CAP 8

POV SOPHIE

Todos os momentos após me encontrar com Vitória no aeroporto foram especiais, marcantes e memoráveis e eu queria repetir, na verdade eu não queria interromper mas infelizmente tinha que trabalhar e esse período distante me deixou angustiada, principalmente após perceber a indiferença dela. Tentei de todas as formas me aproximar ou manter um diálogo mas Vitória estava decidida a me manter longe, não resisti por muito tempo, assim que meu turno acabou corri pra organizar minhas coisas e esperar ela sair, não ia deixar nenhum mal entendido entre nós.

Nossa conversa não me deixou satisfeita mas eu esperaria sua ligação pois ela seria a prova de que estava tudo bem entre nós. Em casa já deitada, meus pensamentos foram de encontro a nossa noite dormindo juntinhas, o seu corpo enroscado no meu, o seu cheiro inundando a minha alma, sua pele tocando a minha e eu controlando minha excitação com todas as forças assim como estou fazendo agora só de lembrar, despertei da viagem da minha mente e decidi falar com Vitória e contar sobre meus sentimentos, faria como papai falou, não seria covarde pelo resto da vida, eu não sou assim então hoje a tarde eu vou na casa dela e vou conquistar de vez aquele coração gelado. Dormi a manhã inteira e quando acordei a ansiedade bateu rápido, meu celular estava grudado em mim pra todos os cantos que eu andasse, arrumei minha casa, fiz comida, comi, lanchei e nada de Vitória, perto das cinco da tarde eu desisti de esperar, não iria forçar a barra, mas a minha decisão de expor meus sentimentos não tinha sido em vão, eu estava recuando, mas na próxima oportunidade ela ia me ouvir, ouvir do meu amor por ela.

Troquei de roupa e fui pra academia, coloquei meus fones, peguei minhas chaves e celular porque apesar de desistir de esperar algo dentro de mim ainda tinha esperanças. A academia que sempre era um alívio, hoje foi um tédio, saí de lá tão desanimada, meu coração tão dolorido, pensei que seria hora de deixar de lado todo esse sentimento, tentar esquecer, ela nunca me notaria, eu estava esperando uma coisa da pessoa errada? Fui em direção ao supermercado pois os dias que passei em Fortaleza deixaram minha despensa vazia, comprei tudo que precisava e quando ia passando na sessão de vinhos não aguentei e peguei dois, já que meus planos não deram certo talvez um vinho me fizesse passar o tempo.  Minha noite foi regada a vinho, no meio da primeira garrafa me bateu um desespero e lembrei do meu pai, queria um conselho e sabia que só ele saberia o que dizer, então liguei.

- Alô, Sophie?

- Pai

- Oi, minha pequena.

- Pai, eu estou com dor.

- Onde, Sophie? Já tomou remédio? 

- Pai qual o remédio que toma pro coração?

- Sophie você tá bêbada? E com dor no coração por causa da delegada?

- Pai eu acho que estraguei tudo. Ela tá toda estranha comigo.

- E o que você fez pra que ela ficasse estranha.

- Eu não sei pai, quando voltei dai ela foi me pegar no aeroporto tão feliz, pedi pra dormir na casa dela e dei até um jeitinho de dormir na cama dela, foi tão bom, mas quando nós acordamos ela estava estranha, passou o tempo todo no trabalho fugindo de mim e me afastando, a gente tinha combinado de se ver hoje, mas ela nem ligou nem deu notícia, não quis ser invasiva e grudenta ai eu também não liguei. Agora eu estou aqui bebendo sozinha e meu coração tá doendo demais porque eu acho que to perdendo, pelo menos o pouco que consegui dela.

- Eu estou pensando em uma coisa aqui, mas você pode achar que estou ficando louco. - Pai eu estou precisando de suas loucuras, fala por favor.

- Eu pensei aqui com meus botões e acho que ela já percebeu suas intenções e também acho que ela já está mexida e por isso está fugindo. Analisa comigo, vocês dormiram juntas e eu te conheço o suficiente pra saber que ultrapassou alguns limites e até mesmo essa sua linguinha afiada insinuando as coisas. Ela não é nenhuma idiota e percebeu o que tá acontecendo. Eu acho que a cabeça dela está uma confusão e por isso está fugindo.

- Ai pai, agora faz sentido. Mas o que eu faço? Não posso deixar ela se distanciar de mim, se bobear do jeito que ela é vai me dar um fora a qualquer momento.

- Vamos analisar com cuidado, você está esperando uma ligação dela é isso?

- Sim, hoje pela manhã eu falei com ela e perguntei porque ela estava diferente comigo, ela disse que não estava ai ficou de me ligar pra ir pra casa dela, eu passei a tarde toda esperando e nada dela me ligar.

- Olha Sophie, eu tenho um plano, mas só vou lhe contar por partes, você vai fazer tudo que eu disser e nós vamos observar cada reação dela.

- Pai o senhor é um perigo, a mamãe não pode saber disso senão o senhor tá ferrado.

- É claro que ela não pode saber Sophie, você não está nem louca de contar nada a ela senão não lhe ajudo mais em nada.

- Tá bom pai agora fala logo qual é o seu plano.

