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  • Capítulo 9 - A batalha dos len?

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Fogo Cruzado por Carol Barra

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Palavras: 4897
Acessos: 2396   |  Postado em: 20/12/2023

Capítulo 9 - A batalha dos len?

No dia seguinte Bruna sentia o corpo dolorido, mas aquilo não diminuía o seu bom humor. Muito pelo contrário, a cada vez que sentia dor ao se sentar ou levantar do chão, ela se lembrava da noite anterior e sorria mais ainda.

 Na hora da aula de balé ela não resistiu e gravou um vídeo do Enzo dançando, mandando-o imediatamente para Alice por mensagem. Ela só usava o celular durante o período de trabalho se fosse para tirar fotos e gravar vídeos das crianças, logo em seguida enviando para o grupo da escola que encaminhava para os pais ou usava em suas redes sociais. Como ela tinha o celular pessoal de Alice, achou que não seria ruim mandar o vídeo diretamente para ela.

Em um momento raro, Enzo estava socializando com os amigos durante a brincadeira de dança que a professora fazia e deu uma gargalhada alegre. Aquilo aqueceu o coração de Bruna. Era o primeiro momento do dia em que ele sorria. Havia chegado muito enjoadinho de manhã.

“Ele está tão feliz!”, Alice respondeu.

“Você devia comprar sapatilha para os meninos”, Bruna mandou e sorriu com a resposta rápida.

“Sim, senhora”.

Depois da aula de balé, Enzo ficou um pouco melhor, mas ainda assim recusou o almoço. No período da tarde, apesar de Enzo ficar com o Integral, o seu horário de lanche era junto com o da turma da Bruna e ela reparou que ele havia mais uma vez recusado a refeição. Hesitou por um momento antes de enviar outra mensagem para Alice.

“Você já olhou a agenda hoje? Enzo não comeu nada”.

Agora que Bruna sabia que Enzo tinha dormido com o pai na noite anterior, entendia o motivo de ele ter chegado mal naquele dia. Enzo precisava de rotina e sempre que havia uma mudança, demorava para se acostumar. Pelo que Alice havia dito, esse seria o novo normal do menino as quintas depois de dormir com o pai toda quarta até compreender melhor que tinha uma rotina nova.

“Não tinha visto ainda. Tem como dar uma mamadeira para ele antes da janta?”

“Claro, mas manda uma mensagem na agenda pedindo”.

“Sim, senhora”, repetiu fazendo Bruna sorrir. “Obrigada pelo vídeo e pelo aviso”.

Aquelas não foram as únicas mensagens que trocaram naquela semana. No sábado, enquanto Bruna se arrumava para sair com a sua prima, recebeu uma mensagem com a foto de uma televisão, na qual passava a série “How I Met Your Mother”. Em baixo, Alice escreveu “Prova número dois que sou engraçada”.

Bruna riu, mas rebateu.

“Ver uma série de comédia não te torna engraçada, mas você ganha pontos pelo bom gosto”.

“Finalmente achamos uma coisa em comum?”, Alice perguntou.

“É um milagre! Mas só para registrar ‘Friends’ é melhor”.

“Não é não!”, enviou fazendo Bruna rir antes de responder.
            “Nossa concordância durou pouco”.

“Concordamos onde importa”, respondeu com um emoji piscando e Bruna não pode deixar de concordar, lembrando-se dos orgasmos que já compartilharam.

Ela desligou-se de seu celular durante a noite, divertindo-se na companhia da prima em um bar perto do seu antigo bairro com mais algumas amigas.

Elas só foram se falar de novo na quarta seguinte quando Bruna enviou uma mensagem em seu horário de almoço: “Carona?”. Alice demorou um pouco para responder, confirmando. Bruna não resistiu em adicionar “Com benefícios?” e um emoji provocativo. No entanto, ela precisou voltar ao trabalho e só conseguiu ver a resposta depois da hora da saída. “Não fala assim, é estranho...”.

Ela deixou para responder assim que entrou no carro.

– Por que é estranho? – perguntou mostrando-lhe o celular.

– Porque é – Alice falou já na defensiva – Parece um pornô, em que eu te dou carona em troca de sex*.

Bruna olhou para ela séria antes de falar.

– Vamos deixar uma coisa bem clara. Eu sou uma mulher independente e posso muito bem chegar sozinha na minha casa. Não preciso da sua carona, não tem nenhuma relação de poder aqui e eu não estou te fazendo nenhum favor. Muito pelo contrário, eu quero fazer sex* com você e por isso estou aqui! Entendido?

