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Meu Passado Com Você por Bibiset

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Palavras: 4900
Acessos: 1178   |  Postado em: 04/05/2023

Notas iniciais:

Contém descrição de drogas ilícitas, sultilmente, mas que pode ser sensível a certas pessoas. 

Capitulo 18 - Confronto Ao Cubo

Micaela abriu a terceira lata de cerveja, numa inquietação incomoda, mas de certa forma compreensível. Claro que não era absurdamente impossível que fosse acontecer, mais cedo ou mais tarde um encontro casual seria esperado, em algum momento e em um canto qualquer da cidade, ela sabia que isso era uma possibilidade. Deu um longo gole antes de voltar a sentar-se em sua cadeira favorita da sacada. Inspirou o ar da madrugada, o relógio marcando exatamente uma da manhã, o sono não viria tão cedo, ela também sabia.

Qual probabilidade desse encontro ocorrer justamente daquela forma? Praticamente trabalharia “para” ela, ok não exatamente , mas definitivamente “com” ela. A reunião com Diana havia sido alguns dias atrás e a mulher lhe dera todas as informações necessárias para dar início ao novo projeto, lhe apresentou alguns pais e todos os funcionários da clínica, além de alguns pacientes, o contrato estava assinado, primeiro pagamento feito, não havia motivos para adiamento, contudo… Ela pedira alguns dias para se preparar. Obviamente que não admitia nem para si mesma o quão desnecessário havia sido esse pedido. Ela precisava de um tempo e ele acabara, amanhã teria uma sessão teste na clínica.

- Isso é ridículo…

Coçou os cabelos desajeitando ainda mais os fios negros e suspirou sabendo que o cérebro lhe traria pela milésima vez a lembrança dela. Como estava diferente, pensou. Quando a viu em sua formatura ainda possuía aquele ar de garota, os olhos inocentes como duas gotas de um mar inexplorado. Isabella continuava linda, esplêndida em sua beleza que suga, que hipnotiza e seduz. Mas o ar de garota inocente e tímida do interior havia se dissipado completamente. Era uma mulher. Até sua voz estava diferente… Sim, depois de se despedir de Diana e antes de alcançar a saída, ela havia diminuído os passos propositalmente no corredor que dava para as salas de atendimento, apenas para ouvi-la falar calma e gentil com um dos pacientes que atendia. Jamais falaria que aquela era a voz da adolescente que conhecera quase uma década atrás, não havia um só segundo de hesitação na forma em que se dirigia à pessoa ao qual conversava, era quase… hipnótico. Micaela entendeu o motivo de Diana ter elogiado a funcionária quase todo o tempo em que esteve ali, eles possuíam uma confiança e carinho invejáveis por ela e pela forma que ela atendia os pacientes. Imaginou como deveria ser, ter uma fisioterapeuta como ela, lembrou-se de como ela havia sido prestativa quando se conheceram e Micaela cortara a mão por um descuido bobo e rebelde, seria Isabella ainda aquela pessoa carinhosa e gentil ao ponto de se preocupar até com quem não merece? Sim, ela nunca mereceu esse tratamento por parte dela, mesmo assim se deixou levar… Uma coisa levou a outra e… Aconteceu.

Ela coçou os olhos sentindo o líquido gelado refrescar o caminho entre as entranhas. O calor, mesmo naquele horário, fazendo seu cérebro fervilhar de informações e lembranças. Elas eram apenas duas adolescentes, não tinha porque se sentir mal, a vida seguiu… E tudo bem.

Terminou a latinha e despediu-se de sua cadeira, quase um ritual antes de fechar a sacada e despir-se completamente. Deitou-se de costas com as mãos atrás da cabeça, as pernas cruzadas, curtindo a temperatura ambiente em seu corpo nu. Estava satisfeita, contudo, em perceber que Isabella não lhe desequilibrava mais os pés, não turvava seus olhos e era quase reconfortante pensar que ela estava feliz, independente com quem estivesse. Ainda estaria com Fernando? Provavelmente sim. Seu primo com aquele ar de bobo, finalmente haveria de ter se casado com a amiguinha de adolescência. Seria um clichê perfeito, pois formavam um casal muito bonito. E o filho ou filha deles, teria puxado a quem? Teriam tido mais filhos?

