Capítulo 5 - A trégua das chupetas
Dia seguinte ela acordou ridiculamente cedo apesar de ser sábado. Na noite anterior depois do pai deixar os meninos lá ela demorou a pegar no sono, repassando em sua mente o momento do beijo e desejando tanto quanto temendo que Bruna aparecesse novamente em seus sonhos. Ela não apareceu, mas ainda assim o beijo foi o primeiro pensamento dela ao acordar.
Ela precisava de sex*. Ela não fazia sex* há mais de um ano. Sexo com uma mulher então? Desde antes de Gael nascer. Depois que se divorciou ela já havia se decidido que se fosse se relacionar com alguém, seria com uma mulher, mas ela simplesmente não tinha tempo para nenhum relacionamento e não queria colocar nenhuma pessoa nova e desconhecida na vida dos seus filhos naquele momento. Ela só precisava de sex*, com uma mulher de preferência. Talvez ela devesse baixar um daqueles aplicativos de relacionamento e tentar a sorte. Qualquer coisa era melhor do que ficar desejando a professora irritante do seu filho. Quantos anos ela tinha, afinal de contas? Provavelmente uns dez a menos e Alice ainda não estava na meia idade para entrar em crise e ficar dormindo com meninas novinhas como fizera o seu ex-marido.
Desistindo de voltar a dormir foi até a cozinha fazer um chá. Aquilo sempre a acalmava. Ela ainda teve tempo de trabalhar antes de precisar acordar as crianças para irem para a festa do dia das mães da creche. Ela passou mais tempo do que gostaria de admitir escolhendo uma roupa para se vestir, mas recusou aceitar para si mesma que era por causa da Bruna. A dor no seu tornozelo estava melhor, apesar da aparência estar um pouco pior. Escolheu uma rasteirinha confortável e agradeceu pelo chão do lugar ser nivelado quando chegaram na festa.
– Tia Bru! – Gael foi correndo abraçar Bruna e até o Enzo se jogou para o seu colo quando a viu, óbvio. Porque ela aparentemente era a única pessoa daquela família que não idolatrava aquela garota irritante.
Alice precisou segurar o olhar para não correr pelo corpo de Bruna. Normalmente ela só via a menina vestida com o uniforme horrível da escola e mesmo com aquilo ela ficava bonita. Nesse dia ela vestia uma roupa simples também, calça jeans e uma blusa branca básica, mas a visão levemente diferente deixou-a ainda mais bonita. Ou talvez era só o efeito do beijo que Alice parecia sentir novamente como se estivesse revivendo.
– Meu amor! – ela falou para o Gael, enquanto pegava o Enzo no colo. Era como sempre o chamava, desde que ele era pequeno.
Ela deu um sorriso e fez cosquinha na barriga do Enzo que riu para ela e lhe entregou a ch*peta que estava em sua boca rapidamente, como se tivesse sido treinado.
Alice não podia acreditar. Ela tentou fazer ele tirar a ch*peta a manhã inteira, mas ele estava extremamente irritado naquele dia. Bruna estava com um sorriso arrogante quando olhou para ela e lhe entregou a ch*peta para que guardasse.
– A gente tem um combinado de usar a ch*peta só para o soninho.
– Ele não é mais bebê! – Gael falou.
– Isso mesmo – Bruna continuou com o sorriso arrogante e Alice ficou irritada.
– Vem comigo, vamos deixar a tia Bruna trabalhar – ela disse pegando o Enzo de novo para seu colo.
Bruna nem respondeu porque vieram outras crianças cumprimentá-la e Alice afastou-se para olhar melhor a festa.
O evento era um pequeno salão de festas ao ar livre que tinham brinquedos, redes, poltronas, mesas com jogos. Os funcionários da Pindorama estavam espalhados em várias áreas e a proposta era que as famílias percorressem e aproveitassem a manhã naquele lindo lugar até o momento da apresentação.
Alice manteve o Enzo no seu colo por um tempo até ele finalmente aceitar ir para o chão, mesmo que a contragosto. Em dado momento ele chorou pedindo pela ch*peta e ela devolveu ou não conseguiria aproveitar nada do evento. Normalmente nessas festas ela passava a maior parte do tempo conversando com Ana, ela não tinha muita paciência para a maioria das outras mães, gostando de socializar apenas com algumas.
Com o Enzo, no entanto, era mais difícil Alice conseguir conversar com qualquer pessoa. Gael era independente e já tinha largado da sua companhia para brincar com os amigos. Já o mais novo a requisitava o tempo inteiro e sempre parecia querer fugir do lugar onde estavam, movendo-se sem muito rumo pelo espaço. Em dado momento, ele viu Bruna e como se estivesse condicionado, andou até ela e lhe entregou a ch*peta.
– Aqui – ela lhe devolveu com aquele maldito sorriso arrogante de novo.
– Obrigada – Alice falou um pouco sem graça, mas irritada.
Em menos de cinco minutos ele pediu a ch*peta novamente e em menos de dez foi até Bruna novamente para lhe entregar. “Ele só pode estar brincando comigo!”.
Quando ela se aproximou de Alice novamente para lhe entregar, estava com um sorriso que indicava que estava se divertindo muito com a situação.
– Eu achei que você queria tirar a ch*peta dele – provocou.
– E eu achei que você tivesse falado que não precisava ter pressa – Alice devolveu a provocação, mantendo o olhar nela.
