Capitulo 26 - Diálogo sem Palavras
Foram duas horas e quarenta minutos observando cada carro que chegava na garagem do prédio, se alguém lhe dissesse que a profissão de fisioterapeuta não estava dando certo, ela anotou mentalmente que a de detetive pelo menos ela tinha o perfil. Pacientemente esperou até seu coração lhe dar um coice no peito quando visualizou o carro de Micaela fazer a manobra para entrar na garagem, os vidros estavam fechados e eram escuros, ela não podia garantir que a outra estava sozinha.
Desceu do carro no segundo seguinte ao fechamento do portão, aguardou o suficiente para ela subir e o porteiro poder anunciar sua chegada. Permitindo sua entrada em seguida.
- Respira… Respira… - Ela se acalmava enquanto subia pelo elevador social, a morena morava em um dos últimos andares, então teve bastante tempo para passar de uma Isabella determinada, para uma Isabella tensa e insegura. A Isa jovem gritava a plenos pulmões que ela fosse embora enquanto havia tempo, ela não podia ser tão burra de… A porta se abriu e Micaela a esperava na porta, os olhos cansados da viagem, mas a expressão confusa e preocupada foi o que mais travou a fisioterapeuta.
- Isa?! Tá tudo bem? A Lis tá bem?? - A morena se aproximou notando sua hesitação, pegou sua mão e aquilo fez um estardalhaço por dentro dela. Chegou a temer que a morena notasse como estava trêmula.
- Você viajou.
Ouviu sua voz rouca simplesmente dizer em desabafo e quase se bateu pela falta de noção e bom senso. Planejara um texto para dizer e cuspira a primeira coisa que lhe brotara entre os lábios.
- Sim… Eu, precisei viajar de última hora, você precisa de alguma coisa? - A morena a fitava preocupada, não entendendo o que se passava em sua cabeça ou o motivo da visita repentina. A preocupação que poderia ser algo urgente lhe controlando para não abraçar a fisioterapeuta e matar as saudades.
- Preciso de você!
Se a Isa jovem tinha vergonha do papel que a Isa atual estava fazendo? Obviamente que sim, não poderia negar, contudo o alívio imenso que sentiu ao desabafar esse simples sentimento, foi algo sublime e surreal, e ambas sentiram. Micaela mal teve tempo de processar aquela informação que lhe arrepiou todos os pêlos, Isabella puxou seu rosto enterrando-se em seu pescoço, arrancando um gemido da morena que provavelmente foi ouvido por seus vizinhos do seu andar.
- Isa… - Ela quis dizer algo, mas acabou gem*ndo novamente com a boca que agora quase a devorava viva. Ela estava quente e Micaela passou a ferver junto em poucos segundos.
Isabella empurrou-a para dentro do apartamento, fechou a porta mergulhando em sua boca como se ali houvessem os segredos do mundo. Beijou seus lábios, seu queixo, arrancou seus óculos com quase desespero, para olhá-la nos olhos e decifrar o que ela não lhe dizia diretamente. Tantas dúvidas, mas ao mesmo tempo tanta saudade.
Micaela a puxou também saudosa, beijando-a com a mesma sofreguidão que guardara por todos aqueles dias sem contato algum com ela. Pareciam duas sedentas que vislumbram água pela primeira vez depois de dias. Micaela usava uma camiseta que Isabella arrancou em poucos segundos, a calça ia tomando o mesmo rumo, quando de repente as mãos da morena a impediram, fazendo a fisioterapeuta a fitar confusa, a Isabella jovem gritando em seu subconsciente, a insegurança a fazendo recuar.
- Espera… - Micaela sussurrou ofegante. - A gente precisa conversar. - Foi objetiva, se lembrando de todo aconselhamento que Júlia lhe fizera.
- Não quero conversar, eu quero você! - Ela estava suplicante, o desejo escorrendo para fora de si, quase engatinhando de encontro ao seu alvo, que agora abotoava novamente a calça e engolia em seco sem tirar os olhos dos seus e então murmurar:
- Eu também quero você… Mas não assim.
A voz profunda elevou sua excitação a picos estratosféricos, ao mesmo tempo em que sua mente fervilhava de dúvidas sobre o que ela queria dizer com “não assim”, Isabella então virou-se de costas para ela, respirou fundo e pensou em tudo que os amigos disseram. No que refletiu… Mas não conseguiu organizar as ideias, estava em desespero, essa era a verdade, seu medo quase infantil de senti-la “escapar” por seus dedos. Mais uma vez.
