Capitulo 32
Capítulo 32 - Bruna
A navalha de luz passava pela cortina, esquentando e cortando meu rosto. Abri os olhos com dificuldade, o lugar é bom, a cama é boa, a companhia é boa e o sex*…amigos… o sex* foi exaustivamente delicioso. O corpo da minha morena está jogado ao meu lado, exausta, dormindo pesado, sem pesadelos, sem despertares, dormindo gostoso.
Viemos passar tres dias em uma pousada na pequena cidade de Santo António dos Pinhais, no interior de São Paulo, pouco mais de três horas da capital. Depois do incidente do tiroteio, a Flávia estava muito abalada psicologicamente, então achei viável antecipar esse passeio que eu já havia reservado e programado. No dia do do tiroteio, quando vi ela sentada no chão da cozinha minúscula dela, de top, bermuda, comendo um pedaço de pizza, pude ver a menina doce que ela é, de origem simples, mas cheia de conteudo, de historia, encantadora, de um beijo e um sex* maravilhoso. Consigo olhar pra ela e pensar no que a Lana me disse, eu posso dar a Flávia esses lugares que eu gosto, estimular ela a querer também, mas tenho que aceitar que ela é exatamente assim, simples.
Depois que comemos a pizza, a Bia tomou um chá de vergonha na cara e seguiu pro quarto dela, a Flavinha estava exausta, dava para sentir a fadiga dela. Ela olhou pra mim, pedindo abraço e cafuné sem soltar uma palavra. Ela seguiu para o quarto e eu a acompanhei. Deitou na cama e eu ao seu lado. Pela primeira vez a Flávia trocou de lugar e se permitiu ser cuidada. Ela encostou a cabeça entre meu ombro e tórax. Ela ficou quietinha, respirando fundo, puxando o ar profundamente. Passei a mão em seu cabelo, primeiro ela se assustou, ficou com o corpo rígido, atento, mas aos pouquinhos foi se soltando, deixando eu acariciar e fazer cafuné.
- Quer conversar um pouquinho Fla?
- Não amor, está tudo bem! Só estou cansada.
- Gostou da pizza? - perguntei para ela.
- Nossa, adorei. Era o que eu precisava, um banho, uma pizza e um café.
- Que bom. Eu não sabia se iria gostar do sabor.
- Tava ótimo amor. Eu achei que você fosse querer comer fora. Quando sai do banho e tinha a pizza, eu relaxei na hora - essa frase dela foi mais um alerta, ela é simples, não posso ficar forçando ela nesse meu mundo.
- Imaginei que você estava muito cansada, que ia querer descansar - menti.
- Realmente, eu estou só um caco. Sempre fico chateada com essas situações.
- O que aconteceu amor? Se puder falar.
- Não posso muito na verdade. Eu estava apoiando uma operação, fomos abordados. Eu e o Souza ficamos encurralados em uma ruelinha, com três moleques sentando pipoca na gente.
- Atiraram em vocês?
- Sim. O chefe esvaziou a arma dele no velório mesmo.
- Que velório?
- Esquece Bru, isso já entra na parte sigilosa.
- ahhh. Tudo bem, mas acha que foi alguma emboscada?
- Não, foi azar da vida. Era o dia de tomar pipoca, é raro, mas acontece muito.
- Você ficou assustada, em Pânico?
- Ah, não é suave não. O confronto é sempre crítico. Precisamos parar, respirar, pensar e agir com consciência.
- E você consegue? Como é?
- Depende de muito treinamento e de muito sangue frio. O Souza, colega que estava comigo, perdeu a linha, tomou um tiro na coxa. Aí perdemos né?! Os muleque viram que tava um a menos, aumentou o tiro. Eu tive que me proteger e segurar ele. Fiz um torniquete nele. Mas nessas horas, o único jeito de sair vivo é atingindo o inimigo. Se alguma mãe tiver que chorar, que seja a dele.
- Você atingiu alguém? - perguntei com um certo medo da resposta.
- Atingi dois deles, o último caiu quando o apoio chegou. - ela falou isso calma, mas como se fosse perder o ar. Não tive coragem de perguntar se matou ou não, achei ofensivo - Mas isso acontece às vezes não? Tipo, ossos do ofício?
- Ah, sim, mas não é legal matar ninguém. Eu sempre olho e penso que poderia ser eu.
- Porque?
- Ah, nunca é um branco, estudado, num bairro bom, bem alimentado e com bons exemplos pra isso. Eu fico muito chateada com isso, quem tá no confronto é sempre o preto, pobre, com pouco exemplo, sem expectativa.
- mas porque poderia ser você?
