CAPITULO 10
NYXS
Quando chegamos próximo ao local onde Ziam, e minha linda e gostosa alfa, conversavam gesticulando horrores lá para os lado da arena, dona Nádia que não gostava de ser chamada de “dona” pediu que afastasse para o lado abrindo espaço para eu sentar entre ela e a filha que me recebeu com um olhar indecifrável, eu nunca sabia o que ela estava pensando, só tinha a sensação, mas se for confiar nos meus distintos em relação ao seus sentimentos eu estou é lascada, pois sempre achei que ela me olha com desejo,o que só pode ser coisa da minha cabeça, mas isso ia mudar,eu ia conquistar o coração dessa loba nem que para isso eu seja só a segunda companheira,é melhor isso do que nada, eu amava tanto a alfa que não tinha vergonha em me contentar com pouco,mesmo querendo tudo.
Sentei me ajeitando o máximo possível para ficarmos juntinhas. Minha mão apoiada próxima à dela no no assento do banco de madeira, era como um toque fantasma, uma caricia invisivel.
― Acho aquela espada que a Nalum escolheu muito pesada para o manuseio numa competição desse tipo. ― Ziam comentou, chamando a atenção da filha, ao mesmo tempo que me despertou do devaneio, fui obrigada a olhar para a espada.
A arma branca era uma réplica da Excalibur, com 115cm de comprimento e pesando menos de 2 quilos. No cabo de madeira de lei estavam incrustadas inúmeras pedras semipreciosas das mais variadas cores motivo do peso. Por mais que sua filha fosse capaz e treinada para a luta, ela ia disputar com a melhor do mundo, eis ai o porque da escolha das armas mais completas, a mulher que primeiro estudava seus adversários e suas fraquezas também escolherá uma espada antiga e rara igualmente pesada, Ezra estudava cada gesto dos seu oponente em seguida, derrotava da forma mais humilhante para um lutador. ― Nara, estava realmente preocupados com o desfecho da luta.
― Senhor Ziam, minha alfa, com todo respeito, a Nana está acostumada com essa espada. Treinamos juntas todas as noites, antes de você voltar da academia. ― Me esforcei ao máximo para não tremer a voz e demonstrar confiança, uma vez que nós estávamos burlando as regras de segurança, mesmo acreditando ser por boa causa.
― Há quanto tempo vocês vêm treinando sem que eu saiba? ― Nara perguntou, sem erguer a voz ou parecer rude, me deixando quase confortável para contar a verdade.
― Desde que ganhei o direito de ter o meu arco e flecha e, por vontade própria, escolhi junto o direito a uma espada. Eu ensinei a Nana tudo que sei sobre arco e flecha, a atirar sentindo a música do vento e de olhos vendados. Ela me ensinou a esgrima. ― Explicou. ― No começo, só o básico. Mas no último ano lutamos de olhos vendados. Somos ótimas nas duas modalidades, eu juro. ― Estava começando a ficar nervosa com a alfa me examinando sem dizer uma palavra.
― Quem mais sabe usar uma arma que não foi escolhida como a sua, forjada no mundo paralelo? ― Nara a olhava de um modo que eu não sabia definir se era raiva, decepção ou outra coisa.
― Todas nós sabemos usar todas as armas. Até mesmo lutamos de olhos vendados. ― A chance de conquistar a alfa agora tinha ido para o ralo. Isso era uma desobediência clara às suas ordens, cada guerreira só podia utilizar as armas mediante a orientação de um instrutor vindo ou nascido outro mundo.
― E onde e quando vocês treinam? Por que nunca vimos ou ouvimos nada? ― Ziam perguntou.
― Toda noite, quando os treinos encerram e as mães vão para o conselho praticar suas defesas, nós vamos para a gruta da Pedra Furada com todas as armas. Formamos duplas e eu crio uma bolha de ar para impedir o som de viajar. Iara ensinou as corujas a nos alertar caso uma das mães volte antes do programado. Nesse caso, Manon abre um portal e chegamos em casa antes que percebam.
― Quem teve a ideia? E por que não nos contou? ― Nara perguntou.
― Eu tive a ideia, depois de tanto ouvir sobre a luta para salvar Irasfil. Conversei com as meninas e elas concordaram comigo. Tentamos falar com as instrutoras, mas elas não quiseram ouvir, então fomos treinar escondidas. ― falei tudo de uma vez encarado a alfa nos olhos, a merd* já estava mesmo feita não tinha razão para mentir.
