma bandana preta que cobria muito bem seus cabelos e Helena particularmente havia adorado.

— Mas é claro, a cozinha do Palermo é extremamente elogiada, um erro, por menor que seja, é inadmissível. — falou como se isso fosse a coisa mais obvia do mundo, então segurou o queixo da namorada com sua mão esquerda e a puxou para mais pertinho para dar-lhe um selinho.

Helena riu em seguida e inclinou-se um pouco mais, primeiro deu um beijo no rosto da namorada, em seguida colou seus lábios no ouvido dela e em um sussurro rápido proferiu:

— Muito sexy.

Mia sorriu de forma verdadeiramente larga, mas logo em seguida sentiu um aperto seguido de um puxar de orelha que a fez olhar completamente indignada para a mãe.

— Olha a postura, mocinha. — reclamou.

Helena deu uma boa risada com a cena que se passou em sua frente, mas a risada morreu quando sentiu exatamente o mesmo que Mia, primeiro um aperto seguido de uma boa puxada em sua orelha.

— Você também, mocinha. Ou vão tirar a atenção dos que estão na cozinha. — Vera pontuou enquanto agora olhava para o casal, ambas com um pequeno bico nos lábios enquanto massageavam as próprias orelhas.

— É incrível como vocês duas conseguem ser idênticas quando começam a reclamar. — Helena rolou os olhos e então cruzou os braços enquanto encarava sua sogra.

— Pedidos novos chegando. — uma voz masculina anunciou um pouco alto e Mia calmamente afastou-se de Helena e foi até o balcão dos pedidos, pegou a comanda.

Assim, o que se passou em seguida foi uma cena que fez Helena quase ficar de boca aberta de tanto que ela gostou de ver: Mia em seu tom alto, autoritário e carregado com um sotaque italiano, proferindo o nome dos pratos que haviam sido pedidos. Se antes Helena havia achado a cozinha frenética, agora tudo parecia em um patamar mais diferente com a sincronia que todos se movimentavam.

— Eu não quero absolutamente nenhum erro, os próximos pratos devem ser passados por mim antes de entregue e passarei na bancada de vocês em 1 minuto para a prova. Vamos! Cozinhando! — findou suas palavras antes de colocar a comanda junto com outras.

Helena, naquele momento, teve a absoluta certeza de que conseguiria facilmente passar o dia inteiro naquela cozinha só observando aquilo.

— Essa é minha filha. — Vera falou em um tom orgulhoso enquanto observava Mia voltando para perto delas.

— Eu tinha planejado que você ficasse aqui comigo... — Mia reclamou enquanto voltava para pertinho da namorada, mas sabia que se Vera estava com Helena, é por que sua mãe havia planejado algo.

— Você nem imagina o quanto eu adoraria. — deu mais um beijo no rosto da namorada. — Mas finalmente a Vera vai me apresentar ao Elijah.

— Hmm, justificável, eu sei que você queria conhecer ele. — deu um beijo no ombro de Helena.

— Sim, mas vou te esperar para irmos juntas pra casa. — garantiu.

— Perfeito. — Mia deu um sorriso satisfeito, mas em seguida foi até a sua mãe e lhe deu um beijo rosto. — Cuide bem dela, peça que me avisem quando ele chegar, só então vou preparar algo gostoso pra vocês.

 

®

 

— Então, qual o seu veredito sobre o Elijah? — Mia questionou poucos segundos após entrar em seu carro na companhia de Helena.

— Oh, ele é um homem incrível, sua mãe tirou a sorte grande mais uma vez no amor. — Helena sorriu de forma um pouco boba, afinal, havia mesmo gostado do novo pretendente de Vera.

Mia riu e concordou com um aceno de cabeça.

— Ele conversa tão bem que é impossível não se cativar não é?

— Sim! É justificável como ele conseguiu conquistar a Vera.

Mia deu uma pequena risada, mas concordou com um aceno de cabeça.

— Eu fico muito feliz com tudo isso, na verdade com tudo em geral, minha vida está tão boa nesse momento e de todo mundo ao meu redor que me sinto no auge da plenitude. — ainda sorria enquanto falava. Os olhos estavam fixos na estrada já que era tarde, precisava de um pouco mais de atenção. — Falta o Fred é claro, mas isso é algo que eu pretendo intervir logo em breve.

— Você tem ido ao bar? — Helena questionou, já que era algo que Mia nunca comentara com ela.

Mia concordou com um aceno de cabeça.

— Com a mesma frequência de sempre.

— Por que nunca me fala? — Helena questionou, o cenho se franzindo um pouco.

— Por que não quero que você lembre daquele lugar. — desviou os olhos da estrada momentaneamente e encarou sua namorada.

— Eu sempre lembro daquele lugar, amor. — Helena sorriu fraco enquanto apoiava a cabeça no encosto do banco, estava meio de lado como quase sempre ficava, assim podia encarar Mia sem qualquer dificuldade.

— Você sempre falta?

Negou com um aceno calma de cabeça.

— As vezes, só as vezes, sinto falta do sentimento, sabe? O sentimento de imponência que me fazia sentir ser capaz de absolutamente tudo. — explicou.

— Mas você é capaz de tudo.

Helena sorriu de forma um pouco derretida.

— Tem dias que eu sei e tem dias que não. — deu de ombros e olhou brevemente para a estrada. — Mas a Samantha disse que o bar é mais um assunto inacabado na minha vida.

— Ou seja, você acha que deveria voltar lá? — Mia franziu o cenho um pouco e aproveitou o momento que parou no sinal vermelho para poder olhar mais fixamente para Helena.

A mexicana sorriu um pouco fraco enquanto esticava o braço e com calma pegava a mão de Mia e a puxava para pertinho para beijar o dorso com carinho.

— Talvez. Eu já pensei um pouco sobre isso, mas não para dançar, eu não sinto vontade alguma disso, acho que só para ver do que eu consegui me livrar. — explicou de forma um pouco preguiçosa, estava um pouco cansada.

— Isso faz sentido, sabia? Por mais que eu não queira que você volte lá, faz sentido, eu vou apoiar você se quiser ir um dia por um fim nesse ciclo. — Mia falou com sinceridade e foi sua vez de puxar a mão de Helena para perto para dar um beijo carinhoso no dorso da mesma, mas não a soltou, nem mesmo quando o sinal abriu e ela voltou a dirigir.

Helena ficou em silêncio, um sorriso pequeno desenhado em seus lábios, olhava para Mia enquanto pensava em como estava cada vez mais apaixonada por aquela mulher, parece que cada coisinha a mais que ela fazia já era um motivo grande para gostar ainda mais dela. Era incrível.

— Quer sair para jantar comigo amanhã? — Mia questionou após algum tempo em silêncio. — Estou com saudades.

— Eu adoraria. — sorriu de forma totalmente carinhosa. — Sem jogos dessa vez?

