Capitulo 24
Nunca Te Amarei -- Capítulo 24
Os joelhos de Luciana tremiam quando Kristen sentou na cama e apoiou-se nos travesseiros colocados na cabeceira.
-- Por favor, tente não gritar. Não quero levar a culpa por acordar toda a família.
Luciana sorriu.
-- Não, não vou gritar. A não ser que me provoque.
-- Você é terrível, Luciana. Está falando como se fosse a vítima.
-- Eu sei que não sou a vítima. Já assumi o erro, pedi desculpa, o que mais posso fazer? -- Luciana sentou-se ao lado dela na cama -- Confesso que foi a coisa mais boba e sem propósito que fiz até hoje.
-- Espero que tenha aprendido a lição. "São necessárias muitas mentiras para sustentar uma".
Essa frase se encaixou tão bem com o que Luciana estava vivendo que ela não conseguiu evitar uma pequena reflexão. Será que não era o momento de falar toda a verdade, independente do que poderá ocorrer depois? Resolveu que sim e começou de forma hesitante:
-- Kristen, eu quero te...
Kristen sacudiu a cabeça, fazendo alguns cachinhos balançar-se na testa.
-- Chega, Luciana. Já entendi tudo.
-- Então estou absolvida? -- ela perguntou com um suspiro de alívio.
-- Eu disse isso?
A pergunta de Kristen a deixou em silêncio por um momento.
-- Vai me readmitir? -- perguntou, olhando para as mãos sobre o colo.
-- Luciana, você não chegou a ser demitida.
Luciana virou-se para olhá-la e ficou estática. Como era bela!
-- Eu tenho uma coisa muito... -- ia, enfim, falar a verdade, mas Kristen a interrompeu novamente.
-- Você também me quer, Luciana -- afirmou Kristen.
Luciana olhava para as belas feições da loira, o coração dela saltava e ela sentia-se enfraquecer de volúpia e desejo.
-- Sim, quero -- Luciana não podia acreditar quão rápido havia se tornado impossível resistir ao que sentia. Ela ansiava pela boca de Kristen, o corpo incendiando de impaciência, avidez e calor. Essa ânsia abafou a voz que no fundo a avisava de que estava fazendo algo errado -- Eu quero muito -- ávida pela boca dela, Luciana puxou-a sensualmente para junto de si e mergulhou os dedos profundamente no cabelo loiro encaracolado, deslizando as palmas das mãos pela pele acetinada.
-- Você me faz desejá-la tanto -- disse Kristen, com voz rouca.
O desejo se apossara de Luciana, naquele momento não havia espaço para orgulho ou medo. Quando o doce prazer que se precipitava se tornou insuportável, ela se entregou completamente. Que se dane a verdade, pensaria nisso depois.
Uma onda de prazer voluptuoso a tomou numa corrente tempestuosa que a deixou abalada pelo deleite da sensação. A liberação explosiva veio acompanhada por um grito, e sua excitação foi aumentada pelos estremecimentos de clímax que as sacudiam simultaneamente. Ainda mergulhada nos choques posteriores ao êxtase e com os olhos fechados, Luciana caiu de volta sobre os travesseiros, segurando o corpo de Kristen junto ao seu.
Kristen a beijou de forma longa, profunda e lentamente e Luciana precisou lutar para recuperar o fôlego.
-- Você tira a minha respiração -- murmurou Luciana, com os dedos sobre a boca sensual de Kristen.
Recostada no travesseiro, Kristen observou-a parecendo muito pensativa.
-- Você finalmente decidiu ouvir a voz do coração?
-- Está dizendo que eu me apaixonei por você? -- os olhos de Luciana reluziram e ela respondeu agressivamente para ela -- Você é muito convencida! -- retrucou Luciana, tensa e na defensiva, sentada ereta na cama, segurando um lençol em volta de si -- Não é só você que faz sex* sem amor. Existem muitas outras pessoas que se deixam levar apenas pelos hormônios.
