Capitulo 21 - Sinfonia do Acalento
Fazia cerca de três meses que Micaela vivia a rotina de atender clientes do estúdio, fotografar alguns eventos que estavam agendados há tempos e fazer as sessões com as crianças da Ortosoul. Além disso ficava quase sempre o começo da madrugada, às vezes toda ela, editando e trabalhando nas fotos da clínica, e modéstia a parte elas estavam ficando espetaculares. Recostada contra a cabeceira de sua cama trabalhava em algumas edições e uma imagem em especial lhe chamou atenção, ela lembrou-se então do dia em que tirara aquela foto de Lis e Isabella na recepção da clínica. Fazia um bom tempo que não via a pequena por lá, seus horários se desencontrando com os da fisioterapeuta, por conta do pouco tempo que agora ficava na Ortosoul, apenas para as sessões mensais, fotografias extras ou correções. Sem pensar correu os dedos pela imagem que aparecia na tela do notebook.
Quando se encontravam Isabella a tratava cordialmente, sempre convidando-a para almoçar, jogar conversa fora. E Micaela se perguntava se era recíproco o que sentia nesses momentos ao estar com a fisioterapeuta, ou se Isabella tratava qualquer colega de trabalho daquela forma. De qualquer modo ela aproveitava para saber mais sobre ela, sempre perguntando de Lis, de seu dia a dia, seus planos. Vez ou outra ela desabafava pequenas coisas, pouco íntimas, mas que Micaela absorvia, sempre a conhecendo um pouco mais a cada dia.
Clicou na imagem que se ampliou e olhou as duas na foto, o momento entre mãe e filha, a forma como Isabella se tornara uma mãe maravilhosa e uma mulher absurdamente responsável e profissional, seu coração recebia leves pontadas, era perigoso, mas ela garantia a si mesma que estava tudo sob controle. Sem pensar duas vezes mandou imprimir a foto, para emoldurar e depois presentear ela e Lis. Para quê? Ela se perguntava, sua consciência lhe inquirindo já ciente de que aquilo tomava um rumo arriscado. E ela ignorava, não tinha receios por que confiava que estava no controle.
Ela guardou o notebook finalmente se deitando para descansar o mínimo para o dia seguinte, ainda iria na academia antes do estúdio, então precisava dormir, mas foi como uma bomba de paraquedas que a imagem da fisioterapeuta surgiu em sua mente, assim como tantas outras noites atrás . Suspirou fechando os olhos e o corpo nu de uma Isa do passado se deitou ao seu lado, desconfortável ela virou-se para a outra direção, tentando enfi*r a cabeça embaixo do travesseiro. Podia sentir ela atrás de si, o corpo colado ao seu, se virou novamente se deparando agora com a mulher no mesmo biquíni verde que a vira no clube. Os seios se acomodavam no tecido fino, claramente fácil de colocá-los para fora ao seu alcance, o quadril desenhado sobressaindo à cintura e depois as pernas… Micaela não conteve o gemid* ante a lembrança das pernas que um dia teve ao seu redor, montada sobre si. Rangeu os dentes tentando controlar os pensamentos e respirou fundo… Quer saber? Foda-se! Pensou entregando-se e virando o corpo de bruços, uma mão acariciando a parte já intumescida entre as pernas, a outra agarrada aos lençóis do colchão. Seria rápido, apenas para conseguir dormir. Sim, não era nada demais…
No dia seguinte chegou muito cedo na clínica, tinha apenas uma sessão de dois pacientes irmãos. Depois atenderia outro cliente na parte da tarde, do outro lado da cidade.
- Bom dia Diana! - A morena a cumprimentou.
- Bom dia Mica, querida… Tem fotinhas para me mostrar? Estou tão ansiosa. - Ela pedia semanalmente “spoilers” de como tudo estava ficando. Não era algo que Micaela comumente faria, pois em sua opinião, estragava o desfecho de alguns projetos, mas a mulher não era o tipo de cliente chato que não entende do trabalho e dá pitacos desnecessários, pelo contrário, por isso ela sorriu de volta garantindo que ao final da manhã, lhe mandaria algumas coisas.
- Hoje a Bella não vem, então os pacientes que ela traria, eu mesma vou trazer assim que chegarem, ok? Eles são bem tranquilos, já pré adolescentes, então não teremos problemas, acredito eu.