- Você sabe um pouco da minha história. Minha irmã morreu por ser traficante, a outra é drogada. Se eu não tivesse uma pessoa me ajudando, me dando um caminho justo e bom, eu poderia ter sido o cara que eu atingi hoje.
- Mas dá pra pensar que você foi atrás do seu caminho.
- Sim, não tira minha dedicação e meu mérito, mas ter exemplos que te direcionam ajuda muito. Uma vez eu estava tão bêbada, jogada, tinha usado a maconha que minha irmã me deu, um vizinho cuidou de mim, depois foi praticamente meu mentor. Me mostrou que estudar e trabalhar era melhor que ser traficante. Que eu não precisava encher a cara pra ser feliz. Sabe, essas coisas que os pais que tem recurso mínimo ou se importam fazem? Se eu não tivesse tido esse exemplo, eu seria outra Alice, seria esses moleques que me atacaram.
- Não sabia dessa parte da sua história Flavinha.
- Ah, Bru. Quem vive de passado é museu. Eu foco no meu hoje, no meu emprego, na faculdade, nos estudos, na gente. Já tem coisa ruim de mais pra traz, tenho que olhar pra frente.
- Vem cá, deixa eu te dar um cafuné. Hoje quem precisa é você. Quem tem que ser cuidada é a braba. E esses cortes, já limpou?
- Tá certinho já. É só água e sabão. Tem que deixar aberto pra secar. Daqui a uma semana tira os pontos.
Ela terminou de falar já com os olhos fechados, balbuciando as últimas palavras. Em automático, acho que sem perceber ela foi se aninhando no meu corpo pequeno, encaixando a cabeça no meu ombro.
No dia seguinte, depois de acordarmos, quando eu soube que ela estava afastada do serviço por alguns dias, pensei em adiantar nosso final de semana. Eu teria algum trabalho no jornal para mudar as datas, mas não seria complicado, eu apenas estaria com o celular o tempo todo comigo.
- Flavinha, já que você está de folga esses dias. Não quer viajar? A gente pode ir passear um pouquinho juntas.
- Ah, Bru, não sei. Eu nem sei para onde ir, melhor não gastar muito por agora - ela é muito preocupada com dinheiro, posso e devo entender o lado dela.
- Humm, mas se pudesse escolher - sentei na cama, toda animada para a conversa - seria praia ou interior? Tipo uma pousada na praia ou na montanha?
- Ah amor, eu gosto dos dois - senti que ela estava com uma certa vergonha ou medo de te falar o que gosta.
- Tá, mas se puder escolher, qual dos dois? - falei pra ela, lançando um beijinho no ar, um charme bobo.
- Humm, com você eu aceito tanto a montanha quanto a praia - ela me puxou, caindo de costas na cama e eu em cima dela. Me deu um beijo, desviando da necessidade de se expor. Eu tentando me segurar apertei o ombro dela, sem perceber, bem em cima do corte do tiro de raspão. Ela fez uma expressão de dor, mas não falou nada.
- Então arruma uma malinha que vamos dar um passeio - falei ainda deitada em cima dela, próximo o suficiente para perceber a surpresa e medo dela ao mesmo tempo.
- Mas um passeio pra onde, como assim?
- É uma surpresa que eu tinha programado para você já. Iriamos no final de semana, mas com esse seu afastamento, dá pra irmos hoje - a expressão dela continuava com um misto de surpresa e tensão.
- Hum, mas como assim, você tinha organizado? - ela falou sentada na cama, estranhando tudo isso.
- Esse é seu último final de semana de férias da faculdade, eu tinha programado uma surpresa pra você.
- Hummm
- Já tinha até organizado com o Cantão para você ter folga esse final de semana - ela teve uma expressão, como se eu tivesse passado do limite - Fiz bem?
- Sim… Humm, por que?
- você está assustada - falei para a Flávia, rindo dela tensa.
- Não, é que… sei lá, não imaginei que fosse organizar isso. E… - ela parou, olhou pro nada, eu entendi que ela lembrou da noiva. Sei que quando ela dá essa distraída ou se emociona assim é porque lembra da Fabi. Nesses momentos eu não sei se devo explorar, se devo sofrer, sempre fico perdida.
- E nada. Para de me enrolar. Arruma sua mala e vamos, precisamos ainda passar na minha casa, pegar uma roupa.
Não demorou muito para ela estar com mochila arrumada com algumas mudas de roupa, um ou outro item. Na mala, colocou biquíni, mas não deixou de pegar um agasalho. Ela não queria dar o braço a torcer, mas estava doida para perguntar para onde iríamos.
Passamos no meu apartamento, também rápido, enquanto eu arrumava minha mala, o Mike e a Flávia ficaram brincando. Ela adora cachorro, fico encantada pela forma como ele a recebeu. Descemos para a garagem com a Flávia inconformada de termos deixado o cachorro em casa.