Não iria desistir agora, sabia que Micaela sentia algo por ela, ela não estava tão iludida assim, não era mais uma adolescente deslumbrada. Aquietou seu lado inseguro e em um movimento preciso e confiante desceu o zíper da bota esquerda. Fez o mesmo com a direita e ficou descalça, em um único movimento abriu o vestido e puxou-o para cima, a lingerie se fez então visível. Totalmente.
Micaela assistia a tudo paralisada, primeiro achou que ela só estava ficando mais à vontade, mas ao vê-la retirar o vestido e contemplar seu corpo dentro daquele pecado de roupa íntima… Se perguntou o que havia feito para merecer tamanha tortura, a voz de Júlia na sua cabeça “fiquem em lugar público”, “conversem”… E seus sentidos nublados visualizando o tecido do vestido deslizar e mostrar aquela bunda maravilhosa dentro da calcinha fio dental, a textura da renda clamando por seus dedos, a pele clara do seu corpo se destacando e ela imaginando como a marcaria se fizesse tudo que realmente desejava fazer. A voz de uma Júlia decepcionada, porque a amiga depravada estava sendo seduzida novamente, soava muito distante. E o tesão atingia picos irreversíveis, estava tão molhada que talvez não conseguisse dizer não… Se encontrava em pleno desespero e ainda estava SEM os óculos, sendo assim a imagem não estava nítida o suficiente, o que lhe garantia certa esperança de controle. Então gritava por dentro: Não se vira, não se vira, não se aproxima!
Isabella se virou a olhando de frente, a lingerie falando em todos os idiomas o que ela gostaria de “conversar” com a morena naquele momento. Deu alguns passos em sua direção e parou a centímetros do seu corpo, mas o suficiente para que Micaela sentisse seu calor e a enxergasse completamente.
Os olhos negros foram tragados para os seios que espremiam a peça fina, os mamilos em contato com a renda transparente, lhe dando a sensação de que Isabella gostava da forma como eles roçavam ali, estavam túrgidos e apetitosos. Micaela arfou quando ela pegou sua mão, sem aviso, e a direcionou até um deles, a maciez sob seus dedos contrastando com a textura do tule. A morena gem*u de forma sofrida, a mão tomando posse fazendo Isabella fechar os olhos, ambas ofegavam, mas Micaela ainda lutava ferrenhamente, para controlar seu impulso, fazer o certo e conversar conforme havia prometido para Júlia, não queria ser só o joguinho sexual dela e… Sua boca se aproximou, os lábios se encontraram em silêncio, entreabrindo-se apenas para dar passagem as línguas que se abraçaram novamente, desta vez devagar, lânguidas e carentes. Micaela amava seu cheiro, seu gosto… Esse lapso de consciência do que sentia a fez soltar o seio que ainda segurava, desviou a boca e pediu em súplica, realmente sofrendo com o que ela estava fazendo com seu corpo, com sua alma.
- Por favor… Não faz isso…
- Olha pra mim. - A voz da fisioterapeuta também pediu, de uma forma tão carinhosa que a morena a olhou involuntariamente. Seus olhos se encontraram. - Eu também preciso conversar com você… Mas… Senti tanto sua falta… Faz amor comigo?
Foda-se! Ouvi-la pedir para fazer amor com ela poderia ser comparado ao prazer mais insano que já sentira em toda sua existência no planeta. Ela nunca havia usado esse termo, pelo contrário, ela sempre a “fodia” literalmente, fazendo Micaela andar de quatro aos seus pés. Sentia-se quase humilhada por ser tão vulnerável àquele ser humano, como podia ser tão fraca quando estava perto dela? Tão…
Agarrou-a pelos quadris puxando seu corpo para seu colo, abocanhou o seio por cima da renda, num prenúncio do que estaria por vir e Isabella gem*u surpresa. Ela queria fazer amor? Então Micaela lhe daria o que ela pedia, mas nos termos da morena. Isabella era a única mulher da sua vida que a controlava na cama, mas ela não sabia disso, a morena não tinha como exemplificar como era difícil controlar certas vontades, porque quando estava com ela a única coisa que realmente fazia era… amá-la. Todas as vezes que estiveram juntas, fizera amor com ela, entregava-se sem ressalvas. Desta vez mostraria como era realmente “fazer sex*” como a fisioterapeuta sempre desejara.
Entraram no quarto aos beijos, Micaela colocara o conselho de Júlia precisamente em um canto da sua mente, quase lhe dizendo um “já volto, só vou revolver uma parada antes”, não havia desistido do seu intento, mas daria a Isabella o que ela estava pedindo. Micaela lhe faria uma amostra sobre como era fazer amor, com alguém que te fode a mente e o corpo, de forma impiedosa. Aquela diaba de lingerie a desejava? Ela aplacaria seu desejo. Seria um prazer.