 O olhar de Alice para Bruna naquele momento era muito sensual e ela estava com um meio sorriso quando falou.

– Você fica muito gostosa falando assim.

Aquilo fez com que Bruna sorrisse de forma arrogante e Alice seguiu com o carro até a sua casa para mais uma sessão maravilhosa de sex* que funcionou bem melhor com Bruna de vestido.

– Usa uma das suas saias sociais da próxima vez – ela falou para Alice antes de se despedir.

– Você tem pedidos agora? – ela brincou.

– É mais fácil fazer sex* no carro de vestido ou saia – explicou – Mas fico feliz em saber que posso fazer pedidos sobre a sua roupa – deu uma piscada antes de sair do carro.  

 

=====

 

Naquele fim de semana, por conta de uma troca que fizera com Gustavo, ela ficou novamente com os meninos. Sábado foi com eles ao shopping dar uma volta na companhia de Ana e seu filho. No domingo foi até uma praça para que os meninos gastassem um pouco de energia, mas foi ela quem se cansou mais, tendo que ficar atrás de Enzo que se afastava do grupo de crianças o tempo inteiro. No final do dia estava exausta depois de cozinhar a comida da semana, sentindo dor nas costas por ter demorado a colocar o Enzo para dormir. Ele se estressou muito porque não queria sair do parque e acabou dormindo depois de chorar irritado, fazendo com que perdesse o sono à noite.

Uma mensagem de Bruna a fez sorrir pela primeira vez em horas.

“Não esquece de enviar uma foto de aniversário do Enzo amanhã pro projeto”.

Droga, ela sempre esquecia de ver a maldita agenda.

“Obrigada pelo aviso. Eu estou tão exausta que tinha esquecido completamente”.

Alice quase engasgou o seu chá quando viu a próxima mensagem de Bruna com uma foto sensual dizendo “Para alegrar a sua noite”.

“Vou te mandar mensagem sempre que estiver estressada”, ela brincou, “Mas preciso avisar que isso acontece com muita frequência”.

“Estou à disposição”, terminou com um emoji piscando, fazendo Alice manter o sorriso no rosto até o momento em que pegou no sono.

Na quarta seguinte Alice obedeceu a Bruna vestindo saia e ainda guardou a cadeirinha e o assento de criança na mala antes de encontrar com ela, para que pudessem utilizar o banco traseiro do carro.

Ela amava esses encontros sexuais de quarta-feira, mesmo que ficasse com uma tremenda dor nas costas depois. Aqueles eram os únicos momentos relaxantes da sua semana e conforme a semana chegava ao fim, ela sentia-se como uma viciada querendo cada vez mais da Bruna. Aquelas rapidinhas no carro, apesar de ficarem mais longas a cada semana, não eram o suficiente.

 

=====

 

Bruna estava estressada e dando graças a Deus que já era sexta-feira. Ela havia começado a escrever os relatórios semestrais e escrita não era o seu forte, por isso demorava mais que o normal e acabou indo dormir tarde todos os dias naquela semana. Ela sentia-se um caco! Tudo que queria era um fim de semana tranquilo em casa, pois sabia que com a chegada de junho, teria que escrever muitos relatórios. Ela mantinha anotações de todas as crianças para esse momento, mas era difícil organizar-se sem um computador. Ela ficava completamente dependente da irmã, usando o notebook dela quando estava livre. Ela já havia pedido para poder usar durante o fim de semana já que a irmã estaria na casa do namorado, mas uma mensagem em seu horário de almoço interrompeu seus planos.

“Carona?”, era Alice.

“Sabe que hoje é sexta e não quarta, né?”, brincou.

“Eu sei, mas os meninos vão estar com o pai nesse fim de semana e estou livre”

Bruna sorriu de antecipação. Ela deixaria para dar continuidade aos relatórios no dia seguinte.

“Minha irmã não vai estar em casa. Quer dormir lá comigo hoje?”

“Sim!”, a resposta veio rápida.

Aquilo fez Bruna sorrir tanto que algumas meninas que almoçam no mesmo horário que elas fizeram algumas brincadeiras sobre os seus planos do fim de semana. Ela disfarçou antes de enviar uma nova mensagem.

