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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 5317
Acessos: 1064   |  Postado em: 26/05/2023

Capitulo 19

Capítulo 19 - Flávia. 

 

       Já passava das 13h quando eu cheguei na delegacia. Não passei na copa, nem na minha sala, subi os 2 lances de escada e fui direto para a sala do Cantão, que me viu pelo vidro e levantou antes mesmo de eu abrir a porta. Eu estava extasiada com as imagens que a Bia selecionou para o caso e a rede de ligações que ela confirmou. 

        - Você não estava de atestado hoje Flávia, sua viciada em trabalho.

        - Falou o puro das ideias. Depois que ver o que consegui pra você, vai ficar bem feliz. 

        - Achou alguma ligação dos crimes? - ele também estava incomodado com a demora em acharmos as ligações.

        - Achei. Na verdade, verdade, não fui quem achei, foi sua namorada. 

        - A Bia? 

        - Você tem mais alguma namorada? 

        - Não, mas é que… eu e ela ainda não temos nada formalmente. 

        - Porque você é um bocó e lerdo. 

        - Nossa, falou a rápida. Mas, calma, porquê a Bia estava com essas filmagens? Isso é sigiloso Flávia. 

       - Eu posso sentar ou vou ficar falando algo sigiloso aqui no corredor? 

       - Mas você é chata cara - falou entortando a boca, mas seguindo de volta para a mesa dele - a princesa está acomodada? - Não respondi verbalmente, apenas fiz uma expressão bem boba de deboche. 

      - Ela viu como eu estava com dor de cabeça e fora de eixo e me ajudou a olhar as imagens. E antes que me de bronca, sei que era confidencial, sigiloso, mas cara, ela mora comigo, te beija e trabalha com a gente. Se tem alguém que mais deve saber desse roubo de órgãos é a Bia, quentinha e tímida na dela, vai solucionar isso antes de nós dois. 

        - Ela é esperta né?! Pega as coisas no ar. 

        - É tão esperta que agora eu tenho que comprar uma televisão lá pro apartamento, é o que eu to devendo para ela por ter descoberto essas coisas. 

       - Tá vendo, ela fez seu trabalho e ainda te fez pagar por isso. Ela é foda - e ficou parado, todo bobo, pensando na namorada. 

       - Então - respirei fundo - a ligação é que um dos sócios da empresa de ventilador é paciente da empresa de diálise, ambas assaltadas. Mas até aí linda coincidência, mas esse cara estava na fila de transplante até uma semana depois dos assaltos. 

       - E ele fez o transplante ou desistiu? 

       - Ninguém some da lista de transplante. Ele está transplantado, o que eu preciso agora é olhar ele. Colar nele. Preciso saber quem deu a dica da cirurgia, onde os pacientes se apresentam, como são selecionados e como escolhem as vítimas. - o Cantão estava parado, com a expressão de Nazaré, calculando cada vírgula. 

       - Vai querer o depoimento dele agora?

       - Não, eu quero seguir ele é pegar mais informações. Se eu chamar ele agora para um depoimento vai levantar o circo e todo mundo vai dar o pé. Quero ele levando vida normal, indo ao médico, comprando medicação. 

       - Você que vai fazer essa tocaia, consegue? 

       - Posso fazer, ainda mais com esse período de férias entrando, eu consigo olhar ele. 

       - Vai querer levar a Bia ou outro cinegrafista?

       - Deixa eu levantar a rotina dele primeiro, três ou quatro dias, depois vemos se vou de Coelho ou de Reis. Apesar que o Reis puxa as imagens lá do fundo, a distância bem ficadas, visíveis. A Bia é mais para detalhes de perto, minúscias. 

       - Você sabe que você já está pronta para ser delegada né?! Você só precisa passar nessa prova, olha os detalhes que você é capaz de identificar. 

       - Ah, preciso saber os profissionais que eu tenho a minha disposição e quais são as habilidades de cada um, não dá pra colocar um gato pra caçar ovelha, se o melhor que ele faz é caçar rato. 

       - Talvez eu tenha entendido a colocação. Você se dedica a esses pequenos detalhes, isso faz você ser profissional como é. Sabe que falo isso como seu chefe, mas também como seu amigo. 

       - Eu sei Cantão, eu gosto muito de trabalhar com isso, é onde eu me sinto plena, útil. Apesar de sempre me lembrar - parei de falar, o peito começou a doer. 