Deitou-se com ela na cama, beijando seu corpo e devorando cada pedaço de pele exposta pela peça. Mordia-lhe com vontade, a lingerie lutando bravamente contra seus dedos e boca determinados, arrancando-lhe expressões e suspiros que mostravam pela primeira vez uma Isabella submissa à ela.
- Ahhh, Micaela… - Ela gem*u forte quando a morena a virou de bruços e soltou seus cabelos agarrando-os com a mão, deixando o pescoço claro a sua disposição.
- Dá pra mim? - A voz rouca pediu em seu ouvido de uma forma quase impossível de se negar. Isabella apenas ronronou balançando a cabeça concordando entregue e sedenta, mas estranhou quando ela se levantou e foi em direção ao guarda-roupa.
A fisioterapeuta acompanhou boquiaberta ela retirar a calça de uma forma tão sexy e dominadora que lhe arrepiou todo o corpo. Os movimentos de Micaela eram calmos e precisos, quase um ser sobrenatural andando pelo quarto, abrindo a gaveta e retirando… “aquilo”. Isabella se sentou na cama segurando a respiração, entendendo então o que ela faria e isso lhe rendeu uma contração involuntária no ventre, sua intimidade latejou desejando e clamando por ela.
Ela e Camila nunca haviam usado um acessório como aquele, na verdade o único que a penetrara com algo mais semelhante fora… Fernando. As outras mulheres com quem saiu também não fizeram uso, salvo alguns vibradores e outros “brinquedos”, mas de fato nunca daquela forma, então ver Micaela vestir o objeto a fez encharcar ainda mais a calcinha de renda que vestia. Enrubesceu só de imaginar e antes que pudesse computar totalmente a informação a morena já retornava para cama, os olhos agora felinos a devorando da cabeça aos pés. Umedeceu os lábios e Micaela percebeu sua ansiedade.
- Eu paro… Se você pedir. - A morena puxou suas pernas a trazendo para baixo, arrancando um gemido surpreso e excitado da outra.
A calcinha foi tirada e jogada em qualquer canto. Micaela salivou antes de abrir suas pernas com um carinho que beirava o libidinoso e mergulhou a boca entre suas coxas, a umidade escorria e ela fazia questão de não perder nenhuma gota. Ch*pou-a com vontade, controlando para não deixar que ela tivesse um orgasmo precoce demais, ainda estavam só começando. Isabella se contorcia, rebol*ndo os quadris em sua direção, as mãos presas nos cabelos negros que agora espetavam-se desalinhados, a morena a conhecendo o suficiente para saber quando ir mais fundo, mais rápido ou mais devagar… Sentiu a própria umidade entre as pernas, escorrendo entre a cinta e a prótese que usava. Se levantou e ordenou:
- Vira. - Foi obedecida pela outra sem pestanejar.
Isabella ficou de quatro e olhou para trás, o mesmo olhar safado de quando a beijara pela primeira vez depois de anos, na sacada do apartamento. A morena semicerrou os olhos e mordeu o lábio enquanto estapeava sua bunda e se posicionava. Ofegou deslizando a prótese em sua vulva, a umidade lubrificando a peça, os olhos azuis escuros não desviando das suas ações, a anca inclinada para trás, totalmente entregue. O corpete e as meias ainda vestidos, servindo como apoio para quando a morena a puxava. Micaela abriu seus lábios íntimos e fez um movimento preciso se enterrando nela. Isabella choramingou gem*ndo longamente, os olhos agora perdidos na cabeceira de cama da morena, sentindo por dentro o vai e vem que ela começava de forma tão… Deliciosa.
Era incontrolável, a cada vez que o quadril da outra investia contra ela… gemia. Um gemido embevecido, que lhe excitava cada vez mais e mais rápido. As mãos da morena a seguravam, impedindo que ela coordenasse os movimentos, apenas sentia e como sentia. Mais um tapa, seguido de um carinho mais ousado entre suas pernas.
- Ahh… Mica… Mica… - Sentia o quadril da morena colidir contra o seu, a cada estocada sua respiração ficava mais falha, o tesão alcançando picos desconhecidos e deliciosamente vertiginosos. Chamava pelo seu nome em súplica, seduzida pelo prazer absoluto de senti-la entrando e saindo… Era lento, às vezes mais rápido, sempre certeira em seu ponto mais sensível, mais secreto. A pele de suas costas se arrepiava, as mãos de Micaela corriam por ali, demarcando sua epiderme exposta pela lingerie.
