Capitulo 10 - Para onde foram os céus azuis?
Após um longo resto de turno de plantão tentando resolver conflitos internos enquanto operava, Anabê se sentia completamente esgotada. Com um trânsito um pouco mais congestionado do que o normal, resolveu ligar o rádio de sua Jaguar para saber as notícias do dia.
“A Defesa Civil alerta: Região da Grande São Paulo sob risco de passagem de ciclone extra tropical em até 24 horas. Chuvas intensas são esperadas. Risco de granizo.”
Ana Beatriz sabia que isso significaria pronto atendimento cheio, e precisariam de toda ajuda possível para gerir os pacientes do hospital. Assim, deu meia volta e retornou ao seu local de trabalho antes que a chuva apertasse.
✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧
Conforme combinado, Luiza foi até o apartamento de Daniela no fim de tarde de Domingo para finalizarem a montagem do trabalho para apresentação. Pela janela do 3º andar, a jovem Gutierrez assistiu as nuvens se formarem e a ventania ficar mais forte enquanto a colega formatava os slides.
- Essa chuva está um caos. As ruas estão começando a alagar. – Luiza então sentiu seu celular vibrar com a chegada de algumas mensagens. – Minha mãe está mandando no grupo que é para cancelarmos as atividades presenciais de todo os departamentos amanhã, parece que está passando um ciclone na região, por isso a ventania.
- Eu não recebi nada ainda no grupo da Travel-Tier. Se bem que o diretor da sede faz dias que não fala nada, quem tem se pronunciado por ele é o vice. – Daniela ficou reflexiva por alguns segundos. – Espera, se duvidar você sabe mais do que eu, por acaso tem alguma notícia dele?
- Não... – Luiza engoliu a seco. Não queria revelar que seria a próxima diretora da empresa.
- Ah, só porque eu falei. O vice acabou de mandar mensagem cancelando as atividades presenciais amanhã também.
- Nós já finalizamos os slides, né? Vou mandar mensagem para meu motorista vir me buscar.
- Com a chuva desse jeito? Acho meio arriscado.
Mesmo assim, Luiza enviou a mensagem, sendo respondida alguns minutos depois.
“Srta. Luiza, a Sra. Cecília dispensou toda frota de motoristas na tarde de hoje devido aos riscos de chuva. Não poderei buscá-la por ordens dela. Desculpe o transtorno.”
Após tentar outras alternativas, Luiza ligou para Cecília.
- Mãe, como vou fazer para voltar para casa? Não estou conseguindo achar nem carro por aplicativo e já tentei ligar para três empresas de táxi e nenhuma atende!
- Não posso liberar nossos chauffeurs, Luiza. As chuvas pioraram exponencialmente desde a hora do almoço e a velocidade do vento atingiu níveis perigosos. Você está em um local seguro?
- Estou sim, no apartamento da colega que vai apresentar o seminário comigo.
- Então permaneça aí até a ventania diminuir.
✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧
Com dificuldade, Anabê chegou a tempo de estacionar o carro e voltar correndo ao hospital. Encharcada pelos poucos segundos que tomou chuva, tomou um banho quente no vestiário e pegou seu pijama privativo. Observou o armário ao lado, de Paloma, e viu que o cadeado não estava lá, significando que provavelmente estava vazio e ela havia ido embora, trazendo certo alívio para a cirurgiã. Andou pelo corredor do centro cirúrgico e, pela janela de vidro, viu Dennis no meio de uma cirurgia. Não quis atrapalhá-lo, e saiu do centro direto para o quarto de plantonista, onde se recostou na cama e logo pegou no sono.
Em menos de uma hora, Dennis já havia terminado a cirurgia, e, após tentar ligar para Anabê sem sucesso, teve a sorte de uma das enfermeiras tê-la visto entrando no quarto.
- O que você ainda está fazendo aqui, amor? – Perguntou o cirurgião, ao entrar.
- Hm? – Ana Beatriz coçou os olhos, acordando.
- Você não ia voltar para casa?
- Eu estava indo, mas estamos com alerta da Defesa Civil sobre um ciclone. Achei que seria mais útil aqui no hospital.
- Passei o dia ocupado, nem vi esse alerta. – Dennis suspirou – Então pelo jeito vamos ficar por aqui.
- Pois é. Quer jantar na cafeteria?
- Eu estou sem fome... comi uma barra de cereal logo após a cirurgia.
- Barra de cereal não é jantra, Dennis!
- Eu não estou com fome. Se eu estiver, pego algo da cafeteria, oras.
- Nossa, está bem. Quer dormir aqui comigo? Tem espaço para nós dois.
Dennis parecia não prestar atenção. Estava mais atento às mensagens de seu celular.
- Amor? Dennis? Não quer descansar um pouco?
