Mil desculpas pelo atraso no capitulo. Foi e está sendo um periodo de caos pessoal e profissional. Hoje estou finalizando o capitulo 32. "Ta saindo"
Capitulo 17
Capítulo 17 - BRUNA
Eu olhei o céu pela janela do avião, já estava escuro, já era noite. Quando finalmente o piloto anunciou que iríamos pousar no aeroporto de Guarulhos eu quase chorei de emoção. Já tive voos complicados, mas vou dizer que esse está entre os top 3 de viagens pesadas, isso porque de São Francisco para São Paulo teve turbulência, teve criança gritando e chutando minha poltrona por 8 horas, mas teve o meu peso na consciência, minha ansiedade. Não consegui fechar o olho, por sorte eu chutei o pau da barraca e coloquei uma roupa confortável, o que tornou a viagem menos pior.
Em geral os dias em São Francisco são os melhores do mês, mas dessa vez foi complicado. Depois que a Mayra foi embora, quase que fugida, eu levei um bom tempo para entender o que ela jogou na minha cara. Pra falar a verdade só com o passar dos dias e a vergonha do que fiz aumentando que pude perceber o quando eu estava preocupada com a possível reação da Flávia. Quem me ajudou um pouco a entender foi o Thiago, irmão do Bibo, que mora lá em São Francisco e saiu comigo quase todos os dias para tomar café.
Ao aterrissar, eu esperei educadamente a abertura das portas e aquele esvaziamento maciço e caótico dos passageiros. Quando tudo já estava mais calmo levantei do assento da janela, me arrastei até o corredor e peguei minha bagagem, que veio como de mão e segui pela plataforma de desembarque. Meu rosto estava oleoso e tenho certeza que o cabelo uma zona, sem contar a cara de acabada que devo estar. Enquanto eu ia andando fui ligando o celular e ficando cada vez mais tensa, não sei por ter trans*do com a Mayra e me preocupar com a Flávia ou se por perceber o quanto eu estava ansiosa para vê-la. Como estou com a minha mala não precisei ficar naquela fila de mata leão das bagagens, assim fui direto para o banheiro.
Minha cara está realmente acabada, as olheiras feias. Passei no rosto um dos meus lencinhos umedecidos para maquiagem, retirando as sujidades e a luminosidade. Da bolsa de mão eu resgatei uma escova de cabelo e penteei, deixando no mínimo apresentável, com a franja de lado, sob o rosto e arrumei a touca do moletom. Eu realmente estou ansiosa em ver a Flávia, o que é estranho, faz exatamente uma semana que não a vejo, mas além de parecer uma vida, me mostrou o quanto me preocupo com ela. Nessa semana bagunçada eu fui com os dias ficando tão envergonhada pelo que fiz que acho que acabei me afastando dela, mesmo que só por mensagem, a ponto que ela até perguntou ontem a noite se estava tudo bem comigo.
Quando sai do banheiro eu já estava um pouco mais apresentável, a boca desejando um café quente, de verdade e não a água suja que o avião serviu. Segui pelo já conhecido corredor da polícia federal. Enquanto aguardava na fila, enviei uma mensagem para a Flávia, avisando que eu havia chego, mas ela não visualizou. Será que ela vem mesmo me buscar? Eu estou realmente ansiosa para ver a gigante. Sabe, percebi que ela me encanta nos detalhes mais simples, como vir me trazer, ajudar com as malas, mandar mensagem, não sei, pode ser só o medo dela descobrir sobre a Mayra, mas pode ser um amadurecimento meu também. O Thiago que cantou essa bola pra mim, será que não precisei errar para perceber que cresci? No mesmo sentido que você só sabe que ganhou dinheiro depois que perdeu um pouco. Devo estar viajando muito.
Quando passei pela cancela do desembarque tudo que acontecia em volta de mim sumiu, sumiu por milésimos de segundos. Eu sou uma idiota, mas não pouco idiota, muito idiota. A Flavinha gigante estava lá, de jeans e uma camiseta branca de manga longa, olhando atentamente para o painel dos voos, segurando dois copos do starbucks. Um beijo nela que um deles é de café. Ela estava com o cabelo liso de novo, sei que o liso dela é da chapinha, mas acho que encaixa mais que o cacheado natural dela. E óculos, eu nem sabia que ela usava óculos. Fui surpreendida, mas uma surpresa boa, ela fica ainda mais gostosa de óculos.
Eu tentei me aproximar dela, mas nossos olhares se cruzaram antes. Ela abriu um sorriso tão fofo, a carinha dela estava diferente, uma expressão de desconforto, talvez dor, os olhos fundos, mas o sorriso foi perfeito. Como sou idiota, acho que não vou me perdoar se ela descobrir sobre a Mayra e desistir de mim, como sou idiota por não saber esperar, por não respeitar ou por simplesmente não acreditar. Não consegui mais olhar para a Flávia, olhei para o chão, envergonhada, querendo abrir um buraco temporal e esquecer de ter dormido com a outra.