Micaela pressionou seu corpo contra o colchão fazendo ela se deitar de bruços, beijou e mordeu sua nuca, afastando-lhe as pernas, sem parar de acariciá-la e penetrá-la. As têmporas úmidas denunciando o esforço que fazia para segurar ao máximo o imensurável prazer de tê-la toda para si, depois de uma longa solitária semana. De ver sua pele se arrepiar e avermelhar, ouvir seus gemidos intensos e o som molhado que era produzido a cada investida.
Voltou a mover o quadril gem*ndo lentamente, também a beira do orgasmo assim como a outra que gemia descontroladamente. Respirou fundo fechando os olhos, se controlando, mas se mexendo involuntariamente dentro dela, cada vez mais fundo, mais intensamente.
- Me fode… Ahhh… Assim… Adoro quando me fode assim…
Os lençóis eram massacrados pelas mãos da fisioterapeuta que já não controlava mais o que pensava, sentia ou falava. Segurava a respiração e se contraía tentando conter ao máximo o gozo precoce, porém isso só aumentava a fricção lhe excitando ainda mais, seus olhos se perdiam nos lençóis azuis escuros abaixo de si, estava caindo… Ela sentia. Estava prestes a desmoronar e não sabia como suportaria, como se seguraria, o clímax chegava em cavalgadas e era incontrolável... Irrefreável!
- Eu vou goz*r… Esper… Ahhh… Ahhh
Micaela intensificou os movimentos quando a ouviu, os corpos deslizavam se “beijando”, se conectando. Não parou de beijar suas costas e sua nuca nem por um segundo, era a forma que encontrara para não focar a atenção no quadril e acabar goz*ndo junto com ela. Não queria ainda. Ainda não. Segurou o corpo abaixo de si sem parar de se mexer dentro dela, enquanto os espasmos atingiam Isabella implacavelmente, impiedosos. Ela gritava… suada, quente e… Perfeita. Sentia a pressão que ela fazia ao se contrair, a prótese ficava quase presa, o quadril da morena precisando forçar para entrar e sair. Mordeu os lábios segurando o próprio gozo, o gemido baixo e sôfrego escorregando da sua garganta, clamando pelo orgasmo que ela continha obstinada.
Isabella finalmente abriu os olhos, percebendo que os havia fechado fortemente no ápice. Respirava tão rápido que choramingava a cada expiração, o suor escorrendo por seu colo, sua face. A morena ainda dentro dela, agora imóvel, aguardando pacientemente sua recuperação. Ela havia tido um breve deslumbre do que era aquela mulher na cama, ela sabia disso. Apenas uma breve amostra, para que ela aprendesse a ser mais obediente e não pedir demais. O aviso havia sido claro, ela adorara conhecer esse lado de uma Micaela lasciva e dominadora.
Micaela se mexeu levemente e foi o suficiente para ela gem*r de novo, ainda com resquícios de gozo roubando a pouca sanidade que lhe restava.
- Você tá bem? - A morena sussurrou se certificando.
- Aham… - Ela ainda ofegava.
- Vira de frente pra mim. - A morena se apoiou nos braços ajudando ela a se virar sob seu corpo. Ela o fez e ficaram frente a frente.
- Você… Não gozou? - Isabella conseguiu perguntar recuperando um pouco do fôlego, os olhos azuis a observavam atentos e deslumbrados.
- Não terminamos.
A pequena frase arrancou mais um gemido de Isabella, que teve a boca novamente preenchida pelos lábios macios e exigentes da morena. As pernas da fisioterapeuta se encaixaram espontaneamente em sua cintura, Micaela se posicionou entre elas, mas sem penetrá-la, agora curtia sua boca sem pressa.
As mãos de Isabella agarraram os seios da morena, depois desceram para a cintura e finalmente para o quadril… forçando-a para baixo e exigindo por mais, mas Micaela não tinha pressa. A morena segurou a prótese com uma mão e provocou-a entre seus lábios íntimos, quase a penetrava, mas parava e voltava a lhe ch*par os seios, a boca, o pescoço. Num ritmo alucinante que já ensopava Isabella novamente. Micaela penetrou-lhe com os dedos, gem*ndo satisfeita.
- Toda babada… Tão molhada! - Ela sussurrou entre os lábios vermelhos da outra, trazendo a mão entre elas e ch*pando os próprios dedos com expressão jubilosa. Ardia de tesão, se controlava por que sabia que seria intenso e não queria goz*r precocemente.