“Não que eu não esteja curtindo o sex* no carro, mas vai ser bom ter você em uma cama de novo”.

“Nem me fala. Minhas costas já estavam reclamando”, Alice enviou.

“Idosa”, brincou.

“Você vai se arrepender desse comentário mais tarde”, escreveu adicionando um emoji de fogo.

“Assim espero”, brincou novamente e adicionou: “Eu quero a carona ainda assim”.

“Sim, senhora”, Alice respondeu prontamente.

Seu humor já havia melhorado consideravelmente quando as duas se encontraram no fim do dia.

 

=====

 

– Eu preciso de uns minutos para me recuperar – falou Bruna deitada ao seu lado.

Assim que chegaram, tomaram banho e fizeram sex* debaixo do chuveiro pela primeira vez. Depois continuaram com mais uma rodada na cama.

– Quem é a idosa agora? – Alice não conseguiu deixar de provocar, recebendo um pequeno empurrão amigável de Bruna.

– Eu já estava completamente exausta antes de começarmos. Foi uma semana cansativa, mas eu pretendo continuar, só preciso de um tempo.

– Tudo bem – Alice falou sorrindo.

Ela também havia tido uma semana cansativa, mas Bruna parecia reestabelecer suas energias e ela sentia-se leve.

– Mas você precisa conversar comigo e me entreter ou eu vou dormir.

– Está bem – Alice falou hesitando um pouco sem saber o que dizer.

– Me fala um pouco sobre você – Bruna pareceu também buscar algo em sua mente antes de adicionar – Você é empresária, né? Com o que você trabalha exatamente? Eu sei que tem a ver com obra porque você está construindo o novo segmento lá da escola.

– Eu tenho uma empresa sim que trabalha com construções e reformas. Eu sou engenheira.

– O que fez você querer ser engenheira?

Alice não costumava falar de si mesma abertamente, mas ali, com Bruna, ela se sentia tão relaxada que parecia que suas barreiras tinham caído momentaneamente e ela não hesitou em acessar suas memórias.

– Eu vim de uma família bem conservadora. Meu pai é militar, ele tem uma mentalidade bem machista. Eu cresci ouvindo sobre as coisas que eu não podia fazer porque era menina. Quando eu era adolescente estava em uma fase bem rebelde e escolhi a profissão mais masculina que eu podia pensar dentre as opções que me interessavam. Então fui fazer engenharia.

Aquele relato fez Bruna olhar para ela de uma maneira nova. Com uma pequena admiração que a deixou feliz.

– Aposto que seu pai adorou – ironizou fazendo-a rir.

– Ele odiou! Ameaçou nem pagar pelos meus estudos, mas minha mãe conseguiu convencer ele.

– Você é de Brasília, não é?

– Na verdade eu sou carioca – falou e apreciou o choque de Bruna – Eu nasci aqui e a família da minha mãe é daqui, mas como o meu pai é militar a gente precisou se mudar muito. Quando ele se aposentou acabamos ficando em Brasília e eu passei a maior parte da minha vida lá.

– Por isso o sotaque – Bruna falou.

– Eu tenho sotaque? Achei que depois de ficar anos aqui já tinha perdido.

– Tem um pouco ainda. É fofo.

Alice não pôde deixar de sorrir de novo. Ela gostava de ouvir elogios da Bruna, mas não queria pensar muito no motivo.

– Como você acabou com uma empresa? – ela perguntou curiosa.

– Na verdade a empresa é do meu tio, irmão da minha mãe. Eu que comando tudo no dia-a-dia e estou à frente desde de que ele se aposentou, mas ele ainda é o dono majoritário. Ele foi uma das pessoas que mais me incentivou a cursar Engenharia, aliás.

– Vocês são próximos?

Aquela pergunta fez Alice dar uma pausa para pensar. Sua família não era muito afetuosa e ela não se considerava próxima de ninguém.

– Mais ou menos. Eu converso com ele com frequência, mas é mais sobre trabalho mesmo. De qualquer forma eu sou muito grata a ele por ter acreditado em mim e me oferecido para assumir. Foi por isso que nos mudamos para o Rio.

– E o seu ex-marido? Ele aceitou a mudança de estado de boa? Ele é dentista, né?

