Diga meu nome por Leticia Petra e Tany
Capitulo 29 - Família...
Yasmin falava ao telefone com a Antonella, Ana e a Letícia, estavam todas no consultório de Antonella. Nicole, Hugo e eu apenas olhávamos tudo, um pouco afastados. Yas narrava de uma forma breve o que havia acontecido, enquanto me encarava vez ou outra.
Aqueles olhos, aqueles lindos e incríveis olhos, eu poderia morar neles.
O meu coração palpitou de tal forma que me arrancou um largo sorriso em resposta ao seu olhar. E pensar que estamos juntas novamente, que todo esse inferno finalmente ficou para trás.
— Todos devem estar ansiosos para ver ela. — Nicole falou olhando em sua direção. — Isso tá mesmo acontecendo?
Rimos.
— Bem provável que minha mãe fique muito mexida, ela nunca perdeu as esperanças, foi uma mulher bem forte. Estou muito feliz por poder estar levando-a para casa. — Hugo respirou fundo. — Deus...
Estávamos todos muito aliviados.
— Poderíamos fazer uma chamada de vídeo pra sua casa, Hugo, assim os seus pais poderão matar um pouco mais a saudade. Dona Amanda precisa vê-la...
— É uma ótima ideia, cunhada.
— Eles vão ficar loucos. — Falei, me colocando para o lado, para dar espaço para Yas que se aproximava e se acomodou ao meu lado.
Sua mão, com delicadeza, segurou a minha.
— Se você não estiver muito cansada, queria ligar para casa, mas por vídeo chamada, mamãe vai adorar ver você. — Hugo.
— Não estou nenhum pouco cansada, não para eles, nunca para vocês. – Ela sorriu e outra vez experimentei como era estar no céu.
Yasmin animada, já procurava pelo contato, logo a imagem de Amanda surgiu na tela.
— Oi, mãe... – A voz de Yas saiu embargada.
— Filha, minha menina. Ah, Yas, minha menina...
As duas passaram a chorar juntas. Não suportamos, choramos juntos, estávamos muito sensíveis. Era impossível se manter imune.
— Papai, ele está aí? – Alonso apareceu, os olhos vermelhos e o rosto banhado em lágrimas.
— Oi filha, oi meu amor...
— Me desculpem, me desculpem...
— Não, filha, não temos nada pra desculpar. Filha, por favor, volta logo pra casa... – Amanda implorou. — Eu não suporto mais ficar longe de você.
— Hugo, Nicole, Lara, vocês conseguiram... – Alonso mal conseguia terminar as palavras.
Não eram necessárias, compartilhávamos das mesmas emoções.
Não sei dizer ao certo quanto tempo a vídeo chamada durou, só posso afirmar que nenhum deles queria desligar. Almoçamos no quarto, estávamos constantemente ao lado de Yas, não queríamos deixa-la nem por um segundo. O delegado ligou, em alguns minutos deixariam o país, Camille finalmente começaria a pagar por toda a dor que causou.
— A Luna tá subindo. – Nicole nos avisou.
— Preciso agradecer a ela também. – Yas arrumava as madeixas ruivas em um coque.
— Nada disso teria sido possível sem ela. – Hugo falou.
Seriamos eternamente gratos a ela.
Duas batidas na porta.
— Eu abro. – Fiquei de pé. Assim que abri a porta, me deparei com o semblante cansado de Luna.
— Boa tarde...
Ela entrou.
— Boa tarde. – Respondemos todos juntos.
— Não descansou nada. – Falei.
— Foi impossível, havia muitas coisas pra resolver. Meu telefone não para de tocar... – Seu olhar caiu sobre Yas. — É bom te ver, Yas.
— Obrigada, Luna...
— Não, não me agradeça, a minha mãe causou muito mal a vocês. Espero de todo o coração que um dia você possa nos perdoar.
— Acho que você tá querendo demais, Luna. Acha que a sua mãe merece perdão? – Nicole respondeu, a sua voz saiu rude, porém externou o pensamento de todos.
— Sua mãe, eu nunca vou conseguir perdoar, Luna. Sinto muito por isso. – Yas juntou as mãos.
Notei que elas viviam tremendo, isso me deixou em alerta.
— Mas a você, eu não tenho nada pra perdoar. Muito pelo contrário, então não me peça perdão.