- Mas ele vai ficar sozinho? - perguntou indignada.
- Não vai amor. Tem cuidador que vem para limpar, trocar água e colocar comida 2 vezes por dia.
- Tá, mas quem vai brincar com ele? Ele não pode ficar sozinho.
- Não vai ficar, de noite, o Antônio vai ficar com ele. Tá tudo bem!
- Ele vai sentir sua falta Bruna. Você vai ver, o Mike sofre com você longe. Vamos levar ele.
- Claro que não Flavinha, o lugar não aceita cachorro.
- Então a gente não viaja. Ficamos aqui cuidando dele. Não pode ser Bru? - ela fez uma carinha de pidona tão fofa, tão jeitosa, que toda aquela brutalidade dela se perdeu. Eu quase cedi ao desejo e vontade dela.
- Para com isso Flávia, gostosa desse jeito tentando me enrolar? Quanto mais tempo demorarmos, menos horas na viagem. Ela fez uma careta, toda contrariada. Não aguentei e gargalhei da carinha perdida dela. O medo e desconfiança dela é tanto, que ele tem dificuldade de simplesmente viajar, se soltar.
Claro que não precisei arrastar ela para o carro, mas quase puxei ela. Já passava das 9 horas da manhã quando iniciamos a viagem na estrada. Uma coisa que adoro na gente é a sintonia musical. Mal entramos no carro e ela já ligou o som, baixinho, suave, mas ligou um sertanejo gostoso. Colocou a mão por cima do meu ombro e com graciosidade me puxou para um beijo suave. Passou os dedos por entre meus cabelos, atingindo minha nuca, massageando-a. Meus olhos já estavam fechados quando meu pescoço sentiu seus lábios, tocando na minha pele. Puxei o ar fundo, tentando me acalmar, mas na verdade meu corpo queria mais e mais. O pescoço foi agraciado, acalmado e acalentado. Depois subiu aos meus lábios, mordida de praxe embaixo, sorrisos bobos. Língua pra dentro, quente, macia. Quando nos soltamos, a felicidade estava ao nosso redor, emanando desejo e vontade.
Eu não deixei ela saber o destino final, não deixei ela seguir o GPS. Mas a Flávia é muito inteligente, muito esperta, quando pedi para pegar a Dutra, ela já percebeu que era interior, lançou a questão, mas não colheu maduro. Afinal, esse também é o caminho para o litoral norte de São Paulo. Mas quando passamos da entrada do litoral e continuamos em frente, ela gargalhou no volante quase gritando o “eu sabia”! Durante o trajeto, conversamos bastante, cantamos músicas, olhamos as paisagens. Ela sempre com a mão na minha perna, às vezes um cafuné. Como não pegamos trânsito, não houve beijos no caminho.
Embicamos na entrada da cidade por volta das 12 horas, e apesar do sol a pino, dava para sentir o ar frio da montanha batendo na gente. Dos dois lados da estrada haviam pinheiros e vários pinhões caídos no chão. A Flávia abaixou o vidro do carro, olhando pra fora com um sorriso maravilhoso.
- Bru, olha isso. Cheio de pinhão no chão! É tão comum que ninguém pega - olhou pra mim quase que indignada - Eu adoro Pinhão. Como um atrás do outro - juro que ela parecia uma criança, rindo, animada. Continuamos até chegar à rua principal da Cidade, com diversas casas com decoração representando os alpes. Um clima de interior, com inverno. A carinha da Flávia por si só já fez a viagem valer a pena, ela está encantada, sorrindo, com os olhos brilhando, linda - Acha melhor ir lá fazer o check in e depois voltamos pra cidade pra comprar a comida ou já compramos?
- Comprar comida? Não entendi.
- É que pousada normalmente só tem o café da manhã.
- Hum, não precisa. Lá tem tudo.
- Mas não sai mais barato se pegarmos algumas coisas na cidade? - Ela falou sem olhar para mim, como se soubesse o quanto eu desaprovava essa fala dela.
- Não precisa amor - coloquei a mão na perna dela, tentando dar uma acalmada - lá é All inclusive. Todas as refeições e bebidas já estão no pacote. É só se divertir - falei isso pensando que ela iria se acalmar e relaxar, mas a mão que estava na perna pode sentir a contração. A mandíbula contraiu, acho que inconscientemente.
