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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 7249
Acessos: 1128   |  Postado em: 27/03/2023

Capitulo 15

Capítulo 15 - Bruna

 

     Já passava das 17 horas quando arrisquei pegar meu celular. Finalmente depois de mais de 25 ligações a Mayra desistiu de ligar pra mim. Ou desistiu ou está dando um tempinho e já vai voltar a ligar. Ela tentou tanto falar comigo que eu tive que colocar o celular no mudo para conseguir terminar de montar minha mala e conseguir trabalhar na matéria do restaurante vietnamita. A Flávia ficou de vir me buscar às 18:00 para me levar ao aeroporto, não devo comparar as duas, são pessoas diferentes e em momentos diferentes, mas a Mayra nunca se propôs a me levar lá, a Flavinha sem nem termos nada firmado já abriu mão do tempo dela para ir comigo.

Parei em frente do armário pensando que eu devo vestir, não para pegar o avião ou para chegar no jornal em SanFran, não, isso eu já sei, mas o que devo usar para chamar a atenção da Fla. No sábado eu arrisquei a roupa curtinha e deu bem certo, consegui chamar a atenção dela, ela não desviava o olho do meu decote e quando eu andava dava para sentir ela secando minha bunda. Mas infelizmente não posso pegar o avião usando um micro shorts. Eu ainda não sei bem como chamar a atenção dela, a Flávia é tão travada, quieta na dela, apesar que desde que começamos a sair de verdade ela já se soltou muito mais. 

Abri o guarda roupa e comecei a procurar as peças. Acho que vou arriscar na elegância, não no chamativo, no simples, mas bem arrasa quarteirão, sabe?!  Ela está sempre bem vestida e cheirosa, não sei como consegue, mesmo depois de um dia na delegacia. Ontem acabei indo comer com ela antes da aula, ela estava tão linda de camisa branca, com uns riscos azuis, com o botão aberto até o meio do peito, mas não mostrava nada, tinha uma regata por baixo. Vou te falar ela é um mulherão, se eu conseguir agarrar ela de verdade, vou estar no lucro. 

Escolhi uma blusa branca, de gola, com um pano bem soltinho. Na gola uns bordados de flores, sutis, amarelo, bem discreto. A calça é xadrez, cinza, com bolsos. O salto amarelo pra combinar com as florzinhas da gola. Achei que o conjunto ficou bom. Passei no banheiro para arrumar o cabelo, acho que nunca nessa vida me arrumei tanto para ir ao aeroporto, em geral eu vou de jeans e camisetão mesmo, com fé uma camisa. Na real eu estou me arrumando para a Flávia, não para o avião.  Penteie os fios abrasivamente, até se alinhar e então enrolei os fios na mão e depois neles mesmos, fazendo um nó, sem elástico, apenas cabelo no cabelo. Olhei rápido para o relógio de pulso, perto do horário dela chegar. Segui para a cozinha, puxei uma taça da cristaleira e da geladeira tirei um vinho bordo que havia aberto há alguns dias, enchi a taça e segui para a minha área de trabalho, enquanto ela não chega, vou adiantar as pendências. 

Quando a campainha do meu apartamento tocou dei um pulinho da cadeira, o coração deu uma acelerada e o estômago aquela sensação de cheio com vazio, tudo ao mesmo tempo. Essa é a sensação que tenho quando a Flavinha aparece. Fui em direção a porta, descalça, olhei pelo olho mágico e lá estava ela. Ela estava olhando para o chão esperando eu abrir, o cabelo dela estava ondulado. Não é preconceito, mas eu acho que o cabelo dela quando está liso combina mais com ela. Girei a chave e abri um trechinho da porta.

- Pois não?! - Ela abriu um sorriso lindo, vivo. 

- Foi daqui que pediram um uber dona? - respondeu entrando na brincadeira. Eu abri o resto da porta e pude olhar ela mais atentamente. De calça jeans preta, um tênis preto com marrom e uma camiseta cinza ela aparentava uma idade menor que seus 30 anos, a jaqueta jeans amarrada na cintura deu um ar de moleca, jovial, mas o que marcou foi o sorriso dela mesmo, sou apaixonada por sorrisos. Estiquei meu braço, convidando ela a entrar em minha casa, ela segurou minha mão enquanto entrava. Assim que a Flávia passou pela porta fechou-a, e em segundos, encostou na parte de trás e me puxou, delicada, mas firme. Passou a mão pela minha cintura, deixando nossos corpos coladinhos.  A diferença de altura é considerável. Sem soltar meu corpo, começou a falar:

- O que tem nesse tal aeroporto hein?