       - Você nunca vai esquecer ela Flávia, não tem como. Tem como seguir em frente. Chegou a ir ver a questão da terapia que eu falei com você? Você precisa cara. Está conhecendo uma garota legal, gente boa, que é bruta como você. Mas só você vai conseguir seguir em frente. A Fabi te amava muito, mas tá na hora de você seguir em frente, dar mais uns passos. - eu não gosto quando o Gabriel tem esses momentos de seriedade dele, de maturidade - Você dormiu ontem na casa da Bruna e aí?

       - Como você sabe que eu passei a noite na Bruna?

       - Porque a minha não namorada mora com você bocó. 

       - E é futriqueira também.

       - Não é não, ela me ligou e falou que estava sozinha. Se eu não poderia ir ficar lá com ela. 

       - Futriqueira não, mas dada sim. Eu achando que a Bia era calminha. 

       - Não vou contar detalhes, mas te garanto que calminha ela não é. 

       - Sem detalhes, prefiro ver ela como a Bia tímida. 

       - Tá, mas volta, você passou a noite na casa da Bruna, depois dela estar uma semana longe, nos Estados Unidos, sozinha e solitária, querendo seu cafuné. Como foi?

      - Ela não estava exatamente sozinha e solitária em São Francisco. 

      - O Antônio velho chato foi junto? 

      - Não, a ex dela que foi, a tal Mayra. 

      - Cacete. Era de se esperar. E ela ficou de novo com a Mayra. Estou certo?

      - Sim - fiz uma voz fina, tentando imitar a Bruna - ela estava me esperando na porta do apartamento, só com a jaqueta e o documento. Quando vi eu já estava na cama com ela, mas eu estava pensando em você. 

      - Você imitando a Bruna é péssimo. Sempre que a Bruna tenta se soltar da Mayra, parece que ela fareja e volta antes e a Bruna é uma trouxa que sempre cai. 

      - Eu tive uma conversa bem séria com ela ontem, firme. Falei que não tínhamos acertado regras, então houve nada errado, mas agora existem as regras de exclusividade e que não quero mais saber dela com essa garota. 

     - Regra de exclusividade Flávia? - ele falou, inclinando o rosto para o lado, com um tom de deboche que quase tomou uns tapas. 

     - Ah, é. Ela é gentil, inteligente, bonita. Quando está concentrada é um tesão sem limite. Eu gosto dela, quero que dê certo. Mas não tenho mais idade ou saco para entrar em algo sozinha, então conversei sério com ela quanto a ser dois no casal e não três. 

     - Talvez quatro, porque o Antônio manda muito na vida dela. Ele encara ela como filha ou sucessora, exige dela, enche ela de responsabilidade. Não dá pra esquecer que ela é jovem ainda, 25 anos pra assumir tudo que ela assume, as vezes da conflito. Tipo, entendo que ela trabalha no jornal e é treinada por ele desde a infância, mas tem coisas que só vem com a maturidade. 

      - Eu falei sobre isso com ela ontem. Porque começou que ela raspou a lateral do cabelo 

      - Jura?! Ele deve ter ficado furioso. Adoraria ver o leão marinho irritado. 

      - Ela raspou a lateral e cara na boa, encaixou tanto com ela. Eu fiquei encantada, achei sexy para um caralh*. Por mim ficava ali fazendo carinho no couro cabeludo a vida toda. Enfim, ela foi buscar o cachorro lá no velho e voltou chorando. Perguntei o que foi, levou um tempo, mas ela me contou que ele discutiu com ela por ter terminado com a Mayra, por ter raspado o cabelo, que ela não é responsável, ela é lésbica portando não é capaz de ser respeitada. Coisas desse nível. Parece que tudo que ele fala ela absorve. 

       - Ele é padrinho, mas é como um pai pra ela. Ele pagou os estudos, a vida depois que ela foi expulsa de casa. Ele que criou ela, mas criou pra ser a cópia dele e não para ela voar. E a Bruna se prende nesse medo de decepcionar ele, de não fazer o que ele quer. Nesse contexto entra a Mayra, um relacionamento tóxico que já deve ter uns dois ou três anos. 

       - Quando eu conheci a Bruna elas tinham terminado. Naquele dia, pelo que eu entendi. É foda, porque é algo recente, mas finalizado, bagunçado. 