– É sim. No inicio foi bem difícil para ele se ajustar. Muito por causa do trabalho mesmo. Ele já tinha uma clientela lá e demorou para ele ter uma aqui também, ainda mais com a pandemia. Mas depois de um tempo ele se ajustou até melhor que eu. Ele logo ficou muito amigo do marido da Ana e os dois tem um grupo de outros amigos bem próximos. Eles jogam bola, surfam, saem para beber... Ele sempre foi mais sociável que eu e acabou sendo mais fácil para ele.

Alice não era o tipo de pessoa que se abria com facilidade ou fazia amigos. Enquanto seu marido sempre fora muito simpático e estava sempre conversando com todos e sendo gentil, as pessoas costumavam manter distância dela por ser mais séria e menos acessível. Quando se separaram ele ficou com os amigos e ela ficou com Ana.

– E você? – Alice também queria saber mais sobre Bruna – Por que escolheu ser professora? Foi algo que você sempre quis?

– Na verdade não... Eu nunca fui o tipo de pessoa que já sabia o que queria fazer desde cedo, quem me incentivou a fazer Pedagogia foi a dona Luíza. Minha mãe sempre trabalhou na casa dela e quando eu fiz dezoito anos ela me chamou para trabalhar lá na escola de auxiliar. Ela me treinou, viu meu potencial e me ajudou muito na época da faculdade. Eu aprendi muito sobre educação com ela.

– Ela é um amorzinho. Eu lembro que ela foi a primeira pessoa com quem eu conversei da escola. Eu morava em Brasília ainda e estava ligando para ver alguma creche para o Gael e ela foi tão solícita que eu coloquei como prioridade de visita quando viemos para o Rio.

– Eu adoro a tia Luíza e ainda sinto muita falta dela na escola! Minha mãe também já está aposentada, mas elas ainda mantêm contato e volta e meia a gente se encontra.

– Então ela foi o que fez você escolher ser professora? Você nunca tinha pensado nessa possibilidade antes?

– Acho que sim... Eu sempre fui muito boa em cuidar das pessoas. Apesar de ser a mais nova lá de casa, eu sempre tive esse papel de cuidar de todo mundo. Meus pais me tiveram já bem tarde, minha irmã é doze anos mais velha que eu e eles não estavam pensando em ter outros filhos. Quando eu era criança minha mãe trabalhava tanto! – falou emocionando-se com a memória – Meu pai sofreu um acidente e precisou ficar sem trabalhar por meses e mesmo depois de liberado foi muito difícil ele conseguir arranjar emprego. Então além de cuidar do meu pai, de mim e da minha irmã, minha mãe tinha no mínimo dois empregos sempre e fazia de tudo para conseguir manter a casa em pé.

Ficou bem claro para Alice o tanto que Bruna admirava a sua mãe, um sentimento que ela mesma nunca teve.

– Eu sempre fiz tudo para não dar trabalho e ajudar o máximo que podia. Eu lembro de chegar em casa da escola quando criança e bater bolo para ela vender – ela sorriu nostalgicamente com a memória – Minha mãe é o tipo de pessoa que sempre cuida de todo mundo e é difícil alguém conseguir cuidar dela. Então eu sempre me prometi ser essa pessoa para ela.

– E a sua irmã?

– Ela sempre ajudou no que podia financeiramente assim que arranjou um emprego, mas ela nunca foi muito boa nesse aspecto de cuidar. Eu sempre fui mais atenta com a minha mãe que ela. Mesmo aposentada ela ainda cuida da minha avó e ajuda toda a família. Não consegue parar! Às vezes eu até sinto falta de morar com meus pais para poder estar mais disponível para cuidar dela.

– Por que você se mudou? Quando eu tinha sua idade ainda nem pensava em me mudar da casa dos meus pais – Alice mencionou.

– Minha irmã precisou de mim – ela falou de uma forma triste com a lembrança e Alice até se arrependeu de ter perguntado – Ela tinha acabado de se divorciar. Ela e o ex-marido estavam tentando ter filhos há anos e depois do terceiro aborto espontâneo ele a deixou em menos de uma semana! – ela falou com raiva – E menos de dois meses depois ele já estava com outra e engravidou ela!

– Que babaca! – Alice sentiu as dores.

– Eu odeio ele! – ela falou com uma clara raiva – Nem preciso dizer que a minha irmã ficou arrasada, né? Ela entrou em depressão, perdeu o emprego. Ela nem conseguia comer!

Aquela memória era claramente dolorosa para Bruna e Alice admirava como ela conseguia se abrir com tanta facilidade.