- Porque? - fiz aquele charminho.

- Para estar tão linda e gostosa - e em seguida passou seu nariz pelo meu pescoço, fazendo até meu dedo do pé arrepiar, cafungou meu perfume, como se dependesse desse cheiro para viver. Subiu as mãos pelas minhas costas, leve, até atingir o coque do cabelo que enfiou os dedos, bagunçando-o, desatando-o. Beijou suavemente meu pescoço enquanto mantinha o contato com o couro cabeludo, subiu para a orelha, mordiscando, lambendo, ch*pando e mordiscando novamente. Meu corpo já estava entregue, se ela quiser fazer algo nem vai precisar pedir muito. 

Cheirando meu pescoço e minha pele procurou meu nariz, fez aquele carinho gostoso que ela faz, arranhando as duas pontinhas, provocando. Quando finalmente achou meus lábios pousou os seus sobre os meus, mantendo uma suavidade torturante, uma excitação de que tudo se acelere, mas que mantenha a mesma calma. A Flávia tem esse poder. Quando a língua dela encostou nos meus lábios pedindo espaço eu já abri, oferecendo minha boca. Ela mordeu o lábio de baixo, puxando-o, forte. Eu estava completamente extasiada, dada, excitada. Enquanto me beijava delicadamente foi enrolando meus cabelos em sua mão, sem eu me dar conta, mas quando puxou eles, de uma vez expondo meu pescoço, não consegui segurar a excitação saiu em um gemido. Ela apenas soltou um “calma”, mantendo a mesma velocidade torturante, mordendo meu pescoço, explorando minha boca. 

Meus braços estavam esticados tentando alcançar o pescoço dela, mas eu estava na ponta dos pés. A Flávia percebeu minha dificuldade, soltou meu cabelo, mas não se afastou da minha boca. Em segundos ela me puxou para o colo dela e me pegou pelos glúteos, fazendo uma espécie de cavalinho. Claro que o beijo deu uma “desligada” enquanto ela caminhava para o sofá comigo no colo, mas isso é esperado. Quando ela se sentou no meu sofá automaticamente eu fiquei sentada em cima dela, de frente, agora podendo eu trabalhar. Enquanto ela respirava eu comecei a percorrer o pescoço dela com a língua, desenhando, provocando, sendo que meu único pensamento era tirar a roupa dela, só isso. 

As mãos da Flávia passeavam pelas minhas costas, cabelo, indo e vindo, apertando. Eu procurei os lábios dela e finalmente ditei a minha velocidade, acelerando aquele beijo gostoso sabor menta da bala que ela havia ch*pado. Soltei minha mão do pescoço dela e desci seguindo a lateral do corpo até perto da cintura, onde a camiseta dela terminava. Passei minha mão por baixo do pano e senti sua pele na minha, ela estava quente, apenas isso, quente. Quando encostei minha mão ela endureceu o corpo, parei minha mão e apenas deixei lá, voltando ao beijo gostoso dela. Enquanto nossas línguas brincavam, hora ela mordendo, hora ela apenas massageando, fui subindo delicadamente minha mão por dentro da camiseta, seguindo a cintura dela. 

Esbarrei no relevo do sutiã dela, não imaginei, sempre pensei que ela apenas usava top esportivo. Passei  a mão por baixo do pano e fui voltando, me aproximando do seio dela. Encontrei eles e enchi a mão, apertando. 

- Seu avião Bru. 

- O que? - comecei a massagear o bico acordado com o dedão, por baixo dos tecidos, quente. 

- Vai perder o voo, Bruna. - falou de um jeito sofrido.

- Dá tempo - Continuei apertando e explorando. 

- Para Bru, para. Para, por favor - o tom de voz dela era uma mistura entre dor e vergonha, olhando pra baixo. Eu soltei a mão do peito dela, e tirei do sutiã, ao mesmo tempo que encostei no pescoço dela, apoiando meus lábios com a mensagem: tudo bem, está tudo bem, mas de modo não verbalizado. Desci de cima dela para dar espaço, mas a Flávia de imediato levantou e foi em direção ao banheiro, sem olhar pra mim, sem falar absolutamente nada. 