       - Foi recente, mas vou dizer que nunca vi a Bruna tão firme em algo. Por exemplo, ela sempre quis cortar o cabelo como ela fez agora, mas jamais teve coragem para bater de frente com a Mayra ou com o leão marinho. Dessa vez ele fez. Ela transou com ela, errado eu sei, mas no final ela tava com você. O que quero dizer é que é tudo bem disfuncional, eu concordo, mas acompanhando a longo prazo, houve uma mudança. Não sei o quanto é duradoura ou de verdade, mas houve essa mudança. 

      - eu conversei bastante com ela, que ela não é obrigada a seguir ele, ser como ele. E não estamos namorando, não foi dado nome aos bois, foi deixado sem definição, mas definiu-se que somos só nós. Não quero mais saber dela saindo de fininho com essa garota. 

      - Você falou, falou, enrolou e aí, deu? Apesar que no seu caso acho que é mais pra comeu? 

      - Delicadeza mandou um tapa pra você. Eu fui decidida buscar ela no aeroporto. 

      - Decidida a que Flávia? Fala! Falar ajuda a absorver a ideia. 

      - Não vou falar não, você entendeu. Fui decida, busquei ela no aeroporto, comprei um café, ela tava bem estranha comigo. Achei que era o cansaço. Quando chegamos no ape dela, subimos e tals, abriu a porta e eu fui pra cima, eu estava decidida, queria, tava a fim. Pensei que se eu só fosse sem pensar daria certo. Sei lá, o primeiro vai no automático e depois o manual flui. 

      - Você comparou sex* a um caro?

      - Ah, você entendeu. Se eu parar pra pensar no sex*, no sentimento eu vou travar de novo, pensei que só indo seria mais fácil. Quando chegamos e fui pra cima, e ela se desvencilhou e delicadamente caiu fora. Depois foi lá no padrinho pegar o cachorro, voltou chorando, conversamos e eu dormi lá na casa dela.

      - Tá, então rolou?

      - Não Cantão, não foi. Eu estava, queria, mas travei de novo. Até apertei os peitos, segurei e tals, mas não foi. 

     - Você precisa conversar com alguém profissional, entender essa sua perda, se permitir seguir em frente, acabar com essa culpa. Não foi sua culpa, nada do que aconteceu. 

     - Eu tento colocar na cabeça que não foi minha culpa, mas eu enxergo ela lá, todo o tempo, sangrando, agonizando e eu não fiz nada. Eu sonho com isso todas as noites, acordo tendo pesadelo. É mais ainda, quando a Bruna descobrir o quanto eu estou quebrada, ela vai cair fora. Ela vai fugir, eu sei disso - meu olho começou a encher de lágrima, a cabeça voltou a dar pontadas. 

     - Ela vai sábado na festa do seus avôs, nas bodas de ouro? 

     - Vai, isso também tá me dando um puta medo. 

     - Por….?

     - Nos somos tão diferentes, eu mal sai de São Paulo, ela estudou fora. Ela tem um apartamento grande, num lugar bom. Eu acabei de comprar um Kitnet. Quando ela ver a casa dos meus avôs, lá na quebrada, a festa simples, a comida simples, ela vai fugir Gabriel. Eu melhorei de vida, eu estudei, não sou bandida, não uso drogas. Eu estou evoluindo aos poucos, mas não posso mudar meu passado, não posso mudar quem eu sou. 

     - E não precisa mudar cara. Flávia, quando eu te conheci você tinha mais pau que aquela turma toda de investigador, você era uma das poucas mulheres de lá, deixa os caras no chinelo. Sempre bateu na mesa e mostrou o que queria, nunca deixe de ser você. Acho sim a Bruna uma otima pessoa, é que vocês se encaixam bem, mas se os tijolos forem mudados a todo tempo, a base não fixa. Talvez você esteja extremamente assustada só. 

     - Assustada do que bonitão?!

     - De estar gostando de alguém. Você se fechou tanto depois da Fabi, que olhar pra fora e ver que é possível amar é estranho. É assustador. 

     - Ela me chamou para conhecer uns amigos dela, na sexta. Eu to travada, o que você falou não é mentira não, eu to com medo. Não sei mais fazer isso. 

     - Viver? Ser feliz? Amar? Para de bobagem Flávia, por ela. Você se prende tanto a Fabíola, que cada minuto que você deixa de viver é um tapa na história de vocês. Quantas vezes ela não te falou que se algo acontecesse você teria que viver? Por você e por ela. Não vejo você fazendo isso. Quem são os amigos que você vai conhecer?