Pensar no primo sim ainda era um pouco dolorido, nunca mais falara com ele, sendo a última vez no hospital quando descobriu que Isabella havia engravidado dele. Pigarreou antes de puxar um lençol e aninhar-se, como se protegendo sem perceber, das lembranças que o cérebro “escavava” em locais pouco visitados por ela nos últimos anos. Não era algo agradável de se lembrar, mas não era de fato mais da sua conta, aliás nunca fora. Ela amara sim a Isabella do passado, e ainda nutria certo carinho pelo primo, porém ao pensar nos dois era como se um breu cobrisse seus olhos, talvez uma faceta do cérebro para se manter indiferente e protegida. Definitivamente não era da sua conta e ela não refletiria muito sobre, era como escolher deixar “aquela” equação de lado, na esperança de que um dia uma melhor fórmula lhe ajudasse a chegar em um resultado, isso se houvesse um. No entanto a vida não era como matemática e sua falta de lógica não lhe permitia pensar muito sobre aquilo, então apenas seguia evitando qualquer confronto entre neurônios sobre aquele passado.

Dormiu em poucos segundos.

Acordou bem cedo no dia seguinte com uma disposição invejosa, para quem havia dormido tarde. Tomou um belo café da manhã e foi para academia que ficava na mesma rua do seu condomínio. Já estava na metade do treino quando ao revezar uma das máquinas e parar para beber água tomou um susto com o beliscão que levou no bumbum, sua carranca porém sumiu assim que se virou e visualizou de quem se tratava.

- Ué, quando você voltou? - A morena cumprimentou o jovem com um abraço suado e apertado, mas ambos não se importavam. Gabriel ainda beijou seu rosto com segundas intenções e Micaela pacientemente aguardou que ele se afastasse. Desde quando Gabriela fizera a transição e passara a se chamar oficialmente Gabriel, a morena vinha tentando convencer o jovem que entre os dois não haveria nada além de amizade, não que houvesse tido alguma esperança antes, ela sempre o vira como um amigo apenas, antes mesmo de começar o tratamento com os hormônios, não se sentia atraída, contudo parecia que cada vez mais o rapaz estava empenhado em conquistá-la.

- Voltei faz um mês já, mas fui ajudar minha tia que passou por uma cirurgia… Acabei negligenciando um pouco os treinos, faltei bastante.

A voz de Gabriel estava cada vez mais profunda e grave, seu sorriso sedutor era o que fazia as mulheres heteros e homens gays babarem por ele. Quase um metro e oitenta de músculos bem definidos, sem exageros, olhos castanhos claros e uma pele perfeita, com certeza investia pesado em dermatologistas e dentistas, tanto quanto na academia.

- Vamos sair qualquer dia desses… Ou se quiser passar lá em casa, trouxe da viagem um vinho que é uma delícia…

E ele continuou com seu jeitinho todo sutil de persuasão, que claro, não fazia a menor diferença para Micaela. Mas ela gostava muito dele, era um doce de pessoa, de uma gentileza ímpar e um humor que ela adorava, quase nunca aceitava os convites, mas era mais pelo fato de não querer iludi-lo do que pela companhia em si, que ela realmente gostava.

- Tá, só vou confirmar uns horários e te falo… - Ela riu com a careta séria que ele fez, então emendou para tranquiliza-lo. - Próxima sexta?

Ele lhe ofereceu seu melhor sorriso, então despedirem-se, não sem antes garantir que ligaria para ela na quinta-feira, para combinarem o local e hora. Ela terminou seus exercícios e logo em seguida rumou para o vestiário, louca por um banho. Estava enxugando os cabelos e pegou o celular notando uma ligação perdida, retornou de imediato.

