Capitulo 20
Bruna
Não consigo mensurar a você o quão ansiosa eu estou para esse Final de semana, apesar de eu estar sem ver a Flávia desde quarta, no incidente ridículo da Mayra, eu me sinto cada vez mais próxima a ela e com mais entrosamento. Ontem mesmo ficamos duas horas no telefone conversando, jogando papo fora, nos insinuando. Estou cada vez mais encantada com ela.
Parece uma coisa tão boba, mas estou parada na porta do meu guarda roupa, com todas as portas abertas, sem ter uma roupa que eu fale: é essa. Qual roupa será que a Flávia vai gostar? Hoje vai ser o happy hoje com a Lana e o Edu, que chegaram essa semana do Canadá. Eles são uns amores e gosto tanto deles. Estou ansiosa por apresentar a Flávia para pessoas tão especiais, por ser nossa primeira saída de casal, por todos os laços que estão se estreitando. Depois de tanto tempo eu estou finalmente me sentindo viva, leve, amada.
Na última vez que nos vimos pessoalmente eu tinha acabado de sair de uma reunião de alinhamento após eu voltar de São Francisco. Foi uma reunião tecnicamente tensa e mais ainda emocionalmente. Na noite anterior, dia que voltei dos EUA eu já tinha brigado com o meu padrinho, o Antônio ficou puto comigo por eu ter raspado a lateral do cabelo é mais ainda por eu não ter voltado a namorar a Mayra, como se essa escolha estivesse no mérito dele.
Mas o dia seguinte foi bem pior. O editor chefe da filial em São Francisco não está seguindo muito nossas diretrizes, e é essencial que o grupo Doi notícia esteja alinhado em pensamento e em modo de escrita. Sempre que volto de viagem temos essa reunião, eu, Mayra, Antônio, alguns acionistas e os editores de seção. A imagem de um jornal se faz em pequenos e em grandes detalhes, como a mesma letra, mesma mensagem e pensamento.
A Flávia tinha dormido aqui em casa, depois de uma conversa firme e importante que nos colocou no patamar de namoradas, mesmo que tenhamos deixado o título sem nome. Mas acredito que definir exclusividade garante esse patamar. Não trans*mos naquele dia, na verdade em nenhum dia, mas depois da merd* que fiz lá nos EUA, acho que aprendi que a Flávia terá o tempo de descoberta dela e se eu realmente gostar dela como estou sentindo agora, devo segurar e não forçar nada, dar um tempo a ela.
Enfim, nem era sobre isso que eu iria falar, ela tinha dormido aqui. Só dormido, apertando meus peitos e me enchendo de cafuné, quase fazendo eu subir pelas paredes. No dia seguinte ela estava bem melhor da crise de enxaqueca, então aceitei a carona dela até o jornal. Fica a dica que adoro andar na garupa da moto, segurando nela. Ela me deixou no jornal, tudo parecia que tinha passado, que seria um dia livre, claro, limpo, mas só achei, no final foi um dia de caos, de dor e de mágoa.
Assim que o elevador abriu, eu percebi que a energia daquele espaço estava pesado. A sensação de tensão e adrenalina das pessoas falando, papéis voando e as ideias queimando, que sempre me dá prazer, hoje não me deram essa sensação. Me deu um aperto no peito, uma pontada. Era como se a cada passo alguém me olhasse, me julgasse, por mais que ninguém estava diferente do habitual.
Eu cheguei com calma e entrei na minha sala. Nem dois minutos depois a Drica, minha assessora de imagem e designer, amiga, entrou na minha sala, agitada.
- O que está acontecendo? - ela me perguntou antes do bom dia ou qualquer outra coisa. Depois olhou pra mim, sentando na cadeira à minha frente e soltou - adorei o cabelo raspado, combina com você. Aconteceu alguma coisa?
- Não sei cara, cheguei aqui e senti um clima pesado. O que aconteceu?
- O Antônio e sua namorada estão reunidos na sala dele. Chegaram aqui antes de todo mundo. E todos bem sabem que quando isso acontece vem demissão ou sacrifício de nós pobres mortais.
- Aí pai. Só os dois Drica?
- Sim, só eles. Achei estranho você chegar só agora. Sua mulher está furiosa e ele com poucos amigos.
- Acho que todos podem ficar calmos, talvez a desempregada da vez seja eu. Os dois estão putos comigo.
- O que você fez? Você acabou de chegar de São Francisco. Ah, rola um boato aqui no jornal que a maromba faltou aqui pra ir te buscar lá. É verdade? - os olhinhos castanhos da Drica até brilhavam de ansiedade pela notificação.
- É verdade, mas eu não voltei com ela.
- Isso por si só já é um problema?
- A história é um pouquinho pior que isso.
- Quer me contar agora?