     - Um casal que estava fazendo intercâmbio, o cara já foi namorado dela. 

     - Ah, Lana e Eduardo. A Lana é muito gente boa e é psicóloga, você poderia falarmos ela, sei lá, pedir alguma orientação. O cara você ignora. 

     - Que ranço. 

     - Não gosto dele. Ele é gente boa também, mas faz parte eu ter ranço se ele namorou a Bruna. 

     - Quanto tempo eles namoraram? 

     - Não sei ao certo, foi logo quando ela saiu do Brasil. Deve ter sido um ano ou nem isso. Eu nunca entendi na verdade, a Bruna é sapatao, porque ela namorou um cara?

     - Pelo que entendi ela não é sapatao, ela é bissexual. Por isso namorou esse cara, ficou com você, mas namorou a Mayra, me dá uns pegas as vezes. 

     - Pega fixo, diga-se de passagem. 

     - exatamente. 

     - Mas Flávia, eu acho estranho esse rolê, pra mim parece que é atirar pra todo lado, um dia gosto de homem, no dia seguinte gosto de mulher, parece que não sabe definir ou não quer. 

     - Isso chama bissexualidade meu jovem, não tem preferência, ela gosta dos dois. E não tem nada de errado nisso. 

     - Eu ainda acho que é o rolê do que cair na rede to pegando. 

     - Claro que não evoluído, essa é a orientação dela.

     - Mas agora que ela parou nessa história com você, com a Mayra e tals, que não pega mais homem, ela não virou sapatao de uma vez?

     - Não sei, e se aparecer um jornalista nerd que ela goste, se apaixone ou só queira pegar? Isso não faz dela hétero, faz dela bi, quem gosta dos dois. 

     - Você não se sente ameaçada com isso? Tipo, mais chance de perder, sei lá, ter que olhar pros dois lados da rua?

     - Nesse momento eu to mais preocupada com um lado só, chamado Mayra, mas não to preocupada de onde vem o chifre não, to mais preocupada de vir o chifre mesmo. 

     - Fui preconceituoso nas minhas considerações? 

     - Um pouco, mas acho que mais por desconhecimento. Suas mães nunca tiveram esse papo com você? 

     - Na verdade nunca perguntei, sempre guardei pra mim. Tipo, a mãe Marcia já foi casada com o meu pai, eu sei disso. Mas nunca fiquei perguntando se ela ainda gosta de homem ou coisa assim, coisa que não se pergunta pra mãe. 

     - Não mesmo, a vida sexual da mãe é sempre ignorada. Falando em mãe, você já apresentou a Bia pras feras?

    - Oficialmente ainda não, eu estava esperando pedir ela em namoro, uma coisa mais formal e depois apresentar. Mas vamos ir os 4 para a festa dos seus avós, então meio que serão apresentados no domingo. A Dona Claudia já fez a triagem da Bia, já sabe até a cor da etiqueta da calcinha lilás dela. 

    - Humm, foi lilás?

    - O que? 

    - A calcinha da Bia? 

    - Não vou dar detalhes Flávia.

    - Eu vou ver no varal de casa do mesmo jeito e vou descobrir a cor, isso se ela não me contar os detalhes.  

    - Lilás, de renda, pequena, bem pequena. O que tem de meiga e tímida, não teve de meiga e tímida. Só estava com um certo medo de você voltar pra casa e pegar a gente. Só se acalmou quando a Bruna confirmou que você iria dormir lá em Santana.

    - Que rede de telefone sem fio. Eu tenho zero problema de vocês lá em casa, ela mora lá, e um dia eu vou levar a Bru lá também, então só não faz muito barulho. As paredes são finas. 

    - Me dá a letra quando você sair, já vi que ela vai ficar mais solta nesses dias. 

    - Te vira delegado, não tenho nada a ver com isso. 

    - Como peço ela em namoro? Queria fazer isso, sei que é cafona e velho. Mas ela é romântica, vai gostar de algo carinhoso. 

    - Leva para um passeio, não sei. Vou tentar descobrir alguma preferência. - na mesma velocidade que ele chutou a minha perna, a porta abriu e a Bia entrou. 

    - Preferência do que? - ela perguntou rapidamente se inserindo na conversa. 

    - De quem vai me acompanhar nas imagens da encolha. Pensei em levar o reserva dessa vez, o Reis. - falei isso seguindo ela com o olhar, ela andou até a mesa do Cantão abraçando ele por trás, em pé. Ele beijou o braço dela e se aninhou a pele, com carinho.

    - Eu faço registro de emboscada também, porque não posso ir? 

    - Porque eu acho que suas imagens são mais detalhistas, para coisas mais próximas, como por exemplo os nós dos pontos cirúrgicos dos corpos. O Reis jamais conseguiria esse detalhe. 

    - Humm, me leva que te mostro como sei fazer - falou isso saindo de trás do Cantão, andando em minha direção, passou a mão pelo meu queixo, chamando a atenção, e olhou para o Cantão de um jeito voraz, que acho que até eu molhei. 

    Enquanto ela saia da sala, o Cantão ficou secando ela, acompanhando com o olhar, desnorteado. Quando voltou a si e me olhou, falou:

    - Vai levar ela?

    - Eu que não seria trouxa de deixar. - acho que os dois estavam pensando as mesmas coisas, na verdade ele deve estar pensando nela na cama e eu em como conseguiu ser sexy, gostosa e firme sem ficar vermelha?

     Um breve periodo de silêncio se fez entre nós dois, cada um perdido em seu universo paralelo. Até que me veio na cabeça um problema e eu automaticamente mudei a expressão.

      - o que foi Flávia?

      - Quero ver como vou contar para a Bruna que vou estar o dia todo de emboscada com a Bia. Ela vai surtar. 

      - Eu não entendi esse ranço mútuo das duas, não é sem motivo algum?

      - Cara, eu não sei o motivo, mas foi instantâneo. Foi no dia que eu fui no IML ver os corpos que parei em um café com a Bia e a Bruna apareceu. As duas se desgostaram ali, sem trocar nenhuma palavra. Cara, você deve ser muito bom, porque só tem esse motivo para o ranço delas. Tipo a Bruna te vê como irmão, a Bia vê ela como namorada do passado. Sei lá. 

     - Eu nem tive nada com a Bruna, eu realmente fui muito apaixonado por ela na adolescência, mas hoje vejo ela como uma irmã. Não tem motivo esse ranço delas. 

     - Em relação a mim que não deve ser, nunca fiquei com a Bia e por motivos óbvios nunca ficaria. Eu não sei a motivação, mas uma hora elas vão ter que se entender, porque eu estou com a jornalista e você com a Bia, sem contar que ela mora comigo, então vão ter que se entender. 

     -Deixa o tempo delas, daqui a pouco estão melhores amigas e você nem vai entender de onde veio essa amizade. Você está de atestado hoje, porque não vai pra casa e melhora um pouco mais e amanhã você volta?

     - Eu pensei em ligar lá no IML e ver a identificação das vitimas, se saiu. Nós precisamos trabalhar em duas linhas, os pacientes ou clientes, quem paga pelos órgãos e os doadores ou vítimas, quem está ou vendendo seus pedaços ou quem está morrendo. E eu estou mais interessada naquele que ficou com o coração, pra mim ele vai ser o elo entre os dois pontos. Algo me diz que ele foi vingança e não serviço. Alguém fez isso pra olhar nos olhos dele morrendo. 

      - Vai pra casa descansar e melhorar esse rosto, olha essa sua cara de dor. 

      - Não fico quieta lá Cantão.

     - Claro, você é viciada. Mas hoje você não vai trabalhar aqui. Quero que você tire um dia, descanse e volte bem e calma amanhã. Hoje não é pra ficar pensando em trabalho. Manda mensagem pra Bruna, vai ver ela, vai dormir, vai fazer qualquer coisa, mas hoje não quero você aqui no DP. 

   - Aff, que chato. 

   - 1,2, Flávia. Some daqui. - eu fiz uma cara.de saco cheio, zuando com ele, mas sai. Entendo o lado dele e de alguma forma ele está certo, ainda estou com muita dor de cabeça e precisando descansar. Levantei da cadeira com calma, rindo dele e segui meu caminho. Quando parei na porta da delegacia eu nem sabia bem o que fazer. Fiquei em pé e puxei o celular do bolso e pensei no que fazer. Eu poderia ir pra casa e simplesmente dormir, mas eu queria mesmo era ver a Bruna, ficar mais um pouquinho com ela. Abri a tela e comecei a digitar. 