— Sem jogos dessa vez, só um jantar em um bom restaurante e talvez uma volta na cidade depois.

— Parece perfeito. — sorriu um pouco mais largo dessa vez, uma certa ansiedade crescendo dentro de sí, parecia que todo encontro com Mia seria perfeito.

— Ótimo. Amanhã eu vou encontrar uma cliente a tarde e então ficarei livre, trabalhei demais essa semana, estou exausta.

— É claro que está, você trabalhou em dois empregos mais uma vez, amor. Isso exige demais de qualquer um. — Helena reclamou, mas se ajeitou um pouco no banco logo em seguida, ao notar que estavam chegando em sua casa. — Amanhã vou encontrar com uma velha amiga da faculdade, ela está na cidade e me ligou.

— Isso é ótimo! Onde vocês vão se encontrar?

— No Richard’s, é um pub próximo a...

— Eu adoro esse lugar!! — deu um sorriso verdadeiramente largo em seguida e então olhou para Helena. — São tantas memórias.

— Eu realmente estou com medo de perguntar sobre isso.

Mia deu uma risada gostosa com as palavras de Helena, mas apenas deu de ombros.

— É, é melhor você não saber mesmo. — ainda tinha um sorriso largo no rosto, o que fez Helena rolar os olhos.

— Você quer ir também? Adoraria apresentar vocês duas. — Helena arqueou levemente uma sobrancelha com a sugestão que fizera. — Ela foi mais uma que tentou me ajudar naquela época.

— Vocês marcaram de que horas? — questionou enquanto calmamente ia estacionando o carro em frente a casa de Helena, como infelizmente não pretendia ficar, não desligou o carro, afinal, na manhã seguinte tinha muita coisa para fazer no escritório.

— Marcamos as 13h. — Helena deu uma breve olhada para fora só para notar que haviam chegado, mas não tinha vontade alguma de sair do carro.

Mia fez um grande bico com a resposta de Helena e a olhou.

— Aahh... É na mesma hora que o encontro com a sua cliente. — Helena deduziu e acabou rindo quando Mia concordou com um aceno de cabeça. Ainda rindo se inclinou um pouco depois de retirar o cinto de segurança e segurou o rosto de Mia pelo queixo. — É bom que você não relembra seus velhos tempos. — implicou e deu um beijo mais demorado nos lábios de Mia.

Mia riu contra a boca da namorada e se inclinou um pouco mais para selar os lábios dela mais uma, só que dessa vez ela não se contentou só com um selo, aproveitou para dar início a um beijo de verdade dessa vez, um beijo lento, gostoso, onde forma saudosa as línguas se entrelaçavam tão gostoso que nenhuma das duas tinha vontade alguma de se afastar, mas ainda assim o fizeram.

— Eu te pego as 20h amanhã, ok? — Mia sussurrou. Helena acenou com a cabeça e selou os lábios de Mia novamente, mas dessa vez fora um selinho mais carinhoso.

— Sim, senhora. Mal posso esperar. — sussurrou. Outro selinho, seguido de mais outro e outro até que Helena tivesse a coragem de sair do carro e enfim entrasse em sua casa e mesmo a contragosto, Mia partiu.

®

 

— Me dá a sua melhor cerveja, por favor. — a voz era suave e o sorriso nos lábios carnudos era extremamente contagiante. No meio do Pub chamado Richard’s aquela mulher, cuja a aparência destoava de todos a volta, parecia extremamente feliz em estar naquele lugar.

Sua pele era um pouco pálida, mas o que chamava a atenção eram as diversas tatuagens que cobriam-lhe os braços e lhe davam um ar de uma mulher misteriosa, os cabelos negros e longos eram volumosos, assim como os lábios carnudos, os olhos por mais que fossem de cor angelical, um azul claro, pareciam um tanto ardilosos.

Ela vestia um Cropped branco com um pequeno decote, que deixava claro que seus braços não eram o único local que continham tatuagens, para completar uma calça preta bem ligada e rasgada nos joelhos em conjunto com um par de coturno pretos, ao seu lado tinha uma jaqueta preta que ela havia tirado assim que sentara em um dos banquinho do Pub.

— Esse lugar está idêntico. — disse assim que o garçom surgiu trazendo consigo uma long neck de cerveja.

— É o charme da casa, manter a tradição sempre de pé. — o rapaz respondeu e deu um sorriso.

— Onde está o Richard, já morreu, aquele desgraçado pervertido? — questionou segundos antes de dar um gole generoso em sua cerveja. — Eu adoro aquele cara.

— Vejo que tem história nesse lugar. — o rapaz arqueou uma sobrancelha.

A morena deu de ombros e olhou em volta, como se quisesse mais uma vez reconhecer cada parte daquele lugar, o local não estava cheio, mas também passava longe de estar vazio, havia um ou outro freguês, homem ou mulher, espalhados pelas mesas ao redor, mas isso tinha justificativa, já que além de ter uma boa bebida, aquele lugar servia um dos melhores sanduíches da cidade.

— Sim e ótimas memórias. — apontou a garrafa para o rapaz e sorriu antes de pedir: — Me dá mais uma cerveja, por favor.

— Sim senhora. — ele deu um sorrisinho para a mulher que sabia muito bem o que significava, se tinha interesse? Nenhum.

— Obrigada, bebê. Diz ao Richard que a Billie Jean mandou um beijo. — piscou para ele assim que a nova cerveja foi colocada a sua frente, mas então agarrou seu casaco ao lado, pegou ambas as cervejas e ergueu-se de seu banco para ir caminhando calmamente em direção a uma das mesas que havia chamado sua atenção enquanto olhava em volta. O motivo disso era a única mulher sentada a mesa, uma belíssima e elegante morena concentrada em seu notebook. — Quem diabos vem a um pub trabalhar? — questionou e arqueou uma sobrancelha assim que parou ao lado da mesa.

— Eu devo dizer que é alguém viciada em trabalho. — a morena franziu o cenho com a própria resposta enquanto erguia o olhar para encarar a outra morena a sua frente.

A morena, agora conhecida como Billie Jean, riu com a resposta que tivera.

— Me sinto na obrigação de te atrapalhar. — arqueou uma sobrancelha enquanto indicava a garrafa extra de cerveja que trouxera, já que notara que ao lado do computador tinha uma garrafa vazia.

— Eu só vou tolerar isso por que você me trouxe uma cerveja. — a mulher arqueou uma sobrancelha como um pequeno desafio, mas acabou sorrindo com simpatia e por educação indicou a cadeira a sua frente, estava sentada em uma das mesas mais afastadas justamente por que estava trabalhando.

— Posso saber seu nome? — a morena questionou enquanto sentava-se em uma das cadeiras vazias, deixou seu casaco de lado e enfim relaxou.

— Amélia. — respondeu de imediato enquanto fechava o seu notebook e enfim pegava a sua nova cerveja e dava um bom gole. — E o seu?

