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Meu Passado Com Você por Bibiset

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Palavras: 6547
Acessos: 1465   |  Postado em: 17/05/2023

Capitulo 27 - Finalmente o Presente

- Eu sei, eu sei… Não gritaaa!!!

Micaela entrava apressada no estúdio, com Júlia ao telefone berrando impropérios depois que ela lhe confessara sobre a noite anterior com Isabella.

- Bom dia, bom dia… - Ela cumprimentou rapidamente Fabíola e Tiago que conversavam na recepção.

Entrou em sua sala e abriu o notebook para iniciar o dia, teria um cliente em poucos minutos, já estava atrasadíssima. Lamentou-se esfregando os olhos, da “brilhante” ideia que tivera em mandar uma mensagem para a melhor amiga, contando brevemente sobre a noite anterior. Fora mais ou menos assim que o dia começou:

- Te vejo mais tarde… - Isabella beijou-a na calçada, deixando Micaela mais acesa do que mil xícaras de café.

- Ah, não faz isso… - Ela mordeu seu lábio inferior, agradecendo por não haver muitas pessoas na rua naquele horário.

- Sua boca que me obriga! - A fisioterapeuta reclamou quase indignada. Segurando seu rosto beijou-lhe uma última vez e se foi depressa, olhando apenas uma vez para trás para soprar-lhe um último beijo e uma piscadela.

Micaela piscou algumas vezes despertando do torpor, alguns longos segundos depois que ela se fora. Sacou o celular do bolso e digitou depressa com um sorriso incontido nos lábios:

@micaela - Eu tive a melhor noite da minha vida, mas não sei o que fazer…

@julinha - não não!!! Diz pra mim que foi só sonho?!?! Não é possível, vc saiu daqui ontem a tarde, como tiveram tempo???!!!

@micaela - se foi um sonho, então o arranhado nas minhas costas é MUITO REAL! (emojis safados e emojis sorrindo) Foi tão maravilhoso Ju s2

@julinha - vc conseguiu dizer o que sente então? Ufaa!! Que susto (emoji assustado) Ain amiga, agora tô feliz, me conta como foi? Vc saiu daqui direto pra casa dela?? (emojis apaixonados) Pq disse que não sabe o que fazer? Ela não correspondeu? Vc disse que foi a melhor noite da sua vida e que foi maravilhoso… (emojis desconfiados) SEJA OBJETIVA e me conta logo!

@micaela - Se vc deixar…

@julinha - CONTAAAA!!!!

@micaela - não confessei em palavras…

@julinha - ???? (emojis sérios)

@micaela - ela veio até o apê… praticamente com segundas intenções e eu JURO que tentei resistir, não tô exagerando! (Emojis envergonhados)

@julinha - PQP MICAELA! (muitos emojis zangados)

@micaela - EU JURO PELA MINHA MELHOR CÂMERA!!!

Logo em seguida seu celular tocava, o número na tela denunciando uma Júlia possivelmente possessa. Ela ignorou o toque e dirigiu até o estúdio, só atendendo quando desligou o carro. Depois de quase ficar surda pelos gritos que recebeu por ter ignorado ela, finalmente explicou detalhadamente tudo que aconteceu, acreditando que obviamente Júlia a entenderia, mas agora ela ouvia calada o sermão “Julesco”, enquanto respondia rapidamente alguns e-mails, antes do cliente agendado chegar.

- … Não tem desculpa, entendeu?

- Sim… - Micaela respondia ao monólogo apenas com advérbios de afirmação ou negação.

- Você vai acabar numa merd* duma foça tão grande… Olha… Eu não tenho como pegar na sua mão e literalmente te mostrar, mas… Sério, você poderia ter apenas um tiquinho de amor próprio, sabe?!

Micaela sentia o desespero da amiga do outro lado.

- Cara, você é FODA! Uma pessoa maravilhosa e não se valoriza. Eu sinceramente nem sei mais o que dizer…

Ah, ela sabia. Já tinha dito essa frase há minutos atrás e falara um livro depois disso.

- Você quer acabar na merd*, de novo? É isso?

- Não…

- Então, porr*! Toma ciência do que está fazendo com sua vida… Para de trepar por trepar e reflita sobre seus sentimentos, caramba!

Júlia se expressando com palavrões era realmente algo sério, Micaela começava a ficar preocupada e insegura novamente. Teria estragado tudo de novo?

- Ela disse que me adora… - Soltou baixinho como uma criança quando recebe um sermão dos pais por ter confiado demais no coleguinha da escola que roubou seu lanche.

- Em qual circustância ela disse isso? Vocês estavam nuas???

- Err… Mais ou menos… - Micaela fez uma leve careta. A culpa e o arrependimento por ter segurado o que sentia lhe martelando a mente. Ela mesma não entendia que medo irracional era aquele de colocar em palavras o que ela já demonstrava em atos.

- ENTÃO NÃO CONTA!!! - Júlia urrava do outro lado.

- Ei, calma…

- Calma não! Eu recolhi cada caco que você derrubou por essa menina, não é possível que não se lembra o trapo que você ficava em todos aniversários dela…

Ela se lembrava.

