Fronteiras por millah
Capitulo 53 Cuidado
--Marga..--toquei nela e ela ainda se encontrava quente e agora a suar.ela virou seu olhar pra mim sonolenta e sentou-se abraçando a si mesma.
--eu tô me tremendo..e não consigo me controlar.--sua voz ofegante saiu fraca e foi o bastante para mim.
Busquei nossas mochilas e tudo que tinha nelas eram garrafas vazias,armas e cartuchos de bala.nossas roupas ainda estavam molhadas por causa do mergulho no túnel e nunca me senti tão culpada por ter vacilado.procurei pensar rápido e com Marga esperando eu só tinha uma coisa a fazer.
lembrei do banheiro que vi nos fundos do escritório e ele podia esta desgastado mas quando entrei a primeira coisa que testei foi a agua e era corrente e limpa e para minha sorte,uma banheira aguardava.
tínhamos poucas coisas, mas preparei um banho e com a agua no ponto voltei para o escritório e ela me olhou confusa.
--anda,precisa diminuir esta febre.
--já disse que não preciso de outro banho.
--você adora banhos.eu te ajudo.--a apoiei junto a meu corpo e como ela estava debilitada agarrei firme sua cintura e nos erguemos da cama sofá..se eu a soltasse ela cairia no chão.
dentro do banheiro a ajudei a se despir e ela segurou firme minha mão para entrar na banheira.
--o que fez nesse lugar?nem parece que vivia um porco aqui.
--nada,vai ver o porco que morava aqui não gostava de banho.
foi nítido depois de alguns minutos a diferença que aquele momento se tornou para ela.a agua morna esquentaria seu corpo e a acalmaria por isso,me sentei na borda da banheira e da bolsa retirei um paninho limpo e um sabonete,e ela me olhou pronta para me rejeitar.
--não precisa.
--quer me deixar cuidar de você?--falei e ela nada me disse me encarando.--além do mais esse é meu sabonete.
--deveria ter salvo os remédios.
ela com seu semblante bravo encolheu-se na banheira agarrando as próprias pernas me dando as costas,acho que foi um sinal de que estava tudo bem dar um bom banho nela.esfreguei o pano nas suas costas e seu silencio se tornou pra mim um confortável momento.enquanto ela estivesse calma e me deixando continuar meu trabalho estava sendo bem recebido e a ideia de cuidar da Marga começava a me divertir. era a prova que eu estava me apegando de vez na Marga porque simplesmente reneguei qualquer sentimento de tesão por aquele momento e me entreguei a vontade de cuidar dela,somente para ver ela melhor.
foram minutos com ela tão descansada ao ponto de cochilar ainda mais comigo desembaraçando seu cabelo dando a ela uma boa massagem na cabeça e nuca.foi engraçado ver ela retornar de uma vez assustada por se deixar levar. seu olhar veio a mim e Marga não perdeu tempo em se afastar.
--eu já to melhor.para com essa porr*.
--parece mesmo.
peguei a toalha dela e a entreguei.Marga se cobriu e se apoiou em mim pousando sua mão sobre meu ombro e me pediu para caminhar de volta ao quarto.
--tem certeza que não sobrou nenhum remédio ai nas bolsas?
--eu já conferi e não tem.ficaram no carro.
--arggh,eu aguento,eu acho..--ela virou de lado para dormir e encolhida só me preocupava.
deitei do meu lado da cama com meus olhos fixos nela,eu não me conformava dela ser tão teimosa.
--se esta com frio ainda não me importo que se aproxime para se esquentar.--falei e posso ter dado a ela um pouquinho a mais de liberdade mas eu não ligava. Eu queria ela bem.ela era a única coisa que me importava mas como ela se manteve virada de costas para mim e sem me responder,apenas fiz o mesmo que ela e naquele sofá cama me senti mais uma vez sozinha com outra muralha que Marga tinha criado.
eu não poderia exigir dela doente mas com o sono a pesar sobre meus olhos deixei de lado aquele sentimento ruim e me entreguei ao cansaço.
meu corpo já relaxado já se preparava para cair nas graças de um bom descanso quando de repente senti Marga adentrar suas mãos no meu moletom e agora era eu quem gelava enquanto ela procurava um lugar mais quente em mim.
O calor de sua mão pousada nas minhas costas diferente de tudo que eu esperava sentir me acalmou.o banho não tinha sido em vão.me mantive em meu lugar apesar daquela mão em minhas costas e acho que o suspense me interessou. Suas unhas começaram a arranhar devagar minha pele e me inquietavam a pensar no que ela queria, apenas me ajudar a dormir ou me torturar.senti mais uma mão invadir meu moletom e minha dúvida se foi,era tortura!uma das mãos envolveu minha cintura e com um apertão me segurou enquanto ela se aconchegava perto de mim.parei de respirar, a primeira mão ainda subia minhas costas me desbravando ao seu alcance.meu corpo arrepiou e enrijeceu.