- Micaela?! Bom dia, desculpe o horário. Eu tive uma ideia e queria compartilhar com você…

Ela sorria ao ouvir Diana dividir com ela suas ideias com entusiasmo incontido. Calçou os sapatos com o telefone ainda no ombro, anotando mentalmente todas as palavras chaves que sua cliente dizia. Ela também estava empolgada para aquele trabalho, já tinha pensado em ideias semelhantes as dela e menos de uma hora depois já estava no estúdio com o notebook em mãos, digitando freneticamente as opções em uma planilha. Anotou muita coisa e estudou diversos conceitos e também mais sobre histórias de pessoas com ferimentos limitantes, cicatrizes profundas e amputações. Era desafiador, mas isso a instigava ainda mais.

A manhã passou e depois de enviar alguns e-mails, conferir boletos e imprimir algumas anotações, separou uma lista de tarefas para Tiago, seu tímido estagiário. Ele prepararia os equipamentos para a primeira sessão teste de fotos na Ortosoul. Saiu da sua sala e logo cumprimentou alegre.

- Bom dia, Dona Ágatha!!

- Nossa! Que bom humor é esse, posso saber? - A senhora que fazia a limpeza do estúdio parou com um pano entre os dedos, os braços cruzados apertando os seios fartos graças aos nove filhos muito bem criados, obrigada. Era o que ela diria.

- Isso se chama: Vontade de trabalhar. Igualzinho a senhora todos os dias que vem para o estúdio, menoooosss quando é na minha casa, né? - A morena rebateu brincando, também cruzando os braços.

- O estúdio é maravilhoso filha, mas a sua casa… - Ela voltou a limpar uma prateleira enquanto balançava a cabeça de um lado pro outro numa repreenda maternal. - Não tem uma comida que preste! Não tem uma televisão! Não tem uma criança! Não tem um gato, cachorro, papagaio, qualquer coisa! Não tem CALOR de casa. Parece um consultório, Deus que me livre!

Micaela arregalou os olhos surpresa, enquanto a senhora ia contando nos dedos as coisas “essenciais” para uma casa, na visão dela. A morena quase se ofendeu, quase por que realmente às vezes achava o apartamento quieto demais mesmo, talvez se adotasse um gatinho, ou talvez um rato, ou um peixe… Sim, um peixinho seria bem mais tranquilo. Ela pensaria sobre.

- E ainda me leva um bando de mulher safada que não lava uma louça que gasta!

A morena explodiu numa gargalhada abraçando a senhora em seguida e tentando acabar logo com o assunto, antes que a recepcionista ouvisse demais. Fabíola vinha só no período da manhã e saía um pouco antes do meio dia, para buscar a filha na escola. A mulher era seríssima e muito competente em seu trabalho, contudo sempre fora muito reservada em relação à patroa, diferentemente de Tiago, não era por medo, mas por puro preconceito mesmo, algo que jamais confessara, mas Micaela tinha um radar para isso. Fabíola disfarçava tão bem e não reclamava de absolutamente nada, afinal o salário era bom e ela precisava do emprego, assim como a fotógrafa precisava de uma funcionária.

- Tá certo, na próxima eu prometo que não vai encontrar louça suja, tá? Já mulher safada, aí não prometo nada. - E beijou os dedos cruzados, finalizando a promessa para a senhora que quase jogava o pano em sua direção.

Pouco tempo depois e ela estacionava a picape do estúdio na garagem da clínica, depois de anunciar sua chegada para Diana e com a ajuda de Tiago retirou todos os equipamentos com cuidado e posicionou-os na sala que a mulher reservara para eles como estúdio. Voltou para pegar uma última maleta e assim que trancou a picape Tiago já avisou:

- Vou no banheiro, chefe!