— Billie Jean.

— Como a música?

Billie Jean riu e concordou com uma ceno de cabeça.

— Exatamente como a música, a minha avó era apaixonada pelo Michael Jackson e quando teve a primeira neta... — a morena abriu os braços como se estivesse se apresentando.

Mia riu por alguns segundos.

— Mas é um nome bonito.

— Mas não me poupou das implicâncias. — Billie jean apontou a boca da garrafa para Mia e em seguida sorriu. — Então, o que faz trabalhando aqui a essa hora?

— Eu tinha uma reunião com uma cliente, mas ela precisou desmarcar de última hora, então vim pra cá esperar uma pessoa e também aproveitar para matar a saudade do maravilhoso sanduíche.

— Oh, então você também conhece esse lugar? — Billie Jean deu um sorriso verdadeiramente largo.

— Digamos que eu tenho história com esse Pub.

Billie Jean riu novamente, parecendo ainda mais animada e interessada do que antes.

— Então você conhece o Richard. — Billie Jean acusou.

— É claro que eu conheço aquele velho tarado. — Mia respondeu como se tivesse ficado ofendida pela acusação. — Perguntei por ele assim que cheguei, mas segundo o rapaz ali, que parece tão tarado quanto o Rich, tem dias da semana que ele está de folga por que já é velho, então não aguenta mais trabalhar como antes.

— Oh, isso faz sentido. Mas sempre imaginei que mesmo se ele estivesse doente ele daria um jeito de vir aqui dar em cima das mulheres, mesmo se estivesse em uma cadeira de rodas.

Mia deu uma boa gargalhada com as palavras da mulher e acenou positivamente com a cabeça.

— Sinceramente isso é algo que eu esperaria. — falou enquanto acenava positivamente com a cabeça.

— Eu sinto falta de tomar porres aqui. — Billie Jean confessou.

— Cerveja boa e barata, música boa e era muito fácil conseguir beber de graça. — Mia pontuou enquanto balançava a cabeça. — E o mais surpreendente é que é um dos Pubs mais limpos que eu conheço.

Billie Jean concordou com um aceno um pouco exagerado de cabeça.

— Será que ainda é a mesma coisa que antes? — questionou.

Mia deu de ombros.

— Faz anos que eu não venho aqui.

Billie Jean deu um sorrisinho, um sorrisinho que quem a conhecia sabia muito bem quais eram as suas intenções.

— Também faz anos que eu não venho. Eu te conheço a cinco minutos, mas tenho certeza que uma noite com você aqui seria incrível. — arqueou uma sobrancelha.

Mia, por sua vez, deu um sorriso verdadeiramente largo antes de dar uma risada.

— Isso é tão tentador. — a morena mordeu o lábio inferior por breves segundos enquanto pensava na clara proposta.

— É claro que...

— Isso é um pouco inusitado. — a voz veio do lado, as duas mulheres estavam tão entretidas que nem perceberam a aproximação de uma terceira.

Mas as duas imediatamente conheceram aquele tom de voz rouco, porém, a surpresa real fora para Mia que enquanto já fazia impulso para levantar, viu quando a mulher a sua frente praticamente voou em direção a Helena.

— Helena! — Billie Jean saudou enquanto abraçava a mulher pela cintura, em um abraço tão, mas tão forte que foi capaz de retirar Helena do chão. A mexicana riu enquanto retribuía o abraço com igual entusiasmo. — Que incrível te ver novamente. — o sorriso de Billie Jean era imenso quando ela soltou Helena e se afastou só um pouquinho para poder olhar para ela. — Principalmente ver como você está bem e maravilhosa.

— Ah eu tenho tanta coisa pra te contar... E eu te esperei na minha exposição! — deu um pequeno soco no ombro da amiga, mas acabou ganhando em troca um novo abraço, não tão exagerado como o anterior, mas mais saudoso.

— Eu juro que tentei vir, mas tive alguns problemas que me impediram. — confessou enquanto se afastava um pouco e então, ao mesmo tempo elas olharam para uma Mia tão incrédula que estava com ambas as sobrancelhas erguidas e a boca um pouco aberta.

— O que está fazendo aqui a essa hora? — Helena questionou enquanto dava dois passos em direção a Mia, que prontamente ergueu-se para abraçar a namorada. — E como diabos isso aconteceu?

— A minha cliente cancelou de última hora, aproveitei que estava perto e vim pra cá...

— O que? Vocês se conhecem? — Billie Jean franziu completamente o cenho.

Helena fez uma pequena careta para a amiga como se dissesse um “Pois é” e a sua careta tinha motivo, por que ela conhecia Billie Jean e principalmente ela percebeu de longe o que estava acontecendo antes de ela chegar.

— Ela é minha namorada. — Helena declarou, havia sentido uma grande necessidade de fazer isso.

Mia olhou surpresa para Helena por ser apresentada daquela forma tão direta e Billie Jean arregalou ambos os olhos e levou uma mão a boca, a expressão claramente culpada.

Mia não percebeu, afinal, no mesmo segundo o seu celular em cima da mesa, ao lado de seu notebook tocou e ela imediatamente inclinou-se para pegar já que esperava uma ligação.

— Eu preciso atender. — disse para Helena enquanto já se afastava da mesa deixando as duas amigas a sós.

— Eu juro que eu não sabia, eu achei que era só uma mulher bonita em um bar. — Billie Jean começou com certa urgência, afinal, havia começado a descaradamente dar em cima de Mia e sabia muito bem que Helena havia percebido isso com muita facilidade. — Ela não me cortou! Você tem certeza que tá namorando a pessoa certa? — o humor da mulher mudou repentinamente quando percebeu isso. — Não me diz que você ta em mais um relacionamento tóxico, Helena, eu juro que eu vou quebrar a cara...

— Calma, Billie Jean. — aquele tom de voz de quem estava dando uma grande bronca fez a tatuada rolar os olhos. — Não é um relacionamento tóxico, ela é incrível, mas tem uma boa dificuldade em perceber quando uma mulher está dando em cima dela.

Proferir aquelas palavras em voz alta a irritou muito mais do que o esperado, o alvoroço em seu interior era grande, ela sabia que Billie Jean não faria aquilo se soubesse quem Mia realmente era, por isso sentiu tanta necessidade em falar logo que Mia era a sua namorada. Definitivamente aquela situação com Mia estava passando dos limites e Helena não sabia como iria resolver, ou se teria que aguentar sempre situações como aquela.

Billie Jean soltou um suspiro um pouco pesado, não sabendo se devia ou não acreditar nas palavras de Helena.

— Pelo menos ela é uma grande gostosa. — deu de ombros enquanto voltava para a sua mesa.

— E é minha. — Helena arqueou uma sobrancelha enquanto puxava uma cadeira logo ao lado, colocou sua bolsa no encosto da cadeira e então sentou-se. — E eu sei que você não daria em cima dela se soubesse disso antes.