– Depois de duas semanas sem ela aparecer ou dar notícias, minha mãe estava mega preocupada então eu vim até aqui e encontrei caos! Dia seguinte me mudei para cuidar dela.

– Agora ela está melhor?

– Graças a Deus! Depois de um tempo ela começou a fazer tratamento e foi melhorando aos poucos. Agora já está até namorando de novo.

– Então você cuidou bem dela – Alice falou gentilmente, tentando tirar de Bruna a feição provinda das memórias ruins.

– Como eu falei, eu sou boa em cuidar das pessoas.

– Então você escolheu bem a sua profissão, afinal de contas. O Gael agradece por isso, ele te ama!

Alice queria trazer de volta um assunto leve e ficou feliz ao ver o sorriso de Bruna novamente.

– Eu amo o Gael! – ela falou com intensidade – Ele é o meu favorito!

– Você pode ter favoritos? – Alice brincou.

– Tecnicamente não, mas todo mundo tem seu aluno preferido as pessoas só nem sempre falam abertamente sobre isso. E na maioria das vezes nem somos nós que escolhemos os favoritos, são as crianças que escolhem a gente.

– E o Gael te escolheu?

– Sim! Admito que no inicio eu até fiquei um pouco chateada, porque mudaram o meu horário para mais cedo por causa dele. Na época ele era o primeiro a chegar. Eu odeio acordar cedo então demorou até me ajustar, mas ele me conquistou rapidinho. Ele é maravilhoso! Sem defeitos!

Alice riu. Era bom ouvir alguém falando tão bem do seu filho.

– Ele é mesmo um amor e eu não tenho muito do que reclamar, mas ele não é perfeito.

– Fala um defeito do Gael! – desafiou.

– Ele é fofoqueiro!

Aquilo fez Bruna gargalhar e Alice acompanhou.

– Ele é! – concordou – Mas eu amo isso nele! Ele é minha fonte mais confiável de informações daquela escola! Ele sempre sabe de tudo que acontece!

– Eu sempre tenho que tomar muito cuidado com as coisas que eu falo na frente dele. Você não tem ideia das situações em que ele já me meteu! – ela falou rindo com as lembranças – Já me dedurou para a minha sogra várias vezes!

Bruna riu e antes que Alice pudesse se dar conta, continuou a falar.

– Mas acho que tenho que agradecer por ele ser fofoqueiro. Foi o que fez eu descobrir a traição do meu ex-marido – falou em um tom melancólico.

– Foi com a babá, né?

Aquela pergunta fez Alice se surpreender.

– Como você sabe?

Ela mal conseguiu esconder o riso ao responder.

– Gael.

A resposta fez as duas rirem antes de Bruna explicar melhor.

– Mais ou menos na época em que ele me contou que o pai tinha saído de casa ele também falou que a tia Gi não estava mais cuidando dele porque você tinha “chorado, gritado, brigado com ela” e dito para ela nunca mais voltar – fez o sinal de aspas para demonstrar que estava falando exatamente as palavras do Gael.

– Aquele menino! Ele não consegue manter um segredo por nada nesse mundo – Alice riu desacreditada – Ele falou só para você ou todo mundo daquela escola já sabe?

Bruna fez uma feição de culpa.

– Ele contou só para mim, mas eu contei para todo mundo...

Alice deveria ficar irritada. Ela sabia. Ela odiava quando falavam dela e se metiam em sua vida. Mas Bruna estava com uma cara tão fofa de quem havia aprontado e sabia, que Alice achou adorável e não conseguiu se irritar.

– Bruna! Você é uma fofoqueira! – falou na brincadeira, beliscando a barriga de Bruna que tentou desviar e segurar o riso – Por isso que se dá tão bem com o meu filho!

– Desculpa! É que a gente sempre fofoca sobre a vida dos pais, é tão comum! Mas não se preocupa, o assunto já morreu e acredite quando te digo que comparado ao que já ouvimos isso nem foi nada demais...

Alice ainda não estava completamente à vontade, pensando em como as pessoas da escola sabiam sobre as circunstâncias do seu divórcio, mas tentou deixar a preocupação de lado e Bruna sabiamente mudou o assunto.

– Mas o que o Gael falou para dedurar o pai? Ele traía com a babá na frente dos meninos? – Bruna perguntou horrorizada.