- Oiiii - foi a única coisa que ela me falou, com os braços abertos segurando os copos. Eu abri mais um sorriso, realmente estava feliz em ver a Flávia, uma sensação de paz e segurança me preenche quando estou perto dela. Me aproximei mais um pouco da gigante e encostei nossos lábios, apenas um selinho, prolongado, sútil, de saudade. Afastamos nossos lábios, mas eu não queria me afastar dela, então passei meus braços por baixo dos dela, que estavam abertos, segurando os copos, que agora sei ser de café pelo aroma delicioso que saia deles. Encostei minha cabeça no tórax dela,enlaçando-o com os braços, apenas sentindo a gigante, sentindo a presença dela, o cheiro amadeirado dela. Ela encostou o rosto na minha cabeça, me respirando, enquanto seu corpo, tornava-se menos tenso e rígido nos meu abraço.
- Peguei um café pra você! Não está mais tão tão quente, mas cuidado - eu estiquei o braço para pegar o copo. O calor estava presente ainda, mas mais ainda o cuidado que ela consegue ter comigo nos pequenos detalhes. A Mayra nunca lembraria que eu gosto de café bem quente, nem ao menos pegaria um pra mim se viesse me buscar. A vergonha tomou conta de mim mais uma vez, agradeci ao café, mas olhei para o chão. Quero primeiro falar com a Flávia tranquilamente, depois vejo que vou fazer.
- Aí, você sabe mesmo o que eu gosto. Vim no avião desejando um café gostoso. Obrigada. - mais um selinho depois de pegar o copo.
- Vamos indo? Deixei o carro nesse bolsão aqui da frente. Me dá sua mala, deixa eu levar - não recusei, acho fofo esse cuidado dela, entreguei o puxador, mas não consegui olhar nos olhos dela. Tentei puxar conversa, quem sabe me distraio um pouco das merd*s que faço?!
- Como você está? Você usa óculos? - perguntei.
- Eu não uso sempre, tive uma crise de enxaqueca hoje, aí o óculos ajuda. Passei a manhã toda no hospital, a Bia foi comigo.
- Sério?! Não precisava ter vindo me buscar, eu pegava um táxi para ir embora. Está melhor agora? - ela estava no hospital e eu viajando e claro que a Bia estava lá ajudando, óbvio. Sei que são amigas, mas sabe quando alguém não desce?!
- Eu ainda estou com dor de cabeça, mas bem mais leve. Estou sem vomitar desde o almoço, um grande avanço. - oh pecado. Estiquei a mão para cruzarmos os dedos e andarmos juntas, como um casal. Ela incrivelmente não deu aquela travada habitual, estava mais solta, nesse quesito na verdade.
- E o que o médico falou?
- Que deve ser estresse do final do semestre, de não dormir direito. Pediu pra eu procurar um neurologista e passou algumas medicações para ajudar a controlar a crise agora. Evitar comer gordura, chocolate, coisas fortes, até me deu uma listinha de alimentos proibidos. - chegamos no local do estacionamento - Quer levar seu carro?
- Não, se você estiver bem pode levar, mas se quiser eu levo. - não faço questão alguma de dirigir.
- Entra aí então, vou colocar sua mala aqui atrás - enquanto eu entrava no carro, a gigante colocou minha malinha no banco de trás e depois sentou no banco do motorista. Ela me olhou tão intensa, tão verdadeira, esticou as mãos e encostou no meu rosto, daquele jeito delicado que ela faz, não consegui pensar em mais nada além de como é gostoso me aninhar nela e receber esse carinho. A mão da Flávia deslizou pela lateral do rosto, chegando ao couro cabeludo, quase que recém raspado. Eu estava tão tensa e preocupada com a reação dela que já estava preparada para uma rajada de broncas e reclamações sobre eu raspar o cabelo. - Você raspou a lateral?
A Flávia me perguntou isso mas sem tirar a mão do couro cabeludo e sem deixar de fazer carinho, na verdade ela estava mais ainda explorando o local novo, a pele lisa.
- Gostou? Eu queria mudar, raspei - respondi tensa, travada, tentando justificar minha decisão.
- Eu gostei. Sensação diferente. Deixa eu ver, joga o cabelo pro lado - como assim produção? Ela não vai gritar comigo? Me chamar de irresponsável ou qualquer coisa do tipo? Joguei o cabelo para o lado, deixando a parte raspada aparente.