Nos perdemos quase de cara com o hotel. Era um lugar cheio de outras fazendas, e nós passamos a entrada. Quando finalmente achamos o número, a Flávia estacionou e apertou o interfone. Após nos identificarmos, o portão se abriu e o manobrista já estava nos aguardando. Enquanto descíamos do carro, o concierge se aproximou de nós, se apresentando. A Flávia estava muito tensa, dava para sentir em sua musculatura. Eu segurei sua mão, com calma e doçura, tentando mostrar que não havia perigo, que não havia nada errado nesse momento.
Fomos guiados pelo concierge até o hall da recepção. Orientei para ela ficar à vontade enquanto eu fazia nossa entrada. Pude reparar que ela sentou e segundos depois levantou, andou de um lado ao outro, devagar, calmamente, tentando se manter ali. Eu queria entender o que passa na cabeça da Flávia. Ela estava perdida, nitidamente ansiosa. Aproveitei que estava na recepção, queria tentar deixar ela mais leve - Você quer um café amor?
- Humm, aceito sim. Não vi a maquininha para pegar - eu sorri para ela com calma, sem mostrar que ela estava perdida. A recepcionista de automático chamou o concierge, que pegou nossos pedidos. Terminei de preencher a entrada, a Flávia já estava um pouco mais calma, mexendo no celular, sentada no sofá, aguardando o café.
- Posso mostrar o chalé das senhoritas?
- Havíamos solicitado um café.
- Se a senhora desejar, podemos servir o café no chalé - olhei para a Flávia, que estava disfarçando sua tensão
- O café pode ser no chalé - me mantive segurando as mãos da Flávia, que estavam frias e de certo modo, trêmulas. Eu fico um pouco frustrada, queria que ela se soltasse mais e não travasse mais ainda. Saímos do espaço da recepção e fomos acompanhando o concierge pelo gramado. O lugar era simplesmente lindo, uma grama verde muito bem cuidada e tratada, bem protegida. Quando paramos em frente ao nosso chalé, eu fiquei encantada, lindo é pouco. O rapaz passou a chave na porta e abriu o espaço para gente. Que formoso. Olhei rapidamente a estrutura, ouvi as orientações do concierge, quase que acelerando ele para poder ficar logo a sós com ela. Ele terminou a explicação, falou sobre o almoço e saiu, finalmente nos deixando a sós. A Flavinha já estava na sacada de fora, apoiada na madeira de proteção, olhando para o campo à frente, sentindo a brisa do interior. Segui em sua direção, sem fazer barulho, abracei a Flávia por trás e mesmo com a diferença de tamanho, pude sentir aos poucos seu corpo relaxando.
- Esse lugar é lindo né Flavinha? - puxei um assunto com a cabeça encostada nas suas costas, sentindo seu aroma acidificado.
- A cidade é bem bonitinha, bem decorada - falou olhando para o campo, mas segurando a minha mão. Percebi que ela queria aquele carinho, o simples respirar meu em sua pele, o simples esquentar do corpo, o toque, o cuidado. Ficamos nessa posição por alguns minutos, não faço ideia de quantos. Quando meu corpo doeu, ainda sim não tive coragem de soltar. Eu cheguei a ouvir o barulho do coração dela, lentificando e se acalmando aos poucos, com suavidade, com vida. Nos soltamos quando a campainha foi acionada, com a chegada dos cafés. A Flávia se manteve na sacada, olhando o campo, recebi nossos cafés.
- O café chegou, vem - falei chamando ela. Ela andou em direção a uma mesinha no quarto. O coque meio solto dela se desfez enquanto ela andava, deixando o cabelão moreno, esticado pela prancha, solto, acreditem não molhei apenas a boca. A cada dia que vejo a Flávia me apaixono mais um pouco mais por ela, pelos detalhes, pelo cafuné.
- Humm, é cheiroso… e bonito - ela sentou graciosamente no banquinho a minha frente, sorrindo com o bocão gostoso que só ela tem. pegou a xícara graciosamente com a mão direita e levantou com cuidado, assoprando para esfriar o café. Eu estava tão extasiada com a cena, atenciosa aos movimentos que se eu pudesse tirava a roupa dela ali mesmo. A Flávia é muito esperta e sabe o charme dela. Colocou a xícara na mesa e sorriu mais uma vez pra mim. Esticou a mão esquerda sobre a mesa e eu automaticamente coloquei a minha sobre a dela - O café é maravilhoso.
- Sim, aqui eles tem vários tons de café e um monte de drinks. Depois do almoço podemos ficar no bar provando alguns.
- Humm, posso tomar um banho antes de irmos almoçar? - ela falou leve, olhando pra mim, mas com aquele jeitinho dela recatado, envergonhado.
- Claro, e se agasalha, porque tá frio - falei um pouco decepcionada, sempre fico na esperança da Flávia se soltar comigo.