- Ah, tudo bem. A Isa não vem? - Perguntou fingindo maior desinteresse, os olhos agora perdidos enquanto fuçava em uma lente do estojo.
- Não, coitada… Parece que a filha está bem doente, ontem elas passaram a noite no hospital.
Uma pontada no peito fez Micaela soltar o que tinha nas mãos, sem nem mesmo se ater ao objeto. Os olhos negros estavam apreensivos e preocupados.
- Lis está doente? O que ela tem?
- Possivelmente uma virose… Nessa idade o sistema imunológico está em formação ainda, por assim dizer, é muito comum as crianças ficarem doentes com mais frequência. - A mulher explicava, acreditando que ela lhe perguntava apenas por curiosidade.
- Diana… Você poderia me passar o endereço da casa dela? - A médica pareceu pensar sobre o pedido, hesitante quanto a liberação dessa informação. - É que tenho umas fotos da Lis que fiquei de entregar e esqueci de pegar o endereço, aproveitaria para fazer uma surpresa para ela ficar mais animadinha… - Isso pareceu ser o suficiente para convencer a médica que concordou buscando os dados de Isabella nas fichas dos funcionários.
Horas mais tarde, com a sessão concluída e o cliente da tarde desmarcado, Micaela rumou em direção ao apartamento de Isabella, com sacolas em uma das mãos, itens de farmácia na outra e na boca um envelope com algumas fotos e um porta retrato. Não havia portaria então ela só discou o apartamento da fisioterapeuta e logo ouviu a voz do outro lado em um “oi” curioso, a morena se apressou em responder:
- É a Micaela, passei para deixar umas coisas… - Respondeu com dificuldade, o envelope ainda entre os dentes.
O silêncio do outro lado foi sepulcral. A morena gelou por alguns segundos, ciente de que a visita poderia parecer invasiva. Insegura ela apenas esperou e para seu alívio um som do destrave de porta foi ouvido. Empurrou o portão com o ombro ajeitando as coisas como podia, subiu as escadas até o hall principal e depois o pequeno elevador. Chegou ao andar indicado em segundos e Isabella a esperava na porta do apartamento, visivelmente exausta e com olheiras, os cabelos amarrados em um coque frouxo e bagunçado, vestia um camisetão que ia até o meio das coxas e meias grossas. Estava linda, a morena não podia negar que mesmo estando exausta por motivos óbvios, ela era muito…
- Desculpa, mas não é uma boa hora, Mica… - Isabella se desculpou odiando ter que dispensá-la. - Lis está com febre há três dias…
- Eu sei.
A morena apenas respondeu se aproximando e pedindo timidamente licença para passar. Chegara até ali por um motivo apenas, ajudar. Sairia em dois minutos se assim ela quisesse, só precisava se certificar que ambas estavam bem, e se não estavam precisando de nada.
- Serei rápida se preferir, não se preocupe. Diana me contou que ela não estava bem, está dormindo? - Perguntou sem olhar para trás, não percebendo a expressão de surpresa da mulher que apenas acompanhava seus movimentos seguros e precisos no apartamento que a morena nunca conhecera.
Micaela colocou o envelope sobre a mesinha de centro da sala e olhou para os lados procurando a cozinha. Fazia tudo no maior silêncio que conseguia evitando ao máximo incomodá-la de alguma forma.
- Sim… - A fisioterapeuta despertou da agradável surpresa inicial de ver Micaela ali, em sua casa, no meio da tarde e por razões altruístas. - Dormiu faz alguns minutos só, ela está muito agitada, manhosa… Não consegui fazer ela comer nada, nem mesmo Danone. Ficou a noite toda no soro…
Isabella se sentou no sofá, sentindo as costas e pernas arderem de exaustão. Ficara com a filha no colo por várias horas, a fila imensa da emergência, mesmo sendo por convênio, a pediatria estava lotada naquele horário, ela mal se alimentara também desde ontem. Fernando ficara com a filha no primeiro dia, nos primeiros sintomas, porém o trabalho exigira que ele viajasse de última hora, sobrara então somente para Isabella. Ela nem chegou a cogitar Verônica, pois a mãe da dermatologista estava em seus últimos dias de um estágio avançado de insuficiência renal e ela já estava escalada entre os irmãos a cuidar da pobre mulher naquela semana. Ulisses se oferecera, mas Lis não ficaria com mais ninguém a não ser com ela ou Fernando. A mãe de Isabella e a mãe de Fernando tinham seus próprios trabalhos e deixar a filha doente com eles era apenas transferir problemas, sorte que Diana era uma pessoa de coração imenso, não precisou pedir duas vezes, a mulher lhe dera quanto tempo precisasse. Já seu chefe da outra clínica aceitou a falta, porém descontando os dias é claro.