- Jura que gostou? - perguntei para a Flávia, acho que em um tom de completa surpresa, porque ela deu risada da minha pergunta e sem tirar a mao em nenhum momento apenas respondeu: - Sim, sério. Encaixou bem com você, ficou estilosa- A gigante se aproximou mais de mim, eu conseguia sentir o cheiro dela mais de perto. Encostamos nossos narizes, na verdade a Flávia que conduziu a valsa, como sempre faz e eu acabo me entregando, ela consegue me encantar nos beijos e fazer com que eu me perca em segundos. Enquanto ela beijava meus lábios, brincando com eles, coloquei minha mão na coxa dela, apertando e acariciando, educadamente, sem forçar nenhuma barra, mas só esse pequeno gesto foi o suficiente para ela acelerar e intensificar o beijo, me deixando arrepiada, dada, querendo. Não que eu seja boa em resistir a nada, afinal vocês sabem das merd*s que eu sempre faço.
- Melhor irmos não?! O trânsito até sua casa vai estar catastrófico. Como foi lá nos Estados Unidos? - ela começou a puxar assunto enquanto ligava o carro e começava a dirigir. Puxou assunto do que eu menos queria falar.
- Foi uma semana bem corrida - respondi pontualmente, não sei se quero entrar nos grandes méritos da viagem agora, preciso contar pra Flávia sobre a Mayra, mas não sei se hoje, muito menos aqui no carro, de qualquer jeito. - E você, como ficou aqui?!
- Foi tudo bem, acabei usando seu carro uma vez, tudo bem? Aproveitei ele para ir na casa da minha mãe pegar as minhas coisas.
- Sem problemas, deixei ele com você pra isso mesmo - ela colocou a mão em cima da minha e puxou para cima da coxa dela, deixei minha mão ser levada e aproveitei para fazer carinho nela. A Flávia sempre está tão travada que achei legal ela ter tomado essa atitude - E pegou tudo? Sua mãe apareceu?
- Fui no horário em que ela estava no serviço, por sorte quando eu estava saindo de carro a ROberta estava entrando, ela nem me viu.
- Roberta é a sua irmã?
- A própria. Ainda bem que ninguém nem me viu, só o porteiro e todas as vizinhas futriqueiras. Bru eu nem perguntei, é pra te levar pra sua casa?
- Hhaha, sim amor. Lá pra casa mesmo. Fla, você lembra do Edu e da Lana? Que são amigos meus que estão no Canadá?
- Lembro, que o cara é um ex namorado seu? Lembro sim - ela mudou o tom de voz pra falar do Edu, para um tom de ciúmes, eu achei um barato.
- Exatamente.
- Humm
- Eles vão chegar depois de amanhã, sexta feira eles querem marcar alguma coisa de reencontro, você quer ir comigo?
- Na sexta? - confirmei com a cabeça - tudo bem Bru, posso ir com você sim. Mas é o que? Porque no sábado é a festa dos meus avós que eu tinha te falado.
- Verdade, a festa dos seus avós - Aí cacete, como eu fui esquecer da festa dos avós dela? E mais ainda como vou ir nisso? Eu não sei bem se quero conhecer a família da Flávia, na verdade mesmo eu estou um pouco com vergonha de ir, ainda mais ela brigada com a mãe e a irmã.
- Você tinha esquecido né?! - mesmo dirigindo e focada ela deu uma risadinha, deixando leve o fato de eu ter esquecido, ainda bem, sei que pra ela tem uma importância grande essa festa.
- Eu achei que era no próximo sábado, na semana que vem. Mas se quiser ir na festinha da sexta eu vejo com a Lana de ser algo mais tranquilo, qualquer coisa vamos só em um barzinho.
- Não, não quero atrapalhar o encontro de vocês. Só não quero ir virada na festa dos meus avós. Vai ser coisa simples, mas sei que eles vão gostar de comemorar. A velha estava toda agitada esse final de semana quando visitei ela.
- Eu não tenho essa experiência de família, mas imagino como devem estar ansiosos para comemorar, 50 anos de casados não é pouco tempo.
- Não mesmo, eu quero ter um casamento assim sabe?! Duradouro, com muita harmonia, onde colar seja melhor que jogar fora - depois que falou isso ela se perdeu em algum pensamento ou lembrança, ficou em um silêncio pensativo enquanto dirigia. Eu até poderia puxar o assunto, mas confesso que meu peito apertou e a vergonha apareceu novamente, mas dessa vez com uma boa pontada de ciúmes. A vergonha é por eu ter errado e dormido com a Mayra, cara, a Flávia espera um relacionamento de 50 anos, eu não sei se sou capaz disso, mais ainda porque não fui nem capaz de ignorar a presença da minha chefe.