--era isto que queria?--perguntou ela baixinho e fraco mas não me atrevi a responder ou me virar.
Ela sabia do que era capaz com aquele toque delicado e ela ficou nessa tortura por minutos intermináveis me arrepiando tentando tirar de mim alguma resposta que enchesse seu ego. Eu não daria esse gosto a ela de me ver gostar e fingir que já dormia com meu silencio condenado não fez ela cessar,na verdade eu sentia que ela estava adorando o que fazia.
Senti suas mãos esquentarem sobre minhas costas e seus dedos me alisavam desenhando desenhos circulares e em redemoinhos e era uma mudança tão nítida em seu toque. Ela queria me sentir e descia com seu toque me alertando de seu caminho.meu coração já palpitava feroz e talvez Marga ate percebesse e por isso me tentava. Ela queria me testar e quando deixou meu moletom ela foi certeira quando desceu um pouco mais e agarrou minha bunda com gosto.
--minha bunda não Marga.--reclamei a ela e quando encontrei seu olhar ele era safado e desafiador.ela não se intimidou comigo a centímetros dela, na verdade adorou me encarar já que em sua boca um sorrisinho se formava com gosto.
--eu sabia que essa alegria duraria pouco.--disse ela em tom de reprovação.
--quando você adora se aproveitar de mim?vejamos,claro!já tá melhorzinha né?
--(rs) por mim eu nem dormiria.--disse ela a mim olhando fundo nos meus olhos e estávamos tão perto e não foi fácil lidar com aquele sorrisinho exibido e vitorioso no rosto dela. Ela tinha conseguido me excitar tão fácil e parecia que com ela nada daquilo tinha surtido efeito.
******
Pela manhã me acordei me sentindo um caco.com fome e com sede e só os ossos de tão cansada.aquele sofá cama era mais duro que o próprio chão.Marga por outro lado estava de pé,com mais disposição,nem parecia doente e pelo menos isso melhorava meu dia.arrumamos nossas mochilas,as roupas não estavam cem por cento secas mas enfiamos tudo dentro delas e seguimos ao carro.o dia já estava quente e o ar daquela cidade era visível por causa dos prédios a queimar.nada que minha asma adorasse e depois de um dia com fome minha cabeça não estava das melhores.
--eu consertei, porém temos que ser rápidas.a rua tá uma bagunça mas ainda dá pra passar.--disse Marga como bom dia e eram ótimas noticias pelo menos.
--que bom que botou o juízo no lugar porque eu só quero sair dessa cidade o quanto antes.
--legal. Sobre ontem...desculpa ter pegado na sua bunda,eu tava delirando.--ela falou isso com a cara mais lavada do mundo.respirei fundo e acenei.
--vou fingir que acredito.--respondi tentando esquecer aquele momento.apenas a menção daquele aperto já me fez arrepiar.
Entramos no carro e Marga o ligou.ainda era cedinho então nosso plano deveria ser rápido e fácil.
--ok, temos gasolina para sair da cidade e talvez até a próxima cidade de acordo com esse mapa.
--ótimo.--entrei no carro e coloquei o cinto.Marga fez o mesmo mas sequer se atentou ao cinto.
--põe o cinto.
--por que sempre quer mandar em mim?--ela respondeu com aquele tom cotidiano de crítica mas colocou o cinto.
O carro estava ótimo e Marga dirigiu atenta a rua e aos altos prédios.naquela velocidade ninguém nos acertaria,era um alivio mas uma outra preocupação.
A fumaça invadia o carro e já me fazia tossir e na hora fechei a janela.
--como alguém aguenta morar aqui?essa cortina de fumaça é insuportável.e essa fumaça simplesmente não sobe e fica presa aqui embaixo..--meus olhos ardiam e a tosse presa na garganta me irritava.
--é..todos esses prédios em chamas..--Marga dirigia tranquilamente e nem parecia ligar pra mim por isso só a observei quando ela do nada parou de falar e em seu silêncio começou a olhar para o alto.todos aqueles prédios em chamas que mais pareciam palitos queimados conseguiram sua atenção.o que ela tanto olhava?do nada ela levou a mão a marcha e acelerou dobrando a esquina.
--o que ta fazendo??!--perguntei mas um brilho de sol estranhamente refletia no vidro vindo do alto chamou minha atenção.o que era isso?movi meu corpo para frente e vi de onde ele vinha.
--como somos burras! (Rs) quero dizer..eu tô aprendendo com alguém!--mais uma vez ela dobrou a direita e naquela velocidade percorríamos tantas quadras e desviávamos de tantos carros e destroços que me preocupei com o atirador.os pneus cantavam na pista.por que este se revelaria?era uma armadilha.