- Não, a secretária do Antônio tá vindo aqui - a minha sala era com vidros da cintura pra cima, permitindo eu ver a movimentação de todo o jornal. Segundo os ensinamentos dele, nenhum editor nunca deveria ficar sem ver sua equipe, se alguém ficar agitado, saberá de antemão sobre o furo. Sendo assim, todas as salas da "alta cúpula" são com vidro da cintura pra cima e deste eu pude ver dona Sônia, de curtos cabelos castanhos vindo em minha direção.
- Bom dia Bruna. O Sr. Antônio pediu para que a senhora se junte a ele - olhei firme para a drika, provavelmente com uma expressão de "partiu, força". Já a dona Sônia me olhou serena, calma, como se me desejasse boa sorte de alguma forma. Eu me levantei da cadeira procurando uma paz espiritual que eu habitualmente não tenho, porque sei que se eu der gás pra pimenta deles, vai sobrar mais ainda pra mim. Eu quero uma pessoa diferente na minha vida, quero ter mais autonomia, ter mais de Bruna Raissa em Bruna Raissa. Segui firme até a sala dele, mas apesar de ser duas salas ao lado ele não estava mais lá. Olhei de volta pra dona Sônia, que estava perdida também com a situação. Falei sem nem cogitar muito, sala de reuniões, como não previ essa palhaçada.
Nesse momento, quanto mais perto eu chegava da sala de reuniões, mais eu ficava apreensiva. Não tenho medo de demissão, nem espero por isso, mas espero uma pressão psicológica bem relevante. Meu padrinho tem algum rabo preso com a Mayra, porque ele nunca foi de se importar com namorada nem nada assim antes dela, na verdade nunca tinha se importado muito até esse momento. A porta da sala de reuniões estava aberta, quando dei um passo pra dentro respirei com muita calma, quase que meditando. O meu padrinho estava sentado na ponta da mesa de reuniões e a Mayra, que estava elegante, exatamente a direita dele, como habitualmente sentamos.
- Bom dia - eu falei aos dois. O Antônio retornou com um aceno, mas uma expressão de chateado e deveria estar mesmo, raramente brigamos. Já a Mayra não acenou, não respondeu, me olhou de ponta a ponta, me secando, mas sem expressão.
- Senta um pouquinho Bruna - segui as ordens dadas pelo Antônio - pedi para você vir antes porque precisamos definir o que fazer com o editor de São Francisco. Quero chegar na reunião dos editores de seção com essa definição.
- Sim, como eu conversei com o senhor ontem, acredito que uma conversa de alinhamento possa ser o suficiente. Mas só testando para sabermos.
- E você foi até os Estados Unidos para fazer o que então, se só uma conversa era o suficiente? - a Mayra soltou essa.
- Eu fiz esse alinhamento. A ação administrativa foi gerada, precisamos esperar uma resposta agora, ver se só essa diretriz foi o suficiente.
- Você tem que se impor mais no que faz Bruna - ela falou isso, com certa rispidez.
- Se você não estava lá, não pode saber como foi ou não o meu trabalho.
- Sei bem como você se porta quando a cabeça está desfocada - claro que iríamos chegar nesse assunto, não posso cair na pilha dela.
- Novamente, se você não estava nas reuniões, não pode contestar ou não minhas condutas. Se forem ficar afrontando minhas posturas não tem mais porquê eu ser responsável por isso. Concordam?
- Bruna, a ideia aqui é definir o que fazer e não refutar sua postura.
- E eu estou falando desde o começo, eu já conversei com ele e alinhei as coisas. Esperem as próximas edições e tirem a resolução ou não. A edição de hoje mesmo, algum de vocês dois leram? - claro que não - Pois eu li e já percebi uma ligeira melhora na abordagem econômica e política. Quanto ao designer, a Drika está tendo uma reunião online agora com o designer de lá para equiparação de fonte e tudo mais. Então desacelerem e esperem algum tempo. Vai dar bom.
- Não tem como esperar as coisas se resolverem sozinhas Bruna, a maior parte das vezes é preciso agir com firmeza e agressividade - ela falou isso.
- Igual está fazendo agora e mostrando o quanto seu ego é frágil? - Nossa, acho que se ela pudesse metia a mão em mim, nunca vi a Mayra tão brava. Até porque ela sabe que essa resposta não tinha nada a ver com o jornal ou com as edições, apenas com o nosso relacionamento.
- Você precisa voltar ao eixo, só vai perceber o quanto está errada quando perder tudo o que conquistou.
- Chega as duas. Em breve os chefes de seção vão chegar e se nós três não estivermos no mínimo estáveis, eles não vão acatar as diretrizes do dia. Bruna, arruma esse seu cabelo raspado ridículo e imaturo, pra ele ficar escondido e sem manchar mais a sua imagem aqui. - Que tapa, que tapa eu senti. Sentei encostando mais as costas na cadeira, mas minha vontade era escorregar até descer os três andares que estavam abaixo e poder sumir daquele lugar.
