CAP 14

POV SOPHIE

- Alô pai, tô precisando conversar.

Depois que Vitória saiu da minha casa um vazio se apossou do meu ser, lembrar das palavras dela pra mim era como se mil facas entrassem em meu corpo. Contei todo o meu monólogo pra papai e assim como eu ele ficou desesperado pra saber a resposta dela.

ALGUNS MINUTOS ATRÁS

Já fazia alguns minutos que Vitória estava parada no meio da minha sala processando todo meu monólogo.

- Fala alguma coisa por favor.

- Eu não sei o que falar.

- Porr* Vitória, eu digo que estou apaixonada e você fica muda? 

Minha voz saiu bastante alterada levando ela a vim em minha direção e falar também no mesmo tom.

- O que você quer que eu faça? Eu nunca imaginei essa situação entre a gente, como você disse eu estou do outro lado do muro, há algo no meio de nós que me impede de retribuir seus sentimentos. Eu não estou pronta Sophie. Me desculpa, mas eu não consigo.

- O que você não consegue Vitória? Seja clara pelo menos uma vez.

- Eu não consigo me sentir feliz tá legal? Até tento por alguns momentos mas de repente me vem um sentimento ruim como se algo fosse acontecer, eu vivo numa eterna gangorra onde os momentos de felicidade sempre terminam e me puxam pra uma escuridão profunda. É uma prisão constante.

- Vem cá senta aqui comigo. Me fala sobre o que aconteceu. Eu sei o que as pessoas falam, mas eu quero ouvir de você. 

- Não quero que seu olhar mude, não quero sua pena.

Segurei suas mãos que tremiam e a puxei mais pra perto de mim, enxuguei suas lágrimas e falei:

- O meu olhar pra você sempre será de admiração. Nada será capaz de mudar isso. Você é o ser humano mais incrível que eu conheço, passou por tanta coisa mas a sua bondade e a sua humildade sempre permaneceram, apesar de ser bem bravinha. Kkkkk mas quero deixar claro que ainda assim continua linda.

- É incrível como nas piores horas você ainda consegue ser uma Don Ruan.

- Eu quero ouvir.

- Tá ok. Eu tinha recebido a resposta da aprovação no concurso e o Vitor sempre foi muito festeiro, saímos pra comemorar em grande estilo, era sábado, vários amigos nossos se reuniram em um bar na praia de Pirangi, eu passei a tarde com meu filho Lucas na piscina, hoje até parece que foi uma despedida, na hora de voltar chamamos um táxi, um caminhão tentou ultrapassar uma moto, não conseguiu frear a tempo nos jogando pra fora da estrada fazendo o carro capotar várias vezes. O Vitor estava bêbado e não tinha colocado o cinto, eu tinha bebido pouco estava um pouco sóbria e tinha lembrado de colocar o cinto, no táxi não tinha cadeirinha pro Lucas, meu filho, eu tentei segurar ele, mas não consegui, ele bateu a cabeça várias vezes, o carro capotou e eu desmaiei, só lembro de acordar com muita dor e ver meu filho... 

O choro de Vitória tomou conta do apartamento, tomei ela em um abraço forte enquanto ela soluçava e tremia, as lágrimas caiam de meus olhos sem controle, como ela conseguiu se reerguer? Depois de um tempo ela foi se acalmando então eu tomei a palavra.

- Não precisa mais falar. Eu consigo entender agora. 

- Não, você não entende, eu passei uma tarde maravilhosa ao lado do meu filho e esposo e no final aconteceu a pior tragédia da minha vida então toda vez que tenho um momento feliz eu imagino que algo muito triste vai acontecer e eu não quero fazer mal a mais ninguém, não quero te fazer mal porque você é a única pessoa que me faz ter alguns momentos felizes, eu queria poder ter para sempre esses momentos de felicidade que só você me proporciona, mas se ficar do meu lado eu vou te perder também.

- Meu bem você não vai me perder, não vai acontecer nada Vitória, esse pensamento não está certo, você não é a culpada nem a causadora de todo esse sofrimento, você precisa parar de pensar assim, tem muitas pessoas que te amam e que querem ver esse sorriso lindo no seu rosto, não se prive desse por causa de uma fatalidade que lhe ocorreu.

- Eu não consigo Sophie, eu vivo de momentos e os mal sempre se sobressaem. Você tem sido uma luz pra mim, não sabe como me ajuda, olhar pra você é como ver o sol brilhando. No momento que eu me encontro provavelmente destruiria essa sua luz, esse seu brilho e você não merece. É como você mesma falou, ainda tem alguns tijolos pra retirar e eu também preciso ter forças pra sair de onde estou e desbravar o mundo brilhante que você está. Eu não estou pronta.

- Eu entendi, não aceito, no momento, mas entendi.

DE VOLTA AO PRESENTE

- Pai me ajuda, eu tô tão triste, quando ela apareceu na minha porta pensei que era um bom sinal, mas agora voltamos ao começo. Eu não sei se aguento passar por ela e fingir que só quero sua amizade.

- Quem disse que precisa fingir? Você já deixou claro seus sentimentos, se beijaram duas vezes, não tem como vocês voltarem ao que era antes, nem mesmo ela vai conseguir. Eu sei que está vendo essa conversa como um balde de água fria, mas você precisa aprender a olhar nas entrelinhas.

- Como assim? Não tô entendendo.

- Aí meu Deus! (Parece que eu estava vendo ele revirando os olhos)

- Papai foca aqui na sua filha.

- Filha tapada, mas tudo bem, papai tá aqui pra ensinar. Ela falou que "olhar pra você é como ver o sol brilhando". Eu posso estar enganado, mas acho que a delegata já caiu na sua rede. Você só precisa fazer com que ela não tenha opção a não ser mudar de idéia.

- E como faço isso?

- Tudo que eu tenho pra te falar filhinha é "ciúmes".

- E eu até já sei o que e como fazer 

Desliguei totalmente motivada a conquistar de vez minha morena, liguei pra Amanda, uma de minhas amigas de Fortaleza e fiz com que ela corresse de lá pra cá, o que não foi tarefa difícil, ajeitei tudo pois no outro dia ela chegava a Natal, marquei algumas coisas pra fazer e no outro dia começava minha missão #conquistandominhamorena. 

Depois de mostrar vários lugares pra Amanda enfim ela cansou e fomos pra casa, lá eu pude explicar direitinho o meu plano e o motivo dela ter vindo ao que ela adorou. Pela manhã marquei de ela me deixar no trabalho e ficar com meu carro, mas precisava que Vitória me visse chegar. Estávamos em uma cafeteria bem próximo quando escutei o roncado do carro dela, depressa saímos e Amanda me deixou na porta me deu um abraço e um beijo e seguiu com meu carro pra casa. Entrei toda feliz falando com todos e parei de frente a delegada que me olhava inquisidora.

- Bom dia delegada Vitória.

- Bom dia. 

- Porque essa cara feia? (Aproximei minha boca do seu ouvido e falei) Sou seu raio de sol, esqueceu?

- E o SEU raio de sol acabou de sair no SEU carro. (Falou bem baixinho pra ninguém escutar, mas fez questão de frisar o SEU)

- Depois te apresento minha amiga. Vou trabalhar que a delegada é braba demais.

Sai com um sorrisinho de vitória. O dia foi altamente cansativo, já era quase oito da noite quando deitei e apaguei, não procurei por Vitória, com ela tinha que ser uma coisa de cada vez. Pela manhã, como combinado, Amanda veio me pegar já com look de praia, óculos escuro e fazendo pose encostada no meu carro em frente a delegacia. Quando olho pro lado Vitória vem andando em minha direção, ela ia falar algo quando Amanda grita:

- Sophie, vamos logo que quero aproveitar bastante.

Virei pra ela e voltei o olhar pra Vitória que já estava com o semblante transformado. Ela só fez dar meia volta e andar em direção ao seu carro.

- Vitória espera. 

Chamei com esperança, mas ela nem se dignou a olhar pra trás então fui atrás dela.

- Ei porque essa cara feia? Tá assim desde ontem.

- Sua amiga está esperando.

- Espera, eu queria apresentar vocês e te chamar pra ir pra praia conosco.

- Eu não estou com paciência hoje, vai com sua amiga.

- Não vai ser a mesma coisa se você não for.

- Então me explica de onde surgiu essa? Pensei que conhecia suas amigas.

- A Amanda veio de Fortaleza, nos encontramos na última vez que fui lá e ela marcou de passar uns dias comigo. Vamos por favor, se você se sentir mais a vontade a gente pode chamar a Duda e as outras.

- Eu preciso ir em casa.

- Então vamos fazer assim, a gente vai te encontrar em casa e vamos no seu possante, vai que seu humor melhore e você da uma volta nas dunas como fez da outra vez.

Vi um pequeno sorriso surgir em seu rosto.

- Garota interesseira, agora avisa a sua amiga que ela vai competir com o sol com esse biquíni.

- KKKKKKKKKKKK Só você Vitória pra me fazer rir desse jeito. Vou com você, ela pode nos acompanhar, agora abaixa a capota que quero meus cabelos ao vento.

Entrei no carro e quando íamos passando por Amanda só gritei:

- Dirige pra casa que já já passo lá pra te pegar.

Se eu soubesse que iria ganhar aquele sorriso de satisfação da minha morena já tinha feito isso a muito tempo.

Fim do capítulo