CAPITULO 31
CAPITULO TRINTA E UM
NYXS
O cheiro do corpo, da pele, do suor e o som da respiração, que vinha do quarto vizinho, onde a Nara se remexia na cama, estava me sufocando, me deixando louca e com certas partes úmidas só em pensar em como seria estar nua em pelo, com a alfa entre minhas pernas me saboreando, eu não podia ficar dentro do mesmo ambiente que ela, não agora, não do jeito em que estava entrando no cio e louca para trans*r.
— Credo Nyxs! Esse teu cheiro está difícil de suportar, vai correr um pouco, suar para encobrir esse odor, caso contrário aqui na porta vai estar cheio de lobos disputando para copular com a loba no cio ou ainda pior, o lobo mau que dorme aqui ao lado, acordar e tomar a frente dos outros por direito. — Inaê falava baixinho para não acordar o restante das garotas, que dormiam cansadas de tanto nadar e correr na praia. Heloise abriu os olhos e com ela minha tia Iara, pedindo silêncio.
— E eu, como acham que estou me sentindo com essa vontade insana de trans*r? — Me virei para Helô. — Aí nas suas coisas tem vacina inibidora? — Meu corpo iria acabar rejeitando os componentes da vacina para inibir o cio, pois eu vinha tomando as doses antes do prazo.
— Tem a anticion, mas talvez não faça efeito, dado o curto prazo entre uma aplicação e outra, não faz nem um mês que tomou a sua, isso quer dizer que seu tempo entre um cio e outro está ficando muito próximo, vai ter que trans*r, antes que alucine e vá uivar para a lua. — Heloise tinha razão, nós lobas, quando entramos no cio na fase adulta, temos que encontrar um parceiro para aplacar a loucura que ocorre em nosso corpo, isso não quer dizer que estamos apaixonados, é sex* puro e nada mais.
— Eu sei, mas é que estou dando um tempo, para conquistar a alfa e ter minha primeira trans* com ela.
— Impossível, do jeito que você é apaixonada por ela, e está vazando estrogênio por seus poros, se isso acontecer, vai reivindicar a alfa contra a vontade dela e ficar grávida, seu corpo está mais quente do que o normal, sua temperatura basal está muito elevada. — Inaê falava por nossa comunicação olhando para os lados com receio de que alguém acordasse e ouvisse o que estava sendo falado.
— Deve haver outro jeito, venho observando você e a Helô, vocês nunca reivindicaram uma à outra, e vocês se amam. Pode ser que aconteça comigo. — Era pouco provável, mas não custava ter esperança.
— Eu e minha pretinha, temos consciência que nos pertencemos, e que não haverá outras ou outros em nossas vidas, só não completamos o laço, porque temos muita coisa a aprender ainda, antes de ficarmos uma semana fora trans*ndo. — Minha tia distribuía beijos no pescoço da Helô que sorria, ela bateu na minha perna ordenando.
— Agora vá correr antes que seu cheiro acorde a alfa.
Separei um vestido floral claro e coloquei na bolsinha mágica que carregamos, junto a um par de sandálias 1nas que deixam os dedos expostos. Me transformei e corri antes que arrombasse a porta da alfa, implorando para trans*r.
Me vi frente ao chalé da minha vó, minha caminhada me trouxe até a porta dela, talvez querendo companhia de alguém, o momento era inoportuno, lá dentro um casal de lobas estava terminando de trans*r, fiquei com receio de bater na porta, podia ser a Esther que foi buscar sua companheira para dormirem juntas, dei meia volta e já ia saindo.
— Para onde a mocinha pensa que está indo? — Quando me virei, minha avó estava trancando a porta, já pronta para uma boa caminhada, o que me deixou satisfeita.
— Correr para extravasar meus feromônios, que estão me deixando com a temperatura acima do limite e meu sex* inchado. — Nunca escondi nada da minha avó, toda garota tem uma melhor amiga, a minha era minha ela, dona Esther sabe da minha paixão pela alfa desde os meus dez anos, nessa época todas as lobas da reserva eram apaixonadas por ela, que nunca deu a mínima importância para nenhuma de nós, isso minou as esperanças das lobinhas, que foram descobrindo novas paixões, somente eu continuei apaixonada, e quando passei pelo meu primeiro cio e senti o cheiro da alfa, eu soube que sou sua parceira, mas aí começaram os problemas, porque a alfa é laçada com a mãe da Nalum, e até bem pouco tempo esperava ela voltar.
— Venha, vamos dar a volta na ilha, e vai me contando o que te aflige tanto. — Minha avó se transformou numa incrível loba de olhos de duas cores. Corremos toda a ilha enquanto eu abria meu coração para ela, que escutava tudo sem me criticar.
— Tem outra coisa, Esther, ontem na praia, na hora que ela me deu a mão para me ajudar a levantar, foi como se fossemos para o futuro, eu me vi em muitas situações sendo a companheira dela, era como se nos pertencêssemos, e eu me sentia completa.
Só então eu percebi ter feito o que Nara tinha pedido, para manter segredos sobre as asas e tudo mais.