-- Ah, conta outra -- disse Kristen rudemente, saindo da cama e vestindo a roupa. Tendo andado até o meio do quarto, ela se deteve e voltou-se para Luciana. Seu rosto claro estava impassível e seus olhos brilhantes pareciam decididamente desafiadores -- Sim, Você se apaixonou por mim. Eu sinto isso.
-- Puro fingimento, eu sou... -- ela calou-se, quando um ruído do lado de fora do quarto chamou sua atenção.
-- Luciana, você está dormindo? -- Matilde girou a maçaneta, tentando abri-la.
-- Não... Você quer alguma coisa? -- o coração dela parecia saltar do peito. Pulou da cama e vestiu o roupão.
-- Queria falar com você. Abra a porta.
Desesperada, Luciana virou-se para Kristen.
-- Meu Deus, ela não pode te ver aqui. O que eu vou dizer? -- Luciana olhou ao redor procurando um lugar para Kristen se esconder -- Você vai ter que se esconder.
Kristen olhou para ela por um momento, balançou a cabeça e então se jogou novamente na cama, puxando a coberta para se cobrir.
-- Negativo. Não vou me sujeitar a isso.
Luciana olhou para ela, incrédula.
-- Eu não acredito que você está fazendo isso comigo!
Kristen olhou ao redor do quarto procurando por uma rota de fuga, mas não havia nenhuma e sabia disso.
-- Olhe para o seu quarto, parece uma caixinha de fósforo. Onde eu vou me esconder?
-- Embaixo da cama -- disse, meio impaciente.
Kristen pulou da cama.
-- Nem morta!
Matilde forçou a maçaneta irritada.
-- Luciana, o que está acontecendo? Abre logo essa porta!
-- Vai logo, Kristen -- ela a empurrou e Kristen teve de dar dois passos para trás para se equilibrar.
-- Tá, tá, eu vou.
Luciana esperou até que ela se ajeitasse embaixo da cama para então abrir a porta.
-- O que foi mãe?
-- O que foi, digo eu -- ela disse olhando ao redor, desconfiada -- Porque a demora?
-- Não estava achando a chave -- as pernas tremiam incontrolavelmente quando ela sentou-se na beirada da cama -- Mas o que a senhora quer a essa hora?
-- O seu amigo está lá na sala -- Matilde enfiou as mãos nos bolsos do roupão, parecendo irritada -- Não sei como não acordou com a campainha tocando desse jeito.
-- O Jefferson está aí?
-- Quem mais poderia ser? Só louco para aparecer na casa dos outros a essa hora.
Luciana pousou a mão no ombro da mãe.
-- Por favor, mamãe, pede para ele vir até aqui.
Matilde passou a mão pelos cabelos desgrenhados.
-- Não façam muito barulho -- disse antes de sair.
Imediatamente Kristen saiu do esconderijo.
-- Que droga, me esqueci do Jefferson -- ela pensou um pouco antes de continuar -- Mas que se dane, quem manda te ajudar na mentira -- disse de cara feia.
-- Por que está tão mal-humorada? -- ela perguntou, com um sorriso ousado.
-- Como você esperava que eu estivesse? Acabei de sair de debaixo da sua cama.
-- Está com o rosto todo sujo, senhorita Kristen -- ela disse, rindo, e Kristen olhou-a, erguendo as sobrancelhas.
-- E o que é tão engraçado? -- ela perguntou, depois de abraçá-la por algum tempo.
-- Nada. É que você nem parece a Kristen Patricinha da empresa -- ela riu de novo -- Parece um ser humano normal.
-- É você quem limpa o seu quarto?
Luciana fez um sinal afirmativo com a cabeça.
-- Porque?
Kristen apontou para roupa branca de pó.
-- Preciso responder?
Luciana fez uma careta feia para ela, mas não rebateu o comentário. Kristen apertou-a mais contra si. Luciana sentiu que o corpo dela apertado contra o seu era extremamente inebriante e quando a mão dela a segurou pelo queixo, inclinando a cabeça para trás, Luciana sentiu-se tonta. Não se sabe se foi ela ou Kristen quem começou aquele beijo, mas suas bocas se juntaram, de início suave e divertida, tornando-se aos poucos ferozes.
A porta rangeu e um rosto jovem e bonito surgiu.