- Eu juro pra você que achei que era página virada… Quando você se mudou praí… - Ela quase se teletransportava pelo celular. - Eu temi, mas juro que você demonstrava uma força e uma maturidade tão grandes, que acabei acreditando que tinha superado! E por anos você esteve tão bem, tão focada… Eu não sei o que aconteceu…

- Eu me apaixonei! - A morena quase gritou de volta já com lágrimas nos olhos. - Foi “isso” que me aconteceu, DE NOVO!

Júlia suspirou do outro lado, quase cansada demais para continuar aquela conversa.

- Eu torci tanto para que vocês ficassem juntas quando você foi visitá-la na formatura… Fiz promessas… Rezei… - Ela ficou muda por alguns segundos e continuou: - Mas depois desse dia... Micaela, você virou um zumbi! Literalmente eu namorava um zumbi, você não sorria… Não comia… Você sequer sabia olhar pra gente, seus olhos… - Ela soluçou do outro lado e Micaela se assustou.

- Jú, me perdoa…

- Não, não quero seu perdão! Quero sua felicidade!!!

- Eu também quero…

- ENTÃO PARA DE CAVAR A PRÓPRIA COVA! - Júlia desligou deixando uma Micaela extremamente trêmula e sensível olhando para a tela do celular.

Uma mensagem não lida aparecia nas notificações, quase lhe assombrando naquele momento. Abriu receosa, com a respiração presa.

@bella - acho que esqueci minha lingerie na sua casa (emojis safados) então vou ser obrigada a buscar, já que preciso estar “à carater” quando precisar da sua presença novamente, certo?! (emoji diabinho sorrindo)

Micaela largou o celular, desorientada com a excitação que a assolava, ao mesmo tempo que a voz de Júlia lhe martelava a consciência. Segurou a cabeça entre as mãos, sem saber o que fazer ou como agir. O sentimento que Isabella despertava em seu corpo, sua alma… Estava revivendo sensações da adolescência e não estava preparada para aquilo, era inacreditável que houvesse caído no mesmo “buraco”.

- Chefe, o cliente das oito e meia chegou… - Tiago bateu na porta e murmurou por trás da madeira.

A morena choramingou se recostando na cadeira, os olhos perdidos no teto da sala, a memória revivendo a noite anterior e o bom senso lhe gritando “Levante e vá trabalhar”.

***

- Oi! - Fernando cumprimentou Isabella com um beijo na cabeça, depois de entregar-lhe a filha que cochilava em seu colo.

- Oi… - Uma Isabella distraída respondeu, ajeitando Lis que pesava ainda mais quando estava dormindo.

O amigo percebeu de imediato.

- O quê foi? - Ele quase agachou em sua altura, investigando seus olhos.

- Nada…

Isabella posicionou a filha com cuidado na cadeirinha do banco de trás do seu carro. Fernando buscara a pequena na escola, depois encontrara a amiga na saída da clínica.

- Bella, o quê aconteceu? - Ele inquiriu sério impedindo que ela abrisse a porta do motorista.

- Já disse que não aconteceu nada! - Respondeu quase rude, impaciente para ir logo para casa. Já passava das dezoito horas, ainda teria que fazer a janta e o dia rendera pessimamente. Tirou a mão dele e abriu a porta.

- Tudo bem, se não quer falar não fala, mas eu vou supor o que eu quiser e ainda fofocar para Verônica e Ulisses. - Fernando cruzou os braços.

- Você tem o quê, dez anos de idade? - Ela repreendeu irritada.

Ele sorriu sabendo que ela odiava quando ele fofocava sobre sua vida com os amigos, ainda mais se ela não estivesse presente.

- Você… Você é irritante igual ela! - Respondeu entre dentes fechando a porta de novo.

- Ah, então é sobre “isso”… Eu ia supor certo. Desembucha! - O amigo recostou-se no carro, cruzando os pés e aguardando pacientemente.

Isabella respirou fundo torcendo os lábios.

- Ontem eu fui até o apê dela. - Engoliu em seco e cruzou os braços tentando refrear as lembranças que a assolaram o dia todo. - A gente ficou… Foi… - Ela tremeu a voz, e pigarreou antes de continuar. - Foi perfeito. - Sua voz era quase um sussurro, os olhos perdidos em um chiclete derretido no asfalto.

- E isso não é bom? - Ele perguntou cuidadoso, sabendo que ela estava frágil, a conhecia o suficiente para isso.

- Eu achava que sim, né?! - Ela cerrou os dentes contendo a sua versão jovem que queria explodir furiosa. - Mas pelo visto deve ter sido uma merd* para ela…

- Vocês discutiram?

- Ham! Antes fosse, ela simplesmente me ignorou o dia todo! - Os olhos azuis eram duas piscinas gélidas. - Transamos, tomamos banho, cozinhamos, dormimos… Foi perfeito! Argh, que ódio da tua prima, Fernando!

- Você nunca foi de se importar em ligação pós sex*…

Ele sabia que se enveredava por um caminho tortuoso, quase letal. Verônica com certeza alertaria, mas ele precisava fazê-la se abrir. Aquela história com Micaela já estava indo longe demais, elas precisavam se decidir.