A sala entrou em um completo e constrangedor silêncio, gritante. Eu estava chateada, com vontade de chorar. O Antônio com uma expressão de decepção e a Mayra não levantou o rosto do celular, se já não me contava porque ficava tanto tempo no celular, imagina se vai me contar agora. Às vezes ela batia o pé irritada, outras vezes olhava para a tela incrédula, como se algo esperado estivesse dando errado, estivesse crítico.
Um certo tempo depois a reunião com os editores de seção começou, mas a todo tempo eu tomava alguma alfinetada da Mayra ou do Antônio, sem motivo algum aos que estavam na reunião. Isso foi me incomodando e me murchando mais. E se o que eles dois queriam era eu e a Mayra juntas de novo, o tiro saiu pela culatra porque o que eu mais estava desejando era ver e abraçar a Flávia. Tanto que acho que ela até me escutou. Meu celular vibrou na mão e eu olhei rapidamente, era ela.
- Terminei aqui na delegacia Bru, quer tomar um café juntas? Já estou com saudades - acredito que eu acabei sorrindo sem nem perceber, porque quando levantei o olhar, encontrei ele com o da Mayra, que era de ódio, rapidamente desviado. Em silêncio respondi a Flávia, pedindo para me encontrar no jornal, na rua.
Quando finalmente a reunião terminou, levantei da mesa sem falar com ninguém e voltei para a minha sala. Meu desejo era sair rápido dali, subir na garupa da moto da investigadora e ir embora. Arrumei rápido a minha bolsa e peguei a pasta da edição. Quando levantei, percebi que a Mayra da sala dela me olhava, com uma expressão baixa, a boca fina, lisa, puxando o ar arduamente. Ela sempre faz isso, a merd*, me machuca e depois vem com essa cara de cão sem dono de que não faz por mal, que não vai se repetir, mas sempre se repete.
Entretanto, desta vez isso não vai acontecer, não quero mais isso pra mim. É um relacionamento doente, abusivo, estranho. Olhei de volta para a Mayra, sacodi sutilmente meu rosto para os lados, deixando claro o não, deixando nítido que desta vez eu não aceitaria mais essa. Acho que a Lana se orgulharia dessa minha resposta, ela só falta abrir meu cerebro e jogar um papel escrito se valorize. A expressão de surpresa da Mayra não conseguiu ser dispersada, não deu para ser mudada rapidamente, ela está conhecendo uma nova Bruna
Abaixei o rosto para olhar novamente o celular, a Flavinha já tinha chego, virei o corpo em direção ao elevador,não olhei mais para tras, mas de alguma forma não deixei de pensar, não deixei de achar que eu estava forçando uma barra toda ao me impor e mostrar como quero as coisas. Passei na sala da Drika, a reunião com a equipe de imagem do jornal de Sao Francisco foi boa, segundo ela, eles já estavam com um esboço parecido e algumas coisas de imagem que eu não entendo nada. Enfim, voltei pelo corredor do 20 andar, assim que entrei e o elevador falou sozinho “ Vigésimo andar”, eu automaticamente fui levada ao dia que conheci a Flávia, tem tão pouco tempo, mas ela é tão gente boa, calma, educada e com uma conversa tão gostosa que parece muito mais tempo.Conheci ela aqui, nesse elevador, em um dia tão ruim como hoje.
Quando a caixa de metal apitou e gritou terreo, meu coração já acelerou. Estiquei o passo com o crachá na mao e não olhei mais o celular, apenas segui em frente, em uma unica direção. E lá estava ela, linda, calma, mexendo no celular. O cabelo castanho esticado atras da cabeça em um rabo de cavalo, ela de tenis, calca jeans e uma camisa preta. Uma sensação de paz me preencheu de um modo desconhecido, como se um copo de café quente, forte e fresco estivesse caido sobre mim em uma tarde fria de inverno. Ela levantou a cabeça, procurando se eu havia saido e quando me viu abriu um sorriso sincero, suave. Estiquei meus braços e passei por baixo do braço dela, seguido de um “oi”. Ela é tão grande em relação ao meu tamanho que me envolveu em um abraço aconchegante, em segundos meu coração começou a compassar com o dela, me acalmando enquanto ela beijava meu cabelo em um gesto de carinho.
- Tudo bem? - Foi o que ela perguntou. Me afastei um breve segundo do seu peito e olhei pros olhos negros, e com a cabeça confirmei a minha paz interior, “tudo” - Quer ir tomar um café onde?
- Podemos ir lá pra casa? Só quero seu colo, a manhã foi muito difícil.