Como prometido ele havia parado de pedir e apenas avisava quando precisava, mas a fotógrafa não deixou de refletir consigo mesma que possivelmente ele tinha algum problema de incontinência urinária.

Ao entrar na sala percebeu uma criança de costas para ela, a pequena criatura observava o equipamento de luzes e a morena se aproximou, ciente de que a jovenzinha, possível paciente da clínica, só estava curiosa sobre o que aquelas coisas e pessoas estariam fazendo ali, contudo era preciso ter cuidado pois os equipamentos além de caros em sua maioria eram muito frágeis, então aguardou se movimentando em silêncio, atenta se seria preciso intervir em alguma ação da criança.

- Parece um guarda chuva…

Ela ouviu a voz da criança murmurar sozinha, enquanto o dedinho curioso empurrava o objeto com cuidado.

- Serve também. - Micaela respondeu à observação da criança.

A garota deu um pulo para trás com o susto, retirando a mão rapidamente. A morena riu surpresa e encantada com a beleza dela. Sem pensar buscou pelos ferimentos característicos que fariam uma criança precisar dos serviços da clínica, mas não estavam visíveis o que fez de imediato a morena se recriminar por estar sendo invasiva com aquele ser humaninho que agora a olhava curiosamente.

- Desculpa… - A garotinha murmurou baixinho colocando as mãos para trás em um gesto que fez Micaela querer abraçá-la e também pedir desculpas por tê-la assustado.

- Ei, não precisa se desculpar, tá tudo bem! - Ela abaixou-se devagar na altura da menina, para não assustá-la. Sabia que muitas crianças viviam numa bolha padrão que alguns pais condicionavam, então talvez para ela não fosse comum uma pessoa como Micaela, que era uma mulher de cabelos curtos e roupas fora do tradicional feminino. - Eu também achei a mesma coisa quando vi um desses pela primeira vez, sabia? E coloquei o dedinho, assim, exatamente como você fez. - Ela imitou a atitude da criança empurrando a sombrinha difusora que ainda estava no chão e não no tripé como comumente ficava quando estava tudo montado.

- É prateado, né? - A garota observou achando a cor interessante, rara de se ver nos guarda chuvas comuns e coloridos que via na escola.

- Sim, é para refletir a luz. Assim as fotos ficam mais suaves, quer ver?

A garota balançou a cabeça tão freneticamente que arrancou um pequeno riso de Micaela. A fotógrafa então abriu a câmera do celular mesmo e olhou ao redor em busca de algo, em seguida tendo uma ideia pegou a chave da picape do bolso da calça e retirou o chaveiro do estúdio que estava preso nela. Posicionou o pequeno objeto quadrado, com a logo da empresa, no chão encerado da clínica. Configurou rapidamente o celular e ajoelhou-se, tirando algumas fotos do objeto, depois posicionou a sombrinha e repetiu o ato, a garotinha acompanhava tudo em silêncio e com uma concentração que Micaela gostaria que Tiago tivesse pelo menos cinquenta porcento.

- Olha… - Ela mostrou o aparelho para garota, passando as fotos e explicando quais eram sem e com a sombrinha difusora. - Viu a diferença? Assim fica mais bonito. Olha essa…

- Que legal!

A garota então sorriu com uma felicidade tão genuína que não só aqueceu o coração de Micaela, como lhe trouxe um frio inexplicável na barriga. Franziu o cenho, um tanto incomodada com os sentimentos que aquele sorriso lhe causou. Talvez fosse a idade, sim ela estava entrando numa fase que era comum mulheres ficarem ansiosas por filhos, só podia ser isso. Ou talvez fosse fome mesmo… Sim, era mais provável que fosse fome.

- De quem você ganhou esse chaveiro? - A garotinha, alheia aos seus conflitos internos, agachava-se ao lado do objeto que mais parecia um dado e o apontava com o dedinho, numa vontade visível de tocá-lo.

