Amada Amanda por thays_
Capitulo 16
No dia seguinte acordei com uma Amanda sedenta entre minhas pernas, servindo-se de mim de forma doce, apaixonada. Eu gostava de quando ela tomava a iniciativa, quando me pegava daquele jeito sem nem pedir permissão, quando simplesmente fazia o que queria fazer. Acho que eu nunca tinha acordado com alguém desse jeito. Quer dizer, eu não era do tipo que passava uma noite inteira com alguém antes de conhecer Amanda. E as mulheres as quais eu costumava sair (em sua grande maioria hetero-curiosas), nunca tinham se interessado por mim dessa forma.
Eu sentia que ela me desejava de uma maneira que eu nunca tinha sido desejada antes. Ela não esperava que eu fosse o estereótipo da mulher masculina e rigidamente ativa, pelo contrário, ela nunca esperou nada de mim. Acho que na real, isso tudo me surpreendia tanto porque eu nunca tinha estado com uma mulher que realmente gostasse de mim por inteira. Eu não era apenas um experimento de uma noite para ela. Ela realmente queria estar comigo e realmente sentia prazer em fazer o que estava fazendo naquele exato momento e isso por si só já me deixava de pernas trêmulas.
Estar com ela também era quebrar muitos padrões que eu tinha em minha mente, era quebrar muitos padrões do que a sociedade esperava de mim, esses que estavam cristalizados em minha cabeça. Ela conseguia me despertar desejos que nunca tinha me permitido pensar sobre. Com ela estava sendo tudo diferente de tudo que já tinha vivido em minha vida inteira.
E eu estava adorando.
Às vezes a gente precisava de um chacoalhão da vida para revirar todas as nossas certezas, nos levando para um caminho que talvez nunca tivéssemos imaginado para nós.
Minha mão buscou a dela, entrelaçando nossos dedos. Abri um pouco mais minhas pernas, permitindo que ela aprofundasse um pouco mais.... Minha cabeça tombou para trás, imersa naquela sensação deliciosa.
Eu estava quase. Busquei seu olhar.
- Olha pra mim... – Pedi. Ela sorriu um pouco envergonhada. - Não... não para... Continua... Quero assim... olhando pra você...
E sem desviar meus olhos dos dela eu vim. E aquilo foi mágico. Estar com ela era mágico, surreal, delicioso... Ela continuou até meus espasmos diminuírem, não consegui nem me mexer, meu corpo completamente relaxado. Ela subiu pelo caminho inverso, me enchendo de beijos, até alcançar minha boca, nos beijamos.
- Bom dia. – Ela sussurrou.
Eu sorri com meus olhos se fechando, mal conseguindo responder, me entrelacei com ela, permitindo-me me aconchegar em seu peito, enfiei minha cabeça em seu pescoço, beijando, sentindo o cheiro gostoso de seu cabelo, seu perfume... Fui recuperando as forças aos poucos, minha respiração voltando ao ritmo normal.
- Que delícia acordar desse jeito... – Disse em seu ouvido. Ela beijou minha cabeça, busquei seus lábios, rolando por cima dela, nossos corpos grudados… Ela extremamente animada por baixo de mim. - Gosto de te sentir assim. - Revelei encaixando-me nela, fazendo-a roçar em meu centro de prazer, eu já pronta pra mais uma.
- Você é insaciável… - Ela riu.
- Só um pouquinho.
Nós fomos para a casa dos meus pais próximo da hora do almoço. Logo quando chegamos, Arthur veio todo empolgado para nos receber. Amanda tinha levado seu skate para ele brincar e ele sumiu pelo quintal afora como se fosse o dia mais feliz da vida dele. Eu adorava essa inocência que ainda restava em meu irmão, aquela inocência de quando o mundo ainda não nos tinha devastado, quando ainda não tínhamos passado por nenhuma experiência muito ruim.
Meu pai estava usando um avental rosa que Tutu tinha feito pra minha mãe na escola, escrito “Rainha da Cozinha”, mas quem mais usava era meu pai. Ele estava cozinhando algo no forno, a casa estava com cheiro de Natal e havia uma alegria crescente dentro de mim, como se fosse algum dia de festa. E era. Eu não levava ninguém ali há muito tempo.
Ficamos um bom tempo conversando com meus pais na cozinha, meu pai se interessou muito pelo trabalho de Amanda e começou a perguntar inúmeras coisas para ela sobre sua faculdade, quando se formava, com o que trabalhava... Depois peguei-a pelas mãos e fui com ela mostrar a casa. Queria mostrar meu antigo quarto que minha família ainda mantinha intacto. Subimos as escadas e caminhamos para a última porta do corredor. Abri a porta.
Havia alguns posters na parede de algumas bandas de rock dos anos 80 e 90. Minha cama de solteiro com uma roupa de cama do Corinthians, alguns action figures de mangás, animes e hq’s que não tinha levado para minha casa. Ela bateu o olho em alguns porta-retratos na parede, fotos antigas minhas, da minha família, do meu irmão quando ainda era um bebê de colo. Eu me sentei na cama olhando em volta. Eu não costumava entrar ali quando vinha visitar meus pais, eu só ficava na sala ou na cozinha lá em baixo. Tudo parecia tão pequeno quando me lembrava de minha adolescência enfiada entre aquelas quatro paredes.
Ela então encontrou uma foto minha 3x4 de quando eu devia ter uns 10 anos.
- Olha isso que coisinha mais fofa... – Ela se derreteu. Aproximei-me dela, abraçando-a por trás, beijei seu pescoço. Ela revelou. – Eu queimei a maioria das minhas fotos antigas. Eu... simplesmente não conseguia olhar pra nenhuma delas... Eu sinto um pouco de tristeza quando vejo fotos assim, sabe... É como se não existisse uma parte de minha vida... Como se tivesse um buraco...
- São apenas fotos... – Disse pra ela tentando de alguma forma suavizar aquilo. Mas novamente, era algo que talvez eu nunca fosse conseguir compreender o que ela passava, por mais que ela achasse que tivéssemos algumas particularidades por eu também romper de certa forma com o padrão.
- Eu sei disso, mas às vezes dói. Sabe?
Minha mãe entrou no quarto atrás de nós no mesmo instante. Viramos para ela, enlacei Amanda pela cintura, sem nos afastarmos, ela pareceu um pouco tensa com minha proximidade, talvez pela presença de minha mãe, então voltei a me sentar na cama.
- Seu irmão estava querendo se mudar pra cá. – Ela disse indo até a janela e a abrindo. Senti uma brisa gostosa entrar. – Disse pra ele que ia conversar com você. Tem esses brinquedos todos aqui ainda.
- Mãe, são colecionáveis, não são brinquedos.
- Que seja. São coisas suas, sei que não gosta que ninguém coloque a mão nelas, por isso resolvi conversar com você.
- Fique a vontade para fazer o que quiser com esse quarto. Ele não cabe mais em mim. Eu vou ver se levo o restante de minhas coisas. Se o Arthur quiser ficar com elas, pode ficar. Se bem que ele está em outra vibe agora, né?
- É, ele não é muito chegado nessas coisas japonesas como você era. – Ela se aproximou de mim e passou a mão em meu cabelo, e eu logo o arrumei, sentindo-me incomodada. - Você cresceu tanto, minha filha... Mas às vezes quando te olho ainda vejo aquela menininha birrenta correndo pela casa.
- Ela dava muito trabalho? – Amanda perguntou curiosa, sentando-se ao meu lado.
- Você não imagina o quanto. O Arthur é mais calmo que ela, pra você ter noção.
Nós rimos.
- Vamos descer? Está quase pronto.
Nós tivemos uma tarde muito agradável naquele domingo. O almoço estava delicioso. Depois ajudei minha mãe a arrumar a cozinha enquanto meu pai mostrava a ela os aeromodelos que tínhamos montado juntos. Eu não sabia se ele sabia. Não sabia se Arthur tinha comentado algo com meus pais sobre Amanda.
- O Arthur me ligou essa semana. – Comentei com minha mãe jogando o verde.