-
- Claro Bru. Eu te levo. Vem, sobe na moto - aos poucos nos separamos, ela seguiu em direção a moto, firme como sempre. Eu abaixei a cabeça para colocar o capacete, mas tive uma sensação incomoda de mim estar sendo observada, de alguém me olhar. Acabei virando o rosto para trás e lá estava a Mayra, puxando um cigarro, como se o engolisse, em uma velocidade ferroz. O jeito como ela me olhou, com uma expressão de raiva, ódio e nojo misturado fez eu me sentir pior do que eu já estava. Percebi que a Flávia acompanhava essa situação, com os olhos atentos, mas sem julgamentos, apenas como um cuidado, proteção. Imagino que se a Mayra desse um passo em minha direção, a Flávia desceria da moto. Mas a direção do passo da musculosa foi em direção a entrada do jornal, segundos depois de jogar a bituca no chão e esmaga-la com os pés, me olhando tão furiosamente que me senti aquela bituca.
Subi na moto da Flávia, em silêncio, sentindo um incomodo no peito, uma mistura de perda e machucado. Mas aquela moto, estava alguém que me protege, que cuidar de mim, que até o momento, apesar de s us próprios medos, deixa claro o quando quer meu bem estar. Alguém que merece uma chance de amar e ser amada.
Agora estou eu aqui, na frente do espelho, sem roupa alguma, desesperada pensando em como me vestir para hoje. A Lana e o Edu voltaram do Canadá na terça, eu ainda não consegui ve-los. Vamos todos hoje em um barzinho para comemorar. Oficialmente o Gabriel e a mala da Bia vão juntos, apesar que só acredito vendo, já que o Bibo detesta o Edu, mas gosta bastante da Lana.
Eu e a Flávinha não nos vemos faz 2 dias, algo normal, mas estamos todo o tempo conversando, quase que continuo. Ontem eu fiquei 2 horas no telefone com ela, conversando sobre qualquer coisa. Esse começo está uma delícia e vou dizer que eu estou subindo pelas paredes com vontade de dar pra ela. Mais do que uma noite gostosa, hoje eu queria que ela se soltasse e pudéssemos dar mais esse passo. Eu sei que ela curte quando me visto bem dada, sem sutiã, com a bermuda minúscula. A expressão dela é nítida de que gosta do que vê. E quando estou de social, roupa de trabalho ela mostra um olhar de orgulho, firmeza. E aí hoje eu não sei como me vestir, não sei se vou para ataque ou simplesmente vou. Quero dar esse espaço para ela, mas deixar claro que quero ela, fisicamente falando.
A noite está morna, uma temperatura agradável. A lua brilha no céu escuro e sem nuvens. Abri meu guarda roupa, primeiro, essencial, a calcinha. Qual? Não vou arriscar ir com uma de idosa e vai que ela resolve tirar hoje. Segunda gaveta a esquerda, calcinhas de guerra. Quero uma nova, sem história. Tenho uma preta, que comprei essa semana em São Francisco, vai ser ela. É de renda na cintura, uma renda mais fechada e no púbis é mais abertinha, clara, visível. Pronto, a calcinha é essa. O sutiã tem que combinar pelo menos. Então vou com um preto de renda, que pega o meio dos seios e deixa eles apertados, vai ser bem como ela gosta, mostrando. Agora sim, qual roupa. Acho que vou de vestido, que é elegante, sexy, mas recatada e do lar. Não sei o que ela espera de hoje, não chegamos a esse quesito na conversa. Tem um vestido lilás, decotado, mas sem vulgaridade, regata, mas de alças largas. Vou com ele, sempre me sinto bem quando o visto. Ele vai até a altura dos joelhos, mostra o necessário, confortável e não é transparente. É esse.
Quando ele caiu no corpo e me olhei no espelho, tive certeza, tô gostosa. Vou passar uma maquiagem leve, só para destacar os olhos e os lábios, nada demorado, sutil. Um lápis, esfumador, nos lábios um batom rosa, suave. Apesar de todas as críticas e esconder ele no jornal, meu cabelo eu jogo de lado, mostrando a base escura, morena. Só quero ver como vou fazer para manter esses fios novinhos loiros, porque vai ficar horrível metade do cabelo cheio de mechas loiras e só os "virgens" morenos, nem lembro mais de mim morena. Mas esse problema será depois.
O celular que estava tocando sertanejo como música ambiente parou de tocar e na tela apareceu o nome mais desejado das últimas semanas: Flávia. Ela me mandou uma mensagem falando que me aguardava no térreo. Convidei para subir, mas falou que esperava lá embaixo. Não estranhei é o jeito dela. Dei tchau para o doguinho, deixei água e ração. Peguei uma bolsa pequena, só para documentos, preta, joguei por cima do ombro. Portas trancadas, elevador acionado. Desci os andares pedindo para que tudo acontecesse do melhor jeito possível, não só no quesito sex*, claro que se der certo vou gostar, mas no quesito ser um passeio legal, encontro de casais, que a Lana goste dela, não sei, estou ansiosa.
