CAP 6

POV SOPHIE

Minha viagem até Fortaleza foi angustiante, até eu olhar para o meu pai, a sensação de alívio foi enorme, ver ele bem conversando normalmente me trouxeram a paz que aquelas últimas horas me roubara. Abracei meu pai e chorei muito, minha mãe e irmã me olhavam e choravam da cena, meu pai é o meu herói e eu sempre fui sua menininha, sempre fomos muito ligados, um dos nossos melhores momentos me veio a cabeça ainda dentro do avião.

DEZ ANOS ATRÁS

- João eu estou com uma coisa aqui na cabeça.

- O que foi mulher? Tá aí toda amuada, já é tarde pensei que tava dormindo 

- É que eu peguei a Sophie numa conversa estranha a dois dias.

- E o que ela falou pra te deixar assim?

- Ela tava no quarto com aquela amiguinha dela, quando fui levar um lanche pra elas ouvi nossa menina falando que estava apaixonada pela aninha amiga dela. Eu fingi que não tinha ouvido nada, mas acho que ela desconfiou que eu ouvi, tá toda amuada pro meu lado e agora não sei o que fazer.

- Minha nossa... Maria você acha que é isso mesmo? 

- Eu não sei, por isso tô falando com você. Acha que deveríamos proibir isso? É um negócio estranho.

- Estranho porque Maria, a nossa filha tá apaixonada e pra mim não importa com quem seja, só me importa que ela esteja e seja feliz.

- É claro que eu quero ela feliz só não esperava que fosse desse jeito mas eu não vou me opor se é isso que ela quer.

- Vamos esperar ela vim falar conosco, você sabe como ela é, se já está amuada por pensar que você sabe então não vai demorar muito ela vai vim falar conosco.

NO OUTRO DIA

- Pai queria falar com o senhor.

- Sophie eu estou apressado, preciso ir trabalhar. Quando eu chegar a noite a gente conversa.

Sophie saiu da presença do pai desanimada, fazia três dias que tinha se declarado pra sua paixão e tinha sido correspondida e queria contar ao pai mas estava com medo da sua reação, iria começar por ele pois sempre teve mais liberdade, nunca soube dizer como nem porquê, amava sua mãe sem precedentes mas a ligação com seu pai sempre foi mais forte. Assim que seu pai chegou do trabalho ela puxou ele pro seu quarto alegando não poder mais esperar pra conversar.

- Pai eu quero falar uma coisa pro senhor, mas não quero que fique com raiva de mim.

- Você fez alguma coisa errada Sophie?

- NÃO, é claro que não.

- Então se não é nada de errado deve ser algo bom, porque não diz logo, estou morrendo de fome e sua mãe fez aquele cuscuz no côco.

- Pai o senhor só pode estar com lombrigas, só pensa em comer, por isso esse buxo não para de crescer.

- Ah mas que ofensa dessa pirralha, meu buxo é sarado e sua mãe se amarra nele. (Piscou o olho) 

- Eca pai, que nojo.

- Deixa de frescura e me conta logo o que queria me contar.

- Eu... Eu tô apaixonada pai.

- Mas isso é uma ótima notícia meu amor, quem é a pessoa felizarda que roubou o coração da minha bebê?

- Pai eu acho que essa é a parte que não vai gostar.

- Porquê?

- Porque eu estou apaixonada pela Aninha.

Seus olhos começaram a lágrimar imaginando que seu pai iria brigar e impedir o seu romance.

- Sophie porque você tá chorando? Não deveria estar feliz porque está namorando?

- É que pensei que ficaria com raiva por ser uma mulher.

- Eu não estou com raiva, eu só quero sua felicidade e se é com uma mulher que vai se sentir feliz pra mim não tem importância. Só seja feliz Sophie é tudo que eu peço, não conseguiria ficar em paz sabendo que está sofrendo. 

Sophie pulou no pescoço do pai o abraçando e chorando de alegria por saber que seu pai a apoiava.

- Muito obrigado pai, não sei o que seria de mim se não ficasse do meu lado.

- Eu sempre vou estar do seu lado, eu te amo acima de qualquer coisa minha bonequinha.

- Pai eu quero contar pra mãe, me ajuda a falar com ela.

- Ah sim, você precisa mesmo senão ela me bota pra dormir no sofá por sua causa.

- Obrigado pai, de verdade.

