Capítulo 2 – Vontade de ir embora
Estávamos eu e mais dois enfermeiros na sala quando o médico chegou com um ar cansado, perguntando como estavam todos por ali, olhou os exames e prescreveu medicação, deu alta para alguns pacientes que estavam apenas de repouso, depois disso foi embora.
Estava cansada também, virei aquele plantão para aproveitar melhor o dia seguinte, olhei o relógio, quase no meu horário quando entrou alguém na sala e falou comigo:
– Estão te chamando na emergência, Beatriz.
Reconheci a voz e reverei os olhos antes de encará-la, raramente me irritava com as pessoas, mas estava ali uma longe de ser amigável, além de ser desprezível, não gostava da pose dela. Líder do bando que perseguia a mim e a Sofia pelo hospital, criava casos e inventava mentiras, por isso procurava evitar sempre que a via, mas isso era impossível onde trabalhávamos, notícias ruins para mim era sempre ela quem trazia, então coisa boa não era, perguntei:
– Sabe pelo menos me dizer do que se trata? – Já sabendo a resposta.
– Não faço a mínima ideia do que seja, só me mandaram chamar você.
– Obrigada!
Virei de costa para ela fazendo careta para os meninos que estavam ali comigo, os deixei rindo e fui em direção ao elevador, praticamente me arrastando, meu plantão estava acabando e acabando comigo junto, encostada esperando o elevador chegar, avistei Sofia que estava vindo em minha direção com um sorriso encantador, meu humor melhorou é claro, ela estava com alguns prontuários na mão, perguntou:
– Onde você está indo, não me diga que vai fugir do hospital?
– Estou indo na emergência me chamaram lá, deixe-me te ajudar.
– Obrigada! – Sorri pegando alguns prontuários de sua mão. – Espero que não seja nada muito grave.
– Eu também.
Entramos no elevador, fomos conversando sobre nosso dia, o elevador parou e mais uma pessoa entrou, essa nem olhava para nós, também nem fazíamos questão, continuamos conversando e sorrindo, sendo ignoradas e ignorando a mesma, o elevador parou novamente, ela desceu e continuamos conversando parou no próximo andar entreguei os papéis a ela que saiu me dando um beijo no rosto, segui para o meu destino.
Depois de resolver um pequeno problema com os prontuários na emergência, voltei para o repouso para terminar o meu relatório, estava sentada e quase cochilando, o telefone tocou, não costumava atender o celular em horário de serviço só atendi mesmo porque era Sofia.
– Oi, amor, aconteceu alguma coisa?
– Não, só liguei para saber se você está saindo para irmos embora juntas?
Olhei para o relógio, já passara da minha hora, aquele plantão estava pesado e o cansaço tomava conta, respondi:
– Estou saindo, só vou passar no vestiário pegar minha bolsa e sair, pode esperar mais um pouco?
– Claro espero você no carro.
– Obrigada, amor, até daqui a pouco.
Guardei o celular sorrindo feliz como sempre, estava preparando com a ajuda de alguns amigos uma surpresa para ela, o dia seguinte seria muito especial, iríamos completar um ano juntas e estava tudo combinado, eu não iria trabalhar na manhã seguinte, mas Sofia teria que ir, o tempo suficiente para terminar minha surpresa. Era quinta e o final de semana seria maravilhoso.
Guardei meu relatório depois de assiná-lo, dei um tchau geral e fui pegar minha bolsa seguindo para o carro, mesmo com o cansaço a alegria estava estampada em meu semblante, Sofia era capaz de arrancar o melhor de mim apenas com um sorriso, seguimos para casa com ela dirigindo, estava praticamente cochilando com meu braço apoiado na janela e com a cabeça encostada no acento, mesmo assim não conseguia deixar de sorrir, senti um olhar penetrante sobre mim seguido de uma pergunta:
– Por que esse ar alegre Bia, está sabendo de algo que não sei?
– Só estou pensando, meu amor, só pensando.
– Um beijo pelos seus pensamentos.
Segurou minha mão e levou nos lábios beijando, sorri acariciando o rosto dela sussurrando:
– Você é uma tentação sabia? Mas, saberá em breve do que se trata e poderá me dar quantos beijos você quiser.
Sorri voltando a fechar os olhos e ela ainda me olhava atravessado sabia que estava me avaliando, mas não disse mais nada, acelerou o carro e seguimos até em casa em silêncio, entramos na garagem, percebi que ela estava séria, descemos e seguindo para casa e mais uma vez ela perguntou:
– O que você está aprontando, Bia?
Segurei nas mãos dela levando até meus lábios a beijando, sorri e a abracei forte enquanto entrávamos em casa, e como ela não desistia nunca, perguntou novamente:
– Não irá me contar nada mesmo, não é?
Sentei no sofá com os pés em chamas colocando-os para cima fazendo careta, Sofia era de uma curiosidade extrema, não se sentia bem com surpresas, sorri não dizendo nada, daquela vez eu estava disposta a não contar nada, nada mesmo nem por sobre tortura, teria que me segurar por um dia somente, ela se sentou em meu colo segurando meu rosto e me olhou profundamente, dizendo:
– Está aprontando alguma coisa e eu quero saber do que se trata.
– Porque você é assim, amor?
– Sabe que sou curiosa Bia, por que esconde as coisas de mim?
– Não escondo nada de você, amor... – a puxei para mim, distribuindo beijos intercalando entre seus lábios e rosto, descendo para o pescoço.
Decidida a tirar alguma coisa de mim, segurou em meu rosto me beijando profundamente, a segurei pela cintura aproximando mais seu corpo ao meu, na noite passada não a tive em meus braços, estava desesperada pelos lábios dela e com saudades do seu corpo colado ao meu, dos beijos dela, apesar de trabalharmos quase na mesma área e de estar acostumada com os plantões repentinos eu nunca me sentia bem longe dela.
Precisava de um banho com urgência para tirar o cansaço de meu corpo e aproveitar mais aquele momento com ela, soltei das tentações de seus lábios e do abraço apertado que ela me dera, joguei a cabeça para trás precisava descansar meu pescoço estava doendo, sussurrei:
– Amor, preciso de um banho bem quentinho para relaxar meu corpo.
– Você não vai sai daqui até me contar o que está aprontando.
– Oh, meu amor, podíamos estar na cama nos curtindo um pouco e você prefere ficar aqui – sorri a provocando – não vou contar nada para você dessa vez e terá que se controlar, só saberá alguma coisa na hora certa, agora deixe-me ir tomar um banho, por favor?
Fiz cócegas e a tirei de cima de mim deitando-a no sofá, dei-lhe um beijo rápido e corri para o banheiro, precisa tirar aquele cansaço do meu corpo, entrei no box e deixei a água correr pelo meu corpo, mas não demorou muito ela veio se juntar a mim.
No olhar um brilho já conhecido meu, desejo e raiva ao mesmo tempo, acontecia sempre quando ela queria mais de mim, quase sempre conseguia tirar minhas forças e arrancava tudo o que queria, estremeci, pois ela sempre conseguia, aproximou-se me provocando, me abraçando tentando meu corpo, respirei profundamente e sussurrei:
– Está tentando me seduzir mocinha?
– Não faço ideia do que está falando, meu amor, vim apenas tomar banho.
– Sei...
Fim do capítulo
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