CAP 12

POV SOPHIE

Uma raiva monstruosa misturada com um desejo insano de voltar naquela sala e sentir aquela boca novamente grudada na minha, estava em tempo de explodir de tanto desejo, que mulher gostosa caramba e que pegada era aquela? Se só com um beijo fiquei desse jeito não quero nem imaginar o resto, eu quero aquela mulher pra mim, mas entendo que ela não está pronta e depois de falar com papai entendi muita coisa.

LIGAÇÃO ON

- Papai, preciso conversar com o senhor ou vou enlouquecer.

- Eu te ligo em alguns minutos.

Entendi que ele precisava fugir de mamãe. Alguns minutos depois ele retornou.

- Pode falar agora, disse pra sua mãe que vim comprar um vinho.

- Vai ter festinha hoje é?

- Não te interessa garota abusada, agora fala o motivo do vexame.

Depois de explicar todos os pormenores dos momentos mais tensos vividos ao lado de Vitória, meu pai deu uma gargalhada imensa.

- Perfeito, você agiu do jeitinho que papai te ensinou, o beijo no final foi o auge e deixou ela desnorteada, mas agora tem que mudar a tática, precisa se afastar. Tenho uma ideia.

- Então fala logo.

- Ela falou que queria conversar com você num foi?

- Foi.

- Provavelmente ela vai te procurar pra te dar um chega pra lá porque no momento ela está em negação e não adianta forçar a situação. Dá um jeito de dá um perdido, troca o seu turno e vem pra Fortaleza, se ficar aí ela vai te achar e a conversa não vai ser boa pra você. Agora tenho que voltar, senão sua mãe vai desconfiar.

- Tá certo, vou fazer isso, assim que tiver a confirmação te aviso.

Eu sempre entendi as atitudes de Ana Vitória, sua dor sempre foi visível, o jeito como afastava as pessoas era notório, não sou idiota de pensar que de uma hora pra outra ela iria cair em meus braços apaixonada, se eu queria aquela mulher na minha vida teria que usar de sabedoria ainda mais agora que ela começou a abrir sua vida e seu coração pra alguém entrar. Sei que esse tempo longe vai ser muito bom tanto pra ela quanto pra mim, parando pra pensar as coisas mudaram muito rápido, num momento ela era minha amiga, no outro estávamos nos beijando apaixonadamente e que beijo senhor. Agilizei a troca do meu turno comprei as passagens e organizei minha mala, iria viajar assim que saísse do plantão, tomara que eu não me encontre com ela na saída. Quando consegui resolver tudo liguei pra papai confirmando a viagem e desliguei o telefone, deixei ele avisado que qualquer coisa era pra ligar pra delegacia, a noite foi turbulenta, mal consegui dormir, a imagem de Vitória estava em minha mente e a ansiedade por causa do telefone desligado, mas resisti até o fim. Cheguei em fortaleza respirando aquele ar puro que só tem na minha terrinha, deixei minhas coisas em casa e liguei pra minha irmã e fomos à praia com algumas amigas.

- Ah como estava com saudades dessa liberdade.

- Agora você só quer saber das praias de Natal, pensa que não vi suas fotos? (Amanda falou)

- Nada se compara a Fortaleza, mas o que posso fazer se o meu trabalho é lá?

- Você podia me convidar pra passar uns dias com você e curtir aquele paraíso.

- Que bixa folgada, mas o convite está feito, quando quiser ir é só avisar.

Ninguém além de papai sabia da minha situação e dos motivos que me levaram aquela rápida visita, pra todos eu fui visitar meus pais. Passamos o dia na praia, almoçamos por lá mesmo e fomos pra casa só tomar banho e voltar porque a orla a noite está de tirar o fôlego e também teria que procurar o que fazer esses dias pra distrair minha mente do celular, caso contrário eu desistia do meu plano. Como ninguém sabia do que estava acontecendo não foram poucas as vezes que minha irmã e amigas ficaram me jogando pras mulheres, não vou dizer que não olhei, mas pra falar a verdade todas passaram a ser inferiores pois meu coração estava tomado de amor por uma certa morena, percebi durante esses dias que fazia tempos que não saia com ninguém e nem queria. Os dias foram de andança, mas também aproveitei pra dormir e comer bastante a comida da mamãe, queria estar descansada e renovada para enfrentar a fera que eu deixei em Natal. 

Na tarde do terceiro dia peguei o avião de volta e quando cheguei em casa liguei o telefone e ele começou a apitar freneticamente, várias mensagens e ligação de Vitória, ela estava me procurando há dias, eu acho que deixei a bichinha uma fera, mandei uma mensagem bem profissional, desliguei o telefone e caí na cama acordando só no outro dia pra ir trabalhar. Assim que coloquei os pés na delegacia senti o clima diferente, mas não me importei, sai desfilando e distribuindo simpatia, até ser barrada por Vitória, seu rosto transbordava ódio, sua fala era contida mas mostrava toda sua revolta, agi como se não tivesse feito nada e nosso embate foi ferrenho, vi a hora ela explodir de tanta raiva. 

Eu sabia que a gente precisava ter uma conversa, mas queria ver até onde ela conseguia manter a postura de durona. Fiz como conversei com papai, dei um gelo na delegata, usei toda minha sensualidade quando sabia que ela estava olhando, passava por ela rebol*ndo e conversando com outras pessoas e não olhava em seus olhos, ela por outro lado parecia um bichinho acanhado e com os olhinhos mucho e pidão. No final do nosso turno vi de longe quando ela apareceu no estacionamento fiquei esperando uma atitude de sua parte porque pra falar a verdade eu estava morrendo de saudades e com uma vontade louca de sentir ela perto de mim. Continuei com meu teatro me despedindo do pessoal e fui embora mas o coração estava tão apertado de saudade e de vontade, queria tanto que ela viesse falar comigo nem que fosse pra brigar. Estava tomando banho quando escuto a campainha tocar freneticamente, me enrolei na toalha e fui depressa abrir a porta me deparando com a última pessoa que esperava.

Fim do capítulo