- Eu também trouxe uma garrafa de café… - Micaela colocou a garrafa em cima da mesinha no centro da sala, já com uma xícara cheia do lado. Isabella se surpreendeu mal sabendo dizer como ela encontrara o recipiente na cozinha que estava um caos, ela estava começando a arrumar a casa assim que Lis dormiu, quando Micaela chegara.
- Obrigada, não precisav…
- Sem formalidades, Isa. - A morena cortou suavemente tocando-a no ombro. Sentou-se ao seu lado no sofá, seu olhar transmitindo um calor e atenção tão sinceros que ela não pensou duas vezes antes de abraçar a morena.
- Obrigada, Mi… De verdade.
Micaela suspirou fundo aproveitando para absorver todo aroma que aquela mulher possuía, mesmo com o corpo aparentemente moído de cansaço, seus cabelos estavam deliciosamente cheirosos. Isabella saiu do abraço devagar, ciente do que a presença da morena poderia desequilibrá-la nesse momento em que estava tão vulnerável. Então apenas apertou a sua mão que repousava no sofá entre elas, e pegou a xícara de café bebendo um curto gole, gem*ndo logo em seguida.
- Humm, eu só precisava de um pouco disso pra voltar à vida.
- E disso! - A morena puxou uma embalagem ao lado e quando abriu Isabella sentiu o cheiro de comida. Fetuccine Alfredo, um dos seus pratos de macarrão favoritos. Não era de um boteco qualquer, ela reconheceu o restaurante pela embalagem e sabia que aquela pequena amostra custaria um jantar para duas pessoas tranquilamente, em um restaurante regular.
- Ok, você leu meus pensamentos. - Sua barriga reclamou em alto e bom som, arrancando uma risada baixa das duas. Devorou o prato, agradecendo e oferecendo dividir com ela por diversas vezes, enquanto atualizava Micaela dos sintomas da filha, do possível diagnóstico viral e dos medicamentos que ela estava tomando. - O pior é a febre… O corpinho fica dolorido e eles ficam muito manhosos, cheguei a cogitar de levá-la num Mc Donalds vinte e quatro horas, na madrugada de anteontem, por que ela simplesmente não queria colocar nem água na boca.
- É confuso para eles, então ficam mais enjoadinhos… Tadinha, ela deve estar bem cansada e triste.
- Muito, faltou dois dias na escola… Os sintomas começaram no Domingo e parecem estar melhorando, mas ela tem recaídas de febre que a derruba, sabe?! -
- Sim, é o organismo tentando combater o vírus… Mas eu no lugar dela amaria faltar na escola. - Micaela confessou com um sorriso travesso.
- Você?! Óbvio, não tenho dúvidas. Não sei como era boa aluna, do tanto que faltava e NUNCA estudada… Já eu… Me matava de estudar.
- Lembro de como você ficava desesperada com Matemática e Física, choramingava pela casa, amaldiçoando os professores… Coitados. – A morena riu baixo, sentando-se com as pernas cruzadas, de lado, para que pudesse ficar de frente para ela no pequeno sofá de dois lugares.
- Eu S U R T A V A, você não faz ideia o que é ser uma pessoa que não entende nada de exatas, pra você era fácil… - Finalizou o macarrão quase lambendo a embalagem, estava realmente faminta e o sabor estava maravilhoso.
A dona da casa puxou uma manta que estava atrás do sofá, cobrindo as pernas e também se sentando de lado, de frente para ela. Estavam tão confortáveis que Isabella mal percebeu que seu pé logo se aconchegou por baixo das pernas da morena, que também parecia tão entretida na conversa que já dividia um pedaço da manta para si. Ribeirão Preto era um lugar abafado, calorento… Contudo em dias secos e frios, como era naquela época de ano, principalmente nos apartamentos de andares altos, o frio ao qual não estavam acostumados era uma pequena tortura.