— É claro que não, como diabos eu iria imaginar isso? — a tatuada riu das próprias palavras. — Isso é muito louco.

— Se estão falando da situação, eu concordo. — Mia disse enquanto se aproximava por trás de Helena e a abraçava com carinho para só então dar um beijo demorado no rosto da namorada, finalmente a cumprimentando de forma correta. — O que você quer beber? Eu vou pegar pra você.

— Você está de carro? — Helena questionou e Mia concordou com um aceno de cabeça. — Então suco, assim você pode beber com a Billie Jean.

— Você é maravilhosa. — deu vários beijos seguidos e estalados no rosto de Helena antes de se afastar e ir diretamente para o balcão do Pub fazer um novo pedido.

— Ela é tão apaixonada quanto você por bebidas. — Helena explicou a Billie Jean.

— Me diz, como diabos isso aconteceu? Eu achei que depois do Trevor você nunca mais iria namorar com ninguém, pelo menos foi o que você disse.

Helena deu de ombros e acabou rindo.

— Eu estava convicta disso, mas a Mia é diferente de tudo. E ela foi e é um ponto crucial para o meu atual estado. Eu estava na merd* a meses atrás, Billie Jean, completamente sequelada com tantos traumas, então a Mia chegou e tornou tudo mais fácil, sabe?

Billie Jean sorriu.

— Isso é surpreendente. Mas ainda não estou convencida, ela disse que estava esperando alguém, mas não disse que era a namorada. — arqueou ambas as sobrancelhas como se tivesse dito algo revelador.

— Por que nosso relacionamento ainda está sendo mantido em segredo de certa forma, foi o que acordamos quando começamos a namorar. Ela até antes de mim era Hétero, então ela ainda estava se descobrindo quando começamos a namorar e eu não estava segura pra sair dizendo a todo mundo. Então só os amigos mais íntimos e os familiares que sabem.

— Você está mais segura ou eu faço parte dos amigos mais íntimos?

— Os dois e também por que eu percebi que você estava dando em cima dela e precisava esclarecer isso.

Billie Jean riu enquanto escondia o rosto nas mãos.

— Quais as chances disso acontecer? Eu só achei que era uma mulher bonita e solteira obviamente e fui tentar a sorte.

— Imagina a minha surpresa quando entrei e vi vocês? — Helena arqueou as sobrancelhas e acabou rindo junto com a amiga.

— Não sei se você já almoçou, de qualquer forma te trouxe um sanduíche. — Mia foi falando enquanto já ia se aproximando a mesa enquanto com muita maestria carregava um pequeno prato, um copo grande de suco e duas long necks.

Billie Jean a ajudou com as cervejas e Mia pode finalmente colocar o sanduiche e o suco em frente a Helena.

— Eu não almocei mesmo, obrigada. — jogou um beijo no ar para a namorada, mas primeiro deu atenção ao suco, deu um bom gole no mesmo para amenizar um pouco da sede. — Por que não me avisou que estava aqui?

— Quando foi a última vez que olhou seu celular? — Mia arqueou uma sobrancelha enquanto sentava-se na outra ponta da mesa. Era uma mesa de quatro lugares.

Helena fez uma expressão culpada ao perceber que Mia tinha a avisado, ela só não havia se dado ao trabalho de olhar o celular por estar ocupada.

— Eu tinha convidado ela pra vir te conhecer, mas ela não podia por causa do trabalho. — Helena explicou a Billie Jean que concordou com um aceno de cabeça.

— Agora está tudo se encaixando. — disse enquanto finalizava a sua primeira cerveja e então pode dar atenção a que Mia havia trago.

— E eu não tinha como saber que era você por que eu nem sabia o seu nome, aparência e tem outras mesas aqui com mulheres sozinhas. — Mia deu de ombros enquanto se ajeitava em sua cadeira, mas acabou sorrindo em seguida. — Estávamos conversando sobre esse lugar.

— Pelo jeito ela tem tantas histórias quanto eu nesse lugar, Helena, ela até mesmo conhece o Richard. — Billie Jean deu um sorriso largo.

— Isso não me surpreende nem um pouco, você me disse ontem que tinha história com esse lugar, amor. — Helena acusou ao olhar para a namorada e Mia apenas riu enquanto concordava com um aceno de cabeça.

— Mas falando em história, e vocês? Como se conheceram? — Mia apoiou os cotovelos na mesa e encarou ambas as mulheres.

— Na universidade. Eu comecei fazendo Artes plásticas e pegamos algumas aulas juntas, e sempre sentávamos lado a lado nessas aulas, era divertido e ela me ajudava muito, o curso era difícil demais e eu só tenho talento com desenhos, diferente dessa prodígio.

— Você era uma péssima aluna. — Helena reclamou enquanto mastigava o pedaço do sanduíche que havia mordido.

— Naquela época eu estava passando por muitas dificuldades por que estava praticamente fugindo de casa, então eu realmente era uma péssima aluna. — Billie Jean franziu um pouco o cenho com as palavras. — Acabei desistindo do curso e pulei para fotografia.

— Começamos a nos ver menos, mas ainda assim a gente sempre se encontrava pelo campus e conversava, a Helena nunca saía com a gente pra se divertir, isso me irritava tanto.

— Se eu saísse com vocês você sabe o que aconteceria. — Helena pontuou sem pensar duas vezes, mas Billie Jean concordou com um aceno de cabeça.

— É por isso que eu conheço tão bem o Richard’s, mas a Helena não. — olhou para a amiga com certo pesar, mas acabou sorrindo para ela.

— Ah, a maioria das tatuagens dela fui eu que desenhei. — Helena olhou para Mia com uma clara animação e um sorriso largo nos lábios e automaticamente Billie Jean estendeu ambos os braços sobre a mesa para que Mia pudesse ver.

— BJ sempre gostou de coisas mais sombrias, então eu treinava esses tipos de desenhos nela. — Helena falou enquanto deslizava a ponta dos dedos pelas tatuagens da amiga, tinha um sorriso pequeno nos lábios pelas boas lembranças que isso lhe trazia.

— Eu era a sua cobaia e acabei tirando um bom proveito disso. — Billie Jean deu um sorriso.

— São realmente lindas. — Mia disse em um tom maravilhado enquanto observava uma por uma, mas não tocava como Helena fazia. — Então você é fotógrafa?

— Eu também larguei a faculdade de fotografia. — Billie Jean fez uma careta descontente com isso. — Depois me mudei, viajei por várias cidades, me fodi bastante até conseguir melhorar de vida.

— E sempre que ela volta pra cá a gente se encontra para conversar. — Helena declarou com certo orgulho.

— Aliás, e a Ally? Ainda está solteira? — Billie Jean arqueou as sobrancelhas enquanto olhava para Helena, como se estivesse insinuando algo.

— Está e continua hétero.

— Porr*. — BJ reclamou.

— Ela é louca pela Ally desde o dia que a conheceu. — Helena explicou a Mia que acabou rindo ao saber daquilo.

— E ela insiste em ter péssimos encontros com os homens. — Mia negou com um aceno de cabeça ao mesmo tempo em que dava um gole em sua cerveja.

— Saber disso faz o meu coração doer. — BJ levou a mão ao peito de forma um pouco dramática o que fez Helena rir. — Vou mandar mensagem pra ela depois, aliás, por que não trouxe ela?

— Ela disse que não ia vir pra você ficar dando em cima dela a cada segundo e também por que ela tinha umas coisas pra resolver, mas mandou um abraço.

Billie Jean levou a outra mão ao coração em uma pose dramática com aquelas palavras de Helena, Mia gargalhou e Helena deu um sorriso largo.

— Você não vai ter chance, BJ. Temos o irmão da Mia na jogada, a Ally é louca por ele.

— E ele é um trouxa que não sabe o que quer da vida. — Mia deu de ombros como se tivesse acabado de falar qualquer besteira.

— Ele é um chef de cozinha de um restaurante extremamente renomado que é da família da Mia. — Helena explicou calmamente a Billie Jean.

— É realmente difícil competir com isso. — BJ fez uma careta completamente descontente. — O que você faz, Amélia?

— Eu sou Designer de interiores, sócia da Simplicity. — respondeu de imediato enquanto balançava a cerveja enquanto movimentava a garrafa de vidro. — Também sou chef de cozinha como meu irmão, mas só trabalho no restaurante quando precisam de mim.

Billie Jean olhou completamente incrédula para Helena antes de comentar:

— Meu Deus você encontrou uma mina de ouro, o fim do arco-íris com certeza. É tipo um casal de puro sucesso, além de pura beleza. — Billie Jean falava como se aquela fosse a maior descoberta do mundo, o que arrancou boas risadas de Mia e de Helena.

— Eu tive sorte mesmo, ela é incrível, absurdamente inteligente, viciada em trabalho, toda perfeitinha e ao mesmo tempo a mulher mais atenciosa que eu já conheci. — Helena tinha um sorriso bobo enquanto falava isso olhando para Billie Jean.

— Eu não sou viciada em trabalho. — Mia pontuou.

— Você estava trabalhando quando eu te vi aqui. — Billie Jean acusou, o que prontamente fez Mia rolar os olhos.

— Eu estava apenas sendo produtiva aproveitando o meu tempo livre para adiantar algumas questões. — explicou-se. Helena tinha um sorriso largo nos lábios, sorriso provocativo que fazia Mia ter certeza que ela iria implicar, já Billie Jean rolava os olhos deixando claro que não concordava com as palavras de Mia.

E foi assim que a tarde das três mulheres transcorreu, extremamente divertida e recheada de boa conversa e muitas risadas. Mia havia amado conhecer Billie Jean, assim como ela havia amado conhecer Mia. Billie Jean fora embora convicta de que Helena estava em ótimas mãos, mas é claro que deixou um bom conselho a Helena antes de partir. E foi assim que mais uma vez Helena se viu perdida em pensamentos, remoendo o momento em que viu a amiga dando em cima de Mia sem que Mia intervisse em nada.

— Ela é incrível. — Mia falou enquanto tinha um sorriso largo e terminava de por o cinto.

— Ela é, foi uma das pessoas que mais me apoiou na época da universidade, mesmo quando ela também precisava de tanto apoio quanto eu. — Helena falou enquanto dava partida no carro e logo, com calma começava a dirigir. — Ela foi praticamente expulsa de casa pelos pais por ser lésbica, escolheu fazer faculdade aqui por ser longe de casa, mas era tão perturbada pela família que não conseguia se dar bem nas aulas, foi por isso que não terminou nenhuma das que começou.

— Isso é horrível. — Mia franziu o cenho, afinal, durante toda a tarde só haviam conversado sobre coisas boas, foi uma tarde recheada de conversas, não esperava uma história daquelas por trás disso.

— Depois disso ela acabou fugindo daqui também, perdemos contato por um tempo, mas depois ela retornou e eu descobri que ela passou por coisas absurdas, passou fome, morou na rua e tantas outras coisas que fazem você duvidar que ela possa ser alguém tão divertida como ela é. — Helena deu de ombros enquanto falava, mas respirou um pouco fundo e olhou brevemente para a sua namorada que também a olhava de volta. — Na época eu me senti muito mal, por que ela sempre fez o possível para me ajudar quando eu precisei e quando ela precisou eu não consegui ajudar ela.

— Mas você não sabia que ela estava passando por tudo isso. — Mia tentou acalentar a namorada e Helena concordou com um aceno de cabeça.

— Eu sei disso, me conformei com o tempo. Hoje em dia só importa é que ela está bem e eu também. — deu de ombros e sorriu quando Mia se inclinou em sua direção para lhe dar um beijo no rosto.

Não demorou muito para que chegassem a casa de Helena, onde combinaram que Mia iria embora para casa e voltaria mais tarde para buscar Helena para que pudessem jantar juntas. E Helena estava animada por isso, mas como sempre acontecia, as coisas mudavam quando ela estava sozinha na companhia de seus próprios pensamentos e ela odiava isso com tanta força que a irritava.

Assim, parada embaixo do chuveiro suspirou ao permitir que seu corpo cedesse um pouco e pendesse para frente até que a sua testa acertasse o azulejo da parede. É claro que havia doído, mas no momento ela não se importou com isso, só fechou os olhos e se fechou em seu mundo enquanto seu interior se revirava com tantos sentimentos ruins e com todas as lembranças que vinham de uma vez. Era como uma enxurrada, como se o chuveiro ao invés de despejar água em seu corpo, despejasse uma enxurrada de pensamentos que a derrotavam com facilidade. Não era coisa de sua cabeça, agora ela sabia que não era, mas por que a incomodava tanto ainda? Sentia um bolo crescendo em sua garganta, sufocando-a, era como se a solução fosse cuspir aquele bolo, fosse gritar até que aliviasse, mas Helena não conseguia.

E isso a irritava tanto. Havia tido um dia tão maravilhoso e agora estava ali, praticamente surtando enquanto seu coração disparava dentro de seu peito em uma velocidade agonizante. Como odiava aquelas crises. Lembrou-se das palavras de Billie Jean.

“— Você vai mesmo rir e justificar o momento toda vez que ver uma mulher dando em cima dela e ela não fazer nada? —”

Acabou também lembrando das palavras de Samantha.

“— Evitar até o momento que vai te sufocar não é? —"

Então era isso? Estava sufocando com os próprios sentimentos?