— Você tem um coração bom, Yas, eu te julguei mal por um erro. Sinto muito mesmo...
— E saiba que eu já aprendi a lição. Bem antes disso tudo, eu vivia os meus dias com arrependimentos sobre a Camille. – Sentei ao seu lado, peguei suas mãos e as escondi entre as minhas.
Yas me encarou, os olhos verdes me analisaram.
— Ela nunca mais vai fazer absolutamente nada de ruim contra nenhum de vocês, eu mesma irei me certificar disso. É uma promessa!
— Nós acreditamos em você, Luna. – Hugo foi até ela e a pegando de surpresa, lhe abraçou.
Mesmo com o teor tão sério da nossa conversa, rimos da forma desajeitada que Luna recebeu o ato.
— Hugo, você já pode soltá-la. – Nicole tentou esconder o riso.
— Desculpe, mas eu estou muito sensível. – O ruivo ficou envergonhado.
— Posso te dar um abraço, Yas? Estou realmente feliz que tudo isso tenho chego ao fim.
Yas ficou de pé, caminhou até a Luna e lhe abraçou. Foi a primeira vez que a vi demonstrar qualquer emoção. Até aquele momento, eu ainda não havia me colocado em seu lugar. Mesmo com toda a sua frieza, não deve estar sendo fácil para ela.
Sua família estava em declínio.
— Sinto muito mesmo...
— Também sinto muito, Luna. Me perdoa por ter atravessado a vida da sua mãe...
As duas permaneceram assim por um tempo, apenas ficamos em silêncio, respeitamos aquele momento.
A hora do voo finalmente chegou, Yas e eu sentamos lado a lado, sua mão não desgrudava da minha, assim como os nossos olhos. Ela ouvia a uma playlist em meu celular, os olhos que eu amava estavam com um brilho intenso.
Eu senti tanta, tanta saudade...
— No que pensa? – Senti os dedos macios sobre a maçã do meu rosto.
— Em você, Yas... – A minha linda ruiva abriu um sorriso que me fez sentir leves arrepios no corpo e no estômago.
Ah, essas sensações.
— Mesmo aqui na minha frente, mesmo segurando a sua mão, mesmo depois de ter passado horas te beijando, eu só consigo pensar em você. – Fechei os olhos. — Você tem todo o meu coração, tem noção disso?
— Sim, eu tenho noção, Lara... – Aspirei o ar com calma. — Porque é exatamente assim que me sinto. Você, minha linda, você tem todo o meu coração. Todos os meus beijos, os meus carinhos, tudo de mim.
A encarei.
— É muito egoísmo te querer pra sempre em minha vida? - Yas gargalhou e eu sorri.
A felicidade fazia morada em meu peito.
— Se for, também devo ser muito egoísta, porque te quero... – Ela beijou a minha testa demoradamente. — Pra sempre...
Eu sei, sei que para sempre só existia em contos de fadas, mas por que não acreditar por um segundo que possa ser possível? Porque eu quero, eu quero pertencer ao futuro dessa mulher.
— Eu te amo, Yas...
A imensidão verde me paralisou.
— Eu te amo, Lara... amo, eu amo...
Fizemos uma escala em SP, quando chegamos a Minas já se passava das nove da noite, ao chegarmos ao saguão, pudemos ver as nossas famílias. Yas saiu correndo, o pouco fluxo facilitava o seu intuito. Ela se agarrou a Amanda e Alonso, os três se abraçaram de forma afobada, o choro foi incontrolável.
Nicole colocou a mão sobre o meu ombro, dando um leve aperto.
— Você virou mesmo uma manteiga, não é Nicole? – Hugo implicou.
— Você tá chorando a cada cinco minutos, pimentão vermelho. – Luna e eu rimos.
Yas puxou Rafa para o abraço, ninguém ousou interromper.
— Minha menina, você conseguiu. – O meu pai disse, ele me abraçava com vigor.
— Lara, você conseguiu... – Amanda repetia. — Filha, obrigada. Deus, eu estou tão feliz.
— Não, Amanda, não me agradeça.
Os meus olhos estavam cheios.
— Filha...
— Oi, mamãe.
Abracei a minha mãe, ela não queria mais me soltar, beijava a minha testa, recebi o carinho com bom grado, era uma sensação única. Fiquei vários minutos grudada em Ana e Antonella. Ficamos afastados, vendo Yas e a família em um momento deles. As poucas pessoas que ali estavam olhavam curiosas.
