Fronteiras por millah
Capitulo 48 Garrafa vazia
--vocês estão bem?—perguntou a senhora e realmente nem eu sabia.o silêncio e a escuridão ao nosso redor era sufocante,apenas os passos de todos eram ouvidos,me assustei com Marga me esbarrando prendendo sua respiração pesada de tão nervosa me encontrava.
—você se cortou Marga?!--perguntei ouvindo dela um forte suspiro contido.
--..foi só um arranhão.—respondeu ela tentando não me preocupar com sua voz mais calma.
--minha casa vai queimar ate o ultimo piso de madeira que ainda prestava..—Arthur estava mais preocupado com a casa do que com toda nossa situação e era impressionante o apego dele por essa terra.
--mas ainda esta vivo.—Marga o lembrou e ele bufou de uma forma que parecia não acreditar que era grande coisa.
--não podemos morar aqui para o resto da vida também.--retrucou ele pronto para uma discussão.
--calma gente. Ainda temos o celeiro. Podemos ir pra lá.—a senhora de repente acendeu uma lamparina antiga e iluminou os semblantes raivosos de Arthur e Marga nos dando mais que uma luz. A falta de paciência era compartilhada mas era um bom plano.
--a gente tem que esperar..um pouco. Há contaminados lá fora.--os lembrei.
--que eles comam todos.--Arthur recostou na parede amaldiçoando a todos que ainda gritavam lá em cima e somente em pensar isto me deu náuseas.os dentes e toda aquela carnificina..
--Arthur!--repreendeu a senhora e bem a tempo.
--posso saber como saímos daqui?—perguntou Marga já impaciente.
--mais a frente, temos uma saída que nos leva ao poço.a agua baixa esta abaixo desta passagem. Tem uma escada. Fica bem próximo do celeiro, basicamente poucos metros.--revelou a senhora.
--ok, pelo menos isso.
Vendo Marga se recostar para descansar percebi seu braço cortado um pouco abaixo do ombro.um dos ataques de Blaze com a faca que deixou seu rastro e também da sua mentira exposta a mim.eu tinha que fazer alguma coisa.seu braço sangrava e escorria pela roupa e a vendo com tamanho apego a faca que matou Blaze ainda em sua mão eu a peguei dela sutilmente para surpresa dela.
ela me lançou um olhar curioso e interessado mas da minha camisa rasguei um pedaço do tecido e devolvi sua faca para cobrir seu ferimento.
--ta bem apertado.—me disse ela me vendo terminar.
--você aguenta.--respondi e o seu sorrisinho quase apareceu.
--me surpreendeu..lá em cima.foi uma tacada dolorida.
--ver ele te batendo..me enlouqueceu.(rs)..eu só queria te tirar de lá.—falei e tentei não me apegar ao sorrisinho que ela lançou me dando o prazer de ver ele finalmente. Ela estava orgulhosa.
--ah essa hora o único porquinho restante deve ter virado bacon lá em cima e os outros fodidos devem estar em pedaços.
--acha que eles já acabaram?
--pode ser um jeito de sairmos daqui sem ser vistos. Aceita ir para o celeiro senhores?--perguntou ela ao casal que nos olhou preocupados.
Seguimos ate o poço e Marga subiu na minha frente tomando cuidado com aquela velha escada, evitando ate produzir algum barulho repentino com a madeira.
--eles não vão nos ver?--perguntou a senhora preocupada.
--eles são cegos. Só conseguirão nos ver se tiver algum barulho. Fora isso estamos de boa.--respondi olhando para o céu cheio de estrelas logo acima naquela noite estrelada.
Marga lançou seu olhar para mim e me chamando com a mão pedia pela minha subida e lentamente subi tomando cuidado com o barulho que fazia e me juntando com ela me apoiei na borda do poço onde avistei o grupo de contaminados devorando os corpos dos que restaram do grupo de Blaze.
O celeiro estava bem próximo mais ou menos uns vinte passos da porta principal.
--da pra passar. Vai na frente.—falei e Marga me olhou duvidosa.
--e claro eu tenho que ser o seu teste.--respondeu ela,o que era aquilo?medo?
--quer que eu envie os velhos? Que má.—me dei o luxo de ser irônica e Marga me sorriu com uma careta.
