CAP 4

POV SOPHIE

- Que ódio!!!!

Entrei em casa aquela manhã revoltada, eu já tinha percebido as asinhas daquele “assanhado do Fernando” (lê-se com voz abusada), mas presenciar ele em ação foi demais pra minha cabeça. Eu já tinha ouvido a respeito daquele sujeito e as coisas não eram nada boas, mas como não tinha nada em concreto iria ficar esperando porque uma hora ou outra ele ia escorregar. Não consegui dormir estava enérgica demais então fui queimar meus neurônios na academia, sai de lá já era quase meio dia, mas com o corpo tão cansado a ponto de chegar em casa e dormir até a noite. Quando acordei a raiva ainda estava em mim e eu estava sendo guiada por ela, por isso entrei no zap a procura de diversão para essa noite e encontrei. Marina era um dos meus rolos que procurava quando estava desenganada com Vitória, o problema é que ela queria um relacionamento sério e eu não, passamos a noite na balada, eu bebi horrores e de lá fomos pra casa dela. Acordei no outro dia com ressaca física e moral, sei que não deveria usar as pessoas, mas Marina não demonstrou se importar muito então ficamos de boa. O mês se passou nesse sistema, toda vez que eu via o arrumadinho do Fernando rondando a delegada meu humor mudava tragicamente aí ligava pra Marina e a mesma história se repetia. Em uma dessas saídas conheci os amigos dela e eles me chamaram pra fazer trilha o que adorei pois amo esse tipo de programa, marquei com eles e Marina ficou de me encontrar na saída do trabalho pela manhã pra pegar carona, deixei tudo esquematizado, só não esperava que Vitória desestabilizasse toda minha estrutura que montei pra tentar me afastar dela.

Estava sufocada aquela noite pois ouvi alguns agentes falando sobre o namoro da delegada, aquilo me doeu na alma, depois de tanto tempo e esforço pra fazê-la sair daquele casulo ela foi se engraçar logo por aquele engomadinho, poxa, tem alguém mais interessante na sua frente Ana Vitória. Sentei naquele banco respirando fundo pra não chorar ali, uma angustia tão grande que meu peito parecia a ponto de explodir, uma dor esmagadora, não resisti e as lágrimas desceram, enxuguei as pressas quando ouvi passos em minha direção. Meu acesso de raiva e ciúmes foi horroroso, mas ela não percebeu, o mais legal foi saber que aqueles boatos eram mentira, mesmo assim ela estava saindo com ele, provavelmente alguma coisa chamou a atenção dela nele e eu sempre irei querer sua felicidade independente de com quem esteja, nesse momento lembrei de Marina e falei pra mim mesmo que tentaria, afinal minha história com Ana Vitória não daria em nada mesmo. Sai de perto dela me sentindo angustiada, mas precisava me afastar, eu só não consegui levar esse pensamento adiante pois quando escutei a porta o carro dela batendo que olhei pra trás ela estava tão linda, me olhou com aquele olhar superior que qualquer um teria medo, mas eu tinha era tesão mesmo, pedi licença a Marina pra falar com a minha “delegada”. Seu olhar me atraiu e eu fui puxada para outro mundo na conversa com ela, de repente esqueci que estava com Marina e de qualquer outra coisa, eu só queria estar ao lado de Ana Vitória. Voltei pro carro e fui logo avisando:

- A Vitória vai com a gente. Tem problema não né?

- Ai Sophie, porque você chamou? Ela tem uma cara de gente chata do caralh*.

- Ei para com isso, a Vitória é super gente boa, aquela cara dela é só no início, depois que ela se enturmar você vai conhecer outra pessoa.

- Fazer o que né, você já chamou.

Cheguei no local e fiquei impaciente, Marina me olhava de rabo de olho, mas nada falava, eu sabia que ela perceberia, mas não estava me importando, quando escutei o roncado do motor meu sorriso foi de orelha a orelha, e sai pulando pra me encontrar com ela.

- Que bom que veio, pensei que ia me enrolar.

- Se acalma criança, eu disse que vinha não disse? Demorei porque precisava do biquini.

- Eu não sou criança. Cadê o biquini?

- Tá aqui.

Ela baixou o cós da calça e eu quase tenho um infarto, nesse momento Marina aparece do meu lado com a cara nada boa.

- Vitória vem, me deixa te apresentar pra galera. Essa é a marina minha amiga e esses são João Paulo, Renato, Sandrinha, Letícia e Duda.

- Muito prazer pessoal, espero não estar invadindo, Sophie me chamou agora pela manhã e ela é bem insistente.

O pessoal começou a conversar e se enturmar, na metade do caminho ela foi se afastando de mim e Marina parecia que tinha colado chiclete porque não desgrudava, quando chegamos a cachoeira todos ficaram maravilhados com a beleza e eu não me fiz de rogada, tirei minhas roupas ficando de biquini e pulei no lago, quando submergi e olhei pra frente quase que me afogo, Vitória estava fazendo um streep tease só podia porque na minha frente parecia que estava em câmera lenta. Ela já estava sem os tênis, tirou a camisa e depois desceu pra calça desabotoando botão por botão, abaixando bem devagarzinho e ficando só com o biquini preto que não cobria quase nada, me bateu um ciúme de ficar roxa, todos estavam paralisados, os meninos assoviaram pra ela e as meninas estavam todas com a boca aberta apreciando a maravilha, apenas Marina me olhava com ódio, eu acho que não foi muito legal ter colocado as duas no mesmo lugar. Vitória pulou no lago e a Duda foi logo falando:

- Mulher que corpo é esse? Gente e esses braços definidos? Faz o muque pra gente ficar com inveja. kkkkkkkk

- Gente para com isso. (Vitória toda envergonhada)

- Vai Vitória, faz o muque.

