Capitulo 25
Nunca Te Amarei -- Capítulo 25
Jaqueline ergueu as sobrancelhas.
-- Não contou a ela?
Luciana meneou a cabeça e suspirou.
-- Sou uma covarde! -- disse, demonstrando arrependimento -- Eu deveria ter contado antes. Agora, ficou difícil.
-- Porque, agora ficou difícil? -- perguntou a amiga, estreitando os olhos.
-- Nós ficamos juntas essa noite -- respondeu Luciana depois de um breve silêncio.
-- Como assim, juntas? -- Jaqueline exibiu um sorriso hesitante -- Não entendi.
Luciana percebeu que Jaqueline a observava detidamente.
-- Nós trans*mos, fizemos sex*... Sei lá...
Jaqueline a fitou com ar pensativo antes de falar.
-- Você é louca! -- foi só o que conseguiu falar.
Jaqueline a observava com tanto intento que Luciana desviou o olhar.
-- Eu sei que não devia, mas...
-- Não devia mesmo! -- a amiga tentou manter a voz calma -- Enfim, agora vai ter que sair dessa imediatamente -- murmurou Jaqueline -- Eu tenho certeza que você não está apaixonada pela Kristen. O amor precisa de tempo para crescer, amadurecer e estabelecer laços entre duas pessoas. Acredito que seja um desejo meramente sexual.
-- Foi quase de momento, como você disse: Um desejo meramente sexual. Ela investiu e eu caí em sua lábia.
-- Isso apenas mostra o quanto você foi imatura. Mais inocente do que uma colegial e estúpida! Agora, tem que corrigir a sua insensatez -- Jaqueline fez uma breve pausa -- Não acredito que queira ficar com uma pessoa que apenas quer se divertir e que não tem nenhum outro interesse por você. Aquilo foi a gota d'água para Luciana. Jaqueline já estava passando dos limites.
-- Bem, nos encontramos para conversar sobre a Donatella e não sobre a Kristen. Não é mesmo? -- naquele momento, não conseguia esconder uma profunda sensação de desagrado.
-- Sim, claro, claro -- ela respondeu depressa. Nisso, o garçom se aproximou, perguntando se já queriam ver o cardápio.
-- sim, obrigada -- disse Luciana, educadamente -- E traga dois cappuccino, por favor. O garçom tomou nota do pedido e se foi.
-- Então, o que você trouxe nesta pasta? -- perguntou Jaqueline, curiosa.
Luciana pegou a pasta e abriu-a.
-- Eu comecei a fazer o balancete do mês passado e encontrei inconsistência contábil. Não consegui prosseguir com o balancete pois, mudei de setor e perdi o acesso às informações -- uma expressão de decepção apareceu em seu rosto -- Mas eu tirei a cópia dos documentos.
O garçom voltou com os cappuccinos e com o cardápio. As duas escolheram o que comer e continuaram com a conversa.
-- Eu também trouxe alguns documentos.
Luciana examinou os documentos de Jaqueline e Jaqueline os de Luciana.
-- Está mais para fraude do que inconsistência contábil -- comentou Luciana com os dentes cerrados de tanta indignação.
-- O dinheiro para o pagamento dos fornecedores foi liberado pelo setor financeiro -- Jaqueline parou e, depois de fazer uma pausa, falou com voz firme: -- A única solução seria convencer Kristen a abrir uma investigação independente sobre as finanças da companhia.
-- Impossível, conhecendo-a como a conheço, ela vai querer pôr tudo em pratos limpos na hora. E aí você sabe, né. Sem provas, nós é que seremos prejudicadas -- disse Luciana, muito séria e preocupada.
Por algum tempo elas ficaram quietas, enquanto o garçom servia o que tinham pedido, Depois, Luciana continuou em voz baixa:
-- Vamos agir com calma. Que tem algo errado, isso é fato. O que temos que descobrir é se é uma fraude ou não.
-- Não tenho dúvida de que é fraude.
-- Eu sei Jaque, mas temos provas?
Jaqueline ia começar a falar outra vez, mas desistiu, fazendo um gesto de derrota e voltando a atenção para a comida que tinha no prato.
-- Você acha que é possível conseguirmos provas convincentes? -- perguntou Luciana, olhando fundo nos olhos de Jaquelina.
-- Nós duas?
-- Sim, nós duas -- ela disse, com firmeza -- Alguém está cometendo uma sucessão de erros com o dinheiro da empresa e o que me deixa mais encucada é o fato de os erros serem tão simplórios que qualquer pessoa com a mínima noção de cálculos pode ser capaz de ver o erro. Podem falar o que quiser do senhor João Vitor, menos que ele é incopetente.
-- O senhor Victor é o único na empresa que tem o poder de aprovar um balancete cheio de inconsistências.
-- Foi o que pensei desde o início -- Luciana ficou remexendo a fatia de bolo de Alpino de um lado para o outro com o garfo. Não conseguia engolir coisa alguma. Estava nervosa demais para sentir fome! Jaqueline também parecia ter perdido o apetite. Reparando que nem uma das duas tocava no bolo, ela falou:
-- Você não tem um saco plástico aí na bolsa, não? -- Jaqueline deu um sorriso.