A conversa fluía entre passado e presente, falavam sobre várias coisas pessoais, sobre quando Lis nasceu, quando o pai da morena viu a neta pela primeira vez, como Lis se parecia com Micaela. Sobre Camila e o relacionamento “amizade colorida” que ainda tinham vez ou outra, sobre Verônica e como foi difícil para a família da morena, aceitar Fernando se relacionar com uma mulher trans, nesse momento também foi uma surpresa para Micaela, por que não havia percebido e jamais teria feito o escândalo que fez no bar se soubesse que eram um casal, pediu desculpas novamente e mais uma vez Isabella puxara sua orelha sobre para quem ela ainda faltava pedir essas desculpas.
Mudaram sutilmente de assunto relembrando o passado, mas não se atreviam a falar sobre os breves meses juntas, como namoradas, apenas sobre a casa, os pais, a família, a escola, os amigos… Tinham uma facilidade incrível de conversarem, dialogarem como velhas conhecidas que há muito não se viam. Já faziam isso brevemente nos dias que almoçavam juntas, mas… Aquele dia estava sendo diferente, uma vibração as enlaçava invisivelmente, sem que ambas percebessem ou sequer desconfiassem. Simplesmente aproveitavam a companhia uma da outra.
- Seu pai um dia me pegou com a Camila, no quartinho de despensa da sua tia Elisa… - Isabella tampou os olhos com as duas mãos, o rosto já vermelho com a confissão. - Foi intensa aquela conversa que tivemos.
- Eu não imagino meu pai tendo esse tipo de conversa com você… - A morena ignorou a imagem das duas na despensa da tia e puxou seu pé esquerdo que mesmo de meia se mexia inquieto abaixo de si buscando calor. Colocou-o em seu colo e tirou a meia, depois massageou automaticamente, passando os dedos na planta e no calcanhar, seguindo para o tornozelo, depois fazendo o caminho reverso, Isabella acompanhava tudo atentamente com os olhos, aquilo era uma coisa delas do passado, quando fazia frio a morena dizia que o melhor era ficar sem meias e massagear os dedos, dessa forma o sangue fluía melhor e faria o trabalho de esquentar. A fisioterapeuta bravamente impedia qualquer pensamento insinuante do quão delicioso e sexy estava sendo a sensação das mãos dela naquele carinho. Felizmente a morena estava alheia as suas reações e continuou como se nada estivesse acontecendo. - Ele sempre foi muito “decepcionado” comigo, te colocava em um pedestal de santa intocável… E eu o monstro que te desvirtuaria a qualquer momento. Acho que quando ele flagrou a gente, foi como se tivesse flagrado uma orgia entre freiras, no púlpito da igreja.
Isabella gargalhou alto tampando a boca em seguida para não acordar a filha. Riram juntas relembrando uma cena que não havia sido nada engraçado na época, pelo contrário, mas que elas absorveram e filtraram, capazes de refletir e hoje ressignificar. Estavam há quase uma hora e meia conversando, Isabella finalmente relaxava, feliz pelo cochilo prolongado da filha e pela presença da morena. Os pés quentinhos.
- Ahhh… - De repente ela soltou um gemid* sem se conter, com a massagem maravilhosa que Micaela agora lhe dava no tornozelo. Jogou a cabeça para trás, sentindo os dedos apertarem ora suave, ora mais firmes, pontos estratégicos. A fotógrafa subiu as mãos para sua panturrilha. - Meu deus, isso é muito bom…
- Aprendi com a Júlia. - Relembrou sorrindo.
- Meus cumprimentos e agradecimentos à ela… Eu só posso… Aah… agradecer.
Ela fechou os olhos sentindo as mãos da morena percorrerem seus músculos inferiores, numa carícia que beirava o relaxamento e a tortura ao mesmo tempo, principalmente quando ela subia os dedos em direção à parte de trás do seu joelho, sem perceber Isabella estava praticamente deitada no sofá, as pernas sobre o colo da outra que se ajeitara para ficar mais próxima. Gemia sem perceber, só precisava de mais alguns segundos daquilo, só mais um pouco e ela recuperaria a postura em manter uma distância mais segura. Sim, só mais um pouquinho.