-- Posso entrar?
Quando Kristen a soltou, Luciana sentiu as pernas bambas, a boca sensível. Pousou em Jefferson os olhos arregalados, perplexos e reprovadores.
-- Já entrou, né! -- ela disse, cínica.
-- Foi você quem me chamou -- Jefferson olhou para Luciana, depois, para Kristen -- Já demitiu a mentirosa?
-- Jefferson! -- Luciana tapou a boca com a mão, percebendo que havia elevado a voz.
-- Isso, berra mais alto. Esqueceu que a dona Matilde está na cozinha?
-- Calem a boca, os dois -- Kristen perdeu a paciência -- Como vocês são chatos!
Jefferson abriu os braços.
-- Mas você não veio até aqui para isso? Quer dizer que fiquei sentado até agora no corredor pra nada?
-- Sim, eu vim disposta a demiti-la, mas descobri que ela está apaixonada por mim.
Luciana praticamente teve um surto psicótico.
-- Está maluca? Quem te disse isso?
-- Para essas coisas não precisam palavras, a gente sente -- Imediatamente, ela argumentou, cheia de uma convicção enervante.
-- Eu logo desconfiei -- comentou Jefferson, fazendo um trejeito com a boca.
Luciana fuzilou-o com os olhos.
-- Que grande amigo você é, né?
Jefferson balançou os ombros.
-- Prefiro garantir o meu emprego.
Kristen caminhava em direção a porta, porém Luciana a impediu de prosseguir.
-- Aonde pensa que vai? -- ela encostou-se na porta, barrando a sua passagem.
Kristen ergueu as sobrancelhas, surpresa.
-- Vou embora.
-- Você não pode sair, a minha mãe está na cozinha.
-- E daí?
-- O que você acha que ela vai pensar te vendo sair do meu quarto?
-- Vai pensar que nós trans*mos a noite inteira, só isso.
Luciana decidiu mudar de estratégia e ser mais delicada.
-- Kristen, quer que lhe traga uma xícara de café? -- Isso seria um ato inteligente, ela pensou.
-- Tudo bem, eu aceito -- ela respondeu, sentando-se na cama -- Um café cai bem a essa hora.
-- Eu já volto -- Luciana virou-se e saiu.
-- Não se preocupe -- disse Jefferson -- A dona Matilde me disse que vai sair daqui a pouco. Ela vai em uma excursão com o pessoal da Igreja.
-- Imagina se estou preocupada. Não estou nem aí para essa senhora.
Jefferson sentou-se ao seu lado na cama.
-- Pensei que fosse demiti-la.
-- Não tem porque prejudicar o Dudu por causa de uma mentira que não me prejudicou em nada.
-- A Lú precisa demais desse emprego, ela mal consegue pagar a creche dele.
Kristen olhou séria para ele.
-- O pai não deixou nada para o menino? Os avós não ajudam?
Jefferson engoliu em seco. Por sorte a porta se abriu e Luciana entrou, carregando uma grande bandeja com café e sanduíches.
-- Café fresquinho -- ela colocou a bandeja em cima da mesinha e sentou-se na cama -- Quer café, Jefferson?
-- Não precisa, vou tomar lá na cozinha com a dona Matilde.
Kristen esperou Jefferson sair do quarto e fechar a porta para então comentar:
-- Gostaria muito que fosse sempre assim -- disse ela.
-- Assim como? -- perguntou Luciana.
-- Tranquila, sem me dar coice ou empurrões.
-- É só não me provocar. Eu odeio quando você usa aquele cinismo irritante.
Kristen sorriu e tornou a ficar séria.
-- Como ficaremos daqui pra frente?
Luciana hesitou um momento, temendo que o terreno que estava invadindo pudesse ser perigoso e o futuro desastroso.
-- Acho melhor que tudo continue do mesmo jeito.
-- Foi a morte do pai do Dudu que a deixou tão amargurada? Amava-o tanto assim? -- ela perguntou, tomando um gole da xícara.
Luciana estremeceu, por um momento, mas respondeu com firmeza.
-- É um assunto muito delicado, prefiro não tocar no assunto agora.