Por outro lado a Flávia não consegue esconder o quanto ama a ex namorada dela, aquela que ela namorou por 8 anos. Isso me incomoda também, sei que estamos nos conhecendo, criando laços e tals, mas a que ponto posso me arriscar por alguém que claramente ama outra? Toda vez que pergunto dessa menina ela responde que não tem perigo de aparecer, que está longe. Sempre informações muito jogadas. Meu faro jornalístico quer que eu vá atrás e comece a investigar, achar essa menina, mas o meu medo, coração ou o nome que quiser dar fala para eu ficar quieta, dar o tempo dela, deixar ela ir se abrindo aos poucos. Mas esse medo todo dela é uma das coisas que mais me incomoda na Flávia, tudo bem que os beijos são deliciosos e arrepiantes superando esse medo todo.
- Aperta o controle do portão Bru! Amor, Bruna! - eu estava tão distraída nos meus próprios pensamentos que nem percebi que ela já havia estacionado o carro no portão do prédio, apenas esperando eu apertar o dispositivo para abrir - Coloco em qualquer vaga? Tem alguma especifica?
- Ah, coloca naquela ali - apontei pra ela, mostrando a vaga que sempre deixo o carro. Ela habilidosamente estacionou o carro, quase que sem olhar nos espelhos, quem dera eu ter uma habilidade dessas. Quando finalmente desligou o carro ela me olhou com aquela expressão dela de “ e o que fazer agora?”, “qual o próximo passo?” - Vamos subir Flávia?
- Não vou incomodar? Você acabou de chegar de viagem.
- Claro que não. Vem - falei já abrindo a porta do carro.
- Tem certeza?
- Eu quero te beijar e não vou fazer isso escondida no carro. Vamos subir! - sorri pra ela, direta, e desci do carro. Quando ela saiu, segundos depois, estava com o rosto moreno rosado, mas com uma expressão leve, de ansiedade. Aos pouquinhos eu estou conhecendo ela, sei que precisa de um empurrão para pegar no tranco de perder esse medo todo que ela tem. Mais ainda, vou precisar ter calma e paciência para saber respeitar o tempo dela.
Entramos no elevador, ela carregando minha mala, encostou no fundo. Eu apertei o 22o. andar e encostei na frente na dela, de costas. Assim que a porta fechou a Flávia me abraçou, passando os braços por baixo dos meus e apoiando as mãos na minha barriga. O nariz dela foi para a lateral do meu rosto, acariciando minha pele e puxando fundo o ar. Eu fechei os olhos, tentando me concentrar naquela sensação, mas ficando atenta ao elevador. Primeiro ela passou o lábio, sutilmente na minha orelha, acariciando. Isso por si só já estava me deixando mais molinha, mais quando ela começou a morder minha orelha, eu comecei a arrepiar o corpo, sem nem perceber joguei o pescoço pro lado dando acesso para ela, que não perdeu um segundo e começou a beijá-lo também.
O ficar molinha se tornou arrepio e o arrepio estava se tornando excitação, meu corpo responde muito fácil. A Flávia percebeu o efeito que estava causando em mim pois não só não parou como intensificou. Nesses dias todos ela nunca se soltou assim, ela nunca arriscou tanto a lutar contra os medos dela. Bem hoje, bem agora que eu errei, que eu saí com a Mayra, bem agora que eu percebi o quanto eu gosto de estar com a Flávia. Merda, sempre que acontece algo bom comigo eu estrago. Não posso dar esse espaço pra gigante agora, não sem ela saber o que eu fiz de errado. Dei um passo pra frente, acabou sendo bruto, me afastei dela.
- Já estamos no 21, vai abrir a porta - falei, sem olhar pra trás, não quero ver a cara de frustração dela.
- Uhum
- Vem - falei quando a porta abriu e eu sai andando na frente, dando um espaço dela. Puxei a chave do bolso do meu moletom, coloquei na porta e girei. Ela estava próximo a mim, mas manteve um espaço de segurança, deve ter sentido que eu cortei. Que merd*, eu errando mais um pouco. Entrei no meu apartamento e a sensação de casa me preencheu, meu espaço, meu cheiro, apenas faltou o Mike pulando no meu pé. Senti as mãos da Flávia pousando no meu ombro, sutilmente e ela falando:
- Chegou, agora pode relaxar gatinha - Eu virei meu corpo, ficando de frente pra ela. Suas mãos foram para o meu rosto, apoiando nas bochechas - Você está tensa Bru, deve ter sido a viagem. - eu apenas concordei com a cabeça, em silêncio e me estiquei para alcançar ela. Quase que na ponta dos pés eu consegui encostar meus lábios no da Flávia, sem permissão, sem joguinhos, apenas boca, língua, mordidas. Conforme o beija ia se estreitando e criando um ritmo próprio, ela apostou no controle da situação e como havia feito semana passada me levantou, com uma facilidade absurda e me fez sentar nas costas do sofá, encaixando a altura, permitindo que eu ficasse confortável. Até no beijo ela cuida de mim. Passei a mão em volta dela, acessando as costas, onde criei um trajeto sutil, estimulante. Ela tem um gosto adocicado, com uma língua bem habilidosa que sabe brincar bem com a minha boca e com o meu desejo. Quando a gigante soltou meus lábios e seguiu para o meu pescoço, eu passei a mão por dentro da blusa dela, sentindo a pele quente.