Então tudo mudou!
- Só você me deixa assim… - Isabella sussurrou, manhosa. - Eu adoro quando me toca, quando me beija… Você me deixa louca…
Sua voz era um murmúrio dengoso, quase uma súplica em meio aos gemidos, aquilo desestruturando a morena, que sentia o peito doer por ouvi-la confessar aquelas coisas. Isabella não imaginava o quanto ela esperara por ouvi-la tão entregue, ultrapassando a linha que traçara do “apenas sex*”.
Micaela rangia os dentes, se concentrando em não confessar seu amor por ela, sabia que não seria necessário muito para que se declarasse… Mas não faria isso assim, naquele momento. Não… Ela não acreditaria, ou pior, poderia arruinar suas expectativas, pois não sabia o que lhe ia na mente, precisavam conversar, mas primeiro mataria as saudades.
Esfregava-se nela, para cima e para baixo, sem penetrar e apertou a prótese fortemente quando a ouviu novamente.
- Senti tanto sua falta… - Isabella pegou em seu rosto, os olhos azuis buscando os seus, transmitindo muito mais do que palavras, o que ela estava sentindo.
Micaela franziu o cenho derrotada, mergulhou para dentro dela devagar e quando chegou ao fim ambas gem*ram sem desviarem o olhar. Se Isabella conseguisse “ouvir” o que sua íris lhe “dizia”, ela estaria perdida… pois dizia “eu te amo” em cada olhar, em cada respiração, nunca esteve tão exposta. Entrou uma, duas, três vezes e parou, respirando rápido… Ia o mais lento que conseguia, o rosto uma expressão quase de dor, o suor escorrendo por sua face, denunciando a força sobre-humana que fazia para se conter.
- Vem… - Isabella levantou o quadril instigando-a, a voz rouca arrepiando Micaela que tentava recuperar o posto de controle e dominação. Quando ela falava daquele jeito, a morena sentia a vulnerabilidade dominar suas ações, era amedrontador e ao mesmo tempo fascinante. Como cair de um precipício, mas com um oceano límpido e profundo a lhe esperar.
Num lapso de desespero levou as duas mãos da outra até acima de sua cabeça, os dedos de ambas entrelaçados, beijou seu rosto, sua boca, seu queixo. E então se moveu, mais uma… Duas… Três… Qua… Parou novamente cerrando os dentes, o som da penetração denunciando o quanto Isabella estava molhada…
- Gosta dela assim, não é? - A diaba não se calava, gemia e provocava, também já próxima ao seu segundo gozo. – Encharcada e toda sua…
- Ahhhhh… - A morena gem*u voltando a estocar devagar, contendo a vontade de lhe virar novamente e fodê-la com força. - Eu adoro! - Respondeu ambiguamente, mordendo seu lábio inferior. Queria castigá-la, queria puni-la… Fazê-la sentir o quanto era dolorido fazer amor com ela, segurando todas as palavras que dançavam em seus lábios.
- Você vai me fazer goz*r de novo… Ahhh… Isso… não para… assim!
Se abraçaram enquanto Micaela entrava e saía de forma cadenciada, seus corpos em brasas, os olhos azuis revirando e se fechando. A morena finalmente deixando que o corpo se entregasse, vulnerável àquela que amava. Engoliu as palavras, mas impossível esconder seu olhar, ele dizia tudo. Começou a goz*r e Isabella acompanhou abrindo os olhos, ambas gem*ndo e absorvendo todas as palavras não ditas pelos olhares presos um ao outro. Micaela gemia com uma expressão indecifrável, um som e imagem que Isabella guardaria para a vida, independente do que acontecesse com elas. As mãos se buscando, as bocas se degustando e as pelves se chocando saudosas, garantindo que aproveitassem cada gota daquele orgasmo intenso, longo e perfeito. Aos poucos a corrente sanguínea diminuía seu fluxo, os corpos se acalmavam, as respirações entravam em sincronia.
- Ahh… - Isabella gem*u quando ela saiu e entrou lentamente uma última vez. Micaela continuou fundo dentro dela, enquanto se recuperava.
A morena se apoiou em um dos braços, fazendo Isabella incrédula se questionar como ela ainda tinha forças. Então Micaela depositou um beijo em sua testa, tão delicado e singelo… Foi impossível segurar a lágrima que rolou pelo olho azul e se perdeu em sua face. Nada disseram, não era necessário, a morena beijou seus olhos, querendo poder tirar qualquer dor que pudesse lhe afligir, mas sem de fato entender que seus olhos choravam de alegria, não tristeza.
- Vou sair, tudo bem? - Avisou antes de retirar-se dela, com cuidado.
Olhou entre suas pernas preocupada e a vulva estava avermelhada e inchada. Sentiu o peso em sua consciência e assim que levantou os olhos o sorriso safado da outra lhe trouxe certo alívio.
- Está doendo?
- Não, nadinha… Ela fica assim mesmo, você sabe. - A fisioterapeuta mordeu os lábios tampando o rosto com as mãos e fechando as pernas, ligeiramente envergonhada, o que era raro entre elas na cama, a intimidade entre as duas era alto tão natural que não surpreendia que “conversassem” mais com os corpos, do que com as bocas.
- É que nunca… Tínhamos feito assim antes. - Micaela sussurrou acariciando seu abdômen.
- Não. E foi maravilhoso! Por quê não fizemos antes, mesmo? - Perguntou quase séria segurando o sorriso de prazer.
Micaela riu carinhosa e abraçou-a fazendo-lhe cócegas, mas o corpete atrapalhava seus movimentos.
- Porque você nunca tinha ficado “à caráter” e praticamente exigido minha presença. - Respondeu a pergunta a devorando com os olhos, insinuando o que de fato havia sido exatamente como ela descreveu.
- Idiota!!! - A fisioterapeuta gargalhou dando um tapa em sua perna. Ainda ria quando perguntou: - Você usa sempre? - Apontou o objeto que tinha uma cor azul metálica e um formato diferente de um p*nis realista, estava mais para um cilindro com uma ponta encurvada, essa última que fazia toda diferença para um melhor contato.
- Só quando me pedem… E você praticamente pediu.
Isabella riu mais uma vez despenteando seus fios negros, beijou seu queixo e respirou fundo sentindo a saudade ser saciada aos poucos, mas por incrível que pareça queria prolongar o tempo ao máximo e aproveitar cada milésimo de segundo disponível com ela.
A morena aproveitou para retirar a cinta, então Isabella reparou mais de perto ignorando a pontadinha de ciúmes por imaginar ela usando-a com outras.
- Uau, o que é isso? - Ela apontou uma outra parte da prótese, que ficava na ponta oposta e tinha um formato perfeito para encaixar em quem a vestisse. - Isso vai dentro de você? - Ela perguntou encantada com o equipamento de formato anatômico e textura macia.
- Aham. Ajuda no encaixe, no movimento e no estímulo. - Piscou para ela. - Você pode usar também, se quiser…
Isabella arrepiou-se só de imaginar. Será que ela saberia fazer tão bem quanto a morena? Com certeza adoraria praticar e aprender… A fisioterapeuta pegou o objeto que ainda estava úmido delas. Estudava-o curiosa e já excitada para que usassem novamente.
- Esse modelo eu comprei do Gabriel, ele vende algumas coisas… Mas nunca havia usado, tá novinho. - Micaela interrompeu seus pensamentos, explicando.
- Fez o test-drive comigo, então? - Isabella sorria deitada de lado, muito à vontade. - Foi do seu agrado, senhorita?
Micaela concordou com muita ênfase e depois puxou seu pé mordendo-lhe o dedinho.
- Aiiii… - A outra gritou gargalhando e tentando fugir.
- Dorme aqui?! - A morena pediu interrompendo seu tremelique com as cócegas nos pés.
A fisioterapeuta puxou o pulso da outra conferindo a hora.
- Hum, não sei… amanhã começo bem cedo…
- Fica… - A voz rouca de Micaela pediu arrancando um sorriso e uma anuência da outra.
No banheiro Isabella despiu-se do restante da lingerie sob o olhar atento da morena. Micaela então ligou a banheira e deixou duas toalhas sobre a bancada. Entrou primeiro e chamou, estendendo-lhe a mão.
A água morna foi um bálsamo para seus corpos exaustos e suados. Micaela se sentou e Isabella se encaixou em suas costas, uma perna de cada lado, o contato íntimo tornando tudo tão natural e ao mesmo tempo excitante.
- Eu adoro essa pintinha que você tem aqui. - Murmurou a fisioterapeuta tocando a pequena pinta que ela tinha entre a clavícula e o ombro.
- E eu adoro a manchinha em formato de gota que você tem no bumbum…
- A de nascença? - Isabella perguntou beijando seus cabelos curtos.
- Huhum.
- Você pôde observar ela bastante hoje, né?! - Ela brincou e acabou rindo da risada que a outra soltou.