— E a Nara sentiu a mesma coisa? — Ela me olhava de banda enquanto saltava para não pisar em cima de um grauçá, que por infelicidade acabava de sair do buraco que fez na areia, quando viu que não estava só no seu habitat, voltou a se enterrar novamente, nossa corrida passou a ser cheia de cuidados e olhos atentos onde colocava a pata.
— Eu tenho certeza que sim, ela ficou toda sem jeito, mas quando estávamos no mar, a alfa me abraçou de uma forma protetora, e eu venho notando que não é indiferente quando eu flerto com ela, e também nunca mais falou na mãe da Nana. A senhora acha que ela pode me mar algum dia? — Senti quando seu pelo roçou no meu e sua cabeça esfregou no meu focinho, era uma forma de carinho quando estamos na forma de lobos.
— Com certeza, ela vai te amar tanto como nem imaginas, você é incrível garota, corajosa, valente, honesta e respeita as tradições, além de ter um coração maior do que o que cabe dentro desse peito. — Eu vinha tão despreocupada de repente, Esther chamou minha atenção. — Olha quem vem lá.
Levantei a cabeça, seguindo o véu do vento com o nariz empinado, para sentir quem vinha se aproximando, o cheiro entrou pelas narinas bagunçando tudo, trazendo à tona o odor do cio que já estava se dissipando com a corrida, como eu sabia que ela ia sentir, o jeito foi correr para o mar com ou sem tubarão, nadei até longe e voltei nem percebi que minha avó tinha vindo junto comigo, saímos e encontramos minha alfa nos aguardando.
NARA
Por mais que eu desse abertura, Calíope não ficava à vontade para me contar o porquê de seu corpo estar todo cheio de manchas, por mais que tentasse ver de outra forma, tudo me levava a crer que não eram machucados de agressões físicas, longe disso, aquelas marcas eram feitas quando se tinha uma boa trans* e ela tinha passado a noite fora, minha irmã é livre dona das ventas desde os quinze anos, quando foi morar sozinha na França. Pode trans*r com quem bem entender, longe de mim interferir na sua vida sexual, o problema é que estava vendo como ela ficou depois de tudo, calada, arredia sem me olhar na cara e querendo agredir a todo momento sua dupla na guerra que parecia saber mais do que eu.
Esses pensamentos e o cheiro da Nyxs impregnado na minha pele me tiraram da cama antes do sol raiar, fiz um lanche rápido a base de sucos e fui correr na praia na sexta volta, ao longe, avistei duas figuras, não me preocupei, pois sabia quem eram mesmo sem ver.
Elas estavam correndo direto para dentro do mar, entraram e nadaram um bom pedaço na direção contrária a correnteza marítima. Isso servia para despistar os predadores que pudessem estar por perto, aguardei, em pouco tempo minha beta e sua neta saíram da água, andando como humanas.
Nyxs sorriu e os olhos acompanharam no brilho, o sorriso lindo que eu amava, seus olhos não escondiam a emoção, sua-íris crescia com o círculo azul deixando a cor única, me mostrando que ali estava nossa ligação, o símbolo do nosso laço para que eu sempre me lembrasse que nossas almas nos prendiam uma a outra, até o dia em que a morte nos reivindicasse ou uma de nós desistisse do laço.
―Parece que tivemos os mesmos desejos ou para ser mais exata a mesma falta de sono. — Dividia o olhar entre Nyxs e minha beta, que não sorria, mas demonstrava com o olhar o carinho que sentia por mim e sua neta.
―Estava quente para cacete no quarto, resolvi dar umas carreirinhas para amenizar, quando ia saindo encontrei minha princesa na porta, que já ia me chamar.
Nyxs fazia trejeitos levemente com a cabeça e os olhos sem ousar falar, mas querendo que eu entendesse o motivo da minha beta estar com calor, ela falou pelo nosso canal de comunicação.
― Ela estava no maior Love com a Sandy, por isso eu não bati na porta para não incomodar, já estava voltando quando ela saiu.”
Segurei o riso por não querer brigas com minha beta, mas acho que pela maneira como ela nos olhava, ela sabia que de alguma forma estávamos nos comunicando.
―Estava pensando em dar uma examinada nos perímetros, ontem no final da tarde vimos uma coisa que não temos certeza do que vimos.
―As gêmeas chegaram com essa novidade, já fiz a varredura do lado norte ontem mesmo e não achei nada suspeito ou com magia. — Esther falava já tomando a dianteira na corrida.
―Me falaram que queria falar comigo que tinha descoberto, pensei que fosse algo sobre isso. — Tomei a dianteira, correndo livre na forma de loba, com as lobas já quase me alcançando.
―Me alcance lobinha e vou te mostrar. — Esther me ultrapassou, me desafiando como nos velhos tempos na reserva, me chamando para me soltar e liberar os problemas de vez, enquanto corria, se olhasse, dava para ver que ela estava sorrindo, ao mesmo tempo que olhava o perímetro, segui próxima, sem perder a concentração de tudo que nos cercava, depois de um bom tempo em alta velocidade, deixando marcas na areia, que logo se perdiam, lavadas pela maré, eu vi uma rua, começando na areia e seguindo morro acima, mas rua asfaltada, com postes de iluminação ladeando-a e pelo som de música, com muitos bares e casas de shows, no mesmo instante, pisando no início da rua, Esther voltou a forma humana, Nyxs e eu fizemos o mesmo.