A manta cobria parcialmente seus corpos, tornando o contato menos explícito e mais fácil de se aceitar, as consequências não estavam sendo relevadas. Micaela se concentrava entre acariciá-la e admirar suas expressões de prazer e relaxamento, com gemid*s incontidos, só queria dar esse momento de descanso e paz para ela. Mas era íntimo demais, ela sabia que estava adentrando um terreno perigoso, talvez sem volta. Sua respiração estava começando a se alterar, sem perceber entreabrira os lábios, ansiosa por mais. Às vezes esbarrava na camiseta que ela usava e esse era o obstáculo que a ajudava a refrear os movimentos de suas mãos que pareciam quase autônomas. Se segurava para que as mãos não subisse além, mas suas pernas macias eram tentadoras demais.
Minutos se passaram, e uma atmosfera se formara ao redor delas, impedindo pensamentos lógicos ou racionais. Como uma neblina que só é visível ao longe, mas quando se está dentro não percebe.
O que começara nos pés já estava acima do joelho e início das coxas. Não conversavam mais, ambas mantinham esse acordo tácito de que palavras seriam inadequadas para a ocasião. A morena soltou um gemid* quase silencioso, quando Isabella se ajeitou ainda mais em seu colo, puxou a manta e sem querer (ou não) fez a camiseta subir em direção ao quadril. Dando assim maior liberdade para que as mãos de Micaela explorassem as pernas deliciosas dela. A temperatura subia rapidamente embaixo da manta, mas elas não se moviam, eram apenas as mãos de uma, e o corpo quente da outra. Isabella emitia sons de deleite, tudo parecendo tão certo e tão errado ao mesmo tempo, que não conseguiam definir, apenas sentiam.
Micaela em um lapso de racionalidade precisou decidir… Engoliu em seco e fitou o rosto de olhos fechados que a fisioterapeuta estava, as sobrancelhas claras formando um arco que expressava prazer. A morena sentia o corpo gritar para continuar, mas ao mesmo tempo sabia que aquilo era um caminho sem volta… A torturante dúvida sendo esmagada pela necessidade primitiva de apenas senti-la mais uma vez.
Sua mão esquerda tomou um rumo que ela não fez menção de controlar, apenas deixou que os dedos subissem pela coxa, em direção à virilha e esbarrassem levemente contra o tecido da calcinha e antes mesmo que pudesse ponderar sobre aquilo e se desculpar ou talvez disfarçar o ato, sentiu para seu deleite as pernas de Isabella se afastarem devagar, como num convite silencioso e tão sensual que fez a boca de Micaela salivar. Os olhos fechados da outra impediam que a fotógrafa pudesse ler nas íris azuis, o que se passava em sua cabeça. Ela apenas permanecia quieta, o peito subindo e descendo em uma respiração quase acelerada, as mãos seguravam a barra da manta, da mesma forma que se segura a barra de apoio em uma montanha russa prestes a descer.
Talvez pelo cansaço, ou por estar muito agradecida, ou fosse somente carência… Isabella não sabia, mas também não estava nenhum pouco contrariada com as mãos dela em seu corpo, estava se permitindo… E gostando muito.
Micaela passou devagar um dos dedos pela lateral da calcinha, sentia o tecido em uma tortura calculada, mas ao mesmo tempo instintiva. Precisava controlar o desejo que estava sentindo naquele momento, do contrário se jogaria sobre ela, num frenesi que poderia por tudo a perder. Acariciou-a por cima do tecido, com cuidado e carinho que beiravam a tortura, o calor que emanava de seus corpos aquecendo o ambiente ao redor. Micaela se deleitava sentindo a maciez do tecido sob seus dedos e a inquietude do corpo da outra com seu carinho. Em um pico de excitação os músculos tomavam atitudes mais involuntárias, contudo em um movimento pensado deslizou para dentro da peça íntima, a mão espalmando sobre sua intimidade, enquanto a outra repousava imóvel e obediente sobre a coxa macia, aguardando a próxima ordem de Micaela.
Isabella ofegava e gemid*s baixos escapavam a cada expiração, fazendo a morena sentir várias pontadas entre as pernas. Moveu sua mão para o prazer da outra, acariciando a penugem extremamente macia que recobria a parte de cima da região, os dedos subiam e desciam sem chegar ao “ponto” principal, numa ânsia incontida e louca. Uma vontade insana de levantar-se e fodê-la realmente como gostaria de fazer. Puxou levemente a penugem da sua púbis, castigando-a sutilmente por ser tão… deliciosa.