- Eu mandei fazer. - Micaela pegou o pequeno cubo entregando-o na mão da criança que não tirava os olhos das cores que mudavam de tom de acordo com o movimento do objeto.

- Eu posso mandar fazer um também? - Ela olhou esperançosa para a fotógrafa.

Micaela riu novamente achando uma graça na forma como ela se expressava bem, não parecia ter mais que seis ou sete anos de idade, provavelmente estava aguardando atendimento e a mãe ou o pai estariam na recepção da clínica aguardando. Sentiu então uma vontade imensa de fotografar aquela pequena figura, segurando o cubo colorido, marca registrada do estúdio. A carinha dela, os olhinhos brilhando, tão inocentes e ao mesmo tempo tão destemidos aguardando a informação, para enfim alcançar seu intento em também “mandar fazer” um objeto para si.

- Você pode ficar com este… Se quiser. - Micaela fechou a mãozinha dela, com o objeto dentro. - Mas pergunte antes para sua mamãe ou papai, tudo bem?

- É sério, tia? Muito obrigaaaadaa! - A garota estava tão incrédula que logo depois… saiu correndo. Deixando uma Micaela mais surpresa para trás. Foi então que percebeu não ter perguntado o nome da criança, logo não saberia como distingui-la para Diana e perguntar se ela participaria da sessão de fotos do projeto.

Tiago ainda se desviou do corpo pequeno que corria pelo corredor da clínica, ele entrou se desculpando pela demora e já informando:

- Chefe, vou montar o tripé. - Avisou secando as mãos na calça jeans surrada que usava.

Micaela concordou já abrindo as malas com os equipamentos, câmeras e…

- Foi ela mamãe!

A dupla olhou diretamente para a criança que esbaforida adentrava a sala puxando a mão da pobre mãe que estava encurvada pela força que a pequena fazia quase pendurada para arrastá-la até ali.

Micaela olhou então para a mãe da garota e sem perceber franziu o cenho imediatamente. Houve alguns segundos de silêncio antes que a mãe da garotinha o quebrasse com uma pergunta direta e objetiva:

- Você deu mesmo isso para ela? - Isabella aproximou-se cautelosa e atenta como uma leoa desconfiada, colocando a filha atrás de si e aguardou.

Era visível que ela não estava nada feliz por saber dessa pequena interação que a morena havia tido com a filha. E Micaela se recuperava rapidamente do susto inicial, mas sem conseguir evitar de pensar que então eles realmente haviam tido uma filha, bem que a morena achou a fisionomia da criança um tanto familiar, ela era praticamente a cópia de Fernando, agora ela conseguia observar melhor os traços da criança. Que ironia. A primeira criança que ela tem contato ali e é a única que não gostaria de ter encontrado.

- Foi ela mamãe, eu te disse! Ela MANDOU fazer e disse que eu podia ficar com ele. Não foi, tia? - A garota a olhava com os olhos esperançosos para que Micaela confirmasse sua versão, que não passava de pura verdade.

- Sim. - A morena apenas disse.

Os olhos de Micaela iam de uma para outra, notando micro detalhes em que ambas se pareciam, mas só um bom observador ou alguém que já foi muito íntimo, para notar esses pequenos traços semelhantes, a primeira vista a filha deles era uma miniatura de Fernando, com a inteligência da mãe provavelmente, já que Micaela conhecia o primo desde sempre para saber que quando criança ele não possuía nem um décimo da astúcia daquela criança.

- E qual seria o motivo? - Isabella interrompeu os pensamentos da outra perguntando com cuidado, tentando manter uma compostura que o ambiente exigia.

A morena descruzou os braços, que até então não percebeu estarem cruzados, olhou de relance para seu assistente que assistia a tudo com uma curiosidade desnecessária, o serviço parado, aguardando o desfecho do confronto.

