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  • Bruxas e Guerreiras vol. 03
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Bruxas e Guerreiras vol. 03 por Bel Nobre

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Palavras: 2053
Acessos: 484   |  Postado em: 21/05/2023

CAPITULO 06

 

                                                            NYXS 

           Me virei já sorrindo, a presença de Nalum tinha o dom de afastar qualquer receio ou medo da minha mente. Amo essa garota de forma que não sei explicar, tenho certeza que a amo como qualquer mãe ama seu filho. A mim pouco importava se ela tinha quase o meu tamanho ou se a nossa diferença de idade fosse de apenas sete anos, eu era a mãe que ela escolheu e se um dia a verdadeira viesse para reserva, ela que lutasse para conquistar seu lugar de direito. Eu não abro mão do  amor da minha filha por nada, e o sentimento era recíproco.

― Estou morrendo de pegar Amkaly ou Nara como monitoras. ― Confessei.

― Que os deuses te livrem da Amkaly, isso sim. Mas a mamãe seria perfeito, é a chance que você tem de chegar junto. Quem sabe assim ela para de esperar que minha mãe biológica venha do futuro.

― Estava pensando nisso agora, se um dia ela voltar talvez não aceite que você me chame de mãe.

― Se um dia ela voltar, vou ficar feliz em conhecer a guerreira que lutou para manter minha mãe viva e que renunciou a mim para que eu pudesse sobreviver. Vou ter muito orgulho de ser filha dela, mas isso não muda o fato de eu ser a sua filha também. ― Sempre que ouvia ela dizer essas coisas eu ficava sem palavras.

― Sua mãe ainda sente muito a falta dela? ― Sempre que tocava nesse assunto, sentia um aperto no peito. Eu queria ser amada pela alfa tanto quanto ela amava a mãe de Nalum, ou até mais.

― Só no meu aniversário, mas eu venho percebendo que a cada ano ela sofre menos. É como se a esperança de um dia ela voltar estivesse se apagando ― Nana explicou, preocupada. ― Você viu minha mãe com cara de triste por aí?

― Não. Ultimamente tenho tido a chance de ficar a sós com ela e conversamos. É ótimo conversar com sua mãe quando ela esquece que é a alfa, quando ela é somente Nara. ― Sorrio, lembrando das nossas conversas de alguns dias atrás.

― Eu a percebi mais solta, e na última vez   que   dormiu lá em casa, eu tive a impressão que ela estava te procurando. ― Nana começou a trançar meus cabelos bagunçados.

― Me conte tudo, não esconda nada. ― Pedi, curiosa.

― Ela desceu farejando o ar e olhando para todo lado. Depois perguntou como você estava, e quando eu falei, tive a impressão que ela esperava te ver. Sei não… ― Nana me olhava com aquele olhão azul com círculo prateados que eu amava.

― Pelos deuses, filha do meu coração, não diga isso nem brincando, sou fraca e vou acabar acreditando. ― Brinquei, com a mão no peito.

― Acredite. Tenho certeza que ela perdeu as esperanças de um dia minha mãe voltar. Eu acho até melhor, não preciso de outra mãe. Eu já tenho duas e me basta. ― Nalum me apertou para demonstrar a força das palavras ditas.

― Não sabe como ouvir isso me alegra. Quando você entrou no cio, eu é que fui ao hospital para ficar contigo na hora da tua primeira vacina. ― Lembrei, nostálgica.

― Eu senti na hora que você chegou, mas daí não te vi mais.

― Quando cheguei vi a Nara  conversando com minha mãe, da importância desse dia na vida de vocês duas, que tudo que ela mais queria era que sua outra mãe estivesse junto, e isso, essa falta estava afogando-a em saudade então fiquei invisível o tempo todo, mas estava do seu lado, sentada do teu lado.

― Eu te sentia, mas não te via, e não queria usar a runa da clarividência para te revelar. Ameth ia reclamar até a próxima geração.

― Quando sinto que tua mãe está triste minha vontade é de sair rasgando tudo, talvez assim eu conseguisse arrancar a dor que ela sente.

― É, às vezes a saudade não bate, ela tortura a mamãe. Ela fica com o olhar perdido, talvez vendo o mundo onde minha outra mãe está e de onde não pode sair para ficar com ela. Mas já faz muito tempo que não vejo ela assim.