―Sou obrigada a dar os parabéns a Celeste, as roupas que ela está produzindo, para quando passamos de lobas a humanas, são lindas e confortáveis. — Esther examinava seu macaquinho estilo militar, que se ajustava como uma luva a suas pernas musculosas. Nyxs estava com um vestido floral, cheio de rosas coloridas, muito curto, bem acima dos joelhos, extremamente justo, com um decote imenso na parte da frente, o que lhe dava um ar de sedutora sem ser vulgar, já o meu era o de sempre; uma camiseta preta regata, para combinar com a bermuda de moletom amarela, com eles eu me sentia livre e a vontade com o novo sex* ganho no rio, nos pés um sapatenis também preto.
O cheiro de comidas diferentes, dançavam no meu nariz, muitos deles exóticos, que não eram do meu conhecimento, eu tinha certeza que muitos eram cozidos como os nativos faziam antigamente; enrolados na palha da bananeira, em um buraco cavado na terra e em cima as brasas incandescentes de uma fogueira uma grande. Farejei porções de frutos-do-mar e pescados cozidos, senti fome e meu estômago roncou confirmando.
NYXS
— Acho que tivemos o mesmo desejo. — Ela me olhava com aquele fogo no olhar, não suportei ficar muito tempo encarando, sem fazer a besteira de me jogar em seus braços, só por isso sorri sem graça e deixei que minha avó assumisse a conversa, enquanto eu ficava babando.
Nara estava estonteante com aquela camiseta, deixando seus músculos e tatuagens expostas, que chamava atenção da mulherada por onde passávamos, para completar aquelas pernas trabalhadas de coxas grossas, musculosas em um calção de moletom, com os cadarços pendurados, eu tinha certeza que por baixo daquele calção não tinha mais nada a não ser o ingresso para o meu paraíso.
— Não sei como não morre de frio com esse vestido curto desse jeito. — No momento em que passamos próximo às barracas que, no fundo, são verdadeiros clubes tomando o espaço da orla, um cheiro avassalador de peixe ao molho dançou em nossos narizes, eu ouvi o estômago da alfa roncar.
Quando a alfa falou eu prestei atenção em meu vestido, estava curto mesmo, mas nada indecente, minhas coxas, que eram grossas demais e ficavam se mostrando. Também vi que minha alfa esfregava as mãos fazendo massagem na pele do braço, ela estava com frio.
— Eu tenho a magia do fogo no sangue, estou sempre quente, veja. — Cheguei bem junto ao seu corpo colando nela, senti algo frio se derramar molhando o meu vestidinho simples na parte detrás, na minha bunda, pulei para frente assustada, olhei Esther segurando um copo vazio que surgiu em sua mão sabe-se Deus de onde, jogando o conteúdo da bebida em mim para cobrir meu cheiro, quando estava me insinuando para a alfa.
— Que porr* é essa Esther, derramando bebida na roupa da Nyxs? e de onde saiu esse copo?
— Eu topei com ela sem querer, e na hora bati nos seus potes de pó e esse apareceu derramando a bebida em mim, mas jaja seca. — Sorri feito a palerma que eu era.
— Quer dar uma parada para comer alguma coisa? Ouvi sua barriga roncando.— Só após falar é que percebi a grande besteira, somente a companheira de uma loba pode agir assim diante as necessidades da sua companheira. Ai que vergonha! Fiquei com vontade de enterrar meu focinho na areia, Esther me olhava como se dissesse a mesma coisa, mas ainda bem que a alfa não percebeu.
NARA
―Eu quero, sim, quando saí tomei somente suco e parece que já derramei todo, ali na praia, correndo. — Um vento frio bateu na minha pele quente, resultado da corrida, passei as mãos nos braços fazendo fricção espantando o frio matinal. — Não sei como você aguenta sair da água e vestir uma roupinha tão curtinha, como esse vestido. — Apontei com os olhos, o micro vestido. Nyxs sorriu e deu meia volta se exibindo.
―Meu elemento é o fogo, assim como uma parte do seu, e como podemos controlar os elementos, estou sempre com a temperatura normal.
―Talvez esse seja meu grande problema, meus elementos são o éter e o gelo, mas o que toma a frente é sempre o frio, porém eu o controlo, todavia se eu me distrair, o vento me abraça.
— Eu distraio você, minha alfa? Sim? Porque vi que estava de olho no meu vestido. — Sem um pingo de vergonha ela chegou bem próxima a mim, esfregando o seu corpo no meu, de brincadeirinha, é lógico, mas era uma cantada e das boas, seus olhos não deixavam dúvidas.
Fiquei engasgada sem saber o que dizer, Nyxs estava me seduzindo na frente da avó dela, isso era uma puta novidade, por mais que Esther soubesse da nossa condição, eu não soube como me comportar no momento.
―Vem, vamos procurar uma mesa, antes que essa garota nos mate de vergonha.
Fim do capítulo
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