- Olha só, eu não sabia, ok? - A morena então se aproximou dela e puxou-a delicadamente pelo cotovelo até o lado de fora da sala. E não passou despercebido por Micaela o reflexo de afastar o braço que Isabella não conteve. - Eu entrei no estúdio, ou melhor, na sala… Ela estava aqui e… Enfim, é um chaveiro da empresa, nada demais. - Micaela tentou fazer pouco caso, para tentar encerrar logo o assunto e conseguir voltar ao trabalho que já se atrasava.

- Toma, tia. - A menina estendia o objeto para Micaela, com um semblante culpado. A sensibilidade de Lis era o suficiente para entender que as duas adultas estavam “brigando” pelo fato da morena ter dado o objeto para ela, sem o consentimento da mãe. - Desculpa.

Isabella se recriminou por ter sido tão dura com a filha, mas ela temia pela segurança da pequena, afinal não era de todo comum que crianças saíssem ganhando objetos, peculiares por sinal, de adultos que ela não conhecia. Receou então que a filha estivesse com a mesma mania cleptomaníaca da coleguinha da escola e logo a questionou se ela não tinha “achado” o objeto por aí e estava só inventando uma desculpa para ficar com ele. Foi quando Lis a puxou determinada pela clínica, em direção à sala que Diana mandara esvaziar dias atrás e agora a fisioterapeuta entendia exatamente o motivo e também a fala da filha. Olhou arrependida para Lis a sua frente e agachou-se pedindo desculpas por não ter acreditado nela, depois pegou o objeto de sua mão e levantou-se. Voltou-se para Micaela que assistia a tudo calada e atenta, e perguntou:

- Se você me disser onde comprou, talvez eu possa ver se tem um igual…

- Ela mandou fazer, mamãe! Já tava fazido quando ela me deu.

Micaela não conteve a risada baixa.

- “Feito”, Lis. - Isabella corrigiu e fez uma expressão que a morena identificou pela memória, de quando ela tentava resolver um problema difícil, nas tardes que fazia as tarefas da escola. Provavelmente ela buscava uma saída sobre o que deveria fazer com aquele objeto.

Micaela pigarreou chamando a atenção das duas, depois estendeu a mão em silêncio, pedindo o chaveiro de volta, ao qual prontamente a fisioterapeuta atendeu e lhe devolveu.

- Como eu disse… É só um chaveiro da minha empresa, tenho vários no estúdio, então pode ficar com este, ok pequena? - Ela sorriu piscando para Lis e estendeu o pequeno cubo para ela que de imediato olhou para a mãe aguardando permissão. Isabella apenas anuiu e um sorriso grande nasceu naquele rosto tão familiar e ao mesmo tempo desconhecido para Micaela, a pequena então pegou objeto e agradeceu novamente, os olhinhos negros como duas jabuticabas brilhantes.

Micaela sorriu de volta forçando o cérebro a não se afeiçoar demais àquele ser, depois virou-se séria para fisioterapeuta.

- Mudando de assunto, a Diana disse que você me traria as crianças que começariam a fotografar essa semana, elas já estão prontas?

Isabella não conteve o franzir de sobrancelhas com o tratamento tão distante e impessoal. Mas obviamente que seria assim, Micaela estava ali a trabalho e ela também, Lis fora apenas uma pequena distração infortuna.

- Papaaaaiii!!!

Os corações de ambas pularam com a palavra pronunciada por Lis. Por motivos semelhantes, mas desconhecidos pela filha. Fernando adentrou a clínica dando de cara com as mulheres o encarando, Lis pulava e escalava o colo do pai que a puxava para cima com facilidade, envolvendo o corpinho com os braços de um homem agora, não mais um garoto.

***

- Ela simplesmente me ignorou completamente! - Fernando se lamuriava com Verônica, com incredulidade e mágoa evidentes na fala e no olhar. - Eu sei que não mereço perdão, mas porr*… Somos adultos, um “oi” iria matar ela por acaso?

- Papai, olha que cor legal essa. - A filha posicionava o chaveiro cúbico quase enfiando-o na cara do primo daquela que a presenteara.