-- Em outras palavras, quer dizer que não é da minha conta.
Luciana serviu-se de mais café, depois tomou um gole olhando-a por sobre a xícara. Como queria lhe contar a verdade! Virou-se antes que ela notasse qualquer coisa em seus olhos.
-- Não é isso, só acho que não é o momento.
-- Entendo -- Kristen passou a mão pela cintura dela -- Como você pode dizer que as coisas continuarão igual, depois de termos trans*do? Não tem como?
A mão de Luciana estremeceu segurando a xícara.
-- Desculpa se isso a desaponta.
-- Não esperava essa atitude vindo de você.
-- O que você espera que aconteça de agora em diante? Diga-me então o que tem em mente?
Kristen sorriu estranhamente.
-- Estava pensando em namorar com você.
Luciana riu.
-- Não mesmo. Você troca de namorada como troca de roupa.
Kristen esvaziou a xícara, pousou-a na mesinha, se levantou e curvou-se sobre ela, Luciana aceitou a mão dela estendida e levantou-se. Estavam face a face.
-- Será que não consigo fazer você mudar de ideia? -- disse Kristen, puxando-a contra si -- Eu posso ser bem convincente.
Luciana se abandonou nos braços dela e sentiu como se estivesse chegando ao porto seguro depois de uma tempestade em alto-mar. Havia em Kristen uma força que fazia seus braços se enlaçarem por vontade própria em torno do pescoço dela.
-- Eu não duvido -- a pressão quente daquele corpo junto ao seu provocava em Luciana uma resposta que a deixava absolutamente perdida. Como se sua mente tivesse parado de funcionar e ela inteira fosse apenas emoções e sentimentos, fechou os olhos e entregou-se totalmente ao beijo.
Kristen afastou-a um pouco e olhou-a.
-- Qual é essa Luciana que estou beijando? A depressiva ou a cheia de vida que transou comigo?
-- Nenhuma das duas -- ela respondeu, sacudindo a cabeça.
-- Existe uma terceira Luciana?
-- Existe.
-- Poxa, essa outra eu desconheço.
-- Essa Luciana é super secreta, mas logo você a conhecerá -- apesar de falar sorrindo, aquelas palavras eram bem sérias.
-- Hum, não vejo a hora. A Luciana que eu mais encontro é toda razão e nenhuma emoção.
-- Como você é exagerada!
Ficaram abraçadas por longos momentos, apesar de uma voz dentro de Luciana sussurrar que ela não devia estar ali. Porém, sentia quase como se, durante toda a vida, não tivesse nunca desejado estar em outro lugar. Ali, entre os braços da mulher que há poucos dias não era mais que a filha de seu amante e que esforçava-se para manter uma distância segura a fim de não cometer a besteira de ser descoberta. Mas agora, ela estava surpresa com o próprio sentimento.
Fim do capítulo
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patty-321
Em: 15/08/2023
Complicou muito mais pra Luciana. Quando a Kristen souber vai ser o fim do mundo...da Luciana. Ambas estão apaixonadas.
Vandinha
Em: 17/08/2023
Autora da história
Olá patty!
Passando para agradecer pelo comentário.
Beijos.
Vandinha
Em: 17/08/2023
Autora da história
Olá patty!
Passando para agradecer pelo comentário.
Beijos.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 15/08/2023
É Luciana tá difícil.
Vandinha
Em: 17/08/2023
Autora da história
Olá Marta!
Passando para agradecer pelo comentário.
Beijos.
Vandinha
Em: 17/08/2023
Autora da história
Olá Marta!
Passando para agradecer pelo comentário.
Beijos.
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NovaAqui
Em: 15/08/2023
Deveria ter contado
Cada vez se enrola mais
Vandinha
Em: 17/08/2023
Autora da história
Olá NovaAqui!
Passando para agradecer ao comentário.
Beijos.
Vandinha
Em: 17/08/2023
Autora da história
Olá NovaAqui!
Passando para agradecer ao comentário.
Beijos.
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Vandinha Em: 17/08/2023 Autora da história
Olá Mille
Obrigada pelo comentário
Beijos.