Ela então levantou, foi até sua mochila, procurou algumas peças, separou em cima da cama. Tirou o agasalho que estava, ficando com a camiseta. Eu já tinha parado de olhar, quase que irritada com a forma como ela sempre está travada comigo. E então a Flávia olhou pra mim, tão direto, certeiro, frio e quente. Levantou a camiseta preta dela, ficando com o top por baixo, mostrando a pele negra reta do abdome, moldada pelas corridas, minha boca e as partes baixas molharam. Lá embaixo contraiu com o olhar dela. Sem desviar, jogou a camiseta para o lado, em cima da cama. Tirou o tênis com a ajuda do outro pé, ainda sem desviar o olhar e foi puxando a calça, com a ajuda da perna. Me olhou bem direta e firme, só de calcinha e top e falou: Me acompanha em um banho? - virou e seguiu em direção ao banheiro. Fiquei parada na mesma posição por alguns segundos, sem entender onde eu estou, zunindo.
Levantei rápido, fui para perto da cama e tirei toda a roupa, me enrolei em uma das toalhas brancas e fofinhas do hotel e segui para o banheiro. A banheira do chalé fica fora do banheiro, mas o box em si não fica para trás. Entrei no banheiro e o vapor já dominava o ambiente, deixando ele bem aquecido. A Flávia estava dentro do box, em um dos dois chuveiros, sem nenhuma roupa. Quando eu entrei, ela me olhou de cima a baixo, mas não procurando detalhes ou me medindo, e sim me comendo com os olhos. Meus mamilos já estavam acordados e eu, excitada. Abri o box com calma. Ela esticou a mão, me ajudando a não escorregar. Em silêncio, sem palavras, a Flávia virou meu corpo, se encaixando no meu glúteo. Jogou meu cabelo solto para o lado, enquanto me empurrava docemente para a água morna.
- A temperatura está boa? - perguntou falando no pé do meu ouvido, suave. Sacodi a cabeça para cima e para baixo, mas sem nem raciocinar o que eu estava respondendo. meu pescoço exposto foi atacado por beijos suaves e macios, que fizeram meu corpo arrepiar.
A Flávia é bem maior que eu, mais alta, mais musculosa, sua mão esquerda passou por baixo do meu braço esquerdo, enchendo a mão com o meu seio. Ela apertou com força, mas não de um jeito que machuca e sim de um jeito que me fez arrepiar mais ainda. A outra mão foi deslizando pela lateral do meu corpo, explorando a curvatura das costas, da coxa, pousando sobre o glúteo, firmemente apertado, enquanto falava no meu ouvido: Gostosa!
Em um reflexo eu empinei mais o corpo, encaixando mais nela. Os beijos no pescoço e na orelha continuaram, e cada vez mais percebo que a Flavinha é muito boa nas preliminares. Respiração forte no pé do ouvido enquanto apertava o bico do peito forte. A água continuou caindo no corpo, morna, macia. A mão direita dela passeou por mim, sentindo as curvas, minha pele macia. Aos poucos fui derretendo mais, ficando solta aos desejos dela.
Um beijo breve, de lado, língua rápida. Ela me virou, cuidando para que eu não escorregasse e me colocou de frente com ela. Os olhos dela ardiam, eu consegui ver vida neles. Não desviou o olhar e desceu para os meus mamilos, encheu a boca com o esquerdo. Ch*pou, mordeu. Eu apoiei a mão no seu cabelo, quase empurrando ela pra mim, quero mais. Depois do mamilo, ela foi descendo com beijinhos, suave, delicada, beijando minha virilha, depois a outra. Passou o nariz por cima. Quando menos percebi eu já estava com a perna apoiada no joelho dobrado dela, aberta, exposta.
Senti seu rosto quase que dentro de mim, com a língua endurecida, avaliando como eu estava. Eu estava pronta, excitada e intumescida. Enquanto começou a sugar, seus dois dedos procuravam o acesso. A Flávia passou os dedos em volta, suave, forçando sutilmente a entrada. Eu estava contraida de expectativa. Alternando sugadas com a massagem suave da língua, ela foi puxando gemidos de mim. Minha respiração já estava acelerada quando, com calma, ela colocou os dois dedos dentro. Para mim ela estava explorando, sentindo alguma coisa, não sei se algum limite meu. Os dois dedos que entraram foram fundo e saíram suavemente. E entraram mais uma vez e saíram lentamente.