Ninguém ficou imune.
— Moça, obrigada pela ajuda. – Alonso agradecia a Luna.
— Só devo pedidos de desculpas a todos. Me perdoem por tudo, eu já prometi e irei cumprir, a minha mãe jamais voltará a causa mal a vocês.
— Você salvou a minha menina. – Amanda segurou Luna pelos braços. — É tudo o que importa, criança.
— Fico muito feliz que ela esteja aqui, ela precisa de vocês agora.
Luna sorriu, tentou se mascarar, mas eu podia ver perfeitamente que ela estava a ponto de chorar.
— Vamos pra casa. Vocês precisam descansar... – Minha mãe falou.
Yas me encarou, eu sabia o que aquele olhar queria dizer, porém seria um momento deles.
— Eu vou para casa, meu amor. Quero que aproveite cada segundo ao lado deles. – Ela se aproximou de mim, me envolveu pela cintura e escondeu sua face em meu pescoço.
Todos nos olhavam, senti a minha face esquentar.
— Queria ficar com você também. – Não pude deixar de sorrir.
— Prometo que amanhã irei te encontrar. – Yas se afastou e me encarou.
Achei tão adorável.
— Você promete? – Mordi a bochecha por dentro. Muito adorável...
— Eu prometo. – Sorri, toquei a sua face.
— Então, não queria interromper, sabe...
Olhamos para o Hugo, que coçava a cabeça sem jeito, isso nos fez rir.
— Nos vemos amanhã. – Yas beijou a minha testa demoradamente. — Eu te amo, Lara.
Eu iria derreter, meu Deus...
— Até amanhã... – Eu não queria me separar, mas precisava. — Eu te amo...
E ela sorriu me deixando, se possível, ainda mais apaixonada.
Nos despedimos em frente ao aeroporto, entrei no carro de meus pais e iria para a casa deles, Antonella e Ana não desgrudavam de mim. Luna foi para um hotel e no dia seguinte seguiria para São Paulo, havia muito a ser resolvido.
Depois de um longo banho, desci para a varanda. A minha família estava ali, estavam loucos para saber tudo o que havia se passado e eu narrei cada detalhe. Eles ficaram horrorizados.
— Yas vai ter uma longa recuperação. – Lembrei das mãos tremulas.
— Espero que essa mulher apodreça na cadeia. – Minha tia falou.
— É o que espero, tia. Ela não pode sair ilesa dessa vez, a justiça não pode ser assim tão fraca. – O cansaço começava a me vencer.
— Quando vamos conhecer essa mulher que fez milagres na nossa família? – Luke olhou para a minha mãe.
Uma clara provocação.
— Luke...
— Deixa, Luciana, deixa... – A minha mãe riu e novamente, ficamos surpresos.
Ana me olhou com a sobrancelha erguida, deixou escapar um sorriso.
— Ainda tenho um longo caminho até a redenção. Por hora, vamos descansar? Acho que deva estar exausta, filha.
Minha avó olhou para a minha mãe momentaneamente, ela encarou o vovô em seguia e sorriu.
— Estamos orgulhosos de você, Telma. – Minha mãe abriu a boca várias vezes, mas nada disse. — Vamos, querido, vamos dormir.
— Vamos, querida. Filha, não esquece de trazer essa moça aqui. – Vovô beijou a minha bochecha.
Os vi deixando a varanda, ficando apenas os meus pais, Antonella, Ana e eu.
— Lara, por que tá chorando? – Passei minha mão sobre minha bochecha. Não havia notado.
— Eu... – Meu pai se agachou a minha frente.
— Está aliviada, não é filha? – Ele enxugou a minha face.
— Muito, papai. Tanto que... – Não consegui terminar.
— Está tudo bem agora. – Fechei os olhos, aspirando o ar com calma.
Está tudo bem agora.
Antonella, Ana e eu subimos para o meu antigo quarto, elas decidiram que iriamos dormir juntas. Me acomodei na cama, ouvi o som de uma notificação em meu celular e ao abrir a mensagem do número desconhecido, tive uma grata surpresa.
“Boa noite, minha linda. Tenha uma ótima noite de sono, eu estou com saudades.
Te amo.
Yasmin.”