A porta do elevador saiu, mas ela não estava lá. Onde está? Olhei para a direita, no hall para receber visitantes, e aí sim vi a melhor imagem dos últimos tempos. Ela estava sentada, com a perna dobrada formando um quadrado. Quando me viu abriu um sorriso tão gostoso. Ela estava com uma calça jeans, rasgada no joelho e uma camiseta cinza, de meia manga. O tênis preto encaixou na simplicidade e beleza. No peito um colar, preto, com uma pedra. Como pode ser tão sexy? Nenhuma maquiagem, só o cabelo preto jogado ao lado do rosto. Um perfume… um perfume afrodisíaco. Eu não consegui segurar a expressão quando vi a Flávia, quero!
Me aproximei dela, com uma expressão tênue, de calento, de saudade. E fui recebida com um beijo macio, suave, de carinho. Um selinho.
- Você está linda Bru.
- Hummm. Você gostou?
- Como não gostar? - nitidamente apertou os olhos, me secando de cima a baixo. Check um atingido, chamei a atenção dela. Mas dessa vez o olhar foi diferente, não foi apenas de "bonita", foi um olhar de desejo. A ponto que dei uma leve arrepiada nós braços, espero que ela não tenha percebido - Quer pedir um Uber ou ir no seu carro?
- a chave está aqui. Como a princípio você não toma nada, podemos ir de carro. Aí não fica naquela de esperar Uber ou carona. O que acha?
- Meu anjo, você disse, tá dito. Vamos indo? Não quero me atrasar para conhecer seu ex namorado.
- Aí Flávia, que bobagem. Até tá parecendo o Bibo.
- Ele me falou super bem do Eduardo.
- Imagino. Ele morre de ciúmes do Edu. Tô feita com vocês dois. Principalmente com você minha ciumenta - falei dando um beijo no braço dela, antes de entrarmos no carro. - A chave amor.
Entramos no meu Pajero, ela no motorista e eu no passageiro. Acertei meu vestido passando a mão por baixo da perna. Ela olhou atentamente cada movimento, com um olhar que não decifrei. Pousou o braço em cima do encosto do banco que eu estava.
- Que foi?
- Nada - a mão que estava no encosto do carro passou por trás da minha cabeça e a mão dela se encheu dos meus cabelos. Primeiro houve uma massagem suave com os dedos, mas segundos depois, quando a tensão inicial passou, ela puxou delicadamente meu cabelo, tendo amplo domínio da minha cabeça. Eu estava a mercê de seus sentidos e vontades, deixei a cabeça solta, móvel aos comandos. Suavemente expôs meu pescoço, que logo foi agraciado pelos lábios quentes dela, primeiro só o toque, depois com mordidas e aí mordidas com lambidas. No pé do ouvido escutei: Você está linda! - não segurei, o corpo arrepiou de novo, mas agora contraiu lá embaixo, firme. A Flávia seguiu mordendo meu ouvido, com beijinhos. Quando cansou e chegou a minha boca eu já estava nas mãos dela se quisesse, as maos firmes trouxeram os rostos mais próximos. A mão esquerda passou por baixo do meu braço, dando mais apoio e mais firmeza para ela. Lábio no lábio, mordida em baixo, lingua macia, sabor doce feminino. Essa mulher sabe beijar bem, caraca.
Quando me deu um segundo para eu respirar, eu já queria mais, mais beijo, mais domínio, mais arrepios. E claro que ela não me decepcionou, quando viu minha excitação, abriu um sorriso, um sorriso de conquista, voltando ao meu rosto, mais um beijo, só que rápido, sutil. Se afastou e riu. Conquista, ali ela deixou claro quem manda, e não sou eu.
- Volta aqui. Mais um Flávinha - mas já ligando o carro ela respondeu:
- Ainda não meu anjo. Se comporta, já estamos atrasadas. - terminou de manobrar o carro e voltou a falar - a missão de hoje é conhecer seus amigos - soltou mais um raio desidratador, me secando de cima a baixo, deixando claro que não era só do Edu e da Lana que ela estava falando - Para onde vamos gostosa?
- Hummm, fala mais desse jeito que vai ser pro meu apartamento Flávia.
- O bar Bruna, o bar - falou rindo.
- Vila Olímpia - ela até tossiu quando falei o lugar - tudo bem?
- O máximo que cheguei perto de lá foi pra prender noia com droga. Sou mais das baladas baratas da Augusta.
- Lá é gostosinho - falei animada, mas a resposta dela veio em um tom baixo, em um murmúrio " hummm, imagino". Eu nem lembrei dessa questão dela, de não gostar de lugares mais ajeitados. Espero que isso não seja um problema mais uma vez. Até porque eu até posso mudar um pouco meus hábitos, mas gosto de coisa boa e cara, e a Flávia vai precisar se adaptar em algum momento. - Posso colocar uma musiquinha pra gente Flávinha?
- Claro gostosa - fomos indo em direção ao bar, ela até colocou no GPS, mas em nenhum momento olhou o caminho, nem no finalzinho. Confesso que achei incrível isso. Coisa boba mais gostei. Fomos todo o caminho cantando as músicas, conversando. Um carinho aqui, um beijo ali. Apesar do comentário dela, a Flávia estava solta, leve. Só voltou a ficar travada quando estacionamos o carro.
Desceu firme do carro, séria, falou com o manobrista, quase mostrando o distintivo. Eu teria medo de ser abordada por ela na rua. Em silêncio pegou na minha mão e me olhou, quase que pedindo um apoio. Ela estava nervosa, ansiosa, com medo.
- Fica calma Flávia, todo mundo vai te adorar. Quem não gostar é porque não te conhece.
- Coisas novas a fazer Bru, faz um bom tempo que não sou assim, oficialmente, apresentada a ninguém. Só estou estranhando.
- Não estranhe meu amor, no seu tempo. O pessoal é bem legal, vai gostar de você. Só seja a Flavia marrenta de sempre que vão gostar muito de você - o rosto dela amoleceu um pouquinho e um sorriso leve apareceu. Seguimos de mãos dadas até a entrada do bar, que estava bem cheio. Passamos pela recepcionista para a retirada da comanda, mas lá ao fundo eu já enxerguei meu nerd economista favorito, de camisa cinza, calça social bege e sapatênis. Quem vai de social para um bar Eduardo? O cabelinho liso dele estava penteado para o lado, milimetricamente posicionado na mesma direção que a haste do óculos. A Lana, meu protótipo de indiana, sorrindo ao lado dele, rindo, nitidamente feliz. Ela merece isso, é um ser humano de luz.
A mão da Flávia estava fria, ela realmente estava nervosa, estava tensa. Fomos andando em direção a mesa, a Lana foi a primeira que nos viu, levantou abrindo um sorriso. O Edu seguiu ela, virando o rosto e nos procurando, olhou a Flávia de ponta a ponta e depois olhou pra mim, uma linguagem que eu e ele entendemos muito bem, sei que ele também gostou do que viu. Mas se manteve firme e respeitoso.
Eu abracei primeiro a Lana, um abraço de saudade, de confraternização das boas lembranças que temos, do jeito cuidadoso como crescemos juntas. Ficamos no abraço por alguns segundos. Quando nos soltamos, o Edu já tinha cumprimentado a Flávia. Eu fui até ele, que graciosamente abriu os braços, oferecendo o peito. Passei os braços por ele. Ele sempre me trouxe uma sensação de segurança, de casa, sensação que não foi diferente dessa vez. Olhei para o lado, a Lana já estava sentada e a Flávia de frente para ela, percebi que de alguma forma, ela me olhava de rabo de olho, imagino que pela curiosidade, o Edu apesar de um amigo, não deixa de ser um ex.
- Finalmente eu estou te conhecendo Flávia. A Bruna não para de falar de você.
- Não conheceu antes porque você estava no Canadá, tipo, Canadá, no outro hemisfério.
- Detalhes Bruna, detalhes - a Lana falou rindo de mim, debochada como só ela.
- E você Flávia, faz o que da vida, além de aguentar a Bruna? - o Edu perguntou, levantando a cabeça do cardápio.
- Sou investigadora da polícia civil, na horas vagas tento terminar a faculdade de direito.
- E como tem tempo? Porque direito é puxado.
- Vivo ligada, direto. A minha sorte é que estou entrando de férias da faculdade agora, então alivia bem, mas o dia a dia é bem corrido.
- E você trabalha com o que como investigadora?
- eu já passei por várias unidades, no momento estou trabalhando com homicídios, mas já trabalhei com narcóticos, sequestro. Um tempo fui só da papelada. Dez anos é bastante tempo, deu pra conhecer muita coisa da polícia já.
- Querem pedir alguma coisa? - cortei a conversa dela por um breve segundo.
- Eu vou tomar uma cerveja com limão. Você pede aí Bruna?- o Edu com sua vergonha habitual.
- Suco de abacaxi com hortelã Bruna - a Lana pediu.
A Flávia por sua vez olhou diversas vezes o cardápio, de cima a baixo, não sei se ela não viu nada atrativo ou foi a questão dos valores de novo, não sei, pediu uma água com gás, gelo e limão. Levantei a mão, chamando a atenção do garçom e fiz o pedido.
- A Bruna comentou-se você não toma nada alcoólico, é verdade?
- Sim, eu não tomo nada com álcool, prefiro suco ou água.
- Mas nada, nada? Porque? Alguma filosofia?- o Eduardo entrou na conversa
- Você nunca me contou também amor.
- Não é nada de mais, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos eu tomei um porre. Fiquei muito ruim, depois eu não quis mais isso pra mim. Foi um hábito que eu tirei.
- Nossa, que bom que você tirou uma experiência boa de algo ruim, teve essa maturidade. - a Lana completou.
- Eu cresci em um bairro mais pesado, mais violento, com muitos exemplos ruins. Tive a oportunidade de ter mais exemplos bons que os ruins.
- Por isso se tornou policial?
- Mais ou menos. Eu não teria dinheiro para faculdade ou para nenhum curso. Um conhecido meu me mostrou que eu precisaria apenas estudar e me esforçar na questão física. O preço da prova era baixo. Eu fui atrás, me dediquei, corri atrás do que eu queria. Foi como ter um emprego fixo, estável, um jeito de crescer. As vezes a gênese só precisa de boas oportunidades e se dedicar para fazer elas valerem a pena.
- Sua história é bem bonita, imagino que só contou pra gente o geral, mas da pra perceber que você é uma pessoa dedicada. - achei bonito a Lana falando isso, nunca tinha olhado a Flávia desse ponto de vista.
- Cada um tem que correr atrás do seu próprio caminho. Se não fizer por onde, não dá certo. E você Eduardo, pelo seu sotaque você é português. Isso mesmo?
- Sou, apesar que já estou quase falando igual vocês.
- Quando eu conheci ele, não dava para entender nada do que ele falava, levamos um tempo para essa adaptação, não foi Lana?
- É que tinha um contexto também. Eu e a Bruna fomos estudar em Portugal, no comecinho da graduação. Eras nós as estranhas, não estávamos nada adptadas a eles. Talvez tenha ficado mais fácil com o tempo. E você, Edu, também começou a conseguir entender melhor a gente.
- Isso é verdade, no começo vocês duas falavam de um jeito impossível de eu entender.
A conversa foi indo, leve e calma. A Flávia ficou séria no início, com o tempo foi se soltando um pouquinho mais, quando percebi já era a melhor amiga da Lana, as duas várias vezes engataram conversa. Cheguei a ver a Flávia sorrindo, coisa que não acontece sempre. Ela colocou a mão na minha perna, ficava fazendo carinho. De tempos em tempos, me abraçava, outras horas um cafuné. Não imaginei que esse passeio fosse ser tão calmo e sutil.
Por volta das onze da noite, a banda já estava toda posicionada, e o som ao vivo começou a tocar em um segundo espaço, um pouco longe de onde estávamos, mas facilmente audível é visível. Nós mantivemos calmamente ouvindo a música e conversando. A Flávia pediu licença e foi ao banheiro. Perguntei se queria que eu fosse junto, mas disse que não. Assim que ela saiu da mesa eu olhei pra Lana, sei que ela queria falar, analisar.
- Solta Lana, sei que tá se segurando.
- O que?
- O que achou dela?
- Eu to surpresa. Não com ela, com você.
- Comigo? Porque?
- Nunca imaginei que eu fosse ver você bem, com uma pessoa agradável, que conversa, que sorri, tudo bem que as vezes. Mas, com uma pessoalmente te faz bem. Não imaginei esse dia.
- Que tapa.
- quantas vezes eu nós conversamos sobre se valorizar, estar com quem te ama, estar bem. Você conseguiu se livrar daquela pedra. Olha a Flávia, não bebe, não vi ela fumando em nenhum momento, te fez carinho o tempo todo, conversou com a gente, não mexeu no celular. Bruna, ela não mexeu no celular. E olha a história dela, essa menina precisou crescer por conta própria, ela sabe dar valor nas coisas.
- Ela é muito atenciosa comigo, cuidadora. Me levou e buscou no aeroporto, trouxe café. É protetora.
- Agora a pergunta que eu faço é o quanto você quer isso. O quanto você me escutou e quer ser amada e cuidada. Bruna, ela tem um passado, talvez colando os pedaços ou talvez até já tenha colado, não consigo saber isso em uma conversa só, o jeito tenso que ela estava não é de alguém liso, sem machucados.
- Eu sei Lana, eu tenho dificuldade pra fazer ela se soltar. Hoje ela sorriu bastante, achei ótimo. Ela conversou com você.
- Ela parece estar bem, só machucada. Então, agora é uma bronca, não coloque ninguém na sua vida se você não estiver realmente disposta a ter ela com você. Não machuque essa menina, mais do que ela já está. Não finja amar, não finja gostar, não finja esquecer. Se quer mesmo isso, fique firme, porque a Flávia é ótima e eu adorei ela, mas se não estiver pronta pra isso, não machuca ela.
- O Canadá não te mudou em nada.
- Nem era para me mudar, fui lá aprender inglês. Sério Bruna, escuta uma vez o que eu falo. Ela tá voltando. - a Flávia realmente voltou, mas nem sentou na mesa. Parou atrás de mim, passou a mão por ente meus ombros e deu um beijinho no meu ouvido, depois falou:
- Abriram a área de dançar, na frente da banda. Quer ir um pouquinho lá?
- Dançar? - fiquei muito surpresa, nunca na vida imaginei a Flávia dançando.
- É, dançar agarradinha. Quer ir?
- E você dança? - acho que só consegui soltar isso, completamente incrédula.
- Piso um pouco no pé, mas dou pro gasto.
- Eu não danço faz um tempo. - mentira, só estou com medo eu acho
- Para com isso que você deve ser ótima em dançar Bruna - o Eduardo falou, me jogando aos leões, sem ajudar.
- É verdade Bruna, você sabe dançar, para de ser medrosa e vai logo. - a Lana falou isso, mas o olhar dela foi de força, energia boa e de VAI!
- Tá bom, mas não me responsabilizo por nada - a Flávia se afastou um pouquinho da minha cadeira e esticou a mão, oficialmente me chamando para dançar.
Seguimos de mãos dadas por mais alguns passos até o pedaço do bar que as pessoas estavam dançando. Ficamos de frente para a banda, ela passou os braços por baixo dos meus ombros, ficando atrás de mim. Sou tão pequena em relação a Flavinha que fico quase que embaixo do queixo dela. A dupla continuou tocando, firmemente lá na frente e nós duas abraçadinhas, soltando o corpo no ritmo da música. A mão dela está na minha cintura, pousada, grande, me passou uma sensação de proteção, de casa.
A Flávia encostou a cabeça no meu ombro e ficamos com o rosto colado, assistindo. Eu estava com o corpo contraído, tenso. Não sabia bem como me portar, o que fazer. Virei o corpo e fiquei de frente pra ela. A mão dela passou pelo meu rosto leve, delicado. Abriu um sorriso encantador, ela gosta de mim, senti naquele sorriso, naquele brilho do olhar. Ela gosta de mim. Algum sentimento foi criado, não era só pegação. Aproximou do meu rosto, achei que iríamos nos beijar, mas não, bateu testa com testa e continuamos a manter o corpo soltinho, de um lado para o outro, coladas.
- O coração estava cheio, cheio, cheio; Não tinha espaço pra eu me apaixonar; Foi só você me dar um beijo, um dengo, um cheiro; Pra chegar de vez e bagunçar - cantou, ao pé do meu ouvido, apertando minha cintura. Eu arrepiei, não deu pra disfarçar.
- Arrepiou? - perguntou pra mim com aquela voz firme dela, forte.
- Com você falando assim, quem não arrepia - Mais um sorrisao fofo, verdadeiro, de molhar a calcinha mais do que já estava molhado, uma expressão de conquista, luxúria. Um brilhar dos olhos que eu só conseguia pensar naquela garota sem roupa comigo.
- Olha que só de eu ficar aqui, abraçadinha com você, dançando eu já tô querendo - dessa vez deu uma contraída aqui embaixo, primeira vez que a Flávia fala abertamente.
- Humm, querendo o quê? - dessa vez o sorriso dela foi maroto, de quem sabe o que quer.
- Continuar dançando aqui com você Bru, o que mais seria. - com um olhar cínico, provocativo, esperando uma reação minha. Eu sorri de volta, em deboche. Ela deu um espaço entre nossos corpos, mas não se afastando muito, apenas o suficiente para realmente dançar. Quando eu era mais novinha, aproveitei um tempo livre dançando. Não foi aula, foram amigos dançando, um hobbie, eu aprendi um pouco, nada muito evoluído, mas o suficiente pro gasto. Mas desde que conheci a Mayra, não tenho mais feito isso, ela não gosta e eu deixei de praticar. Mas a Flávia, a travada, de travada não tem nada. Não é que a menina se soltou, segurou minha cintura e foi me puxando. Primeiro ela começou com o classico dois pra lá e dois pra cá, esperando ver como eu faria, se eu sabia alguma coisa. O que?! Quando eu percebi o talento dela, foi me soltando um pouco mais, quando percebi estávamos num risca faca acelerado, cheio de voltas pra lá e voltas pra cá. Nenhuma palavra, mas estávamos na maior ligação que conseguimos até agora. Meu corpo colado no dela, a perna dela sutilmente no meio das minhas, encaixadas.
Uma, duas, três, quatro músicas direto, sem água, sem pausas. Fomos direto, sem pensar, apenas sentindo aquele momento fora de série. Nunca imaginei que a Flávia, toda séria, firme, quebrada como disse a Lana, dançasse. Eu estou em êxtase, séria, gostosa, marrenta e dança. Serei muito idiota se eu não valorizar essa mulher.
Fim do capítulo
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