Pela primeira vez a Flávia não travou nem se assustou com a minha mão encostando no corpo dela, também porque eu não fiz nada, apenas pousei a mão ali na cintura dela. Ela continuou no meu pescoço, que descubro cada vez mais ser um ponto fraco meu e que ela adora explorar, me deixando lasciva, molinha e suscetível. Voltou a minha boca, mas começou com uma mordida forte, firme, dolorosa e deliciosa, suas mãos que me ajudaram a estabilizar nas costas do sofá passaram por dentro do meu moletom, assim como eu fiz nela, mas as dela subiram em direção do fecho do sutiã, que habilmente foi solto enquanto ela me beijava.
Será que ela sabe de algo? Que se importa com isso? Mas ela é travada na ex namorada, travada em alguma dor muito importante dela. Não posso deixar a Flávia continuar sem saber da questão da Mayra, sem saber de todas as cartas. Sexo parece algo importante para ela, não posso brincar com seus sentimentos assim, passa do limite aceitavel. Passa da ideia de ser uma pessoa boa. Não que eu não queira, porque quero, sempre quero, mas não posso deixar a carta fora do baralho assim. Como parar a Flávia sem frustar ela, sem deixar ela travar de novo. Banho!!! Isso, preciso de um banho!! Estava na viagem não é mesmo?!
- “Mor”
- Hum - falou sem se afastar de mim.
- Preciso tomar um banho.
- Agora?
- É, eu cheguei agora de viagem. Não estou cheirosa igual você.
- Haha, tudo bem - me puxou para o chão, nas costas do sofá - Ganho mais um beijinho antes de você ir?
- Aí, como não me derreter por você?
- Esse é meu charme! - Falou com aquele sorriso sacana que ela tem, de que sabe que manda bem. Encostamos os lábios mais uma vez, rápido, sem língua, sem acelerar, só uma bitoquinha gostosa.
Me afastei dela e peguei minha mala, sorri para a Flávia e segui em direção ao quarto. Antes disso ela me chamou mais uma vez:
- Bru!
- Oi?!
- Se importa se eu deitar aqui no seu sofá? Minha cabeça está começando a doer de novo.
- Claro que não. Precisa de algum remédio Fla?
- Não não, só deitar quietinha aqui.
- Tudo bem. Fica a vontade - virei as costas, indo em direção ao quarto, quando ela me chamou novamente - Oi?!
- Você é linda Bru! - eu não consegui responder, fiquei com vergonha, apenas sorri e segui para o meu quarto. Cacete, eu sempre quis alguém assim como a Flávia, atenciosa, calma, mas eu gosto dessa pegada firme, pesada. Ela consegue fazer isso tudo e ainda me elogia. Fui pensando enquanto entrava no chuveiro e a água morna finalmente relaxava minha musculatura. Cara e o que foi ela me beijando e abrindo o sutiã?! O que será que mudou nela nessa semana que eu fiquei lá em São Francisco? Esquecer a ex ela não esqueceu porque deu aquela bugg lá no carro, mas a Flávia está muito mais solta, mais maleável. E vou falar que ela fica gostosa de mais com esse cabelo esticado, não que o cacheado seja feio, não é isso, mas ela fica muito melhor com ele liso. Ela grandona assim, alta, forte, musculosa é o tipo físico que eu tenho tesão só de olhar. Caracas, e o pior é que estou super molhada e excitada com os beijinhos dela, mas acho muita mancada eu não deixar todas as cartas na mesa, mas que mulher, que mulher.