O meu coração se agitou na mesma hora. Não pensei duas vezes em responder.
— Ela disse que me ama. – Olhei para Antonella e Ana.
— Jura? Nem tínhamos percebido. – Rolei os olhos.
— Chatas... – Acabei por rir.
— Como se sentiu ao encontrá-la? – Ana perguntou.
— Me senti tão... feliz. Ah, eu não sei dizer. Nada do que eu diga chegará perto de como me senti.
— Ela vai precisar muito de você, Lara. – Antonella falou. — Pelo o que disse, a Yas deve estar muito traumatizada.
— Sim, essa é a parte que está me deixando tão preocupada.
— Vamos dar a ela todo o suporte, maninha. A Yas tá com quem ama ela de verdade agora. Agora, tenta dormir um pouco.
— Você merece.
Aspirei o ar com calma.
Me acomodei entre as duas, que me tratavam com se eu fosse uma criança, mas eu não reclamei, precisava daquilo. Dormi quase que imediatamente, acordando cedo no dia seguinte, o sol mal havia aparecido. Tomei um banho frio para espantar o sono, desci para respirar um pouco.
— Caiu da cama? – Luke surgiu em meu campo de visão.
— Algo assim. – Sorri. — Aonde vai?
— Correr um pouco. – Franzi o cenho. — Tive uma briga com o meu namorado, acho que sou um homem solteiro agora.
— Sinto muito... – Fui sincera.
— Tá tudo bem, a gente já não estava se entendendo.
— Sabe, você foi corajoso em ser o primeiro.
— O primeiro? – Luke franziu o cenho.
— Sim, o primeiro a sair do armário. – Luke gargalhou.
— Soube como saiu em grande estilo. A mamãe falou que você chegou de mãos dadas com uma deusa dos cabelos vermelhos. – Ergui as sobrancelhas.
— Quem falou isso a ela? – Luke riu outra vez.
— Ora, quem mais? A Ana. – Não pude deixar de rir. — Vem, vamos correr um pouco. Essa ruguinha de preocupação aí me diz que você precisa relaxar um pouco.
Pensei por alguns segundos.
— Vou buscar um tênis, mas não posso correr. Tudo bem caminharmos?
— Perfeito, priminha.
Eu nunca havia sido tão mimada como estava sendo, os meus pais não deixaram Rafa ou Nicole voltar para casa. Tigrão estava sobre as minhas coxas, a bola de pelo laranja ronronava, enquanto me deixava fazer carinho em suas orelhas.
— Vocês duas vão ficar me encarando até que horas? – Sorri.
— Ainda não dá pra acreditar. – Rafa riu. — Eu tô te sufocando?
Gargalhei.
— É claro que não, eu não poderia estar mais feliz. – A loira estava uma manteiga derretida.
— Chegamos. – Hugo entrou acompanhado de Carla.
— Yasmin... – Ela veio até a mim. — É tão bom vê-la.
— Obrigada, Carla. É muito bom ver você e os meus sobrinhos. Quando vamos poder conhecê-los?
— Em breve, talvez muito breve. Eles andam muito agitados...
— Vamos tomar café? Eu fiz um bolo de milho e está quentinho. – Minha mãe beijou o topo da minha cabeça.
— Bolo de milho? Que delícia. – Levantei com cuidado e deixei Tigrão no sofá.
— Carla, querida, venha tomar café também. Tem que ficar bem alimentada. Vamos, meninas, o Alonso fez Capuccino e está louco para que vocês experimentem.
Tomamos café entre conversas e risadas, não houveram conversas difíceis. Na noite anterior, a minha mãe dormiu comigo. Não dissemos nada, apenas ficamos em um abraço apertado. Não tive pesadelos, apenas dormi em paz. Todo o acolhimento, todo o amor que estava recebendo, tudo isso me deixava a ponto de chorar, mas não o fiz.
— Tomatinho, a gente sentiu sua falta. – Hugo falou.
Todos na mesa me encararam.
— Serei eternamente grata a Luna e a Lara. – Mordi o lábio, prendi o choro pela enésima vez.
— Não vamos falar de coisas tristes agora. – O meu pai falou. — Provem o meu café, quero opiniões sinceras.
Agradeci mentalmente, eu não queria falar sobre aquilo, não agora.
— Deus, que delícia. – Nicole falou.