- É verdade! - Os olhos azuis semicerraram concordando com o que ele dizia. - Acho que devo estar no período fértil ou TPM… Foda-se se ela não me respondeu ou atendeu minha ligação. Foda-se ELA!

- Calma… Não é isso que eu quis dizer…

- Obrigada! Eu quase me deixei levar… Mas que inferno, onde eu tava com a cabeça? - Ela estava eufórica, não o ouvia mais, a Isabella jovem debochando dela mesma, se perguntando por qual razão ficara com o nó na garganta o dia todo depois que fora ignorada pela morena.

- Isabella! - Ele segurou em seus ombros, obrigando-a a olhar para ele. - Respira!

- …

- Isso, se acalma…

Inspira. Expira. Inspira. Exp…

- Ela não me mandou sequer um “oi”, Fer… - Seus olhos estavam marejados, a respiração entrecortada.

- Calma, ela pode estar só trabalhando muito…

- Ela sempre responde.

- Você ligou pra ela?

Ela confirmou com a cabeça, sem querer acreditar que havia confiado demais, sem querer admitir que havia se entregado demais. A jovem Isabella ao fundo, quase sadicamente rindo da sua inocência.

- Não é possível, cara… - Ele estranhava a reação da prima, apesar de não falar com ela há anos.

Isabella deu de ombros e ele simplesmente a abraçou, pela milésima vez que ela chorava ao longo da vida, por culpa daquela que ele nutria ainda grande afeto e amor. Inacreditavelmente ele ainda confiava de que tudo não passava de um mal entendido, mas não diria isso em voz alta, pois conhecia a mãe da sua filha e sabia que isso seria apenas um estopim para deixá-la pior.

***

Micaela entrava em sua vigésima sequência de exercícios, quando Gabriel apareceu com um sorriso no rosto e uma garrafa de água na mão.

- Quer ficar maromba?

- Oi, Gabs…

O amigo estranhou seu jeito seco, mas respeitou que ela terminasse os exercícios antes de voltar a interpelá-la.

- E aí, gatinha? Vem sempre aqui? - Ele se recostou na parede, vendo ela apoiar a mão no bebedouro e beber a água com os olhos fechados. Era fascinado pela beleza dela. O suor umedecia seus fios negros, deixando-os ainda mais escuros. A boca vermelha da respiração ofegante e… Ela abriu os olhos, flagrando sua feição abobada e hipnotizada.

- Não trouxe minha garrafa… - Ela justificou o uso do bebedouro. Não que ele houvesse perguntado, mas ela precisava desviar sua atenção de alguma forma.

- Se quiser, pode usar a minha…

- Já terminei por hoje. Mas obrigada. - Ela deu um meio sorriso, já se virando.

- Vamos sair? - Chamou antes que ela partisse.

- Hoje não dá…

- Na sexta, então?!

- Não sei, Gabs. - Ela estava estranha, mas ele insistiu:

- Mica, não tenho chances. Eu sei. Mas me deixa ser seu amigo, pelo menos?!

- Você já é! - Ela olhou-o sincera.

- Se sou, então me conta o que te aflige.

Ela olhou os próprios tênis esportivos, a avalanche de informações que precisaria ser dita para atualizá-lo sobre suas aflições daquele dia. Ela só queria ter extravasado a ansiedade absurda que estava em algumas flexões e abdominais, depois ir para casa e se afogar em lembranças da noite anterior, ela era ótima em fazer isso, se alimentar de migalhas de passado.

- Não precisa ser hoje… Mas eu tô sempre aqui. Ás vezes tenho recaídas, admito! Você é especial pra mim… juro que tô aprendendo a te entender… Entender que não tenho chances também.

Ela sorriu agradecendo sua sinceridade, estendeu a mão e o puxou para um abraço, só percebeu que precisava de um quando ele a envolveu com os braços.

Suspirou e afastou-se alguns segundos depois.

- Foi mal, tô suada… - Ela riu vendo que tinha molhado sua camiseta.

- De boa. - Ele sorriu de volta.

- Bom, já vou… Mas obrigada por se preocupar, eu sei que posso contar com você e digo o mesmo; pode contar comigo. A gente marca alguma coisa…

- Posso te acompanhar até em casa? - Ele pediu já sabendo que ela negaria, mas por um milagre ela aceitou a companhia na caminhada curta que fazia até em casa, colocando um sorriso largo no rosto do rapaz.

Chegaram até a porta de saída da academia e só então perceberam a chuva pesada (rara) que caía. Trovejava e Gabriel sugeriu levá-la de carro até em casa.

- Imagina! São três quarteirões, Gabs… Nem pensar, eu vou rapidinho. - Ela olhava o tempo feio, se lamentando por não ter levado um guarda-chuva quando saiu de casa com o tempo nublado. Contudo a cidade era uma incógnita quando se tratava de chuva, mesmo quando chovia, era por tão pouco tempo que ela tinha o mesmo guarda-chuva desde que se mudara e ele estava novíssimo.

- Ah, parabéns… Suada assim e vai pegar essa chuva para depois ficar resfriada. Tá certo! - Ele debochava, mas estava seriamente bravo com sua decisão.