- Primeiro você vai procurar ela e falar dos seus sentimentos, se ela retribuir o que eu acho bem improvável no momento você aproveita, mas se a resposta for negativa você vai dizer que está tudo bem e que não quer que nada mude entre vocês. Depois de conversar com ela você volta a mim que eu dou os próximos passos.

- Pai , o senhor é um perigo, ainda bem que mamãe te colocou na coleira senão eu ia ter que dividir minha herança em cinquenta.

- Garota abusada, não fala nada pra sua mãe senão eu melo seu rolé com a delegada.

- Pai, eu te amo. O senhor é o melhor pai do mundo. Eu vou fazer como ta dizendo e depois venho te contar as novidades, agora vou tentar dormir, da um beijo na mamãe por mim.

- Também te amo minha bebê, dorme bem.

Não sei o que me deixou mais leve se foi o vinho ou se foi a conversa com meu pai só sei que apaguei e acordei no outro dia com uma ressaca daquelas, mas não queria passar minha folga em casa mofando então entrei no grupo das meninas e marquei com elas de sair pra almoçar e como era sábado elas não recusaram. Muito da minha intenção era conversar com a Duda, queria saber as intenções dela com a minha delegata, não engoli aquela historinha de chamar a Vitória pra sair. Nos reunimos em um restaurante na praia de Ponta Negra, adoro os camarões de lá e me esbaldei neles, a conversa fluía bem animada até a Duda tocar no nome da Vitória.

- Sophie porque você não chamou aquela delegada gostosa?

A ira subiu por todos os poros do meu corpo.

- Maria Eduarda, olha o respeito com a Vitória, que coisa mais baixa, parece aqueles machão atrás de mulher.

- Calma aí mulher, eu não falei por mal, e na verdade só falei pra te irritar, você tá toda gamadinha na delegada, é bonitinho ver você correr atrás e ela nem percebe.

- Eu não acredito no que tá dizendo. Então tudo isso foi só pra me irritar? 

- Foi sim. kkkkkk

- Então porque ligou pra ela e chamou pra sair enquanto eu estava fora? E ainda mais sabendo que eu estou a fim dela.

- Eu queria ver qual é a dela, relaxa Sophie, eu não quero pegar sua delegada, chamei porque nos demos bem naquele dia da viagem, e como eu já disse queria sondar o interesse dela por mulher, na verdade todas nós queríamos dar uma força pra você.

- Foi mesmo Sophie, relaxa que nós percebemos seu interesse, só queríamos ajudar, mas se não gostou não tem problema não chamamos mais ela pra sair. (Sandrinha falou tentando nos acalmar)

- Tá bom gente, desculpa o meu descontrole, confesso que fiquei com ciúmes mas não tanto porque ela rejeitou o pedido de vocês.kkkkkkkk

- Que bixa safada, ela tá se gabando porque a delegada deu um toco na gente. (Letícia falou)

Ficamos naquela resenha até eu ouvir meu celular tocar o que não passou despercebido por minhas amigas pois o meu sorriso foi contagiante.

- Eu não acredito nisso, a garota estava quase me matando por causa de um convite ai o celular dela toca e o sorriso se abre, eu deveria ter mandado uma mensagem pra delegada vim te fazer uma surpresa pelo menos assim você já estaria de bom humor.

- Calem a boca todas vocês, vou atender o telefone lá fora.

Sai pra uma área reservada e atendi ansiosa.

- Alô.

- Oi Vitória, tudo bem com você.

- Tá tudo bem sim, eu fiquei de te ligar ontem mas aconteceram algumas coisas e eu acabei me enrolando, liguei pra me desculpar.

- Ah, não tem problema, você já se desenrolou?

- Ãh? Como assim?

- Disse que se enrolou ontem por isso não ligou, quero saber se já se desenrolou.

- Como você é gaiata Sophie, mas sim ou acho que sim.

- Tá fazendo o que?

- Eu nada. Porque? 

- Eu to num restaurante aqui em Ponta Negra com as meninas, vem pra cá.

- Eu não sei, vou incomodar.

- Para com isso Vi, você  não me incomoda de jeito nenhum e eu vou adorar ter você aqui.

- Tá bom, manda a localização, vou me ajeitar pra ir.

- Ai que bom, vou te mandar a localização, não demora, já estou com saudades. Soltei essa pérola e saí correndo, quando sentei a mesa todas pararam e me olharam.

- O que foi? O que vocês estão olhando? Tô suja?

- Não mesmo, só tem um pouco de baba escorrendo da sua boca, eu acho que é por causa do seu sorriso que tá enorme.

- Ah vai a merd* Duda, me deixa em paz e por favor para vocês com essas brincadeiras porque a Vitória tá vindo pra cá..

- Não acredito. Você teve coragem de convidar ela. Que bonitinha apaixonada. (Duda falou)

- Não fala assim dela, um dia ainda vou ver você de quatro por uma mulher e nós vamos tirar muito sarro de você. (Sandrinha falou)

- Pois eh, eu espero por esse dia ansiosamente. (Letícia falou)

- Eu só quero lhe dizer que pessoas como você que fogem de namoro como o diabo foge da cruz quando se apaixona fica parecendo um cordeirinho. Eu to doida pra te ver de quatro por uma mulher sua gaiata. (Eu falei)

A conversa fluiu com todas tirando onda com minha cara e com a de Duda até eu senti um perfume e escutar aquela voz atrás de mim:

- Boa noite meninas!

Fim do capítulo