Isabella passou as pernas sobre sua cintura, colando o corpo em suas costas, suas mãos a abraçando pelo tronco, cheirando seu pescoço e sua nuca, murmurou:
- Eu adoro você.
O coração de Micaela pulou a congelando por instantes com aquela declaração e o seu silêncio foi o suficiente para a outra ficar quieta depois disso, ela ainda a abraçava carinhosamente, mas em silêncio.
Todos os conselhos de Júlia passando como letreiros pela mente da morena, a voz de Talita dizendo que ela não tinha juízo e a conversa pendente boiando entre elas assim como as bolhas de sabão da banheira.
- Isa?
- Hum?
- Você me amava?
A pergunta direta e objetiva calou ambas por longos segundos. A Isabella jovem em choque com a pergunta, enquanto a atual se concentrava em não perder o controle e ao mesmo tempo não estragar o momento delicioso que estavam vivendo ali.
- Não precisa responder, se não quiser. - A morena antecipou, prevendo que ela não gostaria de falar sobre esse assunto.
- Tudo bem, eu… Acho que muita coisa ficou confusa, meio subentendido, quando éramos jovens. Sim, eu te amava, inclusive confessei para você na época, só não sabia que além do meu primeiro amor, você seria também minha primeira decepção amorosa. - Sua voz era baixa, ainda com ela em seus braços, na mesma posição. Não conseguia ver sua expressão, mas sentia a tensão em seus músculos.
- Eu “achava” que sabia o que estava fazendo na época, mas na verdade estraguei tudo. - A morena simplesmente respondeu de forma penosa.
- Não. Como minha terapeuta dizia… Nós somos resultado de tudo que fizemos, inclusive os erros, não somente os acertos. Mesmo que nos rebelássemos para ficarmos juntas… Poderia ter piorado ainda mais as coisas e talvez não seríamos o que somos hoje. - Ela beijou-lhe a têmpora, transmitindo segurança e confiança. Não achava saudável quando ela se martirizava daquela forma.
- Você fala como se tivesse me superado facilmente, mas eu sei que não foi um período que deva sentir saudades, Fernando me mantinha a par de como você estava… e eu não tenho palavras que possam dizer o quanto me sinto culpada. Era um período que eu lutava contra minha vontade insana de voltar e te arrancar da casa do meu pai, ao mesmo tempo um lado racional me dizia que eu não poderia fazer isso e acabar te oferecendo nada além de sentimentos imaturos, eu não tinha nada, era dependente da minha mãe… Foi horrível, mas hoje reflito se talvez não tivesse sido melhor pelo menos ter tentado, eu sinceramente não sei se daria certo.
- Sim, poderia ter dado certo assim… Ou não. - A voz da fisioterapeuta era um murmúrio baixo, ela absorvia suas palavras querendo fortemente acreditar no que ela dizia, a Isabella jovem inquieta ao fundo, descrente que a adulta pudesse ser tão facilmente convencida.
Micaela se virou ficando de frente para ela, a nudez de ambas tornando a atmosfera ainda mais sincera e explícita.
- Você gostaria que eu tivesse tentado?
- Sim e não. - Os olhos azuis eram uma mar claro e sincero. - Eu acredito que qualquer caminho que escolhemos ao longo da vida, representa possibilidades de felicidades e tristezas. Se você não tivesse ido embora… Talvez eu não teria a Lis, que é a coisa mais preciosa da minha vida, mas talvez tivesse tido outras felicidades, ou talvez não… - Ela tentava com muito esforço não sucumbir a vontade de deixar a Isabella jovem extravasar sua dor e tristeza, então apaziguava, sem perceber, toda situação.
Micaela sorriu se lembrando de Lis, da sua risada cristalina e sua alegria genuína por coisas tão simples. Era lamentável que tivesse ficado tanto tempo longe e perdido Isabella grávida, seu parto, os primeiros passos da baixinha, suas primeiras palavras…
- Não me orgulho por ter me mantido tão afastada…
- Graças à esse afastamento eu busquei apoio naquele que mais me lembrava você… - Acariciou a pintinha que ela tinha no queixo. - E encontrei um grande amigo e pai da minha filha. - Fazia o possível para também mostrar o lado positivo, fazer ela perceber que não precisava se lamentar pelo passado, poderia focar somente no presente. A Isabella jovem quase rosnando indignada com essa decisão da adulta de mantê-la “enterrada”.
- Você… Foi apaixonada por ele? Por isso ficaram juntos? - Precisava saber.