--ta bom.eu vou.
--e cuidado com a porta ela range.—lembrou Arthur de dentro do poço.
--eu sei.
Marga lentamente deixou o poço e abaixada correu silenciosa ate as portas do celeiro com sua faca em mãos e assistir ela seguir ate lá vigiando aqueles contaminados não me passava nenhuma segurança.se fosse descoberta estaríamos separadas e definitivamente não era uma boa escolha. Marga porem abriu uma das portas da frente do celeiro e se manteve a espera.
Busquei os velhos e ajudando a senhora a sair, ela seguiu da mesma forma, em silencio e abaixada. Seus olhos estavam vidrados para a grande fogueira que sua casa havia se tornado mas Marga a recebeu e colocou para dentro do celeiro. Arthur tivera mais dificuldade.com seu ombro machucado e seus problemas de saúde o ajudei a caminhar ate o celeiro. Os contaminados estavam bem longe de nós mas reparei no modo como se distraiam da farta refeição de corpos para atentar-se ao barulho ao redor.
--meu braço ta doendo.—disse Arthur baixinho com a voz fraca caindo de joelhos no chão e tive que correr para socorre-lo. O segurei bem e vi o sangue que pingava no chão e manchava sua camisa xadrez e avancei meus passos junto aos dele e entramos no celeiro já trancando as portas --tranquem as janelas.—ordenou Arthur sendo acolhido pela senhora e Marga e eu corremos para por tudo em segurança.
Ele estava sangrando e eu deveria examina-lo porem enquanto fechávamos tudo vi por uma das janelas a forma como os contaminados se aproximavam lentamente como se rastreassem algo ao piso. Seus rostos cheios de raiva e dor, com suas bocas sujas de sangue a pingar e olhos vazios. Parecia que o sangue do velho atraiam e logo vi que rapidamente acabariam com a pilha de corpos. Fechei tudo que pude com Marga.
--tem um kit de primeiros socorros ali naquele armário. Peguem!—avisou a senhora cuidando do Arthur.
Corri ate lá e peguei o kit e me surpreendi com seu peso. Deveria ser de uso veterinário mas era o que tínhamos.
--acha que eles podem entrar aqui?--perguntei olhando para as janelas e mais uma vez a porta e o barulho que se iniciou,de batidas e grunhidos me gelava. eles colocariam aquelas portas e janelas abaixo se tivessem forças.
--bloqueei tudo.se tentarem não vai sobrar um.--disse Marga me tranquilizando.
--Marga traz ele pra cá.--pedi tentando focar no meu serviço.
Marga o trouxe para o piso perto do chuveiro onde era mais limpo e com um piso diferente do resto do celeiro coberto de feno e toda aquela palha solta eu poderia olhar melhor aquele ferimento.
--sabe se o tiro saiu do corpo?--perguntou Marga atenta.
Ajudei Arthur a retirar a camisa xadrez e vi a perfuração no ombro perto do peito direito.ao mover seu corpo para frente verifiquei suas costas e não tinha saída da bala e com isso olhei para Marga a espera da minha resposta. Eu ia ter que usar aquela caixa.
--a bala não saiu.eu vou ter que retirar.—falei e Marga me olhou receosa.
--minha filha tinha de tudo dentro dessa caixa.—disse Arthur com a voz fraca.
--mas você não é um boi ou cavalo. Terei que ter cuidado e você terá que fazer silencio.--falei e o velho fechou os olhos de dor.
Abri a caixa e tinha tanta coisa dentro dela e era a hora perfeita para usar da minha cruel criatividade e sangue frio.
--vejo que ela tem sedativos aqui..mas isso é muito perigoso em humanos.--lembrei das causas que poderia afeta-lo e Marga me olhou curiosa.
--quanto?--perguntou ela.
--oral causaria reações alérgicas e sérios danos nas funções hepáticas e renais. Uma seringa de qualquer coisa aqui ele poderia morrer.
--pode tentar uma terceira opção.—Marga ressaltou e tive que encarar aqueles olhos sádicos dela.
--a sangue frio Marga?