– Então você me ouviu – ela sorriu mais ainda o que deixou Alice ainda mais irritada. Aquela garota era impossível – Dá próxima vez eu vou guardar – ela falou ao entregar a ch*peta para Alice como se estivesse falando com um aluno e afastou-se antes que ela pudesse responder.
A audácia daquela garota! Alice imediatamente entregou a ch*peta para o Enzo sem nem ele ter pedido. Ela não podia mandar na forma como ela educava o filho.
Ele graças a Deus se distraiu por um tempo, mas dali há meia hora, quando viu Bruna novamente, lhe entregou a ch*peta de novo. Dessa vez Bruna não aproximou-se, apenas a olhou de longe com aquele sorrisinho arrogante, piscou para ela e guardou a ch*peta no bolso. Ela ficou com a ch*peta! Que garota irritante! Sem nem pensar duas vezes, irritada, ela abriu a mochila e mostrou de longe uma caixinha que continha a ch*peta de emergência. Se ela quisesse ficar com aquela que ficasse! Alice tinha pelo menos duas ch*petas em cada bolsa, ela não era mãe de primeira viagem. O que a deixou ainda mais irritada é que a Bruna riu, como se estivesse se divertindo com a sua impaciência. Por que mesmo que ela beijou aquela garota irritante?
Quando chegou a hora das apresentações, todos se reuniram em um pequeno palco improvisado. Alice nem se preocupou em se aproximar nas primeiras turmas e ficou esperando a vez de seus filhos.
– Posso pegar ele? Nossa turma vai ser a próxima – Bruna perguntou referindo-se ao Enzo que estava em seu colo de ch*peta e por um milagre de Deus não a entregou para a professora daquela vez.
Ela chegou de repente, assustando Alice, que sem conseguir preparar-se mentalmente antes, olhou para a boca de Bruna como que em um reflexo.
– Sim – ela falou um pouco sem graça lembrando-se do beijo novamente – Mas ele está um pouco sonolento já.
– Tudo bem – ela falou pegando-o de Alice, que sentiu a respiração parar quando seus braços se tocaram com a troca de colo – Ele pode dançar comigo, no meu colinho, não é Enzo? – falou com carinho enquanto ele deitava em seu peito.
“Garoto de sorte. Sabe o que é bom”, Alice pensou e depois se autocriticou.
– Só tenta manter o olhar no seu filho durante a apresentação ao invés de em mim – ela falou e piscou para Alice antes de se afastar.
Aquilo foi um flerte? Ela ficou se perguntando enquanto observava eles se afastarem e tentava impedir o olhar de ir até os quadris de Bruna, que andava como se tivesse certeza de que estava sendo observada.
Gael juntou-se a ela para ver o irmão dançar, mas ele não dançou. Algumas crianças choraram e se recusaram a subir no palco. Ele não foi o único que não dançou, mas ele foi o único que ficou no colo da Bruna, alheio ao que acontecia. Provavelmente ele está apenas com sono, era o que Alice se dizia, mas bem lá no fundo começou a surgir o medo do filho ser diferente.
Fim do capítulo
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Dessinha
Em: 30/11/2023
Parece que Bruna adora provocar. E tudo vem se encaixando para que Alice se permita viver com Bruna futuramente, pelo que percebi ela não quer envolver os filhos com ninguém estranho, mas ainda bem que Bruna é "praticamente de casa". Eita que ansiedade, maldade da autora terminar assim, hein?! Poxa :/ mas tá ótimo, tudo lindo! Parabéns!
Carol Barra
Em: 20/12/2023
Autora da história
Com certeza estranha a Bruna não é... Os meninos já amam ela! Falta só a Alice rsrs
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Dessinha
Em: 30/11/2023
Parece que Bruna adora provocar. E tudo vem se encaixando para que Alice se permita viver com Bruna futuramente, pelo que percebi ela não quer envolver os filhos com ninguém estranho, mas ainda bem que Bruna é "praticamente de casa". Eita que ansiedade, maldade da autora terminar assim, hein?! Poxa :/ mas tá ótimo, tudo lindo! Parabéns!
Carol Barra
Em: 20/12/2023
Autora da história
Com certeza estranha a Bruna não é... Os meninos já amam ela! Falta só a Alice rsrs
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Raf31a
Em: 29/11/2023
Caramba!!
Como é bom ler estórias com enredos diferentes e bem escritas. Estou adorando. Li os capítulos até aqui em uma tacada só. Parabéns.
Que os próximos capítulos venham logo, já irei favoritar.
Carol Barra
Em: 20/12/2023
Autora da história
Fico muito feliz com seu comentário! É muito bom saber que as duas estão fazendo sucesso!
Toda semana tem capítulo novo saindo!
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Lea
Em: 28/11/2023
Estou adorando essa estória!
Carol Barra
Em: 20/12/2023
Autora da história
Fico muito feliz que esteja gostando! Espero que continue acompanhando =)
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Marta Andrade dos Santos
Em: 28/11/2023
É Alice aceita que dói menos.
Carol Barra
Em: 20/12/2023
Autora da história
Melhor aceitar mesmo!
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NovaAqui
Em: 28/11/2023
Quanta tensão ou melhor... Quanto tesão
Ela ouviu da chupeta
Safadinha! Fica olhando para os quadris da Tia Bru
Carol Barra
Em: 20/12/2023
Autora da história
A Alice é braba, mas ela ouve a Bruna no fim das contas...
E vê a Bruna tb rsrs
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Carol Barra Em: 18/05/2024 Autora da história
A Bruna é ótima kkk