― Eu nunca senti inveja de nada ou ninguém, mas ultimamente me mordo de inveja da sua outra mãe. Eu queria ser a sua mãe de verdade, e queria que a alfa olhasse para mim como fêmea, que sentisse desejo por mim, que me abraçasse como os amantes fazem.

― No meu coração você é minha mãe de verdade, mais do que essa outra que eu nunca vi.

― Eu sei disso, meu biscoitinho, nunca duvidei de que sou sua mãe. Eu até comentei uma vez com o Irasfil, e ele disse que tem almas que se encontram, e que a nossa tinha se encontrado. ― Na época, ele me olhou como se eu fosse louca por sequer duvidar.

― Sabia que se você não der o primeiro passo a mamãe nunca vai te enxergar como fêmea?

― Já estou pensando nisso, pode deixar comigo.

Heloise e Angel apareceram, e pelo visto tinham ouvido a última parte da conversa.

― Você tem que evitar ficar a sós com ela se não conseguir controlar a vontade de trans*r feito uma gata no cio. ― Heloise comentou, não de modo ofensivo, apesar de parecer um pouco rude.

― Credo, tia linda, que boca suja você tem.

― Posso perguntar a senhorita como vai fazer para a mamãe te notar? ― Nalum parou de trançar meu cabelo e o prendeu com um elástico.

― Ela é minha parceira, meu amor. Eu sinto seu cheiro e, ultimamente, estou começando a sentir suas emoções gritando na minha cabeça.

― Então, garota, trate de conquistar a alfa e disputar seu coração com a mãe da Nana antes que ela volte. Tenho quase certeza que a reivindicação foi quebrada quando Nara voltou para o nosso mundo. ― Aconselhou Heloise, pensativa.

― Quebrada? Como assim? Está dizendo que a Nara pode ser solteira? Isso é impossível. Se a ligação dela tivesse sido quebrada, automaticamente teria sido refeito o laço com Amkaly.

― Claro que não. Quando a mãe da Nana reivindicou a alfa, ela tinha morrido, e com isso quebrou o encanto que sua loba nutria pela Amkaly. A reivindicação foi feita com a loba e a humana, mas isso aconteceu no mundo paralelo. Essa ligação pode não ser válida aqui no nosso mundo.

          Me enchi de esperança. Nem mesmo a chegada de Amkaly foi capaz de estragar meu bom humor. Acenei para Nalum, sinalizando para que visse a recém chegada que nos encarava.

― Não se preocupe, ela não ouviu nada. Eu ergui uma bolha ao nosso redor para evitar que o som não se propagasse. ― Nana sorriu. Atrás de Amkaly, as garotas vinham fazendo caras e bocas às suas costas. Cada vez que ela olhava para trás, ficavam invisíveis. Esse era um dom que Amkaly não possuía ou, se já o teve, perdeu quando desobedeceu às ordens na Grande Noite.

― Pensei que fossem para o ginásio assistir o campeonato. Eles ainda estão se organizando? ― Perguntei às garotas, procurando um assento no fundo, mais distante da multidão.

― As fichas vieram erradas e a Sarah veio pegar de volta. Estão esperando ela trazer a versão corrigida. Parece que algumas duplas foram modificadas. ― Explicou Angel, sentada próxima às gêmeas que examinavam as roupas novas.

― Nana, essa roupa ficou igual à da Shena daquele filme. Foi você quem deu a ideia? ― Heloise perguntou.

― Não, foi minha mãe aqui. Obriguei ela assistir ao filme mais de mil vezes e, como ela sabia da minha admiração, pediu para a Celeste fazer igual. ― Nalum riu, alisando a roupa.

― Celeste é foda mesmo. Agora só falta pintar essas mechas brancas do teu cabelo. Elas continuam aumentando, daqui a pouco vai ficar com os cabelos brancos igual aos da Nyxs.

― É verdade, Nana. Mas não acho que vá ficar igual ao meu. ― As mechas da Nana tinham aumentado muito. O branco que antes ficava somente nas laterais agora se espalhava por toda parte. ― Ele ficou branco de uma vez só. Meu cabelo já era claro quando nasci e ficou branco com o tempo, nunca mudou. Você já nasceu com ele manchado.