   - Já acabou as aulas Flavinha? - aí Deus, não posso dar um segundo de guarda baixa que ela já aparece de novo. Eu havia prometido ir para a balada com a Isa quando as aulas acabassem, mas fala sério, foi só uma desculpa. 

    Olhei pra ela rapidamente, virando o meu corpo, e posso dizer que mulher bonita, caraca. Ela estava com o cabelo castanho solto, caindo pela lateral do ombro. Uma camisa amarela, com um tom suave, o distintivo de delegada no peito, dando mais forças ao contexto Isabela. Nem vou me lembrar do quanto ela beija bem, tenho alguém agora. 

     - Ainda não acabou, tenho mais os resultados das provas. Está tudo muito corrido. 

     - Eu percebi, nunca mais vi você. 

     - Nem é tão assim Isa, estou de missão toda hora, mas fico aqui também. 

     - Quando conseguir um tempinho, não esquece que você está me devendo uma balada - abriu um sorriso sacana, com um olhar ardente, vivo. 

     - Verdade, temos mesmo que ir, minha namorada vai adorar te conhecer - aí Cacete, saiu. Juro que não foi de propósito, mas acho que marquei um território para a Bruna, sem nem termos nada. 

     - Namorada?

     - É, acredita nisso? -falei bem irônica, acho que nem eu acredito em mim.

     - Eu vou subindo Flávia - ela não falou absolutamente nada a mais, soltou essa fina e saiu, pisando mais firme que o habitual. Tentei não me importar, muito menos me sentir culpada, sempre deixei claro para a delegada que era apenas pegação e curtição. Com o celular na mão, mandei mensagem para a Bruna, em segundos ela me respondeu que estava terminando uma reunião e se eu não queria ir encontrar ela no jornal. Eu de bate pronto aceitei, confesso que estou estranhando a calma e a firmeza como estou me acertando nesse novo momento, apesar de ter ficado bem travada no começo. 

      Subi na moto que estava estacionada na delegacia e rumei ao Dói Notícia. O caminho é bem curtinho, mas o trânsito de São Paulo ainda faz eu gastar quase 15 minutos. Enquanto dirigi me distrai pensando no quanto eu estou sendo sortuda, hoje cedo deixei a Bruna no jornal, ela estava tão linda. O cabelo loiro estava jogado para o lado, mostrando a parte raspada, ela estava de salto, garantindo o mínimo de altura e uma regata branca, decotada. Antes de sair da casa dela nos beijamos muito, beijos de carinho, de uma história que está começando. Aí como eu estou melosa. Eu trouxe ela de moto e deixei na porta do jornal há menos de 5 horas e por dentro já estou me consumindo de vontade de ver ela novamente. 

        Parei a moto em um bolsão exatamente na frente do prédio do jornal, em plena avenida paulista. Desci com cuidado e tirei o capacete, sacodi o rosto para tirar o cabelo do olho, coloquei o capacete no retrovisor. Meu cabelo estava bagunçado pelo vento, então, em pé ao lado da moto passei a mão pelos fios, tentando ao máximo alinhar e deixar- lós apresentáveis. Puxei o celular do bolso e sem nem olhar para os lados eu abri a conversa com a Bruna. 

       - Gostosa, estou aqui na porta do jornal. Quando quiser, pode descer, traz seu capacete - levantei rapidamente a cabeça, com uma sensação estranha de que alguém me olhava. Assim que acertei o olhar na linha do corpo eu vi quem me olhava. Um olhar que apenas duas sapatoes entendem, mas não foi um olhar positivo, numa batida eu sabia quem era ela. Estava em pé, ao lado da porta do jornal, de frente para um homem de terno. Um cigarro estava acesso entre os dedos e olhos de nojo preenchia sua expressão, não piscou, não sorriu, não falou, apenas puxou o cigarro aos lábios e aspirou o aroma fétido. Me encarou, não desviou o olhar. Não sei se ela queria me enfrentar, me assustar ou algo do tipo, mas mal sabe ela que o medo foi absolutamente zero. Seu corpo era aparentemente firme, de quem deve se matar de puxar ferro e se achar a gostosa, não é feia, não mesmo, não que eu tenha reparado nisso. Estava com uma camisa preta, elegante, os cabelos soltos de um único lado do ombro, estava de sapatênis, elegante posso dizer. 