- Meu amor, ela tem seus motivos…

Verônica murmurou enquanto acariciava seus cabelos, na tentativa vã de tentar consolá-lo. Já Isabella revirava os olhos pela décima vez naquela noite, enquanto costurava o nome da filha na mochila da escola, sentada confortavelmente no sofá de frente para eles. Agora todos os dias o “assunto” do dia, seria Micaela? Era o que ela se perguntava mentalmente já exasperada.

- Fernando, não precisa ser dramático também… Eu acho até que ela chegou a acenar com a cabeça. - A mãe de Lis tentava parecer paciente, mas por dentro queria era mandar o pai da filha ir catar coquinhos na descida, por perder tempo se preocupando com uma pessoa que nem fazia questão de cumprimentá-lo.

- Aquilo não foi um aceno nem aqui, nem em Marte!

- Tá, pode ser que tenha sido uma “ajeitada” nas costas, mas assim…

- E ela desviou o olhar, tenho certeza!

- Ela estava trabalhando. Talvez nem tenha visto que era você. - Assim que terminou de falar riu ciente de que seria um absurdo essa ideia. Era bem gritante que Micaela reconhecera o primo e foi bastante claro e consciente que ela o ignorara totalmente, dando às costas para eles e voltando para a sua sala de trabalho/novo estúdio da clínica.

- Não vou nem te responder! - Ele retrucou mal humorado se levantando, parecia um pit bull prestes a chorar pelo ursinho de pelúcia que perdeu.

- Você podia me ajudar não provocando, pelo menos. - Verônica também não segurou o sorriso, olhando cúmplice para a melhor amiga e madrinha do seu casamento com Fernando.

- Vê, como você aguenta? A Lis puxou todo esse drama dele, eu que lute.

- E eu? Meu bem, eu tenho que aguentar esse homem falando o nome dela enquanto dorme, faz ideia? Depois da última notícia, que ela estaria em Ribeirão e trabalharia com vocês… Ele não fala mais em outra coisa, eu já marquei terapia, ele vai nem se for arrastado.

Quem via aquela mulher toda delicada, jamais conseguiria imaginar ela arrastando quem quer que fosse, mas Isabella sabia que era uma ameaça séria, quando o assunto era Fernando, Verônica se desdobrava em mil partes para vê-lo bem, mesmo que isso significasse quase obrigá-lo a cuidar da saúde mental.

- E você? - A mulher quase vinte centímetros maior do que Isabella perguntou antes de sentar-se na ponta do sofá e puxá-la pela mão fazendo-a parar de costurar a mochila de Lis e se concentrar em sua pergunta.

- Ah, eu não sou tão dramática assim não, Vê! - A fisioterapeuta olhou-a estranhando a pergunta, ela sabia que a filha puxara muita da sua personalidade, mas essa em particular com certeza não, por isso se defendeu.

- Não, amiga! E você… Como VOCÊ está? Em relação a sabe quem… - E Isabella entendeu sua pergunta. Largou calmamente a mochila de lado e pegou as duas mãos de Verônica, entre as suas. Olhou em seus olhos com um misto de amor por aquela pessoa que fazia o pai da sua filha a pessoa mais feliz do mundo, tinha muito respeito pela mulher incrível que Verônica era.

- Eu estou perfeitamente bem, Vê.

Verônica pôde sentir a verdade em suas palavras. Isabella não mentia, era um livro aberto e com certeza havia construído uma fortaleza espetacular, capaz de deixá-la tão tranquila e protegida, mesmo com Micaela por perto novamente. Sim, talvez a fotógrafa realmente tenha ficado no passado.

- Que bom. - A mulher soltou em um suspiro de alívio e abraçou a amiga sem aviso. - E a Cami? As visitas em Ribeirão estão rendendo, ein?