- Eu… Ok, vamos de carro. Mas já vou avisando que vou encharcar o banco com meu suor! - Ela avisou com a cabeça ainda voltada para o lado de fora, sem perceber o quanto sua fala mexia com o pobre rapaz.

Entraram no veículo e precisaram dar a volta, para pegar a rua da morena novamente e não seguirem na contra mão. Estacionaram e Gabriel acendeu a luz do interior do veículo, antes de se voltar para ela.

- Pronto, indolor e sem gripe.

- A não ser que eu pegue nesses centímetros de calçada até o portão… - Ela apontou fazendo troça do seu comentário.

- Engraçadinha! - Ele cutucou seu ombro.

- Obrigada Gabs.

Ele sabia que ela agradecia bem mais do que pela carona.

- Disponha. - Ele sorriu e beijou seu rosto fazendo um estralo.

- A gente precisa marcar outro rolê, não é?

- Sim, cara… Só que sem escândalos desta vez, por que tô de boa de ser quase enxotado do bar. - Ele dizia bem sério. E ela gargalhou antes de responder:

- Putz, que merd*… Aquele dia eu estava meio possuída, sei lá. - Havia mesmo MUITA coisa que precisava contar para o amigo.

- Toda justiceira! Até hoje você não me contou quem era o casal, mas eu reconheci eles no clube naquele dia. Tem noção, como sou discreto? Um cavalheiro! - Ele dizia gesticulando como um homem do século passado.

- Que mentira!!! Você me perguntou mil vezes por mensagens… - Ela riu despenteando seus cabelos.

- E você desconversou em todas elas! - A luz do carro se apagou automaticamente, quase como encerrando o papo entre eles. A chuva agora caía mais fina, mas ainda insistente.

- Desculpa ser tão fechada às vezes… - Ela pegou sua mão, realmente arrependida por ser assim com ele.

- De boas, morena. Mas repito; se precisar, estou aqui. De verdade.

- Eu sei. - Micaela apertou sua mão suspirando. Precisava ir antes que a chuva voltasse mais forte, mas adiava o momento em que estivesse a sós, pois sabia o turbilhão de pensamentos, dúvidas e reflexões que a atingiriam assim que botasse os pés para fora do carro. Fez menção de abrir a porta…

- Vai pela sombra. - Ele brincou e ela fez uma careta.

- Torce por mim?

Ele a olhou confuso enquanto ela abria a porta do passageiro, colocando uma perna para fora.

- Para que eu seja mais rápida que o vírus e consiga entrar em casa ilesa!

Ela saiu ignorando a risada recheada de palavrões que ele soltou por ela zombar da sua preocupação. Deu a volta no veículo sorrindo, parou na janela do motorista e bateu para fazer outra piada “engraçadinha”, mas foi interrompida pelo vulto ao seu lado. De relance pensou ser alguém apenas atravessando a calçada para entrar no prédio, mas então seus óculos embaçados pela chuva finalmente decifraram a imagem que a observava atentamente. Seu sorriso morreu imediatamente e o coração parou por uns segundos pelo susto.

- Foi por isso que me ignorou, então?

Uma Isabella encharcada balbuciou fracamente para uma Micaela em choque. A frase solta sendo engolida pelas gotas insistentes que cruzavam a última camada da atmosfera em direção à terra. Elas se olharam por alguns segundos antes da fisioterapeuta apenas virar-se e voltar em direção ao carro estacionado do outro lado, a morena despertando e correndo em sua direção, sendo quase atropelada por uma moto que buzinou e desviou por pouco.

- Isa, espera! - Ela gritou atravessando a rua finalmente, antes que ela pudesse abrir a porta do carro.

- Eu te pedi uma vez… - Isabella fazia força para abrir a porta, enquanto Micaela forçava para deixá-la fechada. - … Vou te pedir de novo! Não volta mais… - Os olhos azuis poderiam transformar as gotas em granizo, caso desejassem.

Micaela sentiu um calafrio, a nuca enrijecida diante do pedido idêntico ao que ela fizera há anos em um quarto de hotel. Não! Não podia acontecer de novo. Não podia perdê-la de novo. A cova que Júlia profetizara se abria à sua frente.

- Você sabe… - Micaela falava desesperada, em meio a chuva, e em meio a tempestade de sentimentos que se formava entre elas. - Não é possível que não saiba! - Ela tremia e não era pelo frio da chuva.

- Sei o quê? - Isabella perguntou perplexa com a audácia dela em supor que ela deveria saber o que a morena tinha com Gabriel. Entendendo tudo errado. - Que você e seu “amigo”, são mais do que isso? Claro, eu fui idiota o bastante para presenciar o beijo de vocês no clube e não presumir que era por isso que você ficava estranha às vezes… Que queria conversar. Era sobre ele, não era? É isso? Você queria o quê, um trisal como tinha com a Júlia? Você mentiu dizendo que NÃO era recíproco, você mentiu pra mim! - Ela estava com raiva, queria fugir dali e a mão da morena na porta do carro era seu empecilho.

- Sério? É sério, Isabella??

- Olha bem pra minha cara e vê se eu tô rindo?! - Ela parou de tentar abrir a porta e ficou frente a frente com ela.