Marga pegou a camisa de xadrez do velho e a torceu,fazendo ele morder bem firme enquanto que a senhora se ergueu com as mãos no rosto e afastou-se de nós temendo ver toda sua agonia. A pinça era grande porem o segurei no lugar e Arthur respirou fundo mordendo a peça, suando frio ao ver a ferramenta mas acenou pronto para o que viesse. Era um velho de coragem.
De repente as batidas nas portas e grunhidos dos contaminados aumentaram e aquilo era um pesadelo.
--esqueça eles e faça.—mandou Marga e me concentrei.
Preparei todo o ferimento e com o instrumento adentrei ao buraco da bala e ele sentiu na hora o frio metal o invadir. Seu grito abafado ainda era perceptível e Marga o segurou no lugar e me concentrei aprofundando a pinça e eu tinha que focar em sentir o objeto e aquele temor em machuca-lo mais ainda eu tinha que tirar da minha cabeça. Ele ficaria bem,ele ficaria bem se eu achasse a bala e logo senti e com um puxão a trouxe para fora. Seu ultimo grito foi quase também um alivio e mordendo a camisa eu percebi um sorrisinho antes do desmaio de Arthur.
--rápido pressiona o ferimento com a camisa.—pedi a Marga e ela foi rápida tampando o ferimento.
Cuidei do ferimento dele e por sorte naquela caixa havia gases o suficiente para manter o ferimento protegido e limpo.eu fiz o meu melhor apesar das minhas mãos tremulas e nervosa pelas batidas ao nosso redor.
--ele vai ficar bem?—perguntou temerosa a senhora a mim.
--devemos leva-lo para cima. É mais seguro para todos nós.—falei e ela aceitou.
--eles não vão entrar.esta muito bem fortificado.—Marga olhava para aquelas portas e não sentia nada.ela era fria em qualquer situação em relação aos contaminados.pena que eu não conseguia ser assim.
--eu to me tremendo toda..--falei e ela me olhou na hora soltando um riso.
--mais uma vez..(rs)—Marga puxou minhas mãos sobre as dela e ela riu quando sentiu a vibração e talvez o quão frias estavam sujas de sangue.—você salvou o velho. É isso que importa.—ela me abraçou e eu tava mesmo precisando disso. Desabei em choro por conseguir ajuda-lo.
--eu agradeço tudo que estão fazendo por nós. Depois de toda essa confusão poderiam ter simplesmente ido embora mas ficaram.—a senhora estava emocionada e ouvir aquilo também foi bom.
--a verdade é que estamos com tempo livre. Sorte a de vocês.—Marga não cederia fácil.
--depois do que fizemos? Trouxemos esses idiotas para cá.nada mais justo.—falei e Marga lançou um olhar apoiador pra mim.
--pelo menos todos estão mortos. Que queimem no inferno.um ponto para a gente finalmente.--Marga estava adorando toda aquela bagunça.
--mesmo assim obrigada..os animais estão a salvo e nós também.
--será que podemos comer alguma galinha? Sei lá.—aquela pergunta de Marga nos fez encarar ela e a senhora estava sem respostas.
--ah..
--to brincando.
--no armário deve ter whisky.Sei disso porque sempre veio aqui me esconder para beber,(rs) aturar um velho como ele nunca foi fácil,fiquem com ela.—disse a senhora e Marga no mesmo instante se interessou e já caminhou para lá.
--só não exagera ok.para não virar um problema.—falei e ela sorriu pra mim achando a garrafa.
--(rs) você adora um problema né?--ela me respondeu abrindo a tampa respirando o cheiro forte da bebida e digo que meu estômago vazio sentiu de longe.
--não teremos mais no que nos preocupar por hoje,eu acho.Arthur vai dormir ate amanha e tentarei descansar um pouco também.—a senhora falou e era o certo a se fazer.
--não se preocupe, Marga e eu ficaremos de vigia.—falei no mesmo instante.
--ficaremos?—Marga veio a nós com a garrafa em mãos e o olhar duvidoso da minha certeza.
--a noite toda.--completei a ela e que olhar flamejante ela me deu.
A senhora foi se deitar junto a Arthur no andar acima de nós e Marga e eu acompanhadas de mais um cobertor cobrimos o piso,nos protegemos do chão gelado e sentamos ali de olhos nas entradas,pelo menos eu já que Marga e a garrafa viraram amantes.