Abri minhas gavetas de roupa pensando o que eu vou vestir. Sei que a Flávia sabe bem como secar uma mulher e eu sei bem como usar roupas curtas, mas não sei se quero deixá-la mais disposta ainda, aí o que eu faço?! To pensando e me culpando cada vez mais por ter trans*do com a Mayra, se eu não tivesse feito essa merd* e ainda por cima estar me culpando, eu estaria agora suada com a Flávia, que sabe me proteger, cuidar de mim e me encher de carinho sem esquecer a brutalidade. Merda, mil merd*s. Peguei uma calça com desenho de âncora, soltinha no corpo, confortável e uma blusa de alcinha, claro que decotada. PRendi meu cabelo molhado em um coque mal feito em cima da cabeça, deixando a lateral que raspei do cabelo aparente. Passei um perfume gostoso que eu sempre uso. Segui para a sala, a Flávia estava deitada no sofá, com os olhos tampados com a almofada, imagino que para tentar bloquear a luz, tadinha, enxaqueca é horrível. Agachei ao lado dela, delicadamente e dei um selinho nela, ela se assustou.
- Oi gostosa. Tá bem? - ela abriu um sorriso de dor, mas sendo gentil.
- A dorzinha chata voltou, está latejando, mas tudo bem. Logo passa - sentou no sofá, com uma expressão de dor.
- Quer ir no pronto socorro de novo? Se quiser eu vou com você.
- Não precisa Bru - passou a mão no meu rosto, como se agradecesse o cuidado - acho que vou pra casa.
- Não - respondi em automático, sem pensar, mas não quero mesmo que ela vá - não vou deixar você dirigir assim, ainda mais a moto. Vou pedir uma comidinha pra gente, você come e dorme aqui. Pode ser?
- Não quero incomodar Bru. Você chegou agora de viagem, deve estar cansada, não vou te dar trabalho - cerrou os olhos, mostrando que tinha tido mais uma pontada.
- Não me incomoda. Olha sua carinha de dor. Não vai dirigir hoje. Fica ai deitadinha, vou pedir alguma coisa pra gente - ela fez uma carinha de vencida e de que aceitava. Eu levantei a cabeça dela e sentei embaixo, apoiando-a em minhas pernas. PEguei meu celular e comecei a procurar comida com uma das mãos e com a outra fiz carinho no cabelo dela - Quer jantar o que amor?
- Só não pega nada gorduroso que piora a dor.
- Mas prefere o que? Um peixinho, carne?
- Fica a sua escolha Bru, me surpreenda.
- Ah, ótima frase para se livrar da escolha. Esperta - ela sorriu e em seguida fechou os olhos novamente. Vai levar uns 40 minutos para chegar, esse vai ser o tempo certinho de eu ir no meu padrinho e pegar o Mike lá, vou aproveitar porque deixo a Flávia descansando. - Flavinha - ela respondeu com a cabeça - eu vou ir aqui no meu padrinho pegar o cachorro. Dá tempo de eu voltar para ir lá receber a comida, mas se a portaria ligar você pega?
- Claro. Vai lá que eu fico atenta aqui.
- Tá bom - dei mais um selinho nela e depois segui para fora do meu apê, no hall que separa a minha casa da dele. Assim que abri a porta para eu sair, o Mike já começou a latir lá de dentro do apartamento. Quando subi no tapete da casa do Antonio pude ouvir as bufadinhas do Mike, conferindo se era eu mesma. Toquei a campainha, que demorou alguns segundos para fazer a porta abrir. Quando a passagem se fez entre o hall e o apartamento o pequeno de 4 patas correu como um furacão em minha direção, pulando nas minhas pernas, abanando o rabinho, feliz, contente por me ver, alegre como se eu estivesse fora há 20 anos. Agachei, quase que na altura dele e fiz alguns cafunés, o Mike estava eufórico e meu padrinho olhando tudo da porta, sorrindo.
O Antonio, Tony para os colegas de trabalho, é um senhor de uns 55, 60 anos, não sei ao certo a idade dele, pra mim ele é a cara do Jô Soares com uns 20 kilos a menos, mas aí é a minha impressão, mas a irreverência e alegria é tão zero quanto os cabelos castanhos. Dono de uma barba completamente branca e um cabelo grisalho voltado pro branco, foi ele quem me ensinou a arte do jornalismo e mais ainda me ensinou a ser gente. Fez o papel de pai quando o meu me expulsou de casa, me acolheu como filha sem cogitar duas vezes, não na casa dele, mas como financiador e padrinho. Ele pagou todos os meus estudos, me fazia reescrever cada matéria, quantas vezes fosse necessária, até estar publicável com o selo “Doi Notícia”.
- Só o cachorro ganha carinho? - ele falou da porta, apoiado com o braço elevado, olhando a cena com uma expressão de saudoso, mas de pidão. Sempre foi carinhoso comigo, carinho na mesma intensidade que rigido.
- Mais que padrinho pidão eu tenho?! - falei enquanto eu levantava e seguia em direção ao abraço dele.
- Entra, vem - Ele abriu passagem para a sala dele, fechando a porta nas minhas costas - Chegou agora?