- Não é possível que você não tenha percebido… - Micaela segurou a cabeça com as mãos, desnorteada! A voz de Júlia gritando em sua mente e sua cova cada vez maior. Dramática, pensou… Era o que Isabella diria. Ela era apenas uma dramática, que ficava sensível demais por estarem fazendo só sex* casual e talvez esse fosse o motivo de Isabella não perceber que a morena estava apaixonada por ela, por que não era recíproco, ela só queria sex*, sem dramas e nada mais. Mas lembrou-se nitidamente da sua voz em seu ouvido dizendo… “Eu adoro você”. Franziu o cenho, um centelho de esperança se destacando em meio às dúvidas. - Espera… Porque ficou irritada com a ideia de eu estar com Gabriel? Está com ciúmes? - Um fio de felicidade urrou em seu peito, mas ela ferrenhamente o segurava, como um lobo selvagem. Por isso Júlia tinha razão em dizer que elas PRECISAVAM conversar, não adiantava suposições, elas precisavam de respostas reais.

Isabella grunhiu entre os dentes querendo esbofetear a cara da outra. Como ela se atrevia? Cerrou os punhos, sentindo as gotas da chuva de encontro ao rosto.

- Está? - A morena se aproximou ainda mais quase a tocando com seu corpo. Tirou os óculos para olhar dentro dos seus olhos. - Te incomoda se eu não estiver saindo só com você?

- Vá a merd*! - A fisioterapeuta praticamente cuspiu a resposta fazendo menção de voltar a abrir o carro, mas Micaela lhe segurou pelo braço. - Me solta!!!

- Não! Cansei dessa sua mania de fuga, Isa. Cansei! Se você não quer conversar, então vai pelo menos me ouvir!

- Aaaargh, quem você pensa que é? - Ela puxava o braço escorregadio, mas a outra lhe agarrava pela cintura logo em seguida. Em uma luta corporal que provavelmente logo chamaria atenção do porteiro que já poderia estar assistindo a tudo de camarote, Gabriel havia partido já algum tempo. - Micaela, me solta! - Ela murmurou séria e ameaçadora.

- Solto, se me ouvir!

- Que absurdo! Vai me obrigar, é isso? - Ela estava em vias de gritar. - Eu vou gritar!

- Grita e eu vou adorar calar essa tua boca atrevida!

Foi impossível controlar o arrepio que a frase despertou em Isabella, o que a deixou mais furiosa ainda. Se debateu soltando-se dela, queria mordê-la, arranhar aquele rosto lindo e maldito que tirava sua sanidade.

- Deixa de ser teimosa, Isa… Eu só quero conversar com você. - A morena disse baixo, o som da chuva quase ocultando sua voz. As mãos desvencilhando-se das suas em uma batalha sem fim.

- Eu tô cansada… - A fala, os olhos, o corpo… Tudo nela desabafava exatamente isso. Cansaço puro. Físico e mental.

- Eu sei. - A morena a puxou prendendo-a em seus braços, deslizou a mão pelas suas costas até a nuca que estava livre pelo coque que ela usava.

Isabella mal tinha forças para afastar a mão que a acariciava terna, aquilo a deixava mais fraca do que já estava. Queria gritar com ela, a sua versão jovem completamente livre e agora no comando da situação.

- Vamos entrar, por favor… ?

- Não… - Isabella negava empurrando suas mãos e seu corpo, mas Micaela insistia.

- Por favor, me escuta! - Os olhos negros imploravam.

- Eu já sei o que você vai dizer. - Ela teimosamente forçava o corpo para trás, a Isabella adulta sem forças para impedir o maremoto de emoções da mais nova.

- Ah, é? O quê vou dizer, então? Me diz? - A morena afrouxou seu abraço, mas sem soltá-la.

- …

- Você não faz ideia, não é? - Micaela parou por um instante, assim como a chuva. De repente o silêncio abraçando-as, soprando o frio gélido em seus corpos encharcados. - Como pode não ter percebido… Eu sei que escondi, mas é tão óbvio quando estou com você…

Micaela então beijou seus lábios úmidos e frios, e Isabella prendeu a respiração fechando os olhos. Não entendia do que ela estava falando e como se atrevia a beijá-la ainda assim. A boca sobre a sua lhe aquecendo a alma sem que ela controlasse… Micaela se afastou a olhando profundamente.

- Eu te amo. - Os olhos negros fecharam-se, aliviados por finalmente expor em palavras o que sentia. Impossível guardar o que não cabia mais dentro de si, as raízes que esse amor havia criado ramificando-se de tal forma que era fisicamente inconcebível mantê-lo preso, libertar seria dar espaço para que se expandisse para onde desejava ou sofrer a consequência de ser podado caso ela a rejeitasse.

A fisioterapeuta entreabriu os lábios, os olhos azuis travados em seu rosto, aturdida com o que ela acabara de dizer. Não esperava por isso, era… Inconcebível! Inacreditável.

- Não… - Isabella negava com os olhos marejados. Balançava a cabeça de um lado para o outro, o muro ao redor do coração desmoronando aos poucos, a sua versão jovem desesperada tentando em vão impedir. - Não é possível… Você não me ama!

- Amo! - Micaela a olhava confusa, em desespero.