Repentinamente e pela primeira vez desde o início de tudo aquilo, Helena teve medo de sair com Mia. Teve medo de ver mais alguma coisa que lhe causasse aqueles sentimentos, teve medo de simplesmente explodir ou de sufocar com seus sentimentos na frente de Mia. Não queria que ela visse aquilo, precisava se acalmar. Foi assim que com uma pequena mensagem de texto, desmarcou o jantar com Mia junto com um pequeno pedido de desculpas e assim, não a respondeu mais.

Isso lhe trouxe certo alívio, mas nem de longe o suficiente, foi por isso que ao invés de ficar em casa remoendo tudo aquilo em sua mente, praticamente correu para a casa de Ally onde, naquela noite, iria se refugiar.

Explicou por alto a Ally o que estava acontecendo, mas não quis se aprofundar no assunto, na verdade tudo o que fez foi tentar se distrair na companhia da amiga e de um bom chá com sua vó. Assim, no dia seguinte, saiu cedo da casa de Ally, passou em casa apenas para tomar um banho e trocar de roupa para poder sair.

Porém, seu plano de se distrair na casa de Ally havia dado errado, é claro que daria já que a partir do momento em que deitou-se para dormir e se viu sozinha novamente, foi mais uma vez envolta por aqueles pensamentos que a deixavam tão ansiosa que seu coração disparava com força dentro do peito e era tão incomodo que chegava a ser sufocante.

— Helena. — Samantha chamou sua paciente, que naquele dia em questão parecia tão ansiosa que não havia conseguido passar mais de 2 minutos quieta no sofá ou em qualquer outro local.

Para a sorte de Helena, no dia em que estava praticamente surtando era justamente o dia que tinha a sua sessão semanal de terapia.

— Helena. — Samantha a chamou mais uma vez e só aí Helena a olhou e parou no meio da sala enquanto colocava a mão na cintura, estava tremendo e não era pouco e o coração continuava a bater com força dentro de seu peito. — Me conte o que está acontecendo.

E Helena contou, com palavras rápidas demais e claramente sem muito controle, o que deixava claro que Helena estava no meio de uma das crises de ansiedade mais fortes que já tivera. A forma como ela tremia e agia deixava isso tão claro Samantha sentia certa pena da mulher, ainda mais por saber que ela estava surtando por causa de um sentimento que era tão bobo em pessoas que não haviam passado pelo que Helena passara.

— Então você está ignorando ela desde ontem? E como se sente sobre isso?

— Horrível. Eu não estou conseguindo me controlar, Samantha, é como se tudo estivesse acontecendo de uma vez dentro de mim e se ela me ver ela vai saber, ela sabe, ela sempre sabe, ela consegue ver dentro de mim e eu não quero que ela veja isso, eu não quero que nada de ruim aconteça e se, se ela ficar com raiva de mim? Se ela colocar a culpa em mim? Não é coisa da minha cabeça. Mas e se for? E se for e eu estiver estragando tudo? Eu não quero estragar tudo, ela é importante demais pra mim, eu não quero estragar nada disso. — Helena falava de forma tão frenética que chegava a ser até um pouco difícil para Samantha entende-la. Por isso mesmo a mulher mais velha se viu obrigada a erguer-se de sua poltrona e caminhar até o canto da sala onde ficava a água, encheu um copo com o líquido transparente e então foi até Helena.

— Aqui, beba. — mandou em tom baixo quando se aproximou o suficiente.

Helena aceitou de imediato, mas suas mãos tremiam tanto que ela precisou segurar o copo com ambas as mãos para conseguir minimamente estabiliza-lo. Bebeu a água quase toda em goles longos, estava com sede, estava exausta na verdade, não havia lembrado nem mesmo de comer.

— Perfeito, agora respire fundo, querida. Tente se acalmar, você está tendo crises em cima de crises e isso é demais para seu corpo. Da pra ver que está apavorada, mas eu estou aqui com você, ok? Tente se acalmar, respire fundo. — Samatha falava de forma extremamente paciente e cuidadosa. Ergueu a mão esquerda e tocou o braço de Helena como se quisesse demonstrar fisicamente que estava ali, com a mão livre e com cuidado retirou o copo de vidro quase vazio das mãos da morena. — Vamos, respire fundo, você vai conseguir pensar com mais clareza dessa forma.

E Helena respirou, respirava fundo, segurava a respiração por poucos segundos e soltava e assim continuou o fazendo até sentir seu coração minimamente mais calmo, foi quando acenou positivamente com a cabeça para Samantha, como se silenciosamente dissesse que estava funcionando.

Samantha se afastou para guardar o copo, mas escolheu manter-se de pé assim como Helena, mantendo-se mais próxima dela.

— Por que você demoniza tanto esses sentimentos, Helena? — Samantha já sabia a resposta, mas queria ouvir Helena falar mais uma vez sobre isso. — O sentimento de posse é comum, não quer dizer que ele seja tóxico. Consequentemente o ciúmes é tão comum quanto, só significa que você tem medo de perder a Amélia. Por que demoniza tanto isso?

— Não era assim, nunca foi assim. — Helena negou com a cabeça algumas vezes. — Não é saudável.

— Por que não? A Amélia já demonstrou ciúmes por você, isso significa que ela está errada? Que ela é tóxica? Doente?

— É claro que não. — Helena falou um pouco mais alto desta vez claramente não gostando das insinuações de Samantha.

— Então por que com ela não é e com você é? Vocês são diferentes? Por que são sentimentos comuns para o ser humano, Helena. Se não é para você, o que você é então?

Samantha estava sendo invasiva, extremamente direta por que sabia que se não fosse daquele jeito, Helena continuaria se recusando a entender.

Helena ficou em silêncio, um sinal de confusão passando por sua expressão.

— Helena, me responda. O que você tem de diferente para não poder sentir o que todo ser humano sente?

— Nada. — Helena respondeu, o cenho ainda franzido.

— Então por que está se demonizando tanto por amar tanto alguém que tem medo de perde-la? Por consequentemente sentir ciúmes por que não se sente suficiente para ela?

Helena ficou muda, a boca até se abriu uma ou outra vez como se ela estivesse prestes a falar, mas simplesmente não conseguiu, então, Samantha continuou:

— Ciúmes também é uma demonstração de amor, Helena. Você acha mesmo que a Amélia iria odiar ver você demonstrando claramente que a ama?

Helena continuou na mesma situação, como se cada palavra de Samantha fosse um grande tapa em sua cara e em seus sentimentos, como se as coisas começassem a fazer mais sentido em sua mente.

— Helena. — Samantha a chamou em um tom mais firme e Helena precisou de alguns segundos para que seus olhos focassem em sua terapeuta. — Você não é o Trevor, Amélia não é o Trevor, então pare de se espelhar nas atitudes dele.

Aquilo sim foi como um grandioso soco em sua cara, foi tão forte que Helena se sentiu tonta por alguns segundos, precisou até mesmo olhar em volta para se situar enquanto sentia seu coração batendo desenfreado em seu peito, mas não era mais tão incomodo como antes. Sua mente começava a clarear, era verdade, estava mais uma vez permitindo que Trevor tomasse conta de suas atitudes. É claro que ela não deveria rir e ignorar quando as mulheres davam em cima de Mia. Mia não era Trevor, ela não iria retribuir com violência. É claro que ela podia falar livremente sobre o que sentia, Mia não era o Trevor. É claro que ela podia se expressar sem medo de ser taxada como abusiva, louca ou violenta. Ela não era o Trevor.

— Helena. — Samantha a chamou novamente e ela a olhou em resposta. — Só sinta. Se permita. Se quiser gritar, grite, demonstre sua irritação, seu ciúmes, grite pro mundo que você morre de ciúmes da mulher que você ama, sem medo por que você sabe que nada de ruim vai te acontecer, só vai acontecer coisas ruins se você continuar engolindo e escondendo. Então se permita, Helena. Se. Permita.

Aquilo foi como um estalo em sua mente e Helena precisou é claro de alguns segundos para processar toda aquela enxurrada de sentimentos, mas agora com muito mais clareza do que antes, mas ao invés de continuar quieta e calada como estava ela olhou bem para Samanthe e sorriu, sorriu de forma larga antes de ir até a mulher mais velha e segurar-lhe o rosto com ambas as mãos, deu-lhe um beijo no rosto com todo o carinho e animação.

— Você é incrível. — e no segundo seguinte já estava saindo da sala com rapidez, mesmo que faltasse ainda bons minutos para o fim da sessão. Isso só fez Samantha rir. Helena era tão imprevisível as vezes. Mas se sentiu bem, principalmente por que aquele sorriso que Helena havia dado era de puro alívio.

®

Mia caminhava para lá e para cá na varanda da casa de Helena, segurava o celular em uma das mãos e tinha o olhar claramente perdido enquanto fazia aqueles movimentos claramente automáticos. Fora totalmente pega de surpresa na noite anterior quando Helena desmarcou o encontro que iam ter e não demorou muito para perceber que sua namorada havia começado a lhe ignorar mais uma vez, sinal claro de que havia acontecido alguma coisa muito grave, Mia só não sabia o que.

Já havia ligado e enviado inúmeras mensagens e não havia obtido nenhuma resposta, havia ido na galeria, mas estava fechada, chegara a casa de Helena a algum tempo mesmo sabendo que ela não estava em casa e sim na terapia, sua terapia era todas as sextas e sempre no mesmo horário a tarde. Estava nervosa, não sabia o que estava acontecendo e como Helena estava e essa cegueira toda era insuportável para Mia. Naquele dia, felizmente, não havia tido nada para fazer já que havia reservado aquele dia para passa-lo junto com Helena após o encontro que deveriam ter tido na noite anterior.

— Você parece estar muito perdida. — a voz de Ally despertou Mia de seus pensamentos e olhar um tanto desesperado de Amélia fixou-se na ruiva.

— Ally! Onde ela está? O que ta acontecendo? — Mia questionou de forma imediata.

— Sério? Você nem desconfia? — Ally questionou enquanto franzia o cenho e então caminhava em direção a porta de Helena, negou com um aceno de cabeça e respirou um pouco fundo enquanto abria a porta.

— Você acha mesmo que eu estaria assim se soubesse de alguma coisa? — Mia questionou o obvio e Ally apenas deu de ombro enquanto entrava na casa de Helena e esperava que Mia a acompanhasse, havia passado ali apenas para deixar algumas coisas já que carregava algumas sacolas em mãos, claramente presentes. — Ela está aqui?

— Não, está na terapia provavelmente. — Ally respondeu enquanto ia até a sala onde deixou as coisas que carregava. — E eu vou te ajudar só por que sei que se não fizer isso, nada vai acontecer.

Ally foi em direção a cozinha e Mia foi a seguindo, completamente perdida depois daquelas palavras.

— As mulheres dão em cima de você, Mia e você não faz absolutamente nada por que de alguma forma muito burra, não percebe. — Ally explicou no momento em que abria a geladeira e então olhou para Mia para ver a sua reação. — Não percebeu a BJ dando em cima de você ontem?

Mia abriu a boca, os olhos um pouco arregalados com a revelação de Ally, mas negou com um aceno de cabeça logo em seguida.

— É claro que não, estávamos só conversando.

Ally deu uma pequena risada enquanto retirava uma das cervejas da geladeira e a abria logo em seguida, deu um gole um pouco longo antes de então continuar.

— A Helena odeia sentir ciúmes por que sempre que demonstrou isso minimamente para o Trevor, ela ou apanhava ou era taxada como louca, normalmente os dois ao mesmo tempo. Então ela teve tanto medo quando sentiu isso por você, que está a dias ou semanas guardando isso dentro de sí, deixando acumular toda vez que vê alguém dando em cima de você.

— Se alguém desse em cima de mim é claro que eu iria perceber, Ally!

— Então está dizendo que a Helena é louca? — o tom de voz de Ally mudou, foi um pouco mais agressivo, de uma forma que nunca antes havia sido e fez Mia imediatamente recuar por entender o que havia acabado de fazer. Tanto é que a morena ficou muda e repensou muito bem em tudo o que havia acontecido, mas não teve tempo para isso já que no segundo seguinte ouviu a porta da casa de Helena bater com um pouco de força e no segundo seguinte Helena apareceu em seu campo de visão. — Definitivamente é melhor eu ir embora.

— Tu quedas.  (Você fica) — Helena apontou para Ally assim que falou em seu idioma natural, já que havia ouvido bem o que ela havia dito.

Ally ficou muda, em tantos anos desde que conhecia Helena, ela sabia muito bem o que aquilo significava: Helena estava com raiva.

Mia olhou para Helena, os olhos um pouco arregalados, aquela situação havia saído um pouco do controle. Quando olhou nos olhos de Helena e viu a ferocidade que habitava neles, coisa que nunca havia visto, sinceramente teve um certo medo até mesmo de se mover.

— Ally, vem aqui, eu quero que você dê em cima da Mia. — Helena chamou em tom firme e parou apenas a alguns metros da namorada.

— O que? Por que você quer me meter nisso? — questionou em tom um tanto indignado.

— Helena, vamos conversar. — Mia pediu, mas Helena não deu ouvidos.

— Olha, sinceramente? Eu vou embora. — Ally deu de ombros e deu um último e bom gole em sua cerveja antes de deixar a garrafa em cima do balcão, ergueu os braços como se estivesse se rendendo e saiu andando em passos um pouco rápidos, porém assim que passou por Mia a ruiva parou e franziu o cenho. — O que é isso? — a ruiva questionou e se aproximou de Mia, tocou o queixo dela com certo cuidado, o polegar deslizou do queixo até chegar no cantinho da boca onde pressionou suavemente e contornou o seu lábio inferior. Ally se aproximou só um pouquinho mais, os olhos indo dos lábios até os olhos de Mia. — Ah, era só uma sujeira.