-- Esse bolo está com uma aparência ótima, vou tentar comer -- engoliu um pedaço de bolo, sentindo que pesava uma tonelada em seu estômago -- Então, o que me diz? Vamos desvendar esse caso?
Jaqueline sorriu e esboçou um gesto positivo com a mão.
-- Só espero não me arrepender.
Luciana voltou para casa às dezoito horas e encontrou Kristen sentada no sofá, conversando com Matilde. O desespero foi tão grande que ela quase pulou pela janela.
-- O que você faz aqui?
Matilde se levantou e caminhou até ela.
-- Isso são modos de tratar a minha convidada?
Luciana olhou-a admirada.
-- Sua convidada? -- perguntou, sem entender nada.
-- Sim, nos encontramos no calçadão e eu a convidei para tomar um café com bolo de chocolate.
Kristen fez uma mesura cínica. Luciana odiava quando ela fazia aquela cara de deboche.
-- Vocês se conhecem? -- perguntou Matilde, desconfiada.
-- Não -- respondeu Luciana.
-- Sim -- respondeu Kristen.
Luciana sentiu-se vagamente envergonhada de si mesma. Então, optou pela verdade. Ou melhor, meia verdade.
-- Nos encontramos algumas vezes -- disse, evitando entrar em uma nova mentira.
-- Hum, como o Rio de Janeiro é pequeno -- resmungou Matilde, sem conseguir esconder a surpresa -- Fique a vontade, Kiss. Vou preparar um café para nós.
-- Obrigada, dona Matilde -- disse Kristen e Matilde acenou agradavelmente, desaparecendo em direção à cozinha.
Luciana suspirou de modo petulante:
-- Francamente Kristen, você poderia ter me contado que conhecia a minha mãe.
-- E você podia ter contado que trabalha em minha empresa.
-- Não mesmo! Eu conheço a mãe que tenho -- seria uma verdadeira tragédia, pensou desanimada.
-- Não se aborreça. Eu só descobri ontem que a dona Matilde é a sua mãe.
Kristen sentou-se no sofá e bateu no lugar a seu lado, convidando-a, mas Luciana sacudiu a cabeça e pôs-se a andar pela sala.
-- Não pense que agora vai ficar frequentando o meu apartamento como se fossemos íntimas há anos.
Kristen não respondeu, pois estava distraída, sorrindo muito, não para ela, mas de um pedaço de papel que tinha na mão. Luciana parou no meio da sala.
-- O que é tão engraçado? -- perguntou, intrigada.
-- Nada -- Kristen tornou a olhar o papel e riu novamente -- Você era bem feinha quando criança.
-- Minha foto! -- Luciana correu para agarrar a foto, mas Kristen a levantou acima da altura dela. Luciana se desequilibrou e caiu sobre Kristen no sofá -- Me dê isso aqui! -- ela gritou -- É particular. Como você conseguiu essa foto?
Kristen escondeu a mão atrás das costas, mantendo a foto fora do seu alcance.
-- Foi a tua mãe que me deu -- ela olhou fixamente para Luciana -- Que mal tem eu ver uma foto sua de infância? -- Kristen perguntou.
Luciana estava indignada, vermelha, procurando manter distância dela.
-- Não gosto que mexam em minhas coisas. Pode me soltar, por favor?
Kristen ignorou o pedido.
-- Deixa de ser ranzinza, não foi assim tão grave quanto as suas mentiras.
-- Já vai voltar ao assunto? -- Luciana a empurrou tentando se livrar do toque dela.
Matilde apareceu com uma bandeja de café e bolo de chocolate.
-- Ainda está tratando mal a minha visita?
Luciana afastou-se, vermelha de vergonha.
-- Estava tentando pegar a foto que a senhora deu para ela ver.
Matilde colocou a bandeja sobre a mesinha à frente de Kristen.
-- Qual o problema dela ver você banguela?
Luciana queria morrer. Matilde pegou o bule e começou a colocar café nas xícaras.
-- Eu não sei se a Kiss contou para você, mas foi ela quem salvou o Eduardo de se afogar.
A surpresa foi tanta que Luciana só conseguiu abrir a boca e arregalar os olhos, incrédula.
-- É isso mesmo, foi você?
Kristen balançou a cabeça, confirmando.
-- Eu mesma.
Luciana sorriu, agradecida e intrigada. Não acreditava muito em coincidências, mas com relação a Kristen e Eduardo, chegava a ser assustador.
-- Obrigada, serei grata a você pelo resto de minha vida.
Kristen sorriu.
-- E por falar em Dudu, aonde ele está.
-- Foi ao cinema com a Laura -- Matilde sorriu docemente para Kristen antes de sair na direção da cozinha.
-- O que você tem que faz com que as mulheres se sintam tão protetoras com você? -- perguntou Luciana brevemente -- Francamente, mamãe está tratando você como a filha preferida -- ela fez uma careta -- Você não me parece precisar de proteção!
