Capitulo 32 - Marcela
Marcela
Pedi um tempo à Sophia, na tentativa de pensar sobre as minhas possibilidades diante das ameaças do Marcos. Na verdade, torcia para que ele nos esquecesse com o tempo e eu pudesse retomar as coisas com ela, sem colocá-la em risco por estar comigo. Porém, o que de fato aconteceu, foi que o Marcos não desistiu. Eu continuava me sentindo observada por ele de vez em quando e, quando me dei conta, o que eram apenas dias, se tornaram semanas longe da Sophia. E meus dias se tornaram uma tortura: vê-la sempre na minha aula e no laboratório sem poder beijá-la, abraçá-la ou dizer a ela o quanto eu a amava e queria ficar junto dela era angustiante. Todos os dias pensava em abrir o jogo e contar a ela sobre as ameaças, mas meu lado racional me impedia de agir assim e, cada vez mais, eu me calava e me afastava. Via que isso a magoava, que a deixava com dúvidas dos meus sentimentos e morria de medo de que ela desistisse de mim ou achasse um outro alguém...
Pensava mais uma vez em toda essa situação, enquanto bebia um vinho em casa, sozinha numa sexta-feira. Lembrei então do nosso primeiro jantar juntas e não pude deixar de sorrir. Fui tirada dos meus pensamentos pelo som da minha campainha: era ela.
- Oi Ma. – Ela entrou, tentando me dar um selinho. Desviei o rosto.
- Oi So. Aconteceu alguma coisa? – Cumprimentei, tentando manter certa distância. Sabia que se ela insistisse muito eu não aguentaria e acabaria cedendo.
- Eu que te pergunto Marcela. – ela disse, já se alterando. – Semanas atrás você diz que me ama e que aceita namorar comigo e, de repente, você pede um tempo sem se justificar e simplesmente some!
- So, não é isso, já tinha te dito que estava um pouco assustada com a rapidez com que tudo aconteceu e precisava de um tempo...
- Chega Marcela! Eu quero a verdade! Você deixou de me amar? Ou melhor, você já me amou algum dia? Me fala, porque não quero ficar fazendo papel de trouxa só porque você não tem coragem de me dizer.
Nesse momento eu queria gritar e dizer que a amava demais e revelar tudo o que estava realmente acontecendo. Mas não consegui...só conseguia olhar os seus lábios e admirar o quão linda e radiante ela era, o quanto eu sentia sua falta. Ela percebeu que eu fiquei sem reação e aproveitou para se aproximar um pouco mais de mim, passando as mãos pelos meus cabelos, fazendo um carinho delicado no meu rosto:
- Não consigo entender o que você pensa Marcela, às vezes te sinto tão distante e isso me deixa insegura demais...
Fechei os olhos. Como eu precisava daquele carinho...Ela aproximou seus lábios dos meus e nos beijamos de um jeito suave...logo senti meu corpo responder àquele contato e não resisti, intensificando nossas carícias, que nos levaram mais uma vez à minha cama. Naquela noite, fizemos amor.
Acordei por volta das 7h, com meu telefone vibrando. Olhei rapidamente para aquela pessoa incrível deitada ao meu lado e, resmungando, me levantei para atender:
- Alô?
- Bom dia amor, dormiu bem?
Gelei. Era o Marcos.
- Oi Marcos. O que você quer?
- Nossa! Que rude! Achei que depois de uma noite com a Sophia você estaria mais...animada? – ele riu de forma irônica.
Droga, droga, droga. Como ele sabia disso? Tentei desmentir:
- Do que você tá falando Marcos? Eu e Sophia terminamos!
- Ah, para né Marcela! Você acha que eu sou trouxa? Há semanas venho te observando e sei que vocês não terminaram coisa nenhuma e, inclusive, dormiram juntas! Eu te avisei! Agora vocês vão sofrer as consequências!
- Marcos, eu...Marcos? Alô? – Que inferno, ele tinha desligado!
Precisava correr para encontrá-lo antes que ele fizesse alguma besteira. Ai meu Deus, e agora?
Deixei um bilhetinho para a Sophia com a desculpa de que tinha um compromisso de última hora com uma amiga e saí às pressas.
Cheguei na casa do Marcos bastante nervosa:
- Marcos, por favor, não mostra aquelas fotos para o reitor, eu prometo que dessa vez termino com a Sophia! Por favor!
Ele gargalhou:
- E quem disse que eu estava me referindo às fotos? Marcela, você tendo namorado comigo já devia saber que tenho contatos e posso atingir vocês duas de diversas formas...
Olhei confusa:
- Como assim? Do que você tá falando?
- Humm, você já falou com a Sophia hoje, depois que ela saiu da sua casa?
- Quê? Como assim? – Já estava preocupada.
- Melhor ligar pra ela...
Peguei rapidamente meu celular. Liguei uma, duas, três vezes...até que uma moça atendeu:
- Alô?
- Oi! Quem é? Eu queria falar com a Sophia, por favor!
- Boa tarde! Aqui é do Hospital das Clínicas, com quem falo?
Meu chão sumiu, gaguejei:
- Ma...Marcela, uma amiga...o que aconteceu? Ela tá bem?
- Ela sofreu um acidente, infelizmente. Para mais detalhes sobre o caso dela, peço que a senhora venha até o serviço para conversar com a equipe médica.
Eu estava tentando processar a informação, mas não conseguia...como assim? Acidente? Olhei para o Marcos e o vi com uma cara de deboche e logo fui tomada por uma fúria incontrolável:
- Seu idiota, babaca de merd*, o que você fez?? Eu te odeio!! – fui para cima dele.
Ele me conteve:
- Calma, calma. Foi só um sustinho nela, seu amorzinho ainda tá bem. Por enquanto né?
Fuzilei ele com o olhar:
- Olha aqui seu filho da puta, se acontecer alguma coisa com a Sophia eu te mato! Tá me entendendo?
Ele riu:
- Só depende de você, Marcela. A segurança e o futuro dela estão nas suas mãos...
Mal ele terminou de falar e saí correndo, desesperada, rumo ao Hospital.
Fim do capítulo
Próximo capítulo em 21/10!
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GMS Em: 21/10/2023 Autora da história
Será que ela vai tomar a melhor decisão?