Mia tinha franzido o cenho assim que ouviu Ally e realmente acreditou que tinha algo em seu rosto quando a ruiva se aproximou-se, até manteve-se parada esperando que ela tirasse, mas franziu um pouco o cenho quando lembrou que Ally disse que ela não percebia quando uma mulher dava em cima dela, mas no momento em que claramente os olhos de Ally foram de sua boca para seus olhos foi que Mia se deu conta, percebeu a proximidade desnecessária e a forma sinuosa que o dedo da ruiva havia deslizado pelo contorno de seu lábio inferior e então arregalou os olhos.

— Porr*. — reclamou ao se dar conta.

Ally sorriu de forma larga e se afastou e Helena enfim respirou fundo, é claro que não havia gostado da cena, mas definitivamente havia sido extremamente necessária.

— Muy bien, chica. — Helena elogiou a amiga e Ally deu um sorriso maior enquanto se aproximava brevemente e erguia a mão, Helena imediatamente ergueu a sua e chocou-a contra a mão de Ally em um cumprimento vitorioso, como se as duas tivessem planejado aquilo a muito tempo, o que não havia acontecido, era só uma poderosa prova da cumplicidade daquelas duas mulheres.

— Yo soy maravillosa. — a convivência havia sido o suficiente para que Ally aprendesse algumas boas palavras em espanhol. E foi essa a deixa da ruiva, que já falou aquilo enquanto caminhava em direção a porta da casa para finalmente poder ir embora e deixar em paz as mulheres, apesar de saber que paz elas não teriam naquele momento.

— Agora você tem noção do que você tem feito. — Helena enfim falou diretamente com Mia. — Mas você não sabe como isso me irrita, Amélia. Absolutamente toda vez uma mulher aparece te rondando de forma obvia e você apenas sorri e da corda para que ela continue! No puedo soportarlo más!! — rosnou as últimas palavras em eu idioma. Era muito raro ver a mexicana brava, mas quando ela ficava ela não conseguia manter-se em apenas um idioma, acabava embaralhando e não era proposital. — Perras estúpidas. — xingou as mulheres que deram em cima de mia e então colocou as mãos na cintura enquanto começava a andar pela sala, não conseguia ficar parada, estava irritada demais.

— Amor, eu não fiz por querer! Eu realmente não percebia que elas estavam dando em cima de mim, eu nunca olhei para elas com outros olhos para perceber isso. Foi totalmente sem querer! — Mia estava meio perdida, ainda mais quando Helena falava em espanhol, estava perdida e fascinada ao mesmo tempo, aquilo definitivamente era um carrossel de emoções. — Mas ainda assim isso não te da o direito de me ignorar como você fez novamente.

— Por que eu estava com medo, Amélia, como diabos você queria que eu me sentisse vendo tudo isso? Eu nunca tive a porr* da liberdade de demonstrar o que eu sinto e eu fiquei apavorada! — e então o idioma mudou mais uma vez, palavras atrás de palavras que Mia não entendia absolutamente nada, só olhava para Helena totalmente perdida enquanto tentava ao menos captar alguma palavra que lhe fizesse sentido, a única coisa que entendia era que Helena estava tão irritada que pela primeira vez na vida, estava vendo-a gritar. — Amélia!

— Helena! Você precisa falar no meu idioma! — Mia reclamou em um tom claramente desesperado e que fez Helena respirar de forma claramente impaciente, chegou a passar a mão no rosto e fechar os olhos por alguns segundos. E o que ela falou a seguir, mais uma vez em espanhol, fez Mia ter certeza que foram xingamentos bem pesados. Mas Helena respirou fundo e pareceu se acalmar ao menos um pouco com isso, então enfim falou:

— Eu não quero que você pense que o que eu sinto é doentio ou que é alguma loucura minha.

— E por que diabos eu iria pensar isso, Helena? Se eu ver uma mulher te rondando eu ficaria louca e isso não quer dizer que eu não confie em você, eu confio em você de olhos fechados e eu sinto de verdade que você também confia em mim, mas isso não significa que você está proibida de sentir ciúmes, de se incomodar com a forma como alguém conversa comigo ou me toca. Eu não me importo com isso, isso só deixa claro o que você sente por mim e o que eu sinto por você. Você pode simplesmente chegar em mim e falar que não gostou, eu não vou te condenar por isso, o que você não pode fazer é me culpar em silêncio e me deixar cega na situação. — era a vez de Mia de se alterar, a medida que ia falando, o tom de voz ia aumentando mais e mais, mas não de forma agressiva, tanto que naquele momento sequer incomodava Helena. — Você mais uma vez me ignorou e se fechou completamente para mim e não é assim que se conduz um relacionamento, Helena!

— Eu estava com medo, Amélia. Eu fiquei morrendo de medo de te perder, fiquei apavorada sem saber como agir e sem saber como lidar com meus próprios pensamentos, você acha que é fácil? — falou no mesmo tom de voz que Mia, até um pouco mais alto já que quanto mais alto falava mais nervosa ela ficava já que não era nem um pouco acostumada a fazer aquilo. — Toda vez que você vai embora eu fico apavorada com meus próprios pensamentos e eu não tenho controle sobre isso! Eu não sei como lidar com tantos sentimentos, eu tenho medo todos os dias e não sei como agir com um terço disso dentro de mim. Então o simples fato de eu não suportar a ideia de te perder me deixa sufocada e faz um bolo crescer na minha garganta com vontade de gritar!

E Helena realmente gritava, estava tão nervosa com a situação que estava perdendo o próprio controle.

— Eu não suportei ver você nos braços do Charlie novamente e foda-se se ele é seu amigo! Ele foi muito mais que isso por mais tempo do que eu imagino e eu não quero ver aquilo de novo! Eu não quero ver uma mulher achando que tem liberdade de dar em cima de você e eu não quero você simplesmente dando corda sem nem perceber. Eu quero ser vista como a sua namorada por todos, por que isso vai impedir que as mulheres te rondem de forma tão persistente e eu não suporto mais ser apresentada só como uma amiga. — Helena finalmente havia explodido e Mia entendeu que ela havia mesmo guardado tudo aquilo por muito tempo a ponto de quase sufocar, entendeu com tanta facilidade por que via a forma como Helena se expressava, como se cada grito que ela desse lhe trouxesse mais alívio como pesos sendo tirados de suas costas. — Eu morro de ciúmes de você por que eu te amo, Amélia.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 47 - Capitulo 47:
Mmila
Mmila

Em: 09/01/2024

Boa Helena, solta tudo de uma vez.

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Socorro
Socorro

Em: 09/01/2024

Que capítulo incrível!!

a evolução da Helena e Samantha parabéns que profissional 

 

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edjane04
edjane04

Em: 09/01/2024

Isso mesmo Helena, dá um sacode na Mia!!!

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