Sai daquela casa sem olhar para trás. Lá deixei meus medos e minhas angústias. As palavras de Júlia ainda ecoavam em meus ouvidos, mas em meu coração explodia uma sensação de alívio. Seria esse um sopro de liberdade? 

Liguei para Leandra resumindo a situação e ela pediu que eu fosse até sua casa, pensei em pedir um taxi ou carro de aplicativo, mas caminhar até lá me ajudaria a colocar meus pensamentos no lugar. Caminhei por cerca de 30 minutos. Cheguei na portaria e o porteiro logo me liberou deixando claro que Leandra já me aguardava. Ao chegar em seu apartamento toda suada da caminhada Leandra me recebeu com a metralhadora de perguntas.

- Amiga me explica o que aconteceu? Você está toda suada? O que aquela maluca fez com você? Ela te bateu?

- Calma. Ninguém me bateu. Depois daquele show da Diana eu fui pra casa pensando em conversar, mas descobri outra traição dela. Tomei coragem e terminei. Acabou amiga! Ela me disse coisas horríveis. Disse que me traia porque eu não era boa e tal. Estou tão magoada.

- Aaaaaah Tarine, se olha no espelho! Você se livrou amiga. Aquela mulher não te merecia. Ainda bem que você abriu seus olhos e saiu disso. O que você vivia era um relacionamento tóxico. Infelizmente quando a gente gosta de alguém de verdade é difícil visualizar. Fica na esperança da pessoa mudar, mas pau que nasce torto nunca se indireita. 

- Poxa Lê, ela teve coragem até de me pedir pra desistir de ir embora que topava ter um filho.

- E isso te balançou?

- Não. Senti nojo por ela estar me propondo ter um filho diante dessas circunstâncias.

- Você a ama Tata?

- Definitivamente não. Eu vinha com essa dúvida, mas hoje tenho certeza. 

- Então bora viver gata! Vai tomar um banho, vou separar uma roupa pra você. Vou pedir uma pizza e nem pense em recusar... Hoje você vai sair da dieta. 

Fui em direção ao banheiro e Leandra me alcançou com roupas limpas e toalha. Tomei um banho gelado e me permiti chorar pela última vez por Diana. Naquele ralo descia todo o sentimento que um dia tive por ela. 

Sai do banho e no meu celular havia 23 chamadas perdidas, diversas mensagens de texto que se revezavam em declarações de amor desesperadas e surtos de raiva. Quem era aquela mulher? Como eu pude fechar meus olhos por tanto tempo para toda aquela situação?

Uma chamada perdida da minha mãe. Essa resolvi retornar.

- Oi mãe, sua benção. Você me ligou?

- Oi minha filha, Deus te abençõe. Liguei sim. Está tudo bem?

- Vai ficar mamãe. Eu e Diana terminamos. 

- Ô querida, ela me ligou agora a pouco. Disse que você surtou e saiu de casa. Me perguntou se estava aqui em casa e se eu sabia para onde você tinha ido. 

- Fica tranquila mãe. Estou na Leandra. Se ela ligar novamente não diga onde estou. 

- Como quiser, se cuida filha. Te amo!

- Boa noite mãe. Te amo. 

Após encerrar a chamada com mamãe desliguei o celular, não queria saber nada de Diana. 

Não demorou muito e o interfone tocou. Pensei ser a pizza até que ouvi Leandra falar em um tom ríspido.

- Manda ela ir embora. Não deixe ela subir.

Arregalei os olhos assustada, pois já sabia do que se tratava. 

- Senhor Robson, diga a ela que se não for embora chamarei a polícia. Leandra respondeu ao que o porteiro falava no interfone. Ela não é bem vinda a minha casa!

Leandra desligou o interfone e se jogou no sofá e abrindo os braços. 

- É a Diana. Ela sabe que você está aqui e queria subir pra falar com você. 

- Amiga desculpa estar trazendo problemas pra você. Falei me sentindo culpada por colocar Lelê naquela situação.

- Você não tem culpa de nada disso. Estou aqui para o que precisar. Fica tranquila que essa naja não sobe aqui. E se subir vou recebê-la com uma voadora.

Nesse momento reagi com um sorriso amarelo. Em outros momentos morreria de rir pois Leandra é uma comédia, mas ali eu estava esgotada. ANtes de dormir ainda liguei meu celular. Enviei mensagens para a recepcionista da academia pedindo para cancelar todos os meus alunos do dia seguinte. Eu precisava organizar a minha nova vida. 

Fim do capítulo