--sério mesmo que quer beber?--indaguei vendo ela a vontade demais do meu lado.eu só conseguia abraçar minhas pernas e ela ali já pronta para encher a cara.
--hoje foi um maravilhoso dia.--disse ela sarcástica.--olha só, fugimos pelos esgotos cheios de merd*,matamos policiais safados,ficamos presas aqui e detonamos tudo. É uma pena que estamos presas nessa merd* de celeiro cercada por esses fodidos de merd*.--eu senti de longe o mau humor dela mas neste ponto eu não negava,foi um dia longo demais para gente.
--pelo menos estamos vivas.foi uma sucessão de merd*?foi. mas foi bom pra gente. Ficamos em alerta por causa dos policiais, conseguimos mais armas.bem..estamos sem balas agora mas blaze esta morto.pra mim estamos bem.
--eu odeio concordar com sua positividade tóxica mas eu adorei cortar a garganta daquele miserável..e eu estaria fodida com você chorando pelos velhos se tivéssemos partido.—olhei pra ela e suas gracinhas e ela me subestimava enquanto bebia.
--eu ajudei.--falei seriamente e ela acenou.
--e me encheu de orgulho.--respondeu ela em um tom sarcastico.--Por isso aproveite o dia.—ela me estendeu a garrafa e mesmo com seu sorriso eu não achava uma boa ideia.—eles não vão entrar e você sabe. Você merece. Certeza que nunca teve um porre na vida.
--(rs) esta me pedindo demais.
--toma!--ela me desafiou e não sei porque aquele jeitinho dela com um olhar persistente sobre mim sempre me convencia,eu era uma bocó demais.
Peguei a garrafa e respirei fundo tomando dela um pouco dessa coragem. Marga sorriu pra mim toda animada e era estranho ver ela assim. Logo depois de tudo que passamos eu ate entendia esse apego pela bebida.era o melhor para esquecer.
--eu quero ter coragem para o que vamos fazer amanha.—disse ela tomando mais um gole da bebida quando a devolvi.
Eu sabia perfeitamente do que ela tava falando. Aqueles contaminados não sairiam dali sozinhos.respirei fundo só de pensar.
E o que tínhamos ali para isto?eu estava cansada e ela também e os velhos não seriam capazes de lutar. na verdade olhar a senhora cuidar do velho Arthur me fez sentir falta da minha mãe e de tudo que deixamos para trás. Resolvi me aventurar nessa bebedeira e minha garganta ardeu com os três goles que dei. Marga gargalhou da minha careta e talvez da minha burrice.só sei que seguimos nessa ate a garrafa esvaziar e eu tava muito bêbada.eu sentia isso nas minhas veias.
Marga só ria de mim agora e era muito estranho. Eu devia ta maluca. Não conseguia parar em pé direito e mesmo assim queria esta em pé. eu sentia que era mais fácil gravar aquele momento na minha cabeça. a Marga ta se divertindo comigo ou melhor se divertindo da minha cara por continuar a beber e quando a garrafa secou seu sorriso sumiu.ainda precisávamos manter a vigilância e infelizmente as batidas nas paredes e portas ainda persistiam com vontade.
--Lina ia adorar estar aqui.--disse ela me puxando de volta de tudo que eu tentava fugir,aquela dor no meu peito por ter perdido todos.--é estranho sabe,eu sempre perdi pessoas e eu nunca senti falta de ninguém e essa dor que eu to sentindo por mais forte que seja ainda não me atinge totalmente.não é um tiro ou facada é um anestésico,uma droga.é a porr* de um vazio pra mim que eu não sei quando acaba.--disse ela não parecendo nada bêbada mesmo depois de me ajudar a esvaziar a garrafa.
--pra mim não é..eu to me sentindo cheia.--falei e ela esqueceu da garrafa que encarava para me olhar curiosa.era óbvio que ate o luto dela seria assim,frio como ela própria.--eu to entalada de dores,de raiva e de medos. você não entende isto né?--caminhei ate ela mas meu sentido já prejudicado pela bebida me fez cambalear e alertar ela para uma eventual queda.