- Sem problemas meu amor só quero que se sinta a vontade pra me falar qualquer coisa e se precisar de ajuda pra dar uma surra em alguém pode me chamar, a gente coloca os capuz e quebra o pau.

DIA ATUAL

- Pai não faz mais isso, eu fiquei tão desesperada, o senhor acha que é o super homem? 

- Ôh meu bebê eu não faço mais não agora para de chorar senão vou chorar também.

- O senhor merecia umas palmadas, onde já se viu reagir a um assalto? 

- Meu bebê, aqueles pilantra queria entrar em casa e Deus sabe o que eles iam fazer com sua mãe, tive que tomar uma decisão difícil.

- Nesse caso está perdoado mas não faz mais isso, eu não sei o que fazer sem o senhor.

Já era tarde quando resolveram ir pra casa, seu pai ficaria por mais uma noite enquanto elas foram pra casa descansar, falou rapidinho com Vitória explicou a situação do pai e foi dormir, realmente estava precisando. No outro dia chegaram cedo ao hospital e Sophie pode matar um pouco a saudade de sua família, apesar de não ser na melhor das situações estava feliz por estar perto deles, ficou tão entretida que esqueceu de ligar pra Vitória até seu pai perguntar:

- Minha filha, quando você tem que voltar? 

Estavam apenas os dois no quarto, sua mãe tinha ido buscar algo pra comer.

- Eita, eu esqueci de falar com a vitória.

- Quem é Vitória?

- É a minha delegada, vou pedir a folga de amanhã, assim passo mais alguns dias com vocês.

- E você chama ela de Vitória? Não seria delegada Vitória?

- Ah pai, não me olha com essa cara, ela é só minha amiga.

- Você é muito certinha pra ter toda essa intimidade com alguém superior do trabalho então pode começar a falar porque seus olhos já me entregaram tudo.

- Esse coroa parece que lê mentes. Tô lascada.

- Não começa a esconder coisas de mim senão te deixo fora do testamento.

- O senhor não ousaria.

- Não teste minha paciência mocinha. Vamos lá, para de enrolar.

- Ela não me quer pai. E tem mais alguns detalhes que me impedem de tentar algo mais ousado.

- Eu não te conheci medrosa desse jeito, o que seria esses detalhes? Tem que arrumar um jeito de ganhar o coração da delegada se é isso mesmo que quer.

- O pior é que ela é a minha pessoa pai. Me apaixonei desde o primeiro dia que a vi, não diz a mãe, mas eu pedi minha locação pra Natal por causa dela.

- Então foi por causa de um rabo de saia que você foi pra longe de mim? Vai ter volta viu mocinha e eu me vingarei principalmente porque não conseguiu conquistar a donzela, parece até que não aprendeu nada com seu pai.

- Pai, também não é assim, ela perdeu a família em um acidente, não poderia ser tão invasiva.

- Que triste filha, não sei nem o que dizer.

- É triste mesmo, mas eu estou conseguindo entrar aos pouquinhos, deixa eu falar com ela e pedir minha folga.

Minha conversa com a Vitória foi rápido, ela estava com sua família e não queria tomar seu tempo, mas apesar de tudo eu percebi sua preocupação comigo e com meu pai, queria ter a esperança de imaginar que essa preocupação tivesse um pouquinho de outra coisa, quem sabe saudades. No final daquele dia meu pai recebeu alta e ficamos muito felizes, o problema seria apenas manter ele quieto, mas isso ainda daria muita dor de cabeça. Fiquei ainda três dias com meus pais e foi maravilhoso apesar das circunstâncias, nesse meio tempo não falei muito com Vitória, apenas algumas mensagens vagas, estava com saudades então antes de embarcar liguei pra ela.

- Sophie, que bom que ligou, como estão as coisas por aí? Estou com saudades de você.

- Oi Vitória, também estou morrendo de saudades de você, as coisas estão bem por aqui.

- Quando você volta?

- Na verdade estou no aeroporto aguardando meu vôo.

- Aí que bom, eu vou te esperar no aeroporto. Que horas você chega?

- Devo estar aterrissando mais ou menos seis horas da noite.

- Então eu vou estar lá te esperando. Tô feliz que já está vindo.

- Agora quem está feliz sou eu, não esperava essa recepção. Tenho que desligar, o meu vôo está sendo anunciado, até daqui a pouco.

- Até daqui a pouco, boa viagem.

Felicidade me definia naquele momento, viajei com o coração saltitando de alegria e meu estômago dando cambalhotas de felicidade.

Fim do capítulo