A risada de Isabella respondia, mas ela fez questão de dizer em palavras:
- Eu não chamaria um “sex* bêbado no banco de trás do carro” de estar apaixonada… Mas amo muito seu primo, ele foi meu porto seguro quando eu estava… Tentando te esquecer, então nos aproximamos. Mas nunca tivemos nada além de uma amizade muito verdadeira, inclusive rimos muito depois desse “delírio” que tivemos… Acho que o destino queria que eu fosse mãe e o Fernando era o mais próximo que tinha no momento.
Elas riram cúmplices, a água da banheira escondendo suas mãos que se tocavam involuntariamente por baixo dela.
- E ele também te ama muito, é visível como é protetor com vocês duas… - Pigarreou com o embargo que a lembrança causou em sua voz. - Como é para minha família ele ter se casado com uma mulher trans? - A morena colocou as pernas sobre as coxas dela, num abraço que as aproximava ainda mais.
- Advinha? Péssimo né, Mi… Seu primo Ygor escroto é um pesadelo e o restante finge que Verônica não existe. Só o Túlio que salva, mas ele foi morar com a namorada em outra cidade, então…
- Foi uma pergunta retórica, eu já imaginava o pior cenário mesmo… - A morena abaixou os olhos, pesarosa pela “sorte” em ter nascido em uma família preconceituosa.
- E você não tem ideia do quanto é irritante conviver com eles idealizando que EU sou esposa do teu primo… Fui casada com a Cami por anos, e Fernando com a Vê… Mas para eles isso tudo é irrelevante. E eu temo pelo que a Lis vai pensar no futuro, já tive várias conversas com Fer sobre diminuir o contato com a família e simplesmente me isolar, mas nossos pais amam demais a Lis… e ela é louca por eles também. É um dilema eterno. - Ela esfregou os olhos cansados só por se lembrar desse assunto.
- Eu sei, passava exatamente por isso quando tinha contato com eles. Felizmente cortei! - Micaela acariciou as madeixas castanhas presas ao coque que ela sempre fazia, queria ter o poder de tirar esse cansaço dela.
A fisioterapeuta engoliu em seco com aquela ênfase que ela deu em ter cortado contato com sua família, seria isso um “déjà vu” da sua adolescência? A morena se afastaria novamente caso elas expusessem a relação que estavam tendo? Apesar que não poderiam chamar o “sex* maravilhoso” que tinham de um relacionamento, contudo não poderia se iludir que a morena colocaria toda sua luta para se manter afastada daqueles que só a feriam e nunca a valorizaram, apenas por ela. Balançou a cabeça dispersando as reflexões.
- Você não sente falta? Do seu pai… da Tia Elisa?
- No começo eu sentia mais, hoje eu sinto apenas um vazio.
Como em resposta à sua fala a barriga de Isabella roncou fazendo a fisioterapeuta enrubescer como um pimentão e Micaela gargalhar divertida.
- Não tão vazio quanto essa barriguinha faminta… - A morena ria e acariciava seu abdômen por baixo d’água.
- A atividade física de hoje foi bem intensa… - A fisioterapeuta piscou e mordeu carinhosamente seu ombro.
Terminaram o banho em meio a beijos e amassos mais ousados. Nenhum assunto mais sobre passado, família ou relacionamento foi levantado por elas. Estavam tão envolvidas nelas mesmas que foi natural que Isabella vestisse uma roupa da morena, depois cozinhassem juntas em uma cumplicidade gritante. Jantaram entre beijos e conversas amenas, o assunto mais profundo ainda em pausa, propositalmente. Desfrutavam daquele curto período de paz e afeto. Deitaram-se para dormir já no início da madrugada, cientes de que precisavam descansar para o dia seguinte, foi tão natural quanto um piscar de olhos, que a morena aninhou seu corpo atrás da outra, em um abraço repleto de carinho, que obviamente não passou despercebido pela fisioterapeuta.
- Lis faz exatamente assim quando invade meu quarto de madrugada para dormir comigo… - Isabella riu sonolenta já de olhos fechados, atenta ao ato da morena em puxar uma mecha do seu cabelo e inspirar o cheiro.
Micaela apenas sorriu, também sonolenta, o corpo quente e macio contra o seu sendo um sonho que se concretizava depois de muitos anos. Era quase irreal de tão bom, estar com ela em seus braços… Adormeceram literalmente sorrindo.
Fim do capítulo
Mais um cap quentinho para aquecer essa semana que se inicia fria s2
bjo e até breve
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Marta Andrade dos Santos
Em: 15/05/2023
Fez tudo ao contrário em Micaela foi vê Isabella correu para cama.
Bibiset
Em: 16/05/2023
Autora da história
Isso é tão Micaela rs
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