- Tem uma hora mais ou menos, foi o tempo de chegar, sentar um pouco e tomar um banho.
- Humm, e como foi lá? Senta - esticando a mão e oferecendo o sofá, enquanto ele sentava na poltrona.
- Foi bem corrido, depois quero falar com você sobre a revista de moda, não acho que esteja seguindo o mesmo referencial. Eu falei com o Andrew, mas ele não aceitou bem minhas propostas. Se continuar nesse pé, você vai ter que parear melhor. Mas depois eu te apresento o relatório com mais detalhes, acho que de um modo amplo foi mais esse item mesmo.
- O Andrew está deslizando já faz um tempo, estou sendo paciente, mas se começar a sair da rota, ele sai.
- Não acho que precisa chegar a tanto, mas talvez uma repaginação, uma proposta melhor. Vou ter uma reunião com a Joana depois de amanhã, ela vai me dar umas ideias de editoriais de moda, vai me ajudar a pensar em uma repaginação.
- Certo, vê isso e vai me avisando. Você já jantou?
- Ainda não, eu pedi uma comida, chega daqui a pouco.
- Ah, se quiser traz pra cá e a gente janta juntos, você vai me contando dos detalhes. - Ai cacete, não rola trazer a Flávia aqui.
- Melhor não, estou com visita lá em casa.
- Humm, vocês se acertaram?
- Oi?!
- A Mayra não quis me contar nada dela ter ido até São Francisco, até achei que tinha dado errado pela cara que ela estava.
- Humm, porque você liberou ela para ir pra lá? Não precisa de dois editores pelo menos?
- Ah, mas vocês brigadas me deixa com uma editora só do mesmo jeito, prefiro vocês duas bem e trabalhando em conjunto. Chama ela pra jantar aqui, aí já fechamos a edição do sábado.
- Melhor vermos isso outro dia, estou bem cansada da viagem. - Aí, espero que cole!
- Que bobeira Bruna, vinte minutos aqui não vai atrapalhar o tempo de vocês. Chama ela lá. - que insistência Antônio, que droga.
- Amanhã vemos isso, quero um tempinho com o Mike.
- Bruna, chama ela pra jantar aqui, chega de frescura.
- Não é a Mayra que está aí caramba.
- Quem está aí com você então?
- A Flávia, com quem eu estou agora, eu e a Mayra terminamos, você bem sabe disso.
- Mas ela foi lá pra São Francisco para se acertar com você - a cara dele era de “se A + B = C x D, todos os D sao B?”
- Ela ter ido até lá não muda as cagadas dela e muito menos me obriga a aceitar ela de volta.
- Mas Bruna, ela foi até lá. São 8 horas ida e 8 volta só pra te ver.
- Tá, mas eu não estou mais com ela, ela foi porque quis.
- Eu liberei ela para vocês se acertarem. Bruna, você sabe que preciso dela no jornal.
- Tá, mas ela no jornal não significa ela comigo Antonio.
- Ela trabalha melhor quando está bem com você - mas que insistência chata nesse assunto.
- Vai precisar de uma editora profissional ou ela aprender a trabalhar bem sem estar comigo. Eu estou com outra pessoa, em algo que está começando a ficar sério, alguém que me respeita, que gosta de mim, que me faz bem. Bem diferente da Mayra diga-se de passagem.
- Tá - ele respondeu contrariado, irritado - O que essa menina aí faz da vida? É jornalista?
- Não, ela está terminando a faculdade de direito e trabalha como investigadora, da polícia civil.
- Caralh* Bruna. Quer me fuder me beija. Você vai colocar uma investigadora na nossa vida?!
- Qual o problema Antonio?
- Nada, nada - a pele vermelha dele ficou vermelha, como se fosse um vermelho de raiva, de alguma situação que estivesse fora do controle. Qual o problema da Flávia ser investigadora? Eu não entendi. - Só começa a pensar bem nas suas escolhas, você sabe que estou te treinando para assumir o jornal, nem sempre quem está ao nosso lado é a melhor opção.
- Tá, eu entendi que você prefere a Mayra. Mas não vai mais ter Mayra, nos terminamos. E foi um término definitivo, a ponto que estou com outra pessoa. MElhor começar a digerir essa ideia.
Que conversa mais sem pé e sem cabeça, incomoda, chata. Aff, ele nunca foi de se incomodar com as minhas parceiras, não entendi essa pilha pela Flavia ser policial. Sem contar que esse apartamento dele está quente pra um cacete e o Mike pulando em cima de mim o tempo todo. Passei minha mão por baixo dos cabelos, organizando-os para prender em um coque alto, amarrar o cabelo nele mesmo.