A Flávia com uma habilidade invejável, criou uma frequência de ch*padas com o entra e sai dos dedos que eu não consegui me concentrar mais. Meu corpo foi perdendo o contexto, esperando pela próxima entrada e chorava, quase que literalmente a cada saída. Cada vez que o dedo batia lá no fundo eu gemia e percebi que a cada gemido a Flávia acelerava. Sem aviso, sem eu esperar, ela saiu de mim e levantou, me desequilibrando, fazendo eu apoiar na parede fria do box. Sua boca molhada por mim veio em minha direção, a língua abriu espaço com habilidade e me deu uma amostra do meu próprio gosto. Sua mão não se afastou de mim, veio mais para a frente, no meu clítoris inchado, sensível e “desejante”. Não houve massagem suave, toque leve, a Flávia foi voraz, bruta, intensa. Em um esfrega esfrega, para cima e para baixo, acelerado, ela arrancou gemidos de mim ao mesmo tempo que seu beijo não me permitia gritar.
Meus braços estavam rígidos, contraídos, encravando as unhas na sua pele, apertando seu corpo escorregadio pela água morna do chuveiro. Eu queria gritar, mas o ar não entrava, sua boca tampava a minha. Eu estava respirando pelo nariz, com uma certa dificuldade, mas meu corpo não estava nem aí. Minha pelve apertava e soltava, forte, num reflexo delicioso, prazeroso.
A Flávia soltou sua boca da minha e apoiou seu rosto no meu ombro, entendi que era para que minha boca ficasse na altura do seu ouvido. Ela queria ouvir eu gem*ndo, eu goz*ndo em sua mão. Não consigo explicar como isso me excitou mais, em automático apertei mais forte, gem*ndo de um jeito visceral. Ela acelerou mais a frequência que já estava alta. Minha unha entrou em sua pele no mesmo segundo onde gritei no ouvido dela e minhas pernas perderam a força. Puta merd*, que delícia. Perfeito!
O ar entrou tão rápido no meu pulmão que minha boca ficou seca. Ela teve a rápida reação de me segurar. Se não fosse isso, acho que teria caído ali no banheiro. Fiquei encaixada nos seus braços, apoiada, com as pernas sem reação por um tempinho. A Flávia não olhou pra mim, apenas continuou com a cabeça apoiada no meu ombro,com a respiração também acelerada. Não consegui ver seus olhos ou sua reação. Ela levantou o rosto devagar, olhando para a parede, pegou minha mão, sutil, leve e direcionou a sua virilha e depois, pela primeira vez, me permitiu sentir ela. Sem soltar minha mão ela guiou de traz para a frente, mostrando, permitindo eu perceber, com o indicador e o médio, o quanto molhada ela estava. Ainda direcionada passei o dedo sob seu clit*ris, e na maldade passei pressionando, arranquei um gemido dela. Fiquei encantada, pela primeira vez a Flávia deixou eu encostar nela, sentir como ela estava e saber o quão excitada, úmida e dura ela está, me mostrou o quanto de prazer ela sente em me ter, em me comer, me dominar.
Nossas respirações foram aos poucos normalizando, acalmando. Eu já estava sorrindo de ponta a ponta. A Flávia ainda estava apoiada em mim, com a coluna curvada, num momento dela. Passei minha mão em sua nuca, fazendo um rápido cafuné - Tudo bem? - Ela sacudiu a cabeça, como se religasse.
- Sim! - me de selinho - Me lembra de te convidar mais pro banho - E abriu um sorriso gostoso, verdadeiro.
- Eu que não vou recusar um pedido desses - Voltamos a nos beijar, com calma, devagar, mao na nuca, cafune. Um beijo carinhoso, gostoso, quase de cuidado. Meu coração ficou tão quentinho, abraçado. Uma sensaçaõ boa de carinho e proteção depos de um sex* gostoso. Terminamos nosso banho com calma, sorrindo, leve. A Flávia transparece que estava completamente naquele box.
Nos vestimos. Coloquei uma roupa quentinha, deveria estar uns 10 ou 12 graus lá fora. A Flávia colocou uma calça dela e uma camiseta de manga comprida. Ela ficaria linda com um agasalho da faculdade dela, diga-se de passagem nunca vi ela com um agasalho direito. Ela com todo o cuidado arrumou meu cabelo de lado, fez um carinho no meu rosto e seguimos, de mãos dadas, em direção ao restaurante do resort. Ao passar pela porta, o ar morno puxando, o cheiro de comida maravilhoso entrava pelas minhas narinas. Só pelo sensorial eu já estava salivando.
Por ainda ser quinta-feira, o lugar não estava muito cheio, pelo contrário, dava para escolher a mesa. Nos sentamos calmamente em uma mesa que a Flávia escolheu e ali ficamos. Eu logo de começo já pedi uma taça de vinho, me alivia a alma, ajuda a me acalmar. A Flávia pediu um chá. Fomos solicitando o cardápio da casa. Não senti ela tensa dessa vez, talvez tenha se permitido relaxar?