E Isabella riu sabendo que Ulisses devia ter fofocado da última visita que Camila fizera. Ficou com algumas marcas no pescoço que nem a maquiagem escondera no dia seguinte, tanto que o escandaloso do Ulisses assim que viu saiu gargalhando do elevador, quase rendendo uma advertência do prédio para ela.

- E eu nem te conto quem vi na semana passada… Uma dica: Nosso primeiro encontro foi inesquecível. - A fisioterapeuta sussurrou disfarçadamente, para que a filha de ouvidos biônicos não escutasse sobre esses assuntos de adulto.

- Não?! Isadora???

A fisioterapeuta confirmou com a cabeça rindo junto com a amiga, como duas adolescentes. Isadora era um caso antigo que ela tivera anos atrás, um dos primeiros logo depois de… Micaela. E havia sido rápido, desastroso e… hilário. Depois de trans*rem desajeitadamente no carro dos pais da garota, ambas saíram em direção à uma festa, mas infelizmente Isadora estava tão, relaxada, depois de fumar um cigarro que segundo ela era apenas um “cigarrinho de plantinhas”, que esqueceu as chaves do carro na porta do mesmo. Em se tratando do bairro em que estavam, as chances do carro estar no mesmo lugar depois de horas festejando e bebendo, eram quase negativas, sendo assim não foi uma surpresa quando não o encontraram mais lá. Isabella ficara desesperada, mas Isadora a tranquilizara fumando mais um dos “cigarrinhos” e dizendo: Vai dar tudo certo, só relaxa. Voltaram para casa a pé, mas antes pararam em uma lanchonete para saciar a fome (larica) da noite e depois de comerem foi Isabella que distraída percebeu ter perdido a carteira, assim como todo o dinheiro e os documentos. Para fechar a noite com chave de ouro, as duas pularam a janela do quarto da casa dos pais de Isadora e flagraram o irmão da garota “empolgadíssimo” assistindo algo, digamos assim, não indicado para sua idade. O rapaz tinha seus catorze anos, então o choque foi tão surreal que não sobrou nenhuma de chance de estarem no clima de mais alguma coisa, a sorte foi que já haviam “descarregado” a vontade mais cedo no carro furtado. Enfim a amizade foi se distanciando e elas não se viram mais, até quando Isabella encontrara a mulher em um aplicativo de relacionamentos e Isadora possuía exatamente a mesma energia tranquila e aérea de sempre.

- Por favor, diga que não se agarraram em um carro… E se foi, o carro tá bem pelo menos? - Verônica perguntou segurando o riso com a mão na boca se lembrando dos detalhes que a amiga contara na época.

Isabella beliscou Verônica gargalhando, na verdade elas tinham saído como amigas apenas, foi uma boa conversa, mas a química do passado não havia se reacendido e trocaram apenas boas histórias daqueles anos que não se viram..

- Do que tá rindo, mamãe? - Lis se jogou no colo da mãe, querendo se enturmar.

- De nada não, filha! - Isabella olhou de relance para Verônica contendo o riso e mais uma vez a mulher de Fernando reconheceu que realmente a amiga estava bem, perfeitamente bem. Felizmente o passado não a assombrava mais.

Fim do capítulo

Notas finais:

Oi, passando na madruga pra deixar mais um cap, nos vemos daqui uns dias! Bjo o/


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Comentários para 18 - Capitulo 18 - Confronto Ao Cubo:
mtereza
mtereza

Em: 13/05/2023

Poxa morro de pena do Fernando ele ama tanto a Mica , amei o encontro da Mica com a sua miniatura rsrsr


Bibiset

Bibiset Em: 16/05/2023 Autora da história
Eu tb, juro que escrevo com o coração na mão, eu gosto mto do Fer s2


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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 04/05/2023

Eita foi um encontro com a mini Micaela kkkkkkk e pra fechar com mãe.


Bibiset

Bibiset Em: 05/05/2023 Autora da história
Obrigada pela leitura Marta ^—^ espero que esteja gostando!


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