- Ah... sobre Amanda. – Ela sorriu. – Tudo bem que é superimportante e válido a escola falar sobre esses assuntos, mas acho ainda que eles estão despreparados em como abordar o tema de forma mais respeitosa... A gente não sai por aí perguntando coisas íntimas das pessoas que a gente não conhece, sabe? Eu confesso que fui fazer uma pesquisa pra não dar nenhum fora, não quero em hipótese alguma que ela se sinta desconfortável aqui em casa. Conversei muito com o Tutu pra ele não soltar nenhuma das pérolas dele e deixar a Amanda envergonhada.
Eu abracei minha mãe, sentindo orgulho dela.
- Já te disse o quanto te amo, mãe?
Ela ficou surpresa.
- Não ouço isso da sua boca há muito tempo... – Ela riu. – Acho que essa menina tá amolecendo seu coração...
Nós rimos.
- Eu me sinto tão livre com ela... tão leve... é tudo tão bom, mãe... parece que to dentro de uma história...
- É minha querida... eu te disse aquele dia... vocês tem o mundo inteiro pra vocês duas... mas o amor não está apenas dentro de livros, ele existe... Mais cedo ou mais tarde você o encontra.
Ficamos em silencio apenas nos olhando. Eu estava muito pensativa.
- Mas e meu pai?
- Ah, você conhece como ele é, ele é muito prático, pra ele se a pessoa estiver te fazendo feliz está ótimo... Mas ele realmente está feliz por você, ele achava que você nunca mais ia trazer ninguém aqui depois da Luisa.
Eu revirei os olhos.
- Ela é passado, mãe.
- Eu sei que é, mas já fazia dois anos, minha filha. Já estava na hora de você se abrir pra uma pessoa nova. Eu estou muito feliz, por você.
Terminamos de enxugar a louça, pensativas.
- Eu vou roubar sua namorada por alguns minutos, tudo bem? A Esmeralda está buzinando no meu ouvido desde que ela chegou... Preciso conversar com ela tem algum tempo.
Olhei pra ela, preocupada. Eu conhecia a mãe que eu tinha.
- Mãe... não assusta ela, por favor...
- Não vou assustar ninguém... Fique tranquila.
E minha mãe se enfiou em seu “escritório” com Amanda enquanto fui lá pro quintal ver meu irmão com o skate, descendo uma rampinha sentado se divertindo como se fosse a coisa mais legal do mundo.
- Ta achando que é um carrinho de rolimã é?
- O que?
- Um carrinho de rolimã.
- O quê que é isso?
- Procura no Google pra você ver.
Ele tirou o celular do bolso e procurou e então sorriu.
- Nossa que maneiro!
- Papai fez um pra mim quando eu era pequena.
- E que fim que deu nele?
- Ah... se acabou com o tempo, com as mudanças de casa, eu fui crescendo, não me interessei mais por essas coisas.
Continuamos ali conversando por bastante tempo. Meu pai se juntou a nós pouco tempo depois. Ele chegou me abraçando. Disse em meu ouvido:
- Você tem bom gosto, filha. Ela é muito inteligente.
Voltamos para minha casa quando já tinha anoitecido. Amanda estava extremamente calada. Entramos em casa, ela fez carinho nos cachorros, mas sem grandes empolgações como estava acostumada a fazer.
- Tudo bem se eu for deitar? Estou com um pouco de dor de cabeça...
- Claro, meu bem... Já tô indo pra lá, vou só cuidar dos dogs...
Achei aquilo estranhíssimo. Ela sempre era muito falante e expansiva. O que será que minha mãe tinha falado pra ela? Bem que pedi pra ela não assustá-la! Limpei o quarto dos cachorros, coloquei ração e água para os dois, pendurei umas roupas que ainda estavam na máquina e fui para o quarto procurá-la.
Ela estava no banho.
Tirei minhas roupas e entrei junto com ela no chuveiro, abracei-a por trás, beijando seu ombro, seu pescoço. Ela se permitiu ficar assim durante um tempo, sem falarmos nada. Ela então se virou pra mim, grudando em meu pescoço e começou a chorar.
Eu não estava esperando por aquilo.
- O que houve, meu bem?
Ela começou a soluçar, eu a segurava contra mim, forte, tentando acalmá-la.