Confesso que estava gostoso e eu estou cheia de vontade, mas quando eu vi a reação dela me senti mal por ter instigado, não sei se ela queria inicialmente apenas uns beijos mais fortes ou se ela veio decidida a trans*r mas travou. Eu não sei. Mas me senti mal, algo dói nela, e não dói pouco. Enquanto ela estava no banheiro levantei do sofá e segui até a cozinha, olhei rápido no relógio, ainda temos quarenta minutos até o horário de sair. Abri a geladeira e coloquei um pouco de vinho na taça e fiquei bebericando, olhando pela janela da pia, com o pensamento longe. A Flávia voltou do banheiro, mas eu nem percebi, apenas me dei conta quando ela passou os braços pelo meu ombro, me abraçando por trás e inalando novamente meu cheiro, como se o meu aroma fosse algo vital.

- Adoro seu perfume Bru - ela falou, sem me soltar, sem tocarmos no assunto do sofá. 

- Bom saber que te agrada. Você comeu? - me virei ainda dentro do abraço dela, ficando de frente. 

- Eu comprei uma marmita na hora do almoço. Meu apartamento está uma zona de guerra, não dá nem pra cozinhar. O pedreiro fez a parede hoje, amanhã vai rebocar.

- Humm, eu esvaziei a geladeira porque vou ficar fora esse tempo. Mas deixei umas coisinhas pra gente ficar beliscando até o horário de ir - me soltei do abraço dela - você come queijo?

- Como sim, claro. 

- Deixa eu ver aqui. Pra você beber eu peguei algumas águas saborizadas. Como você não toma nada alcoólico. 

- Adoro essas águas diferentonas. 

- Vamos sentar lá na sala? Temos 40 minutos. 

- Claro, deixa eu levar isso aqui pra você - ela falou sorrindo, toda atenciosa. Pegou a tábua de queijos que eu havia montado e me seguiu. Eu indiquei para que ela colocasse na mesinha de centro da sala e assim a Flávia fez. Depois que nos acomodamos, ela abriu uma das águas e deu um gole longo, exatamente como faz com a água com gás, como se aquele liquido fizesse parte da vida dela. 

- Gostoso?

- Nossa, muito. Adorei.

- Que bom, porque eu comprei um engradado desse treco aí. Como eu não bebo, espero que você frequente minha casa pelo menos até acabar o engradado. 

- Só até acabar o engradado?

- Jamais Flavinha, se acabar eu compro mais alguns. Gosto muito de você aqui. Sua companhia me faz bem - quis agradar um pouco ela. Depois do que aconteceu no sofá ela ficou bem triste. Mesmo sendo como sempre simpática e carinhosa, dá para reparar que o olhar dela se perdeu um pouco e afundou. Isso é algo que me assusta muito. Ela não quer ter essa conversa agora e eu respeito, mas ela ainda ama muito a ex namorada, e não sei bem o quanto vale me fixar a alguém assim. 

- Onde ficou minha mochila? - ela começou a procurar com o olhar, sacudindo a cabeça, agitada. - Ah, aqui do lado do sofá. - esticou o braço e puxou a mochila preta, a mesma que ela usa no dia a dia. Abriu a bolsa e puxou de dentro um pacotinho de presente, levemente amassado, mas muito simpático - Esse aqui é pra você amor. 

- Hoje é dia de trocar presente? - eu perguntei 

- Não, nenhuma data específica. É mais um agrado só. Deu vontade - Eu sorri de volta, agradeci me esticando por cima dela e dando um selinho. Enquanto ela se servia de mais alguns quadradinhos eu abri o laço do pacote. 

- Você que fez o pacote?

- Jamais, meu talento não permite isso. Pedi pra moça da loja fazer. 

- Imaginei. - dei risada junto com ela. Abri o pacote e tirei a caixinha de chocolates lá de dentro. Achei fofo a intenção dela, sorri, agradeci mais uma vez. Dentro do mesmo saquinho tinha um desses bichinhos de prender no carro, simples. 

- Você come chocolate? - ela estava toda atenta para ver minha reação, a Flávia estava quase que assustada. Acho bonitinho o jeito marrenta dela, toda policial, firme, mas que perto de mim fica toda kiwi. 

- Como sim Fla. Adoro chocolate. Você acertou - coloquei em cima da mesinha de centro, e deitei encostadinha nela, com seus braços me ninhando. 

- eu não sei bem o que você gosta. A Ana Lu que deu a ideia, falou que a chance de errar com chocolate é muito pouca. 

- Sim, ela acertou na dica. Fica de olho no relógio que temos que sair daqui a pouco. 

- Bru, quando você quiser ir me fala, que eu estou pronta. 

- Vou guardar isso aqui e vamos, pode ser?

- Claro, vai lá pegando suas coisinhas que eu arrumo isso aqui. Posso mexer lá na sua cozinha?

- