Fronteiras por millah
Capitulo 52 cuidado com a cabe
--o que a gente vai fazer?não dá pra ficar por aqui!--perguntei nervosa sem saber o que fazer.na verdade,eu não queria levantar dali e tomar um tiro.
--e você quer o quê?eu não sei onde ele tá enfiado!fica quieta e fica abaixada.isso vai demorar..eu só preciso saber onde ele está.--Marga começou a espiar entre os carros e receosa ela começou a ir além do que pensei.
Seu olhar buscava a tudo e analítico e perspicaz do jeito que era ela não demoraria para achar.me sentei no chão e esperei.vi o dia esquentar com o sol do meio dia e puta merd* como era quente. Ficar ali no meio da avenida era um teste de resistência.minha garrafa de água já estava no fim e minha garganta seca me incomodava a cada engolir, mas Marga ainda se mantinha certa que acharia este atirador.ela nem ligava para o quão quente estava ou se estávamos seguras ali, ela só tinha sua atenção para a cidade.
--tem alguma ideia do porque ele não nos achou?porque ele acabou fácil com aqueles homens..--falei tentando puxar papo.
--quem quer que seja não está tão perto..olha para onde eles caíram.estavam em um cruzamento..também não esta nessa rua e estar viva já é uma resposta divina.pelos meus cálculos estamos seguras apenas alguns metros graças a esse banco.o que é bem irônico como nosso histórico de roubos.--me lembrou Marga do nosso feito antes de toda essa epidemia.
--então estamos presas.--falei ganhando a atenção dela.
--não se soubermos onde está o safado ou a puta!
--e vamos fazer o quê?matar o safado ou a puta?
--seja quem for atirou na gente.
--você tem que parar de ser tão maluca!só de raiva você atirou no carro,poderia ter simplesmente deixado eles levarem aquela porcaria.perdemos praticamente tudo.
--(rs) e você acha que eles nos deixariam ir numa boa embora daqui Mari?!deixa de ser tão burra!--disse ela furiosa e me calei. Não vou negar que aquilo não me magoou e nessas horas eu via que Marga sabia perfeitamente me irritar.
Ela continuou sua vigia mas meu silêncio permaneceu. Eu estava cagando pra esse atirador ou quem fosse e ela havia percebido bem isso.ela ofegou e sentou-se do meu lado a me encarar, já eu não conseguia fazer o mesmo.
--me desculpa.--disse ela contra meu silêncio desgostoso.
--não desculpo!por que eu sempre sou a burra ou a inútil pra você quando eu não consigo ser como você?a gente deveria ser um time!
--Mari a gente acabou de subir um prédio por fora e descer por dentro de outro em meio a tiros!eu não tenho a mesma idade que você tem e muito menos paciência!
--eu queria que tivesse pelo menos comigo.--olhar pra ela foi difícil mas eu fiz e Marga notou minha indignação e também meu olhar prestes a se derramar em lágrimas.
--claro,eu sou a babaca e você é sempre a certa aqui..eu sempre me esqueço que você é assim..
--assim como?
--humana demais!sabe,eu e sua mãe a gente brigava de se estapear!pelo menos ela me estapeava, antes que..me mate ouvindo isso..mas no fim sempre acabávamos na mesma cama para sua informação.
--(rs) tenta pra ver o que te acontece.
--o quê?pfff...não me faz rir..mesmo assim me desculpe..eu não tô me sentindo bem.--disse ela se recostando no carro e pela sua feição cansada e com o rosto avermelhado queimado do sol ela realmente não estava bem.eu via o suor descer pelo seu pescoço e apesar de me hipnotizar era óbvio que ela estava desidratada.
--precisa se hidratar.
--Essa água quente ta uma merd*.
--mesmo assim..--olhei nosso redor e eu não via ninguém e nenhum movimento ao meu alcance.com o banco nos dando uma cobertura tínhamos que sair daquele sol. Branca do jeito que Marga era logo desmaiaria,cozinhando em suas roupas escuras. Diferente de mim ela não se importava em fritar no sol.
--a gente pode dar um jeito de sair daqui.
--quer trocar o carro quente pela parede quente do banco?--perguntou ela e infelizmente a rua toda estava sob aquele maldito calor infernal.não havia sombras para se proteger apenas o sol escaldante queimando nosso corpo.
--e se entrarmos no carro?--Marga olhou para o carro que estávamos recostadas e com um golpe de sua arma ela quebrou o vidro da janela.o barulho ecoou pela rua vazia onde apenas os pássaros que nos assistiam fritar voaram assustados e sorte a nossa não ter mais contaminados na área.rapidamente destranquei a porta e esperei Marga entrar no banco de trás e ela me olhou desacreditada.
--sério mesmo?--disse ela entrando no carro e acomodando-se no banco bem esticada.
--Minha prioridade é você e de forma alguma quero que adoeça.--entrei e segui para o banco da frente.--e aqui é melhor do que ficar no sol.
ela bufou mas depois de se acomodar melhor no banco de trás apagou depois de minutos e com isso fiz o mesmo.
fome e sono nunca combinaram bem e para mim a dor de cabeça viria mais cedo ou mais tarde mas apagar por um momento, quando você precisa de água e comida era um alívio para a mente que por um tempo não sentiria toda a ansiedade destas necessidades.pena que meus medos de que algo pior viesse ate nós tiraram de mim o pouco de sossego que eu tinha quando ouvi Marga tossindo mas não dentro do carro.
Abri meus olhos já procurando por ela a encontrando sentada novamente recostada ao carro do lado de fora.
Ela estava cansada a tossir.
--o que você tem?
--eu to bem..
--não,não tá.--deixei o banco e sai do carro para conferir ela.
--o carro tá um pouco abafado pra mim..mas tô legal.--respondeu ela enquanto respirava pela boca cansada.assisti isso preocupada. de repente vi ela buscar dentro do bolso da calça algo,um cigarro.
--você ta maluca!!!?--tomei da boca dela o cigarro e ela se assustou.
--que foi??
toquei em sua testa e pescoço e ela estava fervendo.
--você tá com febre.sério,precisa se hidratar e não fumar a porr* de uma cigarro.você não salvou comida e remédio mas salvou esse cigarro?--procurei sua garrafa porém ela já estava seca.ela havia tomado tudo enquanto eu dormia.--ok..
--tudo ficou no carro.--respondeu ela bem mórbida desta vez.
--droga..
--Tudo bem Mari,eu não tô morrendo.
--de noite eu não quero saber,a gente sai daqui nem que seja se arrastando pela pista.--Marga não reclamou do meu plano o que só queria dizer que ela não estava nada bem e quando anoiteceu ao ponto de toda a rua escurecer ao breu onde apenas a luz do céu claro nos dava uma vaga lembrança de onde tudo estava.
pegamos nossas mochilas e prontas seguimos abaixadas pela pista usando os carros para nos esconder deste atirador.Marga e eu só conseguíamos olhar para a rua a procura de um sinal que o identificasse na escuridão porem o silêncio assustador e as chamas altas nos prédios a queimar ao longe nada revelavam.era como se fôssemos loucas temendo qualquer passo errado mas a cada metro que percorríamos parecia que alguém tinha dormido finalmente em sua vigia, o problema foi que esta rua nos levou a um túnel onde o barulho de água a correr me preocupou.
Marga pegou da sua mochila sua lanterna e iluminou o interior dele.
--ta alagado.
--mas da pra passar?--ela iluminou a parede rompida onde vazava água e enchia o túnel.era uma fenda grande com rachaduras, possivelmente por causa dos danos na cidade.mais a frente consegui ver carros enfileirados e uma bagunça entre caminhões e carros amontoados.contudo,mesmo apesar da bagunça dava pra ver o outro lado.
--vamos por cima dos carros..--Marga olhou para mim e acenou concordando.
Era estranho ver ela tão apta as minhas decisões, mas ela seguiu a frente subindo sobre os carros e fiz o mesmo.o barulho ecoava túnel a dentro porém a água à cair também se misturava ao nosso barulho e pelo tempo em que estávamos pela cidade os únicos contaminados que vimos estavam presos no prédio tombado.era um alívio não ver eles, mas isso não significava que não havia mortos ao nosso redor.dentro dos carros permaneciam corpos.estavam podres inchados dentro da água,presos no momento cruel que tiraram suas vidas.depois de alguns metros marga parou e examinou o caminho.havia um caminhão a frente e um ônibus e outro lado.
--teremos que descer.--disse ela já se movendo para descer do teto do carro.eu não poderia negar pois esse foi o caminho que decidi mas por marga em seu estado logo vi que eu poderia ter feito uma cagada.
--Marga espera..--ela olhou para mim e retirando a mochila das costas pulou na água sem me esperar terminar de falar.
--puta...merd*. (rs) está gelada!--a água batia próximo ao seu peitoral,e com ela seguindo em frente,com a mochila nas mãos tive que fazer o mesmo rapidamente para não ficar para trás.
--que..fria!--falei seguindo no beco entre caminhão e ônibus e a cada passo para frente íamos mais fundo.o túnel se aprofundava com nossa caminhada e logo a água fria estava em meu queixo e nadar foi preciso para continuar.
--tudo bem aí atrás?--perguntou ela seguindo em frente.
--(rs) não pensei que tomaríamos banho tão cedo.--respondi e ela olhou para mim e sorriu e com isso sorri.ela estava bem pelo menos. Não era tão mal pensei.
Água foi tudo que vi de repente.
Água escura e fria que me puxava para o fundo.algo me segurava e no escuro entre o caminhão e o ônibus se tornava perigoso demais. Me desesperei.Eu não estava vendo nada além das rodas do ônibus mas havia algo ali.segurei firme minha respiração e forcei minha visão ao máximo achando o fino braço de um contaminado preso nas rodas.tentei me soltar mas ele era forte. Chutei seu braço mas ele não me largava.logo,olhando para o alto vi Marga mergulhar e com um golpe de sua faca ela perfurou a cabeça e acabou com este susto.
Submergimos e alcançamos o monte de carros quase sem ar.
--você tá bem?--perguntou Marga enquanto eu procurava me sentar sobre o porta malas de um táxi.
recuperei meu fôlego enquanto me examinava na perna. Ele não havia me mordido.acenei e toda a tensão que ela expressava sumiu.
--mais uma nota para minha pesquisa..os parasitas miseráveis são mesmo a prova de água.
--só toma cuidado daqui pra frente.você pode sumir e eu posso não ver.--ela passou por mim tomando a dianteira e claro que seu espírito de liderança e chatice não falhou.
Marga e eu saímos do outro lado do túnel e mesmo tendo a rua um perfeito vazio na escuridão ainda era possível sentir a fumaça dos prédios em chamas, e ate no alto, víamos uma certa claridade opaca onde o céu nublado não era feito de chuva.Marga ainda se certificava de que não tomaríamos um tiro desprevenidas ao passar pelas ruas mas molhadas do jeito que estávamos combinado ao frio que fazia tinha que haver algum lugar para ficarmos.
Achamos uma oficina de carros aberta e Marga logo se animou.
--deve ter um carro aqui que nos ajude a passar pela cidade e por este puto.--ela apressou seu passo adentrando na oficina e pelo menos estaríamos fora da rua.
Soltei minha mochila no chão e olhei ao meu redor.enquanto Marga procurava um carro eu não via nada de útil para nós.tudo era uma bagunça e com meu estômago a roncar e com aquelas roupas pesadas de tão molhadas puxei uma cadeira de plástico que ali existia e continuei a observa-la enquanto eu me sentava.eu estava cansada,meu peito pesava, mas Marga ainda se mantinha insistente.peguei minha bombinha e a usei enquanto a paciência de Marga apenas diminuiria.
--tem que ter um carro aqui..--chateada ela procurava algum carro entre a fileira de carros que se encontrava ali.
--Marga..--a chamei pensando no quanto estávamos cansadas e essa busca não era necessária agora.deveríamos descansar e via Marga depositar todas as fichas naqueles carros.
--me ajuda com essas chaves.alguma deve funcionar.--ela pegou de um guardador de chaves pendurado na parede um molho que encheu sua mão.
Me levantei e a ajudei com as chaves porém Marga já se encontrava sem paciência a tossir.as chaves que ela tentava encaixar nas portas dos carros nenhuma destrancava e quando finalmente ela conseguiu o carro se encontrava morto.
--o que eu queria?!estamos numa merd* de oficina!--irritada Marga deixou o carro e fechando a porta violentamente ela esmurrou o vidro,trincando e me preocupando.ela furiosa dava medo mas ela não deveria se estressar e eu tinha que manter minha calma.
--esquece isso. A gente tem que achar comida.
--(rs)...tenta a sorte Mari.--o tom irônico e desacreditado me chamou sua atenção.
--sei que tá com raiva por toda essa merd* mas a gente não pode vacilar.eu vou dar uma olhada por ai.
--só toma cuidado pra não levar um tiro!--sarcástica ela me respondeu com um sorriso cínico no rosto não ligando pra minha saída mas me lembrando do nosso mais novo inimigo.
botei numa balança qual seria o pior e claro Marga se superava.eu tinha que tentar antes de ficar louca com ela tão brava.
Deixei a oficina e com minha lanterna segui cautelosa mais alguns metros onde lojas e mais lojas existiam até o outro quarteirão.além da bagunça da rua a única loja que achei que poderia ter comida fedia a querosene.a padaria com todos os produtos que ainda permaneciam lá dentro esquecidos na prateleira estavam podres ou danificados.vários sacos de pão encharcados de querosene,inúmeras garrafas de tudo possível estragadas numa pilha esvaziadas e fediam a podridão. Era óbvio que a cidade tinha se tornado um campo de guerra do qual você entrava apenas para ser a presa do caçador.
eu queria tentar a sorte.cheguei ao limite do cruzamento e estava disposta a arriscar. O mercadinho do outro lado da rua era tentador e parecia ter mais chances de conseguir comida e se não fosse pela minha teimosia em ter certeza das coisas que eu ia fazer que nem ferrando eu correria até lá por mais que minha barriga roncasse.olhar para o alto não me dava pistas de onde ele estava apenas vontade de morrer com aquele ranço de fumaça na garganta.
Eu tinha que ter um plano,pelo menos para testar se ainda estávamos na mira daquele caçador.mirei minha lanterna a pista e vi um corpo ao chão. Era um contaminado morto e ele era perfeito.puxei seu corpo e o levei até a esquina onde o muro era meu limite máximo e coloca-lo de pé não foi fácil.ossos e carne podre ainda eram pesados e ao mesmo tempo engoliam minhas mãos naquela nojeira de pele borrachuda e fina que estourava entre meus dedos,mas coloquei ele como se espiasse a rua e com a escuridão ele não hesitaria em pensar que era um de nós e era um bom plano se não fosse comigo segurando aquele contaminado pesado e claro passar o dia com fome não ajudava ou poderia ser loucura esse plano também.uma mente com fome não era produtiva.acabei soltando ele sem querer e seu corpo avançou pela pista mas o disparo foi uma surpresa.o contaminado recebeu um tiro bem na cabeça e o cheiro podre do seu sangue rapidamente subiu no ar quando os pedaços da cabeça dele começaram a vazar os restos de miolos que ele tinha ficaram espalhados pelo chão. Eu enjoei só de ver isso. Ele ainda esperava nos pegar e foi loucura o risco que corríamos. pensar que tudo que nos protegia era os prédios e lojas a nossa esquerda que impedia seu campo de visão me deixou chocada.ainda estávamos ao seu alcance.
Voltei para a oficina com Marga ainda tentando consertar o carro e minha cara pasma foi a primeira coisa que ela reparou.
--que merd* você fez?
--e-eu!?eu não fiz nada!--respondi inutilmente.Marga me encarava com aqueles olhos fixos largando tudo que fazia para me intimidar e com sua lanterna na minha cara o interrogatório ia começar.
--me diz logo o que você aprontou?não ia atrás de comida ?eu ouvi o tiro daqui!
--ele ta acordado!eu tentei checar um mercadinho e era uma armadilha..pelo visto tudo ao seu alcance foi feito para nos atrair.o resto tá estragado.
--arrgr!!entregou nossa posição.--eu tive que rir.
--eu acho que ele já sabia disso Marga. Eu joguei um contaminado na rua e só precisou disso pra ele atirar.ele não está perto mas o seu raio de visão é muito grande.com certeza um lugar bem alto.--retirei minha camisa molhada e o frio foi até um alívio depois de tirar aquele tecido grudado do meu corpo.olhei para Marga e a vi pensativa olhando pra mim.--mas foda-se né.eu tô cansada disso.
--tem um quarto lá atrás..levei nossas coisas pra lá.--disse ela voltando a se ocupar com o carro me dando as costas.era óbvio que depois de saber disso ela ficou péssima.até desanimou em mexer novamente no carro.
--que tal a gente descansar?--falei e ela não se virou a mim.
--eu vou já..
Segui para o quarto e vi um sofá e um mesão.as paredes carmim e mil e uma fotos tão clichês de mulheres peladas enfeitava nosso cenário.aquilo era um manto hétero demais pra mim.
--mais uma vez uma noite mal dormida senhor..tende piedade das minhas costas.--peguei minha mochila e procurei mais umas peças de roupas. Sorte que Marga foi rápida em cuidar das nossas coisas no túnel,e se não fosse por isso estaríamos ferradas.Eu tinha que me trocar já que minha pele já estava gelada por causa daquelas roupas.peguei no cós da minha calca e já desabotoava o botão quando olhei para a porta e avaliei bem se Marga não entraria justamente agora e com o barulho que ela fazia mexendo no carro aproveitei para tirar tudo.o jeans,o tênis,a calcinha e o sutiã.tudo estava molhado e pegando o conjunto moletom pude me aquecer.
Ela entrou e no mesmo instante olhou para mim surpresa por já me ver trocada e rápida ela buscou sua bolsa e não pensei que ela ficaria com vergonha de me pedir o óbvio mas caladona e séria ela me encarou.
--eu saio se você quiser.--falei a ela mas ela fechou os olhos e acenou negando.
--cala a boca e vira Mari.
--(rs) não é a mesma coisa que tomar banho pelada juntas né?
--tão engraçadinha.--virei de costas a ela e ouvi Marga depositar a bolsa no mesão com força e só isso foi o bastante para minha mente se perder. Eu já tinha visto Marga nua mas eu não entendia essa obsessão que eu tinha em ficar tão nervosa com ela assim.eu sabia disfarçar, fazia isso muito bem ficando estática que nem uma estátua, mas com Marga surpresas nunca lhe faltavam.as roupas retiradas ela jogou ao chão e o peso delas me alertou.ela estava nua.
--esse lugar é horrível.nem quero saber o passado desse sofá.
--é apenas um sofá.
--não,é um sofá cama.terminei!--me virei a ela e sua nova roupa,um jeans e uma camisa simples já faziam parte do seu visual.ela secava o cabelo com a toalha enquanto tossia e isso ainda me preocupava.--me ajuda aqui.--botando a toalha no braço ela puxou uma ponta do sofá e a ajudei a abrir o sofá cama.
--ainda temos três horas até o amanhecer.consegui ligar o carro mas ele não tem muita gasolina.
--quanto mais ao menos?
--bem pouco.talvez só o suficiente para sair da cidade e um pouco mais.
--é tudo que mais quero.
--também poderíamos tentar pegar aquele puto..ou puta.
--mas a gente não sabe onde ele tá.quantas vezes tenho que dizer isso?!
--posso descobrir.ele deve ter um bom esconderijo e uma reserva de comida.água..tudo que precisamos.
--eu não acho certo Marga.
--não acha certo?o cara tá atirando em nós e você não acha certo?
--isso não tem haver sobre ele Marga,é sobre nós.
Marga riu sentando-se no sofá cama toda debochada.
--enquanto pudermos escapar eu não quero matar ninguém Marga!
--é uma questão de princípios pelo visto.
--todos tem seus motivos Marga.
--você tá passando fome porque um merd* tá se achando dono dessa porr* de cidade!eu tenho todo os motivos do mundo em querer meter um tiro no meio da testa dele.--ela tossiu e dessa vez até lhe faltou o ar.
--é desse jeito que quer ir atrás desse atirador?(rs) desse jeito você só vai piorar.
--não vou.--pigarreou ela tentando controlar sua tosse.
--ok então. Você que sabe.Boa noite.--me deitei do lado esquerdo do sofá cama e ela se deitou do outro lado.
Um silêncio estranho se instalou entre nós e mesmo as duas sabendo que não estávamos dormindo permanecemos fingindo que estávamos.
--se eu o achar..eu vou mata-lo.--disse ela e foi nítido que ela não estava brincando.
--se você acha-lo..eu vou fazer de tudo pra te fazer desistir disso.
--isso não vai nos mudar Mari. Todos lutamos por sobrevivência, só alteramos as posições.ontem estávamos por cima no morro da prata e agora somos nós às invasoras.
--também defendemos nosso morro e também pensamos que éramos as únicas certas disso.que era por um bem maior.lutando por nós,ele não está fazendo diferente disso.
--pode ser..
--então me promete que não vai fazer nada com ele que não seja por um motivo.
--(rs) para..
--Marga eu tô falando sério. Quer deter ele? eu te ajudo mas não o mate porque simplesmente pode.--ela me olhou desacreditada porém acenou.nada disse,só acenou.depois disso pude me sentir mais a vontade com ela e me deitei de frente.já ela permanecia sentada de braços cruzados ao meu lado me olhando tão analítica que tive que olhar de volta.
--o que foi?--perguntei e ela continuava de braços cruzados e em silêncio.
--não tem nada porr*.--ela desfez os braços cruzados e desligou a lanterna que nos iluminava mas me sentei e tomei a lanterna de sua mão e a religuei.
Ela já tava brava mas eu não me importei com ela me fazendo cara feia e verifiquei sua temperatura e ela estava pior.estava quente como uma fogueira.
--você tá quente demais!
--podemos só dormir?--ela se acomodou no sofá e deu as costas pra mim.ela não ligava a mínima para o que eu dizia o que somente me preenchia mais ainda com culpa depois daquela surpresa no túnel.a gente nadou naquela agua fria com ela mal pra cacete e eu só esperava que ela não piorasse.
Desliguei a lanterna e me deitei.era uma merd* deitar com a cabeça cheia de problemas para resolver mas tentei focar nos meus sonhos.esquecer um pouco a ansiedade para não ter que gastar minha bombinha.por isso fechei meus olhos só querendo o melhor para ela.
Me acordei com suas costas colando as minhas e como tremia.virei meu olhar a ela e a vi encolhida,ela tinha piorado.meu Deus..
Fim do capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 20/11/2023
Misericórdia Marga doente sem remédio e sem comida com um louco atirando é Mari tá difícil.
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