- Tem passeio a cavalo aqui no hotel, podemos ir agora a tarde - comentei com a Flávia, enquanto terminamos o almoço com um cafezinho.
- Ah legal. Na verdade, eu tinha pensado em ficar ali naquele gramado, ao lado da piscina. Pegar mais um café ou um suco e ficar ali, jogando papo fora, conversando nós duas.
- Sério? Imaginei que fosse querer usar de tudo no hotel - na mesma hora ela deu uma mudada na expressão dela e percebi que devo ter feito algum comentário desajeitado.
- Não Bru, quero só descansar - faltou tentando não ficar nenhuma situação, mas acabou ficando.
- Podemos então ficar ali na lateral da piscina mesmo. Peço para servirem pra gente um café diferente, alguma coisinha.
- Pode ser, ou só ficamos lá, na paz - ela sorriu pra mim um pouco mais leve. Terminamos o almoço e seguimos para o gramado. A temperatura estava por volta de uns 10 graus ou menos, mas estava confortável. A Flávia escolheu um espaço, perto dos bancos e ao lado da piscina, sorriu pra mim e sentou na grama, calma e leve - Vem meu amor, senta aqui um pouquinho.
- Tá um friozinho gostoso né?! - puxei papo
- Sim, um friozinho leve. Eu adoro esse frio. Bem mais que verão.
- Não gosta de verao Fla?
- Até gosto, mas na delegacia é abafafo. Sobe um cheiro de presidio, de sala fechada. Prefiro o tempo brando. Você já tinha vindo nesse hotel?
- Humm, já. Vim ha uns anos atras, mas ele passou por uma reforma boa. Não vim desde então.
- Mas veio pra alguma coisa específica? - Ela não queria perguntar diretamente se já tinha vindo com alguém.
- Um dos sócios do jornal casou aqui logo quando eu voltei da Europa. Mal cheguei e já cai nesse casamento. Eu acompanhei o Antonio.
- O casamento foi aqui? Não vi capela.
- Montaram uma area de cerimonial mais ali pra cima. Nem sei se fazem casamento aqui ainda, devem fazer. É um lugar bem bonito, encaixa nesse tipo de cerimonia.
- Sim. E dá pra quem vier, virar a noite e ir embora no dia seguinte, ou ficar mais alguns dias.
- Pensei em virmos um pouquinho aqui por isso, tem diversão, é calmo, tem quarto. Imaginei que você fosse relaxar um pouquinho antes de começar o semestre. Esse é o ultimo?
- Penúltimo. Já começo a ter mais prática que teoria, menos matéria. Isso vai me dar um espaço a mais pra estudar pro concurso de delegado.
- Você já pensou o que vai fazer se não passar no concurso? Vai advogar?
- Muito provável que não. Eu fiz direito na intenção de subir na carreira, melhorar o concurso. Não tenho jeito de advogada, de estar em um escritório, usando roupa formal.
- Você deve ficar linda de social - joguei um charme
- Não mesmo, uso camisa só pela obrigação.
- Mas se você pudesse ter feito outro curso, qual seria?
- Humm, acho que Educação Física. Encaixa muito mais comigo, exercício, academia, personal. Quem sabe eu não faça em algum momento da vida.
- O mundo é seu sebastião, pode fazer o que quiser - falei fazendo um carinho no braço da Flávia, que aceitou de boa.
- Querer nem sempre é poder, exige um planejamento e tudo mais. Um passinho por vez e vamos chegando onde queremos.
- Humm, queremos? Eu e você?
- Bru, eu sou de uma mulher só e sou bem firme nas minhas decisões, se estou com você, é com você. Acho que não é legal entrar em um relacionamento e estar mentalmente em outro, ou pensando em outro trajeto. Não sei explicar ao certo. Então sim, onde queremos.
- Nossa, não esperava uma resposta assim.
- Fui grossa?
- Não. Grossa não, direta.
- Ah, Bru, direta eu sempre fui. Acho que com as cartas na mesa e tudo acertado, é mais correto, digno.
- Mas tem alguma coisa que você queira falar Flavinha? Algo que não alinhamos?
- Acho que não, tudo que senti vontade de falar ou fazer eu falei e fiz. Sou muito transparente.
- Isso é verdade, Fla, você muda muito quando não gosta de algo ou quando está incomodada. Você é muito verdadeira - ela sorriu, levemente envergonhada pelo elogio - Amor, queria falar uma coisa com você, mas não tive oportunidade.
- Humm, medo. Fala.
- Depois que a Lana te conheceu, conversou com você um tempo, ela veio conversar comigo. Na verdade, eu acabei convidando ela para beber alguma coisa ontem, estava nervosa quer você não me respondia, tinha sumido.