— Pai, isso tá incrível. – Bebi mais um gole.
— Eu sei, eu sou muito bom no que faço. – Se gabou, nos fazendo rir.
Depois do café, Nicole e Rafa tiveram que sair. Hugo foi levar Carla em casa e os meus pais estavam no jardim.
— Ei...
— Deita um pouco aqui, filha...
— A rede não vai cair?
— Não, essa rede veio do Nordeste, coisa boa. Deita aqui com a gente...
Com cuidado, deitei entre os dois.
— Estava contando pra sua mãe da primeira vez que você me chamou de papai. Você quase mata o seu velho pai de tanto amor. Yasmin, eu sou tão feliz e orgulhoso de ser o seu pai.
— Você é? – Coloquei a minha mão sobre a sua.
— Sim, você e o Hugo são os meus maiores feitos. São crianças tão boas... esse tempo que você... — Sua voz embargou, ele não conseguiu terminar.
— Eu sei, papai, eu sei... – Estreitei o contato, afundei meu rosto em seu peito.
— Ah, minha filha, papai te ama tanto...
Fui me mover para lhe abraçar, mas algo deu errado e a rede se rompeu, levando-nos ao chão. O momento triste se transformou em gargalhadas. Ficamos algum tempo ali, recuperando o fôlego.
— Do Nordeste, não é papai?
— Aquele vendedor filho de uma mãe...
Me encontrava ansiosa, esperando por uma mensagem ou ligação. Ainda tentei dormir, mas não consegui. Andei pelo quarto, abri um livro e nada estava adiantando.
Ouvi duas batidas na porta e estranhei.
— Entra...
A porta se abriu e imediatamente, bem antes de vê-la, senti o seu cheiro e isso me deixou em euforia.
— Lara....
— Oi, Yas...
Fui até ela, segurando a sua face e a segurando firme em um abraço.
— Que abraço gostoso. – O som da sua risada me fez rir.
— Estava louca pra te ver. – A encarei.
— Desculpa não ter vindo antes. – Grudei nossas testas.
— Tá tudo bem, você está aqui agora...
Nossos lábios se tocaram de forma sutil, tão gentil. Lara me segurou pela cintura, com tanta delicadeza. Nos beijamos sem pressa. O calor de seus lábios, o gosto de menta, os suspiros que não fazíamos questão alguma de deixar presos em nossas gargantas.
Deus, era tão maravilhoso senti-la.
— Podemos passar a tarde toda aqui? – Lara tocou a minha face e sorriu.
— Era exatamente o que iria sugerir. – Aspirei o ar com calma.
Olhei sem demora para aquele rosto, para aquela mulher.
— Você é a mulher mais linda que já vi. – Toquei sua face com cuidado. — Eu nunca vou esquecer o que fez, meu amor.
Ela mordeu o lábio inferior, tombou levemente a cabeça para o lado.
— Você foi tão...
— Faria outra vez, eu faria...
Lara deitou sobre o meu peito, nos enroscamos e passamos a conversar. Falamos por horas, só descemos para almoçar com os meus pais e depois fomos para a varanda, onde ficamos grudadas novamente.
Eu não sabia que aquilo se tornaria uma mania, algo nosso.
— Sua mãe e eu cuidamos desse jardim.
— Hugo disse que você vinha quase todos os dias. – Nós olhamos.
— Ela...
— Ela precisava e você foi um anjo, Lara. Quando tivermos nossos filhos, vou contar a eles sobre a mãe heroína que... o que? – Lara ergueu as sobrancelhas. — Falei bobagem?
Ela gargalhou.
— Filhos? No plural? – O meu rosto esquentou.
— Bem, eu... eu...
E isso só a fez gargalhar ainda mais.
— Yas, por Deus... – Escondi o meu rosto com as mãos. — Olha pra mim...
Ela segurou o meu rosto.
— Você tá rindo de mim...
— Não, eu só achei fofa a carinha que fez. – Torci o beiço. — Fala sério?
Franzi.
— Você quer mesmo ter filhos comigo? – O meu coração palpitava.
Era precipitado? Acho que fui longe de...
— Porque se for verdade, eu também quero... – Sua fala interrompeu as minhas indagações.
— Quer? – Me sentia uma boba.