- O que você fez no seu cabelo Bruna Raissa? - Gente, ele nunca me chama pelo meu nome inteiro. - Que porr* é essa? - O velho que estava vermelho ficou mais vermelho ainda, quase infartando na poltrona, irritadíssimo.
- Isso aqui? - Virei o rosto, mostrando a maquina zero na lateral, perguntando se o escândalo era por isso mesmo.
- Claro que é isso aí Bruna! Olha essa merd*. Você não é mais uma adolescente.
- Eu sei que não sou adolescente, eu quis mudar, fazer algo diferente.
- Diferente é você mudar de loiro para ruivo, não raspar o cabelo. Tenha a santa paciência Bruna, você é uma executiva. Como acha que vai ter moral com os funcionários, com os editores com esse cabelo raspado?!
- Nossa, minha competência é tão frágil assim?! Um cabelo estiloso acaba com minha capacidade? Bem careta vindo de você Antonio.
- Não é caretice filha. É o cargo que você tem, é a responsabilidade que você tem que passar. Você já é jovem, é sapatão e ainda raspa o cabelo desse jeito.
- Quanto preconceito em uma frase só Antonio. Achei que eu fosse um pouco mais que um bibelô pra você - me levantei do sofá, com o Mike pulando na minha perna, o calor me consumindo e a raiva explodindo. Ele percebeu a merd* que falou pois abaixou o tom, mas o conteúdo continuou fecal.
- Não é isso Bru, é que por exemplo, você mudou de namorada e já começou a fazer asneira. Com a Mayra você nunca estragaria esse seu cabelo lindo desse jeito. Não gosto dessa garota nova, ela não te faz bem.
- Em nenhum momento você perguntou se eu estava bem, como eu me sentia ou se eu estava finalmente conseguindo respirar depois de um bom tempo sufocada. Para um editor experiente como você, seu discurso é preconceituoso demais. Faz assim, eu vou indo embora para não estragar a porcelana. Quando abrir sua mente conversamos. Dá licença. Eu que já estava em pé segui em direção a porta, não dando nem mesmo tempo para ele levantar da poltrona reclinada dele.
Que raiva, que ódio. Eu já estava me sentindo um lixo por ter estar com a Flávia e ter dormido com a Mayra, agora saber que o meu padrinho fez mais um estágio na escola Cruela deVil de escrotidão foi o ponto máximo da noite. A junção das frases do Antônio, o calor do apartamento dele, o cansaço da viagem e a culpa que está me consumindo foram o suficiente para fazer eu chegar no limite de raiva e frustração no hall, com as lágrimas querendo sair e eu segurando com força. Mas quando eu abri a porta e dei de cara com a Flávia em pé, com cara de dor, arrumando a mesa pra gente jantar, toda dedicada, cuidadosa, eu não aguentei mais o incômodo e o peso da culpa, as lágrimas começaram a cair, uma atrás da outra, uma seguida da outra, copiosamente, sem limite, sem pausa, apenas uma junção de raiva e de medo. Medo da reação dela, medo de perder essa mulher linda por um erro tão grotesco e juvenil.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Petrolina Nova
Em: 03/10/2025
CHEGA DE MAYRA, CHEGA MESMO, MULHER CONTA LOGO E DIZ QUE TÁ ARREPENDIDA, MAS SE FOSSE COMIGO EU IA FICAR DE PÉ ATRÁS CONTIGO. A EX DA FLÁVIA TÁ MORTA E A SUA TÁ BEM AÍ QUERENDO ESTRAGAR TUDO.
Petrolina Nova
Em: 02/10/2025
CHEGA DE MAYRA, CHEGA MESMO, MULHER CONTA LOGO E DIZ QUE TÁ ARREPENDIDA, MAS SE FOSSE COMIGO EU IA FICAR DE PÉ ATRÁS CONTIGO. A EX DA FLÁVIA TÁ MORTA E A SUA TÁ BEM AÍ QUERENDO ESTRAGAR TUDO.
[Faça o login para poder comentar]
jakerj2709
Em: 02/05/2023
Olá moça, tudo no seu tempo,espero que consiga resolver o mais rápido possível seus problemas,tudo passa...
Bruna fez M., ainda morre de ciúmes da Fla com a Bia e tbm da ex da Fla....Vamos vê como a Fla vai reagir ao .saber sobre oq aconteceu durante a viagem Acho que esse jornal encobre mta sujeira por isso o medo do Antônio em relação dela namorar uma policial.
[Faça o login para poder comentar]
Marta Andrade dos Santos
Em: 02/05/2023
É Bruna tô fez merda mesmo agora aguenta.
Oiii Autora! vai no seu tempo sem correria se cuida.
Um dia nunca é igual ao outro mesmo que se pareça no amanhecer, no decorrer as sensações são diferentes.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]