― Não podemos ser boas só com uma arma, eu quero ser capaz de defender a vida do meu povo com o que tiver disponível e ser boa no que faço. Por isso, lutamos de olhos vendados. Nós fizemos um juramento de sangue na gruta: quando não pudermos usar magia, usaremos armas. Quando estas não forem o suficiente, daremos nossa vida pela liberdade do nosso povo.
Pronto, agora era questão de tempo até que fosse punida por minha insubordinação e por colocar a vida e das meninas em risco. Mas o que mais doía era saber que Nara associaria sua traição à de Amkaly. Por isso, não falei mais nada. Nem mesmo percebi o olhar de cumplicidade que Nara e seus pais trocaram em silêncio. Decidi voltar a atenção a Nahemah, que ditava as regras da disputa.
― O objetivo é tocar o adversário com a ponta da arma sem ser tocado. Serão três rounds de três minutos ou até uma esgrimista tocar 15 vezes a adversária. ― As armas utilizadas são espadas e não é permitido contato corporal com as mãos ou utilização de magia.
A instrutora Ezra Scarlet interrompeu a diretora, no meio da explicação, um ataque de estrelismo comum de atletas cujo valor é reconhecido.
― Senhora diretora, a espadachim não pode entrar na batalha vestindo essas roupas. Eu não vou lutar. ― Ela cruzou os braços, olhando com desdém para as roupas que as meninas tiveram tanto trabalho para conseguir.
Nara e os pais se assustaram quando olharam para mim no exato momento em que desapareci, e surgi ao lado de Nalum envolta em fumaça dourada assustando a instrutora que não esperava essa invasão.
― E você, quem é para entrar na pista sem permissão?
Não respondi. Atrás de mim estava, Nádia também entrou no ringue, segurando o braço do marido. Sandy, Esther, Ameth e o restante das guerreiras se reuniram ao redor dela.
Ezra nem se moveu, tinha consciência de que todos ali esperavam por uma brecha para acabar com as batidas de seu coração, ceifando sua vida vazia, cheia de vitórias e troféus, mas também sem um amigo desses que realmente importam. Por isso, se tinha que morrer, que fosse nas mãos daquela garota repleta de amigos que estavam dispostos a tudo para defendê-la, que a olhava como se fossem iguais.
― Suponho que sejam a sua família. ― Nalum assentiu.
― Minhas mães, meu pai e minha família.
― Diga à sua filha que ela não pode disputar com essa roupa. ― A instrutora falou diretamente para Ameth, que ficou surpresa. ― Pela proteção dela. Tem que ser roupa própria de esgrimista, ou eu posso acabar atingindo um ponto mortal. Por isso existem roupas adequadas para evitar incidentes.
― Ela não é minha filha, é filha da alfa. ― Ameth olhou para onde Nara e família permaneciam em pé e calados, observando o desenrolar da situação.
― Não importa de quem ela é filha. Eu vim para fazer um teste com uma esgrimista. Ou ela se veste adequadamente ou não tem prova.
― Qual o seu medo? De ferir sua adversária? ― Nyxs perguntou.
― Principalmente, mas como vamos saber quantos pontos eu vou fazer se não tem como marcar? Se ela estivesse com a roupa adequada, cada vez que a ponta da minha espada tocasse na roupa soaria um apito dizendo que marquei um ponto.
― Você não vai marcar pontos. ― Nyxs afirmou. Ziam disfarçou um sorriso, louco para gargalhar com o atrevimento da garota, que conseguiu desestabilizar a campeã e estava fazendo-a perder a paciência. Numa luta, a falta de concentração significava derrota.
Ezra bufoum.
― Agora chega. Se quer lutar com essa roupa, que lute, mas aviso que cada vez que encostar em você vou tirar um pouquinho de sangue para confirmar que marquei um ponto. ― Nalum concordou com um aceno.
― Se estiverem todas de acordo, a luta irá começar. Assumam suas posições na pista.
Em momentos assim Ziam costumava dizer que eram oportunidades para "aparar as arestas". Com todos os ânimos apaziguados e a calma voltando a reinar, as lobas voltaram a seus lugares.
