Tempo perdido
Meus olhos se recusavam a acreditar naquilo. Eu não merecia o que Diana estava fazendo comigo. Todos esses anos fui uma esposa zelosa e me esforcei para que caminhassemos juntas, perdoei todos os males que ela me fez e coloquei os interesses dela sempre acima dos meus. Mas esse era um sinal dos céus para que meu grito de coragem fosse dado e eu abrisse as portas para uma nova vida enterrando de vez o meu casamento fracassado. Caminhei em direção a mesa em que ela estava e posicionei o celular ao seu lado de forma pacifica disse:
- Diana eu vou ser breve porque não tenho mais forças para resistir a isso. Eu vivo falando sozinha. Vou arrumar as minhas coisas e vou embora dessa casa.
Ela se virou de forma ligeira e me encarou olhando entre eu e o celular posicionado.
- Você está louca Tarine? Me questionou.
- Estava, mas agora acordei para a realidade. Eu estava louca quando permiti que você pisasse em mim todos esses anos. Chega!
- Você fica de gracinhas com suas alunas, eu sinto ciúmes e você quer me colocar como errada? Se você não ficasse passando mão em mulher por aí eu não precisava fazer aquilo. A culpa é sua!
Eu não aguentava mais ouvir aquilo! Sempre que tomava uma atitude impulsiva que me machucava ela conseguia contornar fazendo com que eu me sentisse culpada, mas daquela vez eu estava lucida. Me aproximei dela coloquei o dedo em fronte ao seus olhos:
- Vou te falar pela última vez... Respeite o meu trabalho. Eu não sou igual a você. Olha o seu celular Diana. Sua estagiaria está agradecendo pelo momento gostoso que tiveram juntas.
Ela arregalou os olhos, pegou o celular e de repente seu semblante se alterou de surpresa pra ódio:
- Agora você está vasculhando meu celular?
- Vibrou em baixo de mim. Coisa do destino pra eu descobrir sua safadeza.
- Tarine se você fosse uma mulher melhor eu não precisava procurar outras na rua. Sempre que eu quero trans*r você não quer. Reclama demais. Eu te dou tudo que qualquer mulher sonha e você nunca está satisfeita.
Eu estava ouvindo tudo aquilo com um terrível nó na garganta. Eu amei Diana um dia. Como imaginar que aquela pessoa estava escondida dentro dela. Tranquei os lábios com força a ponto de quase ferí-los para não desabar em choro. Eu não sentia a perda de um amor pois o que nos unia era costume, mas sentia a dor de ter dedicado tanto tempo a uma pessoa que nesse momento me destruia como ser humano.
Reuni os cacos do meu amor próprio e fui em direção ao quarto para juntar umas roupas e sair dali. Quando alcancei a mala no closed ela puxou de forma agressiva da minha mão e disse que eu não iria embora. Que tinhamos que conversar. A mala caiu no chão e eu me senti uma inútil. Apesar de toda minha força física eu não tinha psicológico para brigar pela minha liberdade.
- Tarine eu te amo. Você vai acabar com tantos anos de relacionamento por bobeira?
- Diana me deixa ir. Não temos mais nada pra conversar.
- Eu te amo. Vamos passar por cima de tudo isso, vamos fazer uma viagem.
Nesse momento eu já não consegui conter o nó na garganta e só balançava a cabeça em sinal de negatividade enquanto Diana me segurava pelos ombros.
- Tarineolha pra mim. Eu prometo que isso nunca mais vai acontecer. Vamos ter um bebê! Construir uma família. Não é isso que você quis?
Nesse momento não consegui segurar o choro. As lágrimas desciam e uma onda de calor invadiu meu peito. Como ela achava que me prometer um filho seria a saída? Quantas noites sonhei com esse momento, mas em outras circunstancias. Sempre ouvi dela que um filho atrapalharia nossos momentos juntas. E agora ela quis tocar no meu maior sonho para me fazer desistir de ir embora?
- TIRA SUAS MÃOS DE MIM!!!!! EU TE ODEIO
Arranquei forças de onde não tinha e me soltei de seus braços. Com o impulso ela caiu deitada na cama e me olhava com os olhos arregalados. Peguei apenas meu celular e sai de casa sem olhar para trás.
Fim do capítulo
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