Sandrinha acompanhou a Duda, Vitória fez o muque bem envergonhada e eu entrei na brincadeira.

- Gente essa mulher luta boxe com aqueles homens que parecem um monstro e ela ganha de tudinho.

- Não acredito, quero ver uma luta sua. (Duda toda soltinha)

Passamos um bom tempo ali nos divertindo, tinha momentos que ela me olhava de um jeito estranho, mas eu não imaginava o que poderia ser. Marina grudou em mim marcando território me deixando sufocada, teve momentos de querer me beijar coisa que eu neguei até o último momento, próximo ao meio dia voltamos pois estávamos mortos de fome, mas muito felizes com a experiência. No caminho de volta percebi a Duda conversando com Vitória, mas não imaginei o final, quando percebi ela já tinha pedido carona e estava toda serelepe sentada no banco ao lado de Vitória, sai dali cantando pneu e ainda tinha a Marina do meu lado que quase esqueço de deixar em casa, mas como desgraça pouca é besteira Marina veio tirar satisfação comigo. Era só o que faltava.

- Sophie eu não acredito que está apaixonada por aquela mulher.

- Marina você está doida?

- Doida está você, arrastando um caminhão pra uma mulher que não dá a mínima pra você e quem está ao seu lado não nota.

- Marina eu não vou discutir esse assunto com você, o que nós temos já foi decidido a muito tempo e você aceitou, o que eu sinto ou deixo de sentir não está em pauta.

- Você não tem nem a cara de pau de negar, o que eu sou pra você Sophie? Só um passa tempo? Pensei que agora as coisas iam fluir, você estava bem mais aberta a isso.

- Eu nunca te prometi compromisso, você sabe disso Marina. Porque estamos discutindo uma coisa já resolvida?

- Eu já entendi, não vou mais lhe questionar. Adeus.

Ela desceu do carro e eu fiquei com o coração apertado, não queria faze-la sofrer, mas infelizmente eu estava sendo uma baita de uma filha da puta com ela e com seus sentimentos. Desci do carro e aparei ela quase entrando em seu prédio.

- Espera Marina, por favor?

- O que mais você quer de mim Sophie? Ainda falta algumas palavras pra me humilhar?

- Não. Me perdoa, eu sei que fui muito filha da puta com você hoje, eu sei dos seus sentimentos, mas eu não consigo retribuir e você viu hoje o porquê, eu tentei fazer dar certo entre a gente, me perdoa por não conseguir, não vou mais lhe perturbar.

- A gente não escolhe quem amar. Eu te entendo só não consigo mais conviver com isso, espero que se afaste de mim, pelo menos por um tempo, até eu conseguir te esquecer.

- Me perdoa Marina, se eu pudesse escolher teria te escolhido. Vou te deixar em paz, se cuida.

Dei um beijo no seu rosto e sai com a consciência pesada, fiz muito mal a uma pessoa que só me fez bem. Assim que cheguei em casa meu telefone tocou minha mãe estava muito desesperada.

- Mãe fala devagar.

- O seu pai Sophie, sofreu um assalto na porta de casa e sabe como ele é, revidou e teve troca de tiros e um atingiu ele.

Meu pai é policial militar aposentado, mas com o sangue quente pra bandido.

- Atingiu aonde mãe?

- No ombro minha filha, a bala saiu, mas ele está em cirurgia no momento, você precisa vim pra cá eu estou desesperada.

- Se acalma mãe, eu vou conseguir um voo o mais rápido possível.

Desliguei e a primeira pessoa que veio a minha mente foi Vitória, não por ser minha delegada, mas sim porque era nela que eu pensava em todos os momentos da minha vida, entrei na internet a procura de um voo pra Fortaleza e peguei o telefone pra ligar pra única pessoa que seria capaz de me acalmar.

- Alô!

- Oi Vitória, estou precisando de ajuda.

- O que houve? Você está chorando?

- O meu pai foi baleado, eu preciso ir pra casa. (Eu chorava descontrolada)

- Sophie me espera que eu chego já, estou indo pra sua casa.

Vitória chegou em dez minutos, abri a porta e cai em seus braços chorando bastante, ela me abraçou forte me fazendo sentir segura, fui me acalmando e falei pra ela que já tinha conseguido comprar a passagem pra daqui uma hora e precisava correr pra chegar ao aeroporto, ela nem questionou e disse que me deixaria lá. Saímos em disparada naquele carro e ela a todo tempo segurando minha mão e dizendo que iria ficar tudo bem, me agarrei naquelas palavras como uma salvação. Nos despedimos às pressas pois o voo sairia logo, a ultima coisa que vi foram seus olhos me olhando com grande preocupação a ponto de não aguentar e desabaram em lágrimas.

Fim do capítulo