Kristen sorriu e pegou a xícara que ela lhe estendia.
-- Não seja ciumenta! -- comentou zombeteiramente.
Luciana levantou os ombros, aborrecida, antes de colocar uma fatia de bolo no prato.
-- Ciúme? Até parece -- ela fez uma careta enquanto levava a xícara aos lábios -- Bem, de qualquer forma -- continuou, depois de tomar um gole de café -- Por que você está aqui? Tenho certeza que não é por causa do bolo de chocolate.
Kristen curvou-se e pôs um pedaço de bolo na boca.
-- Claro que é, adoro bolo de chocolate -- ela suspirou e colocou a xícara de café sobre o pires.
-- Tá, conta outra -- ela disse, incrédula.
Kristen segurou o pulso dela.
-- Tá bom, eu conto. Vim aqui porque estou com vontade de dar um beijo em você. Seus olhos mentem -- ela observou -- Você gostou dos beijos tanto quanto eu.
-- Talvez sim, talvez não -- ela tentou sorrir -- Quer me soltar, por favor?
-- Só depois de ganhar um beijo -- ela disse, beijando-a com vigor.
Luciana finalmente conseguiu se libertar e levantou-se. Naquele momento, a porta da cozinha foi aberta e Kristen olhou para a mulher que entrou na sala.
-- Dona Matilde, o bolo estava delicioso -- ela beijou levemente o rosto da senhora -- Tenho que ir.
-- Mas é cedo!
-- Tenho um compromisso. Muito obrigada pelo café e pelas outras coisinhas também -- ela falou antes de sair. A raiva imediata de Luciana a fez rir.
Luciana ficou sozinha, sentindo uma instantânea saudade daquela mulher irritante.
Na manhã de domingo, ela entrou na cozinha ainda sonolenta.
-- Quer café, mana? -- perguntou Laura.
Ela demorou um pouco para responder, jogando-se pesadamente na cadeira.
-- Obrigada -- disse, com a voz mole.
-- Está acordada?
-- Hum, hum. Pode falar.
Laura encheu a xícara de Luciana antes de falar.
-- Por sua causa me transferiram para outro setor.
Luciana levantou a cabeça para encarar a irmã.
-- O que?
-- É isso mesmo que você ouviu. Fui transferida para o setor financeiro -- ela comeu um pedaço de bolo e fechou os olhos -- Caramba, que delicia! Mamãe se superou.
Luciana fez uma careta.
-- Ela caprichou porque era para a nova queridinha dela.
Laura inclinou a cabeça e olhou, curiosa, para a irmã.
-- Quem é essa queridinha?
Luciana comeu um pedaço de bolo antes de responder:
-- Não caia da cadeira -- ela balançou a cabeça, colocando o garfo no prato -- A Kristen.
Laura arregalou os olhos e olhou fixamente para a irmã.
--Tá brincando! Como essas duas se conheceram?
-- Incrível né. Às vezes acho que o universo conspira contra mim -- fez um gesto desanimado com as mãos -- Enfim, depois conversamos sobre esse assunto. Fale mais sobre a sua transferência de setor, você não faz ideia de como a sua ida para o setor financeiro, vai ser importante para nós.
Luciana tinha acabado de sair do banho quando o telefone tocou.
-- Olá minha deusa, está em casa? -- perguntou Jefferson.
-- Acabei de sair do banho. Porque? Está tudo bem?
-- Não poderia estar melhor! Estou tão contente por ter vindo morar em Realengo! Sua ideia foi maravilhosa.
Era bom notar a alegria na voz do amigo. Ela havia sugerido que o amigo alugasse um apartamento em um bairro mais próximo da empresa e ele enfim, conseguiu.
-- Que bom amigo, estou muito feliz por você.
-- Você me ajudou demais, não esqueça que foi graças a você que consegui a promoção.
-- Ah, bobão!
-- Estou ligando para convidar você para a inauguração do meu apartamento. -- Agora?
-- Agora mesmo. Você não recusaria um convite desse amigo querido, não é?
Luciana não teve coragem de recusar o convite do amigo, ele estava tão feliz.
-- Tá bom. Vou me vestir e logo chegarei em seu apartamento. Beijos.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 19/08/2023
Acho que tem treta nessa inauguração do AP. Tem dedo de Kristen aí kkkkkk.
Vandinha
Em: 28/08/2023
Autora da história
Será Marta?
Abraços.
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Mille
Em: 17/08/2023
Olá Vandinha
A Luciana querendo descobrir os podres kkk mais encrenca
Dona Matilde gostando da Kristen mais acho que não sabe o sobrenome dela.
Bjus e até o próximo capítulo
Vandinha
Em: 28/08/2023
Autora da história
Olá Mille.
A dona Matilde desconhece o fato da Kristen ser filha do Arthur. Quando ela descobrir, com certeza, vai dar ruim.
Abraços.
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Vandinha Em: 28/08/2023 Autora da história
Olá patty
Sim e até quando ela negará?
Abraços.