- Desculpa meu anjo, não fiz de propósito, a bateria acabou no tiroteio. Tá mas, enfim, o que ela falou?
- Você já pensou em fazer terapia? Pensamos nisso por conta do seu luto, a questão da sua noiva meio mal resolvida, a maneira como você acaba sofrendo, tendo pesadelos.
- O Cantão me fala isso o tempo todo. Eu acabo não tendo tempo e também nem achei nenhum profissional que eu gostasse. Eu tomei algumas medicações por um tempo, acabei parando por conta propria tambem.
- A Lana se ofereceu a te ajudar a achar alguém ou ela mesmo te atender, ela se colocou à disposição no que você precisasse.
- Eu gostei muito dela, me pareceu uma pessoa calma, centrada. Depois me passa o numero dela, vou mandar uma mensagem, ver o que podemos acertar. Você conversou sobre a gente com ela?
- Acabei conversando. Ela é uma amiga de muitos anos, me conhece às vezes mais que eu mesma.
- Ela transparece uma calma, uma plenitude. Me senti à vontade com ela de imediato - A Flávia falou esticando o corpo e deitando, finalmente, na grama. Me mantive sentada ao lado dela.
- Ela me conhece desde uns 14 anos.
- É um tempão mesmo, conheceu todas suas namoradas?
- Acho que sim. E os namorados também.
- Foram muitos ou muitas? - Ela estava curiosa, mas com vergonha de perguntar.
- Humm, de namoro sério não. Teve o Edu lá em Portugal, durou um ano eu acho, não mais que isso. Teve a MAyra, mais recente. Teve a Paula, durou uns dois anos, um e meio.
- Paula?
- Sim, a Paula é administradora. Conheci ela em Londres, mas acabamos nos encontrando em São Paulo.
- Tem contato com ela ainda?
- Não, cada uma acabou seguindo seu caminho. Sem grandes dramas não. A gente não conseguiu alinhar nossas profissões. Ela era administradora da empresa dos pais, viaja muito, sempre estava em reunião.
- E não tinha como alinhar os horários, sei lá, algo assim?
- Humm, não foi só a falta de tempo. Enfim, não deu certo. nunca mais esbarrei com ela - claro que não entrei no leve detalhe que eu traia a Paula com a Mayra, que a Paulinha saiu super magoada, que ela era linda, ia em todos os restaurantes, viagens e shows que eu queria, nem nada disso.
- Às vezes as pessoas, os destinos não dão certo mesmo.
- Você só namorou a Fabíola? - Perguntei também com receio.
- Também tive minhas ficantes, mas sério, de verdade, só a Fabi. Foram 10 anos juntas.
- Ela não tem chance de acordar?
- Chance até tem, mas é uma questão de milagre. O que me corta o coração é ver ela desligada, não é ela ali, é um corpo machucado só. Por mim eu já teria desligado todos os aparelhos a tempos.
- Porque não conseguiu desligar?
- Não deu tempo de nos casarmos, portanto legalmente não somos nada. A mãe dela só me suportava, hoje não aceita nem me ver. Pela mãe dela, dona Arminda, Deus vai fazer um milagre e a Fabi vai acordar. Legalmente quem manda é ela, não eu.
- E o pai dela, que vimos na festa da sua vó?
- O seu Luís não consegue bater de frente com a esposa. Ele visita a filha, cuida, mas não consegue bater o martelo para desligar nada. Então, no final, precisamos esperar ela desligar sozinha.
- E tem uma previsão, um prazo?
- Não. Ela era uma pessoa de ótima saúde, musculosa, que praticava exercício e corria. Ela só desligou o cérebro, na verdade a parte consciente. Não tem um prazo, um tempo pra esse coma.
- Mas tem uma explicação do que aconteceu com ela?
- Me explicaram que depois do tiro pode ter soltado algum coágulo ou alguma gordura e ido até o cérebro dela, fazendo como se fosse um derrame. Mas isso também não fecha tudo.
- E você sente falta dela Flavinha?
- Todos os dias. Levei uns dois anos para conseguir beijar alguém de novo. É estranho porque eu sou meio que uma viúva, sem ter casado e sem ela ter morrido.
- Eu evito de ficar puxando assunto sobre isso, sinto que ainda dói muito em você.
- Acho que é o tipo de situação que o tempo cura ou que dói pra sempre. Mas apesar de qualquer coisa, a vida continua. Hoje estou com você, num lugar lindo,
quero aproveitar, te beijar muito. Gosto muito de você Bru, do meu jeito, um passo por dia, mas saiba que gosto muito de você.
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 28/11/2023
Aí vê se não pisa na bola com a Flávia.
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