Começou a falar então com sua voz embargada pelas lágrimas:
- Sua mãe... me disse tantas coisas... mas tantas coisas... como se ela soubesse de tudo... tudo o que passei... ela falou do meu pai... da minha mãe... falou dos meus irmãos... falou tudo... ela tirou um peso enorme dos meus ombros... você não tem ideia... eu sentia uma culpa... uma culpa gigantesca... eu... ela falou da gente... aquilo que você me disse... eu to passada... eu to.... Duda... – Ela olhou em meus olhos. - Você não tem ideia de tudo o que sinto por você... tudo que senti desde que vi a primeira vez... eu to sem acreditar ainda... eu to tão feliz... mas tão feliz... eu só fico me perguntando se eu mereço tudo isso... se eu mereço você... se eu mereço sua família...
- Você merece muito mais do que isso.
- ... eu sempre tive pessoas que não estavam nem aí pra mim.... é tão estranho... parece que algo de ruim vai acontecer a qualquer momento... que você vai virar pra mim e me dizer que não me quer mais... que...
Eu a cortei.
- Meu amor, se acalma... Ta tudo bem. Não vai acontecer nada. Eu não vou a lugar nenhum...
- Você promete?
- Prometo.
Fim do capítulo
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alexvause
Em: 08/04/2023
Pedir pra mãe da Duda não assustar alguém e igual pedir pra ela assustar hahah
Mas foi bom pra Amanda ouvir algumas coisas que ela pecisava ouvir, quem sabe agora ela não se sinta mais tão presa a tudo que já aconteceu com ela
amando a história, autora!
thays_
Em: 09/04/2023
Autora da história
obrigada, alex :DDD
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Marta Andrade dos Santos
Em: 08/04/2023
Se acalma Amanda é só aproveitar o momento.
thays_
Em: 08/04/2023
Autora da história
Amanda ta muito presa ainda nas sensações de tudo que já viveu, vai demorar um pouquinho pra se acostumar que as coisas podem ser boas e leves pra ela.
Obrigada por estar acompanhando essa história desde o começo, Marta :DD
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Dessinha
Em: 08/04/2023
Você diz nas notas iniciais que se impactar uma pessoa você já faz seu papel social... não com essas palavras mas assim, você me impactou tanto, sabe. Eu sou lésbica, 32 anos como a Duda e ainda tenho tantos preconceitos que arranco aos poucos com leituras como essa. Sua escrita é maravilhosa, e você me impactou tanto, autora... que nem sei explicar. Eu sou tão bonita, tão respeitada em social, e falo isso não por ser idiota ou narcisista, mas por querer mais acreditar no que escrevo mesmo, sabe a Amanda que sabe ser "passavel" por ser branca e ganhar a própria grana? Eu, bem assim... mas lá dentro de mim nossa é tanta coisa que se passa. Inclusive temos a mesma profissão, programadora. Tomei umas cervejas hoje porque precisava ter coragem de comentar que até isso eu sou complex. Admirei muito a estória, demais até. E vou parar de escrever porque poxa.. não paro mais de deixar. Muito boa mesmo, eu com certeza olharei de outras formas para todos e todxs. Ser lésbica e dizer isso pra mim não é nada fácil, nadinha sabe... e trans, então? Que barra!!! E eu preciso respeitar isso. Muito foda, muito foda estória. Super parabéns!
thays_
Em: 08/04/2023
Autora da história
Oi Dessinha! Fico muito emocionada e feliz pelo retorno que tenho tido de algumas pessoas, eu sempre quis escrever algo que pudesse de certa forma plantar uma sementinha no coração de alguém, entreter e divertir ao mesmo tempo. Eu fico muito grata por você ter tido coragem de comentar também, porque pra gente que escreve é um presente toda vez que recebemos algum comentário e seu comentário alegrou muito meu dia! Espero que continue acompanhando a história e o dia a dia de Amanda e Duda, qualquer crítica ou sugestão serão muito bem vindas! :DDD
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thays_ Em: 09/04/2023 Autora da história
Eles foram mesmo! Gosto mto do pai dela! Obrigada por ter chegado até aqui, Lea! Já estou trabalhando no próximo :DDD