        Na verdade eu reparei algumas coisas na Mayra, apesar de clara diferença na personalidade e no trato com as mulheres, nós temos um biotipo até próximo, ela é um pouco mais baixa que eu, mas coisa mínima, caracterizando-a como uma mulher alta. Sua pele é clara, branca, com um leve bronzeado do dia a dia, mas branca. Tem um jeito asco de se portar, uma aparência de feder ao cigarro. Ela sabe quem eu sou, e eu claro que perceberia em um único olhar, não vejo concorrência, não mesmo. Vejo uma coitada, tão presa em seu buraco que está perdendo uma mulher linda. 

       A Bruna saiu sem olhar para o lado, ela não viu a Mayra, apenas me viu. Sua expressão era de cansada, exausta. Olhou para mim com uma carinha de colo, de que precisa de cafuné, carinho. Os olhos estavam fundos, com uma expressão de que queria chorar. Estava linda apesar de tudo, a jaqueta já estava presa na cintura e a bolsa pendurada na lateral do corpo. Quanto mais perto ela chegava de mim, mais eu estreitava meu olhar, dava para ver a Mayra e o cara de terno ao fundo, vendo toda a cena, mas eu deixei eles no limbo da visão periférica e me estreitei ali, nela, que abriu os braços e me encaixou nela. Minha pequena colocou o rosto no meu peito, passei o braço por ela, senti seu corpo relaxando, como se tivesse achado um lugar seguro, de paz.

       A Mayra, ao fundo, olhava isso tudo, com uma expressão de ódio, de brutalidade. Ela que não se atreva a dar um passo em nossa direção, sou gente boa, mas seu defender quem eu gosto. Por alguns segundos a Bruna se manteve ali, no meu peito, abraçada, com os cabelos no meu nariz. 

       Em um dado momento, ela enrijeceu o corpo, ao mesmo tempo que levantou a cabeça e olhou para trás. Acho que foi o momento em que percebeu a ex namorada ali, naquele contexto, naquela observação, solto rapidamente do meu corpo, como se fosse um choque, como se queimasse. Não sei qual foi a expressão da Bruna, ela estava de costas pra mim, mas a Mayra jogou o rosto para os lados, negando aquela situação. Aspirou quase um cigarro só em um um trago, jogou a bituca no chão e pisou firme, sem tirar o olhar da Bruna. Soltou a fumaça do cigarro com frieza, superioridade. Antes de virar o corpo e entrar olhou mais uma vez para a minha pequena, um olhar intenso, algo que tenho certeza que a Bruna entendeu.

      Acompanhei a Mayra entrar no jornal, ela não voltou a olhar para a Bruna, não veio em nossa direção, não fez nada , apenas seguiu em frente ali. Mas a sensação que eu tive foi de uma zona de guerra, como se o silêncio dela fosse uma batalha pronunciada, que ainda terei muito serviço nesse espaço. A Bruna voltou para mim, me olhando assustada, com medo da minha reação, com medo de como agiria. A minha ação foi simples, passei meus braços pelo ombro dela e a puxei para mim, dei meu peito para ela se aninhar e minhas mais para afaga-la. Não sei sobre seu passado,

mas sei sobre o que posso fazer hoje para acalma-lá e aliviar essa dor, o que posso fazer para afastar uma vírgula dessa nuvem que plana. 

Fim do capítulo


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Comentários para 19 - Capitulo 19:
Petrolina Nova
Petrolina Nova

Em: 03/10/2025

É HORRÍVEL TER QUE A ACEITAR QUE PERDEU, EU TAMBÉM JÁ FIZ ISSO MAYRA, EU TE ENTENDO. BRUNA COM MEDO E ASSUSTADA PORQUE? A VIDA SEGUE EM FRENTE. 

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thays_
thays_

Em: 28/05/2023

Quero só ver como vai ser essa festa na casa da família da Flávia... como a Bruna vai reagir...

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 27/05/2023

Mayra aceita que perdeu dói menos filha.

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 27/05/2023

Mayra aceita que perdeu dói menos filha.

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Erika1
Erika1

Em: 26/05/2023

Que bom que ela tá deixando acontecer realmente tá gostando de alguém novamente só espero que a Bruna não quebre o coração da Flávia aí vou ficar com raiva e ranço kkk Ansiosa prós próximos capítulos rs (:

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