- Hm? Oi? Ah. Eu estava checando aqui nos grupos. Parece que alguns residentes e internos ficaram no hospital também. Vamos ter que providenciar alguns leitos para eles dormirem.
- E se chegarem pacientes?
- Vamos tirar alguns colchonetes do almoxarifado. – Sem ao menos se despedir, Dennis, com uma expressão preocupante, retirou-se do quarto, deixando Anabê sozinha.
✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧
Conforme a chuva e os ventos pioravam, Luiza não tinha outra saída senão esperar. Já que provavelmente passaria a noite ali, Daniela resolveu improvisar na cozinha e preparar um jantar rápido. Picou alguns legumes para uma salada caprese para acompanhar um prato com carne ao shoyu.
- Pode pegar duas velas ali na gaveta no canto inferior? – Disse Daniela, apontando para o armário.
- Vai ser um jantar à luz de velas? – Luiza perguntou, brincando.
- É que pela intensidade dos relâmpagos e trovões, logo cai algum raio em algum lugar crítico e a gente vai ficar sem luz. Já aconteceu isso uma vez.
Pois foi Luiza acender as velas, ouviu-se um estrondo de raio e logo em seguida, as luzes se apagaram.
- Olha que eu vou achar que essa queda na energia foi combinada para isso parecer um date, hein... – Luiza provocou, jocosamente.
- Engraçadinha. – Dani revirou os olhos. – Deixa a Yanina saber dessas coisas que você fala.
- Não sei se ela e eu vamos dar certo. Não sei nem se vamos começar a namorar sério. – Luiza suspirou.
- Por que não?
- A vida dela é estar em comemorações, festas dos colegas de elenco, aparecer em clubes e ganhar dinheiro com a aparência.
- Viver de festas não é seu hobby?!
- Sim, mas... Não consigo acompanhar a vida de uma atriz em ascensão. Muito exposta aos holofotes.
- Foi você que saiu em capa de revista esse ano como a lésbica bachelorette mais cobiçada do Brasil...
- Eu sei, Dani, eu sei. Mas às vezes penso no que minha mãe fala... que eu posso me divertir, mas preciso focar no que é essencial.
- E o que é essencial?
- Aprender o máximo que a dona Cecília tem a me ensinar sobre o Grupo Gutierrez. Agora, mudando de assunto, e você e Ayla? Semana passada você não parava de falar dela, agora você mal tocou no nome dela...
- Se eu te falar, promete não dar risada? – Dani perguntou, enquanto tirava uma garrafa de vinho branco da geladeira desligada pela queda de energia.
- Falar o quê?
- Ayla ficou brava porque chegou até ela que você estava dando em cima de mim na festa.
- Oi? É sério isso?
- Sim. Acho que nos viram bêbadas na festa conversando antes da Yanina chegar e alguém deve ter comentado com ela. Coisa mais idiota.
- Nossa, sério me desculpa, nem eu lembro do que eu falei. Se eu falei qualquer coisa além da conta, por favor me perdoe.
- Relaxa, você não ultrapassou nenhum limite. As pessoas que são maldosas. Ayla resolveu dar ouvido a elas e nós meio que “terminamos”. Digo, nem sei se considero um término, nós nem namorávamos. – Dani ofereceu um copo preenchido até a metade com o vinho retirado da geladeira, no que Luiza virou de uma vez. – Nossa, que pressa é essa?
- Sede. E temos que beber antes que fique em temperatura ambiente. Enche até o fim dessa vez, por favor.
- Por acaso está querendo ficar bêbada aqui em casa?
- Não se fica bêbada de vinho branco.
- Não do tipo de vinho branco que você bebe. Esse aqui é etanol puro.
- Então manda mais que gostei do sabor dele. Onde vende desses?
- Em qualquer mercado de esquina que você pisar! – Daniela riu enquanto bebia. – Ai droga! Derrubei na blusa.
- Eu que já virei um copo e você que já está bêbada sem coordenação motora. – Luiza riu também.
- Tampa o rosto, por favor. Ou vira de costas. – Daniela tirou a blusa manchada, ficando apenas com um sutiã lilás, e logo foi passar detergente sobre a mancha.
- Você poderia ter tirado a blusa no seu quarto ou no banheiro. – Luiza respondeu, de rosto tampado.
- Se eu limpar rapidamente, a mancha não seca, daí é menos trabalho para lavar depois. E eu estou vendo você espiar!
- Eu não tenho culpa! Fora que somos adultas e eu preciso terminar de beber meu vinho.
- Eu tenho vergonha! – Dani se cobriu com os próprios braços, deixando a blusa sobre a pia. – Vou pegar outra blusa no quarto, já volto.
No que Daniela voltou para seu quarto, utilizando a luz do celular, cuja bateria já estava quase acabando, começou a procurar por uma blusa em seu guarda-roupas. Ao que procurava entre os cabides, ao encontrar uma blusa adequada, foi surpreendida por Luiza atrás da porta aberta do móvel.