― Eu amo a cor dos meus cabelos, pintar seria esconder o que sou. Mas voltando às vestes, ninguém viu ainda, nem mesmo a mamãe. Para as tiaras da testa vamos usar os pedaços de tiras que sobraram. Eu trouxe um para cada. ― Nana distribuiu as tiras. Enquanto as garotas amarraram na cabeça, Inaê foi a única que optou por usá-la no pulso, ganhando um olhar curioso das outras.

 ― Não esqueçam que essa roupa foi feita com a pele do Middengard. Ela tem magia, nosso inimigo não pode acertar em nosso coração já que a roupa é impenetrável. ― Reforcei.

― Sabe o que vimos quando vínhamos para cá, Nyxs? ― Provocou Iara. ― Amkaly inventando desculpas para alisar os músculos da tua mãe, Nana. Toda derretida e cheirando a sex* malfeito.

― E o que é um sex* malfeito para você? ― Perguntei, me acabando de rir.

 ― É aquele que a fêmea não fica satisfeita e vai atrás de outro para completar. ― Ela respondeu sem titubear.

― Para mim é um sex* feito onde não existe amor. ― Manon retrucou, como se fosse uma especialista no assunto. ― Acho o sex* uma necessidade física do corpo, assim como beber água, mas se for feito com amor então lacrou.

― Até onde sabemos, Manon, você é virgem e tão pura quanto a Nana. Como pode falar de uma coisa que não entende? ― Manon não se deixou intimidar, tanto pela provocação quanto por estar sendo encarada por todas.

― Eu leio, minha filha, e os livros dizem tudo. ― Com seu tom imperioso, lembrava muito sua outra mãe, Aldrava.

― Não é a mesma coisa quando é na prática. ― Iara rebateu.

 Eu preferi ficar calada, se não elas iam acabar descobrindo que eu também sou virgem. E como sou a mais velha e já passei por uma dúzia de cios, ia ficar estranho. Manon já era desbocada igual à mãe, se ficasse sabendo, ia espalhar a notícia e eu nunca mais teria paz.

― Olhem, parece que já começou o torneio! ― Mudei de assunto para esconder meu constrangimento.

― Ah, acabei de lembrar, por isso eu vim chamar vocês.  Nahemah está esperando, os envelopes com as novas fichas acabaram de chegar.

Abrimos caminho entre as mães, amontoadas junto à mesa dos jurados. Nalum me puxou pela mão até chegarmos à frente da multidão.

― Nana, olha lá. ― Apontei para o monte mais alto, que servia de palanque para as instrutoras. ― Nahemah só falta tirar a roupa quando vê sua mãe.

― Todas as fêmeas querem namorar com minha mãe, ela é que não percebe.

Nahemah sorria descaradamente. Ela sabia que em poucos minutos aquela paz viria abaixo, assim que anunciasse as duplas.

― Garotas, é um orgulho saber que todas compareceram. Hoje começaremos a definir as duplas que, desse momento até o fim dos tempos, ou até segunda ordem, lutarão juntas.

― Quem fez as escolhas das duplas? ― Perguntou Amkaly. Junto dela, estava Calíope, é óbvio. As duas não se largam.

― Garanto que não fui eu. Tem algo coisa a dizer? ― Nahemah sustentou o olhar atrevido da outra.

Eu sabia bem o que ela pretendia. Tudo o que ela queria era ser a dupla da alfa e reatar a ligação que as unia.

― Eu mesma quero escolher minha dupla. Sei que muitas aqui também. ― Ninguém ali pensava igual a ela.

― Lamento, mas não será possível. As duplas escolhidas vêm em envelope lacrados, mas você pode chamar em particular a loba que você escolheu. Se ela aceitar, eu envio o seu pedido para o anjo Gabriel. ― Juro que quase bati palmas. ― Prosseguindo… Eu vou abrir dois envelopes. Os nomes escolhidos lutarão usando suas armas contra o seu monitor e devem nocauteá-lo sem usar magia, apenas força e técnica. Se vencer, ganha o direito de ficar com a arma. ― Ela pausou, olhando para as guerreiras. Nahemah abriu dois envelopes. ― A primeira dupla é… ― Ninguém respirava quando ela virou as fichas para o público antes de anunciar. ― Iara e Inaê.

Gritos de alegria irromperam de todos os lados. As meninas se abraçaram, desejando sorte, quando as gêmeas pegaram suas labris e pularam para dentro do ringue.


 

 

 

 

 

Fim do capítulo


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