— Yas, faz pouco tempo que estamos juntas, eu sei. Eu... eu quero mesmo algo sério, quero fazer planos, quero estar com você, quero... quero um futuro que possamos estar juntas. É precipitado?
De repente, qualquer receio se dissipou.
— Não, não é... – Aspirei o ar com calma. — Eu te amo, você me ama, então...
— Então?
Segurei sua nuca, grudei os nossos lábios de forma demorada.
— Então vamos continuar falando sobre nossos futuros filhos.
Lara gargalhou, me fazendo rir também.
Eu estava feliz, não havia mais nada que queria naquele momento, porém sabia que em algum momento teria que falar sobre, teria que relembrar do pior momento da minha vida, mas isso poderia esperar.
Alguns dias depois.
Tive que ir a delegacia dar o meu depoimento, não havia como adiar mais. Camille estava em uma clínica, segundo o que foi dito pelo delegado, ela havia tentando tirar a própria vida na cela e o pai mexeu os pauzinhos para que ela tivesse um tratamento especial.
Estava um pouco difícil voltar a ter uma vida normal, passei a ter pesadelos durante as madrugadas, então decidi procurar a ajuda de um profissional, a minha primeira sessão seria na semana seguinte.
— Acho que o sofá fica bom aqui. – Rafa apontou para um canto da sala.
— Já terminei de instalar os armários, senhorita. – O homem da montadora surgiu na sala.
Era um domingo de manhã, Rafa, Letícia, Nicole e Lara decidiram me ajudar com a decoração da minha casa.
— Obrigada, moço. Desculpar ter feito o senhor vir em um dia desses.
— Que nada, eu estava precisando de um extra.
— Aqui o seu dinheiro e novamente, muito obrigada.
O levei até a porta.
— Ei, até que enfim chegaram. – Antonella e Ana deixavam o carro.
— A demora é explicável... – Ana mostrou as sacolas.
— Trouxemos cervejas também. – Antonella beijou a minha bochecha e entrou.
Quase uma hora depois, decidimos comer algo, sentadas no chão da sala.
— Isso tá tão bom, meu Deus. – Letícia comentou.
— Nossa, Antonella, você é muito boa com recomendações. – Nicole levou um pedaço de carne a boca.
— A minha namorada é boa em tudo. – Ana a beijou rapidamente nos lábios.
— Assim me deixa convencida. – Antonella a beijou de volta.
— Com licença? Podem parar de esfregar a felicidade de vocês em nossas caras? – Letícia falou, nos despertando risadas.
— Come... – Coloquei um pedaço de pudim na boca de Lara, que gem*u em satisfação.
— Maravilhoso.
— Maravilhosa é você... – Sussurrei em seu ouvido, vendo os ralos pelos de seus braços ficarem eriçados.
Desde que voltei, ainda não havíamos feito amor, Lara estava sendo muito paciente e isso me deixava encantada.
— Dorme aqui hoje? – Ela me olhou, estava sentada entre minhas pernas.
— Tem certeza? – Sorri, beijei a ponta do seu nariz.
— Tenho. – Lara suspirou.
— Vocês por acaso querem que a gente saia? – Nicole brincou.
Lara escondeu a face na curva de meu pescoço, as outras riram novamente.
— Vamos terminar de comer, ainda faltava muito pra terminarmos. – Rafa falou.
Depois de comermos, voltamos a decoração e novamente fui presenteada com uma fotografia maravilhosa de Antonella, ela ficou linda na parede da minha sala. Quando percebemos, a noite já havia caído. Ana, Antonella e Letícia se despediram, Nicole foi tomar banho e Rafa atravessou o cercado.
Lara havia tomado banho primeiro, agora estava fazendo chá. Fiquei alguns minutos embaixo do chuveiro, a água estava fria do jeito que eu gostava. Toquei na cicatriz em meu ombro. Quando fechava os olhos, podia sentir com precisão a sensação da bala atravessando a minha carne.
Senti o ar ficar suspenso, desliguei o chuveiro e aspirei o ar com força.
— Não, me recuso a deixar que isso me domine. – Deixei o box, peguei o roupão e vesti.
Me encarei no espelho.
— Você tá segura agora, tá perto das pessoas que ama. A mulher da sua vida tá na cozinha da sua casa neste exato momento...
Fiquei mais alguns minutos ali, até sentir que aquela nevoa que ameaçava nublar minha cabeça se dissipar.