– Ele jura que nunca fez nada inapropriado na presença deles – Alice falou mesmo ainda tendo suas dúvidas – Mas o Gael falava algumas coisas que me fizeram ficar com a pulga atrás da orelha.

– Como o que?

– Falava que ela estava em casa em horários que não era para ela estar. Ou dizia que o pai havia saído mais cedo do trabalho e encontrado com eles em algum lugar... Coisas assim...

– E aí você confrontou ele?

– Eu fiquei mais atenta e comecei a reparar algumas coisas estranhas e fui falar com o Gustavo. Ele não apenas jurou que não tinha nada acontecendo como se sua vida dependesse disso, como ainda me acusou de ser maluca! Toda vez que eu mencionava alguma coisa sobre o assunto ele me atacava dizendo que eu estava paranóica, que era uma doida ciumenta! – ela falou com raiva, lembrando-se daquela época – Eu juro que depois de um tempo ele até me fez acreditar que eu estava ficando louca!

– Que idiota! – Bruna falou sem esconder a raiva – O que você fez?

– Fiz o que toda mulher maluca ciumenta faria: coloquei uma câmera de babá em alguns lugares da casa e peguei os dois fazendo sex* no sofá da sala.

– Meu Deus! Os meninos estavam em casa?

Alice não pode deixar de reparar que a primeira preocupação da Bruna sempre parecia ser as crianças.

– Gael estava na escola e o Enzo estava dormindo.

– Ele te traiu na sua própria casa com o seu filho dormindo do lado? Isso é terrível! Sinto muito, Alice – Bruna acariciou o seu braço de forma reconfortante e falou com tanta sinceridade que ela sentiu-se realmente acolhida.

– Foi uma época muito difícil – admitiu – Nem preciso dizer que eu fiquei uma fera, né?

– O que você fez?

– Eu vi a gravação na tarde seguinte quando estava no trabalho. Fui para casa, demiti a babá, obviamente. Pedi para a minha sogra buscar as crianças e desabei completamente! – Alice não costumava falar de suas dores assim tão abertamente, mas Bruna havia sido tão sincera ao falar de sua família que ela quis retribuir – Eu abri a garrafa de vinho mais cara que tínhamos em casa, uma que eu sabia que ele queria muito beber, e rasguei inteiro o sofá da sala com uma faca de cozinha.

Ao invés de olhar para ela como uma mulher louca, Alice viu admiração e divertimento nos olhos de Bruna o que fez com que continuasse o seu relato.

– Depois de chorar horrores, beber metade da garrafa de vinho e descontar minha raiva no sofá, eu enviei uma longa mensagem para o Gustavo dizendo que havia acabado tudo, que queria o divórcio e que se ele tivesse o mínimo de respeito por mim iria aceitar a minha decisão e cumprir com as minhas exigências. Aí eu enviei uma lista de exigências falando que ele precisava se mudar até o fim da semana, que até lá ele iria dormir no sofá destruído da sala e não me dirigir a palavra. Que iríamos lidar com a situação da melhor forma possível para as crianças e que ele não iria dificultar o processo de divórcio de nenhuma forma. E que dali para frente não teríamos mais nenhum tipo de relação, seríamos apenas pais dos meninos. Para finalizar eu enviei o vídeo dele fazendo sex* com a babá.

– Nossa! Isso foi muito foda! – Bruna olhou para ela com admiração novamente – Ele respeitou suas exigências?

– Mais ou menos... Ele voltou para casa na mesma hora, chorando e literalmente implorando pelo meu perdão. Foi bem patético e eu ainda estava com muita raiva. Ele tentou conversar comigo e me convencer do contrário, mas eu fui muito firme. Ele acabou indo morar com a mãe no prazo que eu falei, dizendo que ia me respeitar, mas não desistir do nosso casamento. Ele foi bem insistente por meses, mas quando eu abri o processo de divórcio ele acabou facilitando e agora, apesar de ainda não estarmos oficialmente divorciados, ele já entendeu que não tem mais volta.

– Você não é divorciada? – Bruna perguntou em choque – Eu estou dormindo com uma mulher casada?

Alice riu.

– Tecnicamente sim, mas para todos os propósitos estamos divorciados! É que quando tem menores envolvidos demora uns dois anos até finalizar tudo.

– Não sabia que demorava tanto assim!

– Eu também não... Aprendi da pior forma... Mas agora o pior já passou! Só resta esperar!