- Para, não faz isso… - Isabella passou a chorar, sem poder segurar as ondas de soluço que a atingiam. Esperara tanto, desejara como louca para ouvir essas palavras da sua boca, enquanto era jovem. E agora que finalmente conseguia estar perto dela, tê-la em sua cama, saciar o desejo insano que sentia… Livre de qualquer transtorno emocional. Ela dizia como se isso realmente fosse verdade, mas Isabella sabia que não era. Sabia que eram apenas palavras soltas porque se reencontraram, a química entre elas reacendera e…

Micaela enlaçou seu corpo, aninhando-a em seu peito.

- Eu amo você, Isa… - A morena sussurrou em seu ouvido, abraçando ainda mais seu corpo molhado. Beijou seu rosto e seu queixo, querendo mostrar o que sentia.

Isabella sentiu a respiração falhar, as sensações de adolescência lhe causando sintomas físicos reais, ela estava… trêmula, fraca, o frio na barriga, o medo, a insegurança, tudo parecia estar voltando como em uma máquina do tempo. Sentiu o estômago embrulhar, sem saber como voltar à tona, voltar à segurança do presente.

- Você não pode fazer isso comigo agora… - Socou sem força seus ombros, fraca demais para enfrentar o que lhe explodia no peito, a felicidade insana que lhe inundava a alma e ao mesmo tempo gerava centenas de sentimentos controversos, fazendo uma Isabella jovem gritar por socorro em desespero, enquanto a Isabella adulta boquiaberta reconhecia o quanto ambas versões eram apaixonadas por Micaela. Absolutamente. Independente do relógio universal, o que sentia era apenas um fato, cravado em seu peito como uma marca eterna.

- Não fica assim… Por favor… - A morena a abraçava em desespero, sem saber como agir. - Vamos subir, você tá tremendo…

O choro sofrido e soluçado era abafado pela roupa molhada da morena, que a abraçava como se segurasse uma criança frágil. Micaela tentava em vão entender o que estava causando aquela crise de sentimentos nela.

- Me deixa ir, por favor… - A voz embargada implorou em meio ao choro.

- Não vou deixar você dirigir assim… Não faz isso, Isa.

- Me deixa… Me solta, por favor…

A morena a soltou finalmente respeitando seu pedido, mas o coração de Isabella gritava por dentro para que ela a envolvesse novamente, o frio a atravessando assim que o corpo se distanciou. Isabella tremia prestes a ter um colapso, seus olhos azuis estavam escuros, a boca trêmula de frio. Evitava encarar a morena, mas levantou o rosto encontrando os olhos negros preocupados e vulneráveis.

- Eu… Não posso… - Ela tentou falar, mas voltou a chorar baixinho.

- Isa, por favor… - A morena suplicava. - Confia em mim, vamos subir… Só até você se acalmar.

- Eu… não sei… Eu não consigo… - Ela a olhava com uma expressão tão frágil que Micaela não suportou. Voltou a abraçá-la.

- Me deixa cuidar de você, por favor… - Micaela pegou a chave do carro dos seus dedos frios e trancou o veículo, depois pegou-a pela mão e conduziu o corpo trêmulo em direção ao prédio, assim que pisaram na calçada o porteiro destravou o portão. Com certeza devia ter assistido toda cena delas.

Subiram abraçadas no elevador, com Micaela tentando esquentá-la e acalmá-la de alguma forma, sem saber que sua proximidade intensificava ainda mais as aflições da outra. Ambas estavam ensopadas. Isabella estava encolhida em seus braços, sem conseguir esboçar nenhuma reação. Suas versões inertes, sem saberem como reagir.

A morena abriu a porta do apartamento e levou-a até o quarto agradecendo mentalmente por ela não resistir. Sentou-a na cama e foi até o banheiro para ligar a banheira, retornando em menos de um minuto.

- Vem, tira essa roupa… - Ela puxou o jaleco, depois tentou tirar a regata que ela vestia por baixo.

- Não… - A fisioterapeuta se desvencilhou segurando a regata contra o corpo como se protegesse um bem precioso.

- Ah não, Isa… - Micaela a fitou, a mágoa evidente no olhar. - A gente vai pegar um resfriado assim…

Depois de tudo que fizeram, era loucura acreditar que ela estava agindo toda pudica assim. Determinada voltou a puxar sua roupa, não dando margem para discussões. Ficou nua logo em seguida, pegando em sua mão foram para a banheira. Desta vez Micaela se posicionou em suas costas. Isabella gem*u tremendo fortemente quando a água quente lhe aqueceu os ossos, o corpo da morena atrás de si também foi de grande ajuda para o tremor no corpo. Micaela a ensaboava com cuidado, com um chuveiro pequeno ela molhou seus cabelos, depois seus ombros… Num carinho sem malícias, puramente afetuoso, aquilo estava acabando com Isabella. O que elas estavam fazendo?! O que era tudo aquilo??

- Chega! - A fisioterapeuta se afastou ficando do outro lado da banheira de frente para ela. - Como você consegue? - Ela inquiriu nervosa, o rosto mais corado, a circulação sanguínea adquirindo aos poucos a temperatura normal. Suas versões acordando da letargia momentânea.

Micaela a olhava confusa, segurando o chuveiro numa mão e uma esponja na outra. Insuportavelmente linda com os fios curtos molhados e despenteados.

- Você… Vocês estão juntos? Foi por isso que você sumiu hoje? - Engoliu em seco depois de interrogá-la, o rosto sério e concentrado, sua parte adulta finalmente tomando as rédeas da situação. Ela não faria parte de um trisal, isso Micaela poderia ter certeza.

- Óbvio que não! - Ela tentou se aproximar, incrédula demais com aquela dúvida absurda, mas foi interrompida pela mão que a outra espalmou no ar, impedindo-a.

Ela queria conversar? Então iriam conversar. Não tinham um compromisso, porém Micaela devia algumas explicações.

- Então, por que não respondeu minhas mensagens? Desligou quando eu liguei… Eu fiquei realmente preocupada! - Ela não admitiria que além de preocupada ficara com raiva e com medo de seus sentimentos. - Deixei minha filha de novo com o pai, por que estava preocupada com o que poderia ter acontecido com você. E eu chego aqui e você está… Voltando sei lá de onde com seu amigo! - Ela estava encolhida na água quente, mas suas palavras eram potentes e objetivas.

- Isa… Você entendeu tudo errado… - Micaela passou a mão nos cabelos, o chuveiro sendo abandonado e a bucha solta do lado de fora.

- Não me trate como uma imbecil, Micaela… Eu vi! - Ela espalmou as mãos nas laterais da porcelana fria, os nós dos dedos brancos pela força que ela fazia para continuar ali. - Eu vi vocês dentro do carro…

- Como assim? Nós estávamos conversando, eu…

- E rindo!

A morena riu, um riso nervoso e perplexo. Sim, ela realmente estava com ciúmes do Gabriel. Não sabia se aquilo a deixava feliz ou apavorada. A mente criando suposições e questões que queria sanar, porém como perguntar sem ela surtar e avançar como uma leoa?

Isabella tomou seu sorriso como um deboche desaforado, sem pensar jogou água em sua direção, com uma raiva irracional, quase infantil. Se levantou puxando a primeira toalha que encontrou, ignorando os chamados da morena que também se levantava quase escorregando no piso molhado. Saiu do banheiro determinada e parou no quarto olhando para os lados, decidida abriu a porta do guarda-roupa e pegou qualquer roupa para vestir e sair o mais rápido que pudesse dali, vestiu uma camisa comprida com raiva, quase arrancando os botões. Quando puxou uma calça da pilha de roupas organizada uma caixinha de madeira veio junto e caiu aos seus pés, se abrindo com a queda. Ela abaixou-se franzindo o cenho, reconhecendo a cor do tecido que despontava para fora, puxou e a lembrança do primeiro encontro delas veio potente.

- É seu… - A voz rouca confirmou da porta do banheiro chamando-a de volta ao presente. - Você tirou do cabelo e enrolou na minha mão… Mandona ainda brigou comigo depois… E eu soube ali que mesmo o aniversário sendo seu, era eu que havia acabado de ganhar o melhor presente que poderia desejar em toda minha vida. - A voz embargava, mas ela continha as lágrimas, não queria parecer dramática, apesar de já estar rompendo todas as barreiras de drama que poderia.

Isabella respirava rápido com as palavras ditas por ela, absorvia tudo ainda hesitante, mas por dentro o coração explodia em batidas desenfreadas.

- Você guardou por todos esses anos? - A fisioterapeuta perguntou engolindo o nó que se formava na garganta. Pegou o tecido notando que ele enrolava algo e abriu com cuidado… O pequeno cubo disforme de massinha que Lis fizera estava guardado junto. Aquilo paralisou Isabella, de uma forma que ela não saberia descrever. A sensação de não possuir a capacidade de andar ou falar era absoluta. Ela apenas fitou a morena, as lágrimas caindo livres em seguida.

Micaela aproximou-se devagar, para não assustá-la ou quebrar a fragilidade que ela se sustentava, não podia deixá-la com aquela percepção infundada sobre o que aconteceu, ela precisava entender. Ainda estava molhada, apenas de roupão, encharcando o piso do quarto, mas não se importava, pegou em sua mão livre e com a outra mão segurou seu rosto para confirmar que ela a olhava nos olhos quando disse…

- Eu sempre te amei. - Seu sussurro penetrou todos os poros da fisioterapeuta que tinha o rosto banhado em lágrimas. Então Isabella pôde ver, ouvir e sentir. Ela a amava. Micaela realmente a amava.

A morena fechou os olhos quando o corpo de Isabella se chocou contra o seu, o abraço sendo recebido com uma felicidade arrebatadora, havia esperado muito por aquele abraço. Tão singelo, tão verdadeiro… Incomparável com qualquer sex* ou orgasmo que tiveram, um desejo que além do corpo, vinha da alma. Regozijou enlaçando o corpo dela, que vibrava ao choro que libertava qualquer dúvida, mas Micaela ainda assim afirmou baixinho de encontro aos fios castanhos ainda úmidos pela chuva e pelo banho.

- Eu não tenho nada com Gabriel, além de amizade… Foi só uma carona da academia, por causa da chuva. - Ela acariciou suas costas por cima da camisa que era sua e ela estava amando vê-la em seu corpo. - E ele me faz rir… Porque ele me lembra o Fer, do papo bobo que tínhamos. - A última frase, dita tão naturalmente, fazendo ela mesma perceber finalmente o motivo de nunca ter sentido atração nenhuma por Gabriel, nem mesmo quando ele se apresentava como Gabriela.

Isabella a abraçava sem nada dizer, apenas fungava e sentia o corpo quente da morena, os olhos fortemente fechados aproveitando cada segundo dali em diante, o momento em que suas Isabellas percebiam juntas, o quanto era verdadeiro o que Micaela sentia, como uma cortina que de repente se abre, revelando muito mais do que seus olhos suportam ver, se agarrava nela não só por que queria fundir-se ao seu corpo, mas para manter-se de pé.

- Me perdoa não ter respondido suas mensagens… - A voz rouca sussurrou. - Eu fui uma idiota medrosa que não queria estragar tudo como sempre fiz, mas estava fazendo exatamente tudo de novo…

Puxou seu rosto buscando seus olhos e os azuis a fitaram desarmados.

- Você é o amor da minha vida, Isa.

Isabella sorriu em meio ao choro. A felicidade absurda mexendo com todos os sentimentos que possuía. Abraçou-a quase pulando em seu colo, seus corpos se encaixaram em uma busca que acabava ali, finalmente se encontravam.

A morena tremeu sentindo o coração descompassado, a felicidade genuína de poder enfim estar com a pessoa que mais amou na vida, concretizando um sonho quase utópico de poder reviver o grande amor da juventude, como muitos diriam, era tão inacreditável que ela não se surpreenderia em acordar a qualquer segundo. Torcia para que não. E que se fosse um sonho, que pudesse ser de um sono eterno.

Algum tempo depois, ainda imersas no silêncio acolhedor, já vestidas e recostadas na cama, Micaela a abraçava em silêncio, apenas o som das suas respirações ritmadas era ouvido, o desenho dos seus corpos encaixados, como duas raízes que se encontram em algum momento no solo, em busca do seu semelhante. Isabella também se agarrava em seu moletom, o rosto escondido em seu pescoço, o perfume e presença da morena acalentando toda aflição vivida alguns minutos atrás. Pareciam um quadro estático, de uma pintura que poucos adivinhariam o tempo que demorara para ser finalizada.

- Eu não quero que nada fique subentendido entre a gente, por isso preciso perguntar e vou entender absolutamente, independente da sua resposta… - Micaela então interrompeu o silêncio e afastou o rosto olhando com carinho as duas piscinas azuis que a fitavam. - Era… apenas sex*?

Isabella sentiu raiva de si mesma por causar aquele conflito interno nela. Egoísta, pensou. Na ânsia de se proteger não percebia o quanto Micaela se entregava. Pegou o rosto moreno entre as mãos e garantiu;

- Eu fazia um esforço sobre-humano para que fosse, admito. - Acariciou os fios negros com um respeito e carinho que fizeram a morena suspirar. - Mas você não faz ideia do quão difícil foi… Na verdade impossível. Não me apaixonar de novo por você. Te amei uma vez… Te amo de novo… e tenho a nítida impressão… - Sorriu desarmada. - Que te amarei para sempre. - Confessou sem tirar os olhos da outra, o amor transcrito no brilho da íris que Micaela tanto adorava.

A morena também sorriu transbordando de uma felicidade que há muito tempo não sentia, beijou seus lábios e inspirou seu cheiro e então sentiu um leve beliscão na cintura.

- Auuuu!!! - Micaela reclamou com cara de cão abandonado.

- Você não me respondia!!! Que ódio! - Ela embargou a voz se lembrando da tristeza que sentira pelas suposições que fizera precocemente, mas fungou sabendo agora que tudo fora graças a falta de comunicação entre elas. - Não faça mais isso… Por favor. - Pediu quase fazendo beicinho como a Lis fazia.

- Prometo, meu amor… Nunca mais deixo de responder nenhum emoji! Eu juro! - Prometeu de verdade acariciando seu rosto.

- Fala de novo... - A fisioterapeuta pediu dengosa também pegando em seu rosto, o sorriso apaixonado.

- Nenhum emoji! - A morena riu fingindo não entender ao que ela se referia que repetisse. Ganhou mais beliscões na cintura. - Auuu!!! Tá bom, tá bom…

Micaela encostou o nariz no seu, os olhos embaçados pela proximidade permitindo que apenas sentissem o calor uma da outra, virou a cabeça ligeiramente de lado, os lábios se tocando suavemente, sem se beijarem de fato. Sussurrou dentro da sua boca, arrepiando cada poro do seu corpo.

- Meu amor!

Fim do capítulo

Notas finais:

Calma que tem mais o epílogo que tá mara ^-^ Clica no PRÓXIMO =>


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Comentários para 27 - Capitulo 27 - Finalmente o Presente:
mtereza
mtereza

Em: 21/05/2023

Uruuooo Aleluia kkkk finalmente 

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 17/05/2023

Eita confusão que deu certo kkkk

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