Minha Lilith foi de uma rapidez espantosa me puxando, impedindo-me de ficar ao lado da família da alfa novamente.
― Mãe, por favor, o que tem de mais eu ficar com eles? ― Estava prestes a chorar de frustração e vergonha, queria ter coragem para enfrentar minha mãe e colocar um ponto final nessa tortura, mas eu permitia que ela me tratase dessa forma, sempre calei diante de suas ordens. ― Eles me convidaram, eu não estou me intrometendo.
― Sua família somos nós, é pedir muito que fique um pouco com a gente? Aqui dá para ver muito bem. ― O tom de voz da dona Lilith não deixava margem para discussão.
Sentei, contrariada e de cara amarrada, ao lado da minha avó Esther, que passou a mão na minha cabeça numa carícia gostosa que quem tem avós vai saber oque estou dizendo, a minha conhecia minha alma e me entende como ninguém nesta vida.
― Por que é tão importante para você estar com a família de Nara? ― Perguntou, aproveitando que minha mãe estava ocupada separando uma briga entre meu irmão e nossa irmã.
Quando Esther fazia carinho me fazendo perguntas me sentia nua, e exposta Esther sabia todos os meus segredos sem nunca me perguntar o motivo. Sabia que ela era a maior bruxa de todos os tempos e era impossível se esconder da sua habilidade de ler e apagar mentes. A maestria, porém, tinha um preço: suas forças eram drenadas por alguns instantes, deixando-a vulnerável ao ataque inimigo.
Esther nunca tentaria descobrir o que eu escondia, por ser proibido invadir a mente de um parente próximo sem autorização. Eu não queria mentir sobre seus sentimentos e a certeza de ser a companheira da alfa, mas também não podia contar a verdade.
― Nalum é minha filha. Mesmo que seja do coração, é minha filha do mesmo jeito e também melhor amiga. É normal eu querer ficar com sua família em um momento tão importante.
― Pois vá ficar com elas, deixe que com a sua mãe eu me entendo.
― Obrigada! ― Disse, abraçando Esther. ― A senhora é a melhor avó do mundo! Eu te amo além da conta! ― As pessoas próximas nos encaravam. Era raro ver uma demonstração de carinho entre as duas.
― Não esqueça que a Ananya também é sua avó. Se ela ouvir isso vai ficar com ciúmes. ― Provocou. Nesses momentos, Esther sorria verdadeiramente, com o coração e a alma.
― Eu também a amo e adoro minha tia Heloise. De lá, eu só não gosto da Amkaly. Ainda bem que não temos o mesmo sangue, nosso parentesco é só de convivência…
Esther sorriu, compreendendo o sentimento. Diferente de Heloise, Amkaly não tinha nascido diretamente de sua outra avó, mas do ventre da Jana com os óvulos fecundados de Ananya.
― Seja discreta. Agora vá antes que eu me arrependa.
NARRADOR
Nádia quase caiu do banco quando, do nada, um par de olhos prateados a encarou com um sorriso aberto e se acomodou entre ela e a filha. Nara respirou profundamente, mas não se virou para olhar quem estava chegando. Não era preciso, seu cheiro era inconfundível.
― O que diabos a Scarlet pensa que está fazendo? ― Ziam gritou, já de pé. No meio da pista, a instrutora tinha deixado Nalum em uma posição na qual não conseguia se defender. Entre os movimentos de ataque e defesa, Scarlet deixou Nalum de frente para o sol.
― Ela fez com que a Nana ficasse de frente para o sol. Vai ser difícil lutar com a luz no rosto, daí a maldita ataca, deixando Nana sem defesa. ― Nyxs explicou rapidamente, abaixando a voz até estar sussurrando. ― Fecha os olhos, Nana. Fecha os olhos, minha linda. Escute a canção do vento, ele vai te guiar nos movimentos. Nós já treinamos aqui mesmo, você conhece cada palmo de areia dessa arena.
Nalum fechou os olhos, curvou o corpo e segurou a espada com as duas mãos para dar mais firmeza. Ergueu a arma na diagonal esquerda e, quando a lâmina da instrutora descia com tudo em sua direção, bateu de volta com força. O choque das armas arrancou gritos da plateia. De todos, menos Nyxs, que não desviava os olhos e parecia sussurrar instruções para a filha.
Fim do capítulo
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