Isabella gem*u de forma lânguida, totalmente entregue ao desejo. Suas pernas se abrindo cada vez mais, sem perceber, num apelo para mais. A mão que antes sentia repousada em sua coxa subiu e afastou a lateral da sua calcinha, encontrando de imediato a abundante umidade que ali estava, o que a fez morder os próprios dentes quase perdendo o próprio senso de si mesma.
Sem demora a morena abriu os grandes lábios, expondo seu ponto mais sensível e inchado. Com a outra mão vagarosamente dedilhou o pequeno órgão que pulsava, quente, túrgido e agora molhado pela umidade que se espalhava. A fisioterapeuta se contorceu, levantando os quadris e rebol*ndo devagar, quase timidamente, em direção aos dedos experientes que lhe exploravam, era uma dança sem coreografia e sem música, apenas sentida e vivida pelos embalos de suas respirações.
Os lábios da morena salivavam, sua própria intimidade encharcada e chorosa, ansiando por aliviar o que na noite anterior não passara de uma fantasia, mas que agora estava ali, ao vivo e a cores. Micaela afugentou qualquer medo ou insegurança que a fizessem hesitar, havia começado e não pararia a não ser que Isabella pedisse. Entrou nela com os dedos, enquanto o polegar da outra mão lhe acariciava compondo acordes para melodias que contavam sobre suas histórias.
Isabella mordeu o lábio inferior da boca, apertando mais ainda os olhos já fechados, e o clima então se tornou quase denso, a respiração pesada e compassada, os lábios úmidos de ambas, sedentos e ofegantes, soltando o pouco oxigênio que conseguiam inspirar devido à excitação. Nada mais tinha tanta importância, a não ser aquele momento. Micaela mergulhou fundo nela, movimentando-se sem hesitar, pois já conhecia o lugar e sua anfitriã. A mão direita se revezando entre estimulá-la e abri-la, refreando o clímax, aproveitando cada milionésimo de segundo, guardando na memória as “fotografias” que os olhos capturavam de seu rosto, seu corpo, a cada suspiro e gemid*.
- Ahhhh - A fisioterapeuta gem*u mais alto, para delírio da morena, sabia que estava próxima ao ápice, conhecia suas reações. Mas então ela fez algo que a morena ainda não conhecia, foi uma surpresa de fato, mas afinal foram dez anos para tocar novamente naquele corpo, com certeza muitas coisas haviam mudado.
Isabella respirou fundo contendo o frenesi e os dedos dentro de si foram pressionados pela musculatura pélvica, Micaela sentiu que ela ficava mais apertada e ainda mais quente. Em seguida Isabella relaxou gem*ndo ainda mais com os movimentos, o líquido saindo pelas laterais dos dedos de uma Micaela deslumbrada com aquela mulher abaixo de si. A morena também gem*u, junto com ela, sem se conter, a expressão de seu rosto mostrando o quanto já estava no limite.
Os quadris de Isabella agora inquietos, os dedos hábeis que faziam a manta se mover indicando o que de fato acontecia sob ela, e então as mãos de Isabella que torturavam a barra da pobre manta, desceram em direção aquele alvoroço em seu ventre, tocando as mãos da morena, numa claro consentimento, apenas para senti-la também em cada carícia, mais uma vez prendeu a respiração, fazendo a morena ter a certeza que ela fazia aquilo em pré gozos, para retardar o orgasm* final.
Micaela tirou totalmente os dedos de dentro dela, fazendo-a resmungar e agarrar sua mão… mas para seu deleite a morena voltou a entrar e em seguida saiu por completo novamente e a penet*ou mais uma vez, repetindo o processo tantas vezes que Isabella puxou a própria mão direita em direção a boca para mordê-la em um claro sinal de descontrole. Choramingava e em mais três movimentos como aquele Isabella deixou escapar um gemid* longo e baixo, tão sexy capaz de arrepiar a morena por inteiro. As pernas se fecharam ao mesmo tempo em que o orgasm* fazia com que seus músculos internos se contraíssem contra os dedos dentro de si, tudo tão sincronizado que parecia que ambas faziam aquilo todos os dias, numa rotina deliciosa.