– Deve ter sido muito difícil para você – Bruna falou carinhosa, pegando em sua mão para lhe passar conforto.

– Foi, mas eu estou melhor agora. Fico mais preocupada com os meninos.

– Eu acho que vocês lidaram bem com eles durante o divórcio. Eu já tive alunos que sentiram bem mais. Lembro que na época o Gael ficou muito sensível, mas ele já está bem agora.

Alice lembrava dessa época quando tudo fazia o filho chorar.

– Ele conversava com você sobre o divórcio? – Alice perguntou temendo a resposta.

– Ele não era mais meu aluno, mas todo mundo sabe que a gente tem uma conexão especial então a Ana acabava deixando ele comigo sempre que estava muito choroso e ele desabafava às vezes. Basicamente ele falava que estava com saudades do pai quando estava com você e saudades de você quando estava com o pai. Mas isso era o esperado... Eram muitas mudanças. Ele também teve que se acostumar com o Enzo entrando na escola, que antes era um espaço só dele. Ficou muito enciumado! E a professora do Enzo ano passado não ajudava! Ficava querendo que o Gael fosse na sala acalmar o irmão o tempo todo para ajudar na adaptação dele. Ver o Gael era a única coisa que fazia o Enzo parar de chorar às vezes, mas isso também não era bom para ele. Eu lembro de brigar sério com essa professora ano passado!

– Por que?

– Porque não era justo ela querer que o Gael ficasse cuidando do irmão mais novo. Ele também era uma criança passando por um momento difícil e o Enzo não era responsabilidade dele! – falou com uma intensidade que fez Alice reparar no sentimento protetor que aquela menina tinha com o seu filho – Acolher e cuidar das crianças é um trabalho de nós adultos!

Sempre que Bruna falava das crianças e durante todas as discussões que haviam tido, era nítido o quanto se importava. Naquele momento, ela sentiu-se culpada por ter feito a sua vida mais difícil. Ela apertou mais forte a mão de Bruna que ainda estava na sua e falou com sinceridade.

– Obrigada por proteger ele – respirou fundo antes de continuar – Eu nunca te agradeci por todo o carinho que você sempre teve pelos meus filhos. Você ajudou muito o Gael a se adaptar quando nos mudamos e agora estou vendo que também ajudou muito durante o processo de divórcio. Obrigada!

Aquilo fez com que Bruna se calasse, sem saber o que dizer. Sua feição era de surpresa, mas também de carinho e contentamento. Alice poderia ter parado por ali, mas não era justo. Bruna merecia mais.

– Eu também te devo desculpas pela forma como te tratei depois daquela reunião – falou de forma sincera – Eu disse algumas coisas bem ruins e que você não merecia.

Bruna sorriu e apertou novamente a mão de Alice, de forma carinhosa.

– Eu também te devo desculpas. Falei com você de uma forma desrespeitosa em alguns momentos.

            – É... você é muito boa em me provocar – brincou para tentar amenizar o clima e Bruna aproveitou a deixa para beijá-la.

            – E você gosta! – disse de forma sensual antes de voltar a tocar o corpo de Alice de forma provocativa.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 9 - Capítulo 9 - A batalha dos len?:
mtereza
mtereza

Em: 22/12/2023

Amei as duas conversando um avanço na relação , curiosa para ver como elas irão lidar com a condição de Enzo ,certeza que a negação de Alice com relação ao filho vai ser um problema entre elas


Carol Barra

Carol Barra Em: 27/12/2023 Autora da história
Ah sim... o Enzo é uma questão que elas ainda não discutiram de novo


Responder

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Lea
Lea

Em: 22/12/2023

O " relacionamento" está evoluindo,sem nem ao menos elas perceberem.


Carol Barra

Carol Barra Em: 27/12/2023 Autora da história
Exatamente... está sendo bem tranquilo por enquanto


Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 20/12/2023

Eita, estão na paz graças.


Carol Barra

Carol Barra Em: 27/12/2023 Autora da história
A paz reina! Por enquanto....


Responder

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NovaAqui
NovaAqui

Em: 20/12/2023

Que legal elas se entendendo fora da cama também

Gostando desse momento delas

Acho que o ex-marido vai perturbar um pouco ainda

A história está ótima

Parabéns 


Carol Barra

Carol Barra Em: 20/12/2023 Autora da história
Elas estão mesmo começando a se entender, mas sao muito diferentes. Vamos ver qto dura essa paz


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