--você vai cair Mari.--ela me alertou tentando me segurar mas ate o medo dos contaminados eu perdi.estava ótimo para mim apesar das minhas ideias estarem confusas.
--eu entendo..perfeitamente o que disse.a gente perdeu ela e minha mãe mas eu não queria que fosse culpa minha.
--não foi.
--foi!se não fosse aquela promessa..teria voltado para ajudar.eu sei que ia.. Eu não sou a Lina..mas eu ajudei.eu te ajudei!!--falei persistente,eu realmente tinha ajudado o morro da prata e ela desde que saímos de lá mas para Marga talvez eu fosse um peso e conversar sobre aquilo me atacava. ela podia não sentir todo o luto mas eu sentia por nos duas.
--(rs) é..você ajudou sim.não se culpe pelo que aconteceu,nada mudaria da forma como tudo se encaminhou.eu..prometeria mil vezes e não me arrependeria.
--..eu quero me sentir em casa novamente..não em um lugar mas como Arthur e a senhora lá em cima.eu perdi minha mãe e você Lina,perdemos todos e me sinto culpada por não ser suficiente pra você..eu fiquei puta com Blaze por querer te matar e ninguém pode querer isto.--falei me aproximando demais. eu tinha enlouquecido mas nem aquela cara dela malvada me fazia recuar.
--não?porque?--perguntou ela curiosa me dando corda para aquela conversa.
--porque este é meu trabalho.--respondi e ela gargalhou.
--você fica tão fofa bêbada.
--só que eu não queria que você morresse, por isso você viu como eu bati nele? Viu?--perguntei enquanto Marga ainda tinha sua atenção sobre mim com um sorrisinho orgulhoso acenando cheia de si,eu daria tudo que tinha no bolso, o que fiapos não valeriam de nada mas eu daria mesmo assim para saber no que ela pensava.
--é,eu vi sim.foi..incrível.--respondeu ela passiva e calma demais.eu devo estar bêbada demais para isto.
--foi?...eu tive que fazer aquilo. A gente tem que se ajudar né?—eu tentei me sentar mas acabei quase caindo sobre Marga sendo amparada por ela a me segurar antes que nos chocassem me deixando de joelhos a sua frente enquanto ela segurava meus braços.
--temos sim.só vai..com calma ok.não quero você se ferindo. Até porque você não é a Lina.é uma destrambelhada.--ela me ajudou a sentar do seu lado.
--você não confia em mim né?só porque eu não sou a Lina.
--Ai que cisma!não é isso. Não quero que se machuque. Alias você é asmática tem que ter cuidado. Onde ta sua bombinha?—ela me deitou do seu lado e já foi enfiando a mão nos meus bolsos.
--desde quando você se preocupa?--perguntei tentando parar suas mãos de invadir meus bolsos e nisso salvei a garrafa.
--me da essa garrafa.--mandou ela com seu tom de voz grave e mandão.
--não!—comecei a chorar assim que ela puxou e nem eu me entendia naquele momento mas eu queria chorar e Marga me encarou confusa antes de me ver esconder os olhos com o braço. eu não deveria ter bebido.
--ta chorando por que?
--eu quero dormir com ela.
--eu nunca mais te chamo pra beber.(rs)—ela colocou a garrafa longe de mim e deitou do meu lado. O sono também já me invadia mas ver ela ali do meu lado me tirou toda essa vontade de fechar meus olhos e isso fez ela me olhar curiosa.
Foi um estranho momento sem palavras. Marga sempre era tão seria e agora não era diferente. Ela me olhava atenta e eu só conseguia ver cada detalhe do seu rosto. De suas linhas, do seu olhar e da sua boca.
--me lembrei de uma dia que te vi rezando..era espanhol não era?(rs) faz de novo?--pedi baixinho e ela me lançou um olhar de canto suspeitando do meu pedido.
--(rs) por que?
--eu gostei da sua voz daquele jeito.vai faz de novo..
--Es mejor que duermas y olvides que te excite. Estaba rezando e hoy iré rezar por tu madre e por todos nuestros amigos.—disse ela e mais uma vez sua voz rouca me fez sorrir.—agora dorme.
Ela virou de lado e acho que ganhei essa noite mesmo morta de bêbada.
Fim do capítulo
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