O silêncio da sala era quebrado apenas pela respiração ofegante de ambas, a realidade voltando à tona como uma cortina que se abre deixando o dia entrar, fazendo com que Isabella que até então de olhos fechados, abrisse-os procurando imediatamente os olhos negros que estiveram vidrados em si o tempo todo. Se olharam por vários segundos, tentando identificar sentimentos, decifrar dúvidas ou aflições. Encontraram apenas desejo, um desejo latente que ainda pairava como fogo em palha seca, prestes a reacender suas labaredas outra vez, bastava um sopro. A morena acariciou-a, delicadamente, enquanto retirava seus dedos de dentro dela e pressionava seu quadril, num convite claro para continuarem. Os olhos azuis semicerrados e as pupilas dilatadas, consentindo totalmente. Chamou a morena, atraindo-a para cima de si e sentiu o peso do corpo de Micaela sobre o seu, a boca perfeita se aproximando dos seus lábios para seu delírio.
- Mamãe… Mamãe… - O chamado manhoso da filha a despertou, antes que seus lábios pudessem se tocar.
Micaela se levantou em um pulo, ajudando-a a também levantar e assim saiu em direção ao banheiro, enquanto via Isabella se dirigir apressada para o quarto da pequena Lis. Fechou a porta e olhou ao redor conhecendo pela primeira vez o espaço, parou e mirou-se no espelho, se espantando logo em seguida com o próprio reflexo que mostrava uma mulher prestes a perder todo controle que adquiria ao longo dos anos. Perdera totalmente o juízo, era isso que seus olhos negros lhe diziam, estava vendo a imagem de uma adolescente imprudente e sem controle emocional. Isabella com certeza a expulsaria de casa, ou melhor, ela mesma sairia antes que aquilo fosse longe demais.
Lavou as mãos lastimando perder o aroma e sabor que ali estavam depois do ato, mas logo se recriminou pelo pensamento, nem se atreveu a olhar o estado da própria roupa íntima, não haveria condições de limpar-se ali, iria embora. Era a melhor decisão.
- Tia Mi? - A vozinha rouca e fanha soou baixo quando ela saiu em direção a sala novamente. Seu coração se derreteu, fazendo-a se curvar em direção a pequena criatura com olhos cansados e carinha triste. Lis estava em pé ao lado do sofá que há poucos segundos atrás servia de apoio para seus atos libidinosos com Isabella, engoliu em seco se castigando mentalmente.
- Oi, baixinha…
- Você veio me ver?
- Vim sim… Como você está? Tá doendo? - A morena acariciou os cabelos negros, atenta aos olhos avermelhados de Lis. Era uma virose e tanto, estava judiando do pobre corpo jovem.
- Só minha barriga… - Ela fez beicinho prestes a chorar, mas a mãe interveio.
- Filha, calma… Vai passar, a mamãe vai dar remédio. - Isabella se curvou pegando em sua mão, num gesto de carinho e apoio, Micaela se recusava a fitá-la, continuava atenta apenas em Lis.
- Eu trouxe uma coisa pra você, pequena… - Micaela buscou em cima da mesinha o embrulho, estendeu-o para ela e aguardou.
Lis desembrulhou com uma carinha curiosa, o sorriso se abrindo em uma felicidade genuína que Micaela estava começando a amar e a querer cada dia mais.
- É eu e a mamãe?! Olha mamãe, é a gente! - A menina soltou acariciando o pequeno porta retrato, com tema de fundo do mar, a foto ao meio como em um aquário, com Lis sorrindo e uma Isabella ajoelhada a sua frente, o momento entre as duas capturado com perfeição pela fotógrafa.
- Duas sereias… viu? - A mão da morena deslizou pelo objeto, mostrando os detalhes, confirmando para a menina o quanto as duas eram lindas juntas.
O abraço quente e apertado da pequena a desequilibrou para trás fazendo ela se sentar no chão, rindo e a abraçando de volta. Os olhos até então presos na garota se levantaram cautelosos, encontrando as íris azuis que a fitavam de uma forma… indescritível. Os lábios de Isabella moveram-se em silêncio, agradecendo por literalmente, tudo.
Fim do capítulo
Bom domingo! Nos vemos em alguns dias o/
bjos
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Marta Andrade dos Santos
Em: 07/05/2023
Pegou ?????? kkkkk
Resposta do autor:
Literalmente rs
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