--não pode tá falando sério,volta!não vamos até lá!--ela me olhou furiosa.ela estava sendo chamada para a briga e não ia negar isto ao atirador seja este quem for.
--(rs) esse desgraçado acha que somos uma piada pra ele?escondido nessa merd* de cidade..poderíamos ter morrido..
--Marga para!!a gente só precisa sair daqui!
--o desgraçado ou a vagabunda estava esse tempo todo acima de toda essa merd*!(rs) eu to muito puta!tá chamando a gente!!
--isso não é novidade.quem quer que seja esta em um dos prédios só não sabíamos qual.
--sim mas olha em volta.todo esse raio de visão, você alcança a fumaça que desce e nos sufoca e enquanto é um mal a nós é um benefício a ele, porque ele está no centro dessa confusão.agora que vamos embora ele quer brincar mais uma vez.eu vou matar esse filho da puta!--mais uma vez o brilho em nossos rostos.um incômodo que enfurecia Marga.
ela apontou reto e vi um prédio em construção.sua estrutura ainda era esquelética e aberta em muitos andares que eram intocados pelo fogo e no alto lá estava a figura misteriosa refletindo esta luz sobre nós.
ela acelerou mas isto só me preocupou.
--lembre-se do que me prometeu.--falei e ela olhou para mim com total desdém o que me indignou.ela não ia parar para pensar e ia invadir aquele prédio.--você prometeu Marga!
--sabe o que acontece com a mente humana quando tá com fome,sede e com uma puta dor de cabeça que mais parece uma ressaca das grandes?
--você disse que sairíamos dessa cidade!--agarrei seu braço com força e ela me lançou um olhar desafiado tomando ele de volta da minha parte.ela estava cega de vingança.
--eu te disse que se eu o achasse ia mata-lo.chegou a hora.
--não vai porr* nenhuma sua maluca psicopata!ele vai nos foder assim que chegarmos lá!--estávamos a centenas de metros mas naquela velocidade demoraria poucos minutos até lá, por isso retirei o cinto e tentei puxar o volante de suas mãos mas ela segurou firme e começamos nosso confronto.me levantei do acento e continuei a tentar tomar o controle do carro,nosso único jeito de sair daquela droga de cidade mas Marga era forte e me impedia de tentar desfazer sua ligação direta.
--Mari sua merdinha para!!!ele tentou nos matar!eu não tenho pena nenhuma de quem tenta isso!!!--era impressionante como ela me impedia apenas com um braço dela na minha frente e ainda dirigia mas eu precisava parar ela por isso continuei.
--a gente só precisa ir embora!!--ela gargalhou macabra e me empurrou de volta ao meu acento e acelerou mais.
--você realmente não me conhece e já tá na hora de você saber quem manda por aqui!!--gritou ela furiosa não me dando escolha a ficar calada dividindo minha atenção a ela e a rua onde algo muito estranho ficou evidente.--quando eu disser que a gente vai matar um desgraçado é pra não ter pena e matar o desgraçado!!!esquece os direitos humanos ta certo?!--ela terminou mas eu vi algo mais que assustador do que Marga gritando sobre mim.
--MARGA CUIDADO!!!--falei e foi isso até o carro passar em alta velocidade por uma cachoeira de cimento que cobriu o carro e seu visor e com Marga freando e o carro deslizando foi questão de segundos para que tudo girasse e chocássemos com algo.tudo escureceu e a vontade de nunca mais acordar foi bem real.
Me acordei com uma puta dor na perna e no resto de todo meu corpo ardendo e pulsando.a tontura me largando naquele tormento me enjoava.abri a porta do carro caindo para fora dele me dando conta dos meus machucados.o carro tinha tombado ao passar sobre os blocos de destroços na rua agora cheia de cimento por causa de uma armadilha nos prédios vizinhos.eu avisei aquela maluca e ela não me escutou como sempre.engatinhei e como eu estava acabada,cuspi sentindo sangue na minha boca.eu tinha cortado minha língua.
--que ótimo..--tomei forças e me ergui.minha perna tava fodida.eu mal conseguia pousar meu pé no chão,sem contar que estava cortada pelo vidro que estourou sobre nós.foi ai que lembrei da Marga.me virei indo em direção ao carro mas parei assim que vi ela sair do carro caminhando mas com um corte feio na cabeça que escorria em seu rosto.
O susto foi passageiro pelo menos com ela.o cinto valeu a pena no fim.
--Marga..--atrás dela uma vidraça de um saguão grande e empoeirado de um dos prédios comerciais que pegava fogo ficou bem evidente,se mantinha fechado e agora rachado graças aos murros dos contaminados que nos viam com tanto desejo.Marga rapidamente veio para o meu lado dando-se conta deles. Pela cara dela era óbvio que ela tinha visto o erro que cometeu.
--pega nossas coisas.--falei sem tirar meus olhos das rachaduras que cresciam e Marga se enfiou novamente no carro e pegou as duas mochilas e como era assustador ver eles tão desesperados por nós. Eram tantos que era impossível contar.todos se esbarravam e rosnavam estridentes com fôlegos de pulmões podres cheios daquelas pragas.
--eu te disse que ele não seria capaz de limpar a cidade.vamos.--corremos em direção ao prédio mas minha perna estava me matando e Marga sequer me esperou.ela avançou para a base do prédio onde a figura misteriosa se escondia e já procurava um local para entrar ou subir.
--essa safada nem pra me ajudar..
o barulho da vidraça quebrar logo atrás de mim foi um grande incentivo a mim para olhar para trás e ver a multidão de contaminados agora solta cair na rua e já se encaminhar a nós em fúria com seus grunhidos nojentos a me assombrar.corri esquecendo a porr* da dor na minha perna e chegando na Marga para ajudar.
--por onde??--perguntei não vendo escadas ou caixas para subir ate a plataforma acima apenas três paredes que nos cercava.
--por cima mas como subir? não tem nada!não da para alcançar!--marga olhou para os contaminados chegando e acho que ela se arrependeu na hora desse plano maluco.--que droga!!!!--ela recostou-se suas costas na parede e me puxou.--sobe em mim!!--ela segurou minhas mãos e me ajudou a subir nela e pude ver o andar acima e com um impulso alcancei o piso e subi.na hora me deitei e estiquei meus braços para alcançar marga.
--pula!eu te pego!
Ela pulou e senti seus dedos nos meus mas ela caiu. Eles estavam vindo!mais uma vez ela pulou e a segurei porém ela escorregou caindo sentada.
--vai marga mais uma vez!!--implorei desesperada quase caindo com metade do meu corpo para fora do piso tentando me segurar na borda e no nada para ajuda-la. Eles já estavam dentro do prédio e invadiram o espaço sedentos por marga.ela se ergueu e mais uma vez tentou.ela pisou contra a parede e a segurei firme com meu coração congelando no mesmo momento.eu morreria se ela caísse.eu morreria se aqueles olhos dela apavorados fossem a última coisa que eu teria dela.por isso segurei o mais forte que podia e mesmo sentindo meu corpo deslizar pelo piso com seu peso junto ao meu eu a puxei e ela vendo a multidão de contaminados abaixo chutou um como um bom impulso e pude finalmente trazer ela para perto de mim.
Como era bom ter ela a salvo.eu não queria soltar sua mão.nem esquecer aquele aperto quente que nossas corpos juntos proporcionavam mas ela me soltou.vi ela se levantar apressada seguindo com seu desejo de vingança.
--Marga para!!!!para por favor!!!--eu não tinha força para me levantar além de sentar cansada.
--por que?!porque tem pena dessa pessoa?!acha mesmo que todos são iguais a você? eles não são!!eles só te machucam!!!..e eu odeio isso!!
--eu não quero te perder droga!!!--me levantei com dificuldade.--não faz isso!!eu não tenho mais ninguém!!--ela me olhou surpresa que meu grito em meio aos grunhidos dos contaminados fosse algo que a calasse.foi a primeira vez no dia que eu a vi sem aquele olhar de raiva pois ela me analisava dos pés a cabeça como se soubesse que a qualquer momento poderia me perder.ela respirou fundo e me olhou nos olhos.
--eu já vacilei demais Mari..e eu prometi a sua mãe que te protegeria e é o que vou fazer.--ela me deu as costas mas aquilo não ficaria assim.
--MARGA!!!!!--gritei a seguindo contudo o barulho do elevador de carga a descer nos fez parar nossos passos.
Logo nosso inimigo estaria em nosso andar e estaríamos ferradas.
--está descendo.ele ta vindo.
--calma. Ele não vai descer por aí.certeza ele tá vindo pelas escadas.
--como tem certeza?a gente invadiu o esconderijo, é claro que ele vai vir o mais rápido possível Marga.
--se ele quiser morrer assim que o elevador chegar é claro que ele viria por ali mas agora temos que nos esconder.anda vamos subir.
Subimos as escadas e passamos pelo primeiro e segundo andar e Marga escolheu o terceiro andar pra entrar e se esconder.já na porta algumas barras de ferro de sustentação de algum andaime desmontado estavam no chão e Marga pegou um deles e avaliou como um bom bastão. Íamos mesmo enfrentar mais um inimigo.
Fim do capítulo
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