— Lara?
— Estou aqui, amor... – Cheguei à cozinha.
Ela estava com um shortinho meu e uma blusa preta. E foi como se qualquer problema, qualquer resquício de tristeza se tornasse nula.
— O que foi? – Ela segurava uma xicara.
— Nada, só e bom te olhar... – Lara sorriu.
Um sorriso lindo, que fez o meu estômago ser visitado por um frio gostoso.
— Eu quero fazer amor com você...
Me aproximei, tirei a xicara de suas mãos a colocando sobre a pia. Lara apenas me observava. Segurei sua face entre as minhas mãos, admirei cada mínimo detalhe, cada nuance, a sua respiração que ficava acelerada.
— Você vai me matar de ansiedade... – Sua voz saiu sussurrada.
— Só quero contemplar a minha mulher. – Aspirei o ar com calma.
Colei as nossas bocas, elas passaram a se mover com demora, estava longe de ter matado toda a minha saudade. Senti Lara desfazer o laço do meu roupão e desta vez o meu corpo não travou, eu só sentia a excitação me consumindo.
Gemi ao sentir as mãos macias sobre a minha pele.
— Opa...
Algo foi ao chão fazendo um barulho estridente, Lara e eu nos afastamos no mesmo momento. Fechei o roupão, me virando para olhar para Nicole, que estava visivelmente sem graça.
— Eu sinto muito, muito mesmo... – Lara e eu rimos alto.
— Tá tudo bem. – Respondi.
— Vocês podem... podem continuar.
— Nicole? – Lara a chamou.
— Eu...
— Respira...
Rimos outra vez, dessa vez acompanhada de Nicole. Lara me envolveu pela cintura, enquanto ria. O meu peito se aqueceu, eu ainda queria fazer amor com ela, entretanto, podia esperar mais um pouco.
Sentamos a mesa, tomamos o chá feito por Lara. Sentada sobre suas coxas, envolvida por seus braços, eu queria que fosse assim até o último dia da minha vida.
Fim do capítulo
Hello!
Então, quase que não dá pra voltar. Dias corridos, não é fácil a vida de trabalhador.
Ai, ai...
Um dia ganho na mega sena...
Não sei se tem alguém ainda por aqui, mas voltamos para concluir a história, com muito sacrificio, escrevendo até a madrugada, mas consegui. O caps estão todos prontos, vou postar todos, um por dia, todas as noites, pois a minha escala de trabalho deu um girada, me permitindo escrever.
E é isso...
até amanhã.
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HelOliveira
Em: 04/06/2023
Que felicidade em ter vcs de volta.....
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JeeOliveira
Em: 04/06/2023
que bom que voltou, agora espero que as meninas tenham paz, porem acredito que o pai da Nicole vai trazer problemas ainda
Tany
Em: 04/06/2023
Sim Voltamos, ansiosas para concluir a história para vocês. Nossas meninas terão um pouco de paz. Mas sim o pai da Nicole ainda pode tirar essa paz.
Obrigada por continuar com a gente..
Um abraço até breve.
Tany.
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Lea
Em: 04/06/2023
É muito bom tê-las por aqui,de novo! Que bom que vocês conseguiram concluir a estória,e que teremos capítulos todos os dias. Obrigada por pensarem nessas humildes leitoras.
Parece que agora as meninas vão ter paz,assim esperamos!
Tany
Em: 04/06/2023
Muito bom saber que continua com a gente.. não poderíamos deixar essa história sem concluir, foi pensando em vocês que nos dedicamos nos capítulos finais. Espero que gostem..
Nossas meninas merecem um pouco de paz e muito amor.
Beijos até mais tarde.
Tany
Sem cadastro
Em: 05/06/2023
Muito bom saber que continua com a gente.. não poderíamos deixar essa história sem concluir, foi pensando em vocês que nos dedicamos nos capítulos finais. Espero que gostem..
Nossas meninas merecem um pouco de paz e muito amor.
Beijos até mais tarde.
Tany
Sem cadastro
Em: 05/06/2023
Muito bom saber que continua com a gente.. não poderíamos deixar essa história sem concluir, foi pensando em vocês que nos dedicamos nos capítulos finais. Espero que gostem..
Nossas meninas merecem um pouco de paz e muito amor.
Beijos até mais tarde.
Tany
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