- Que susto, menina! – Disse Dani, deixando a blusa cair no chão. – O que raios você está fazendo aqui?
Luiza não disse nada. Tirou o celular da mão de Dani, colocou-o em cima da escrivaninha ao lado e, encarando-a à meia luz, puxou-a para um beijo. Sem compreender, porém com o coração disparado, Dani retribuiu movendo seus lábios de acordo, enquanto seu sutiã era pressionado contra o busto de Luiza.
Aos poucos, Daniela foi se entregando, colocando seus braços ao redor do pescoço da jovem Gutierrez. O beijo foi esquentando, até Luiza empurrá-la para a cama. Os beijos foram transferidos para o pescoço de Dani, direcionando-se para o sul, encontrando a abotoadura frontal do sutiã. Com destreza incomparável, Luiza o abriu, deixando Daniela nua da cintura para cima. Percorrendo o seio, Luiza foi até a região do zíper da calça de Dani, o qual abriu rapidamente, puxando-a com o consentimento da colega de classe. Gutierrez então voltou para a sessão de beijos, dessa vez na parte interna das coxas de Dani, provocando-a perto da região da calcinha de seda. Passando a língua sobre o tecido, Luiza percebeu que Daniela já estava bem excitada. Puxou a peça de roupa para o lado e introduziu sua língua entre os lábios menores inferiores, fazendo Dani se contorcer ao primeiro contato.
Após se dedicar incontáveis minutos, tomando seu tempo para reconhecer cada ponto sensível de Daniela, Luiza cuidadosamente retirou sua língua para introduzir dois dedos, provocando os mais diversos gemidos, desde delicados até intensos e envolventes, a ponto de, em determinado momento, Daniela começar a sentir suas pernas trêmulas, sua respiração completamente ofegante, e suas contrações involuntárias típicas de um clímax.
✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧ ✧✧✧✧✧✧✧
Algumas horas de soneca, e Ana Beatriz acordou com o chamado de uma das enfermeiras. O setor de emergência estava começando a lotar e os residentes estavam ocupados cuidado das múltiplas vítimas do trânsito caótico ocasionado pelo ciclone. Anabê, para se mostrar útil, iniciou o atendimento intra hospitalar de diversas vítimas, aplicando o ABCDE do trauma, fazendo a estabilização cervical, checando as vias aéreas, qualificando e checando a respiração, circulação, neurológico e demais funções.
Já era madrugada quando o pronto atendimento deu uma aliviada, e Ana Beatriz foi procurar por seu noivo. Dirigiu-se ao centro cirúrgico, onde procurou por todas as salas de operação, mas não o encontrou. Percorreu a cafeteria, nada. Sem permissão, resolveu entrar no vestiário masculino, e lá encontrou Dennis deitado em um dos bancos, utilizando um pijama privativo amassado como travesseiro.
- Amor, por que está dormindo aqui? – Ana Beatriz o chacoalhou.
- Hã? Bom dia... já é dia?
- Não, é madrugada ainda. Não quer dormir comigo no quarto de plantonista?
- Não. – Dennis respondeu seco, desviando o olhar.
- Está tudo bem? Você está estranho.
- Está sim. – Dennis continuou evitando olhar para a noiva.
- Não está não. Tem alguma coisa errada.
- Quer mesmo conversar agora?
- Quero.
- Vamos procurar uma sala vazia. Não quero que ninguém escute isso.
Temerosa, Ana Beatriz aceitou e o seguiu pelos corredores do hospital.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Marta Andrade dos Santos
Em: 01/08/2023
Eita, ele ouviu a conversa da Anabe com a terapeuta.
Gaya
Em: 30/07/2023
Hallooooo autora!
Dennis estranho?
Não por ter ouvido Anabê. E sim por ter seus próprios fantasmas.
À mim ele não passa se um ser usurpador!
"Serra Fox" em todos os sentidos!
Dennis, um inergumeno ocioso por benefícios! No caso, o poder sobre determinada área do hospital.
Diferente da Anabê que é a dona " literalmente!
Quando Anabê irá abrir os olhos, porque o core dela sabiamente já sabe o que quer?
gutierrezfamily
Em: 30/07/2023
Autora da história
“E sim por ter seus próprios fantasmas”
Ótima frase! Creio que seu comentário fará muito sentido no próximo capítulo que postarei ainda hoje!
[Faça o login para poder comentar]
Mille
Em: 29/07/2023
Oi autora
Acho que o Denis escutou a conversa da Ana no telefone e ela admitir que se apaixonou pela Carmelia.
Lu atacando a Dani kkkk
Bjus e até o próximo capítulo
gutierrezfamily
Em: 30/07/2023
Autora da história
A Lu atacando a Dani finalmente kkkkkkkkkkkk até eu quando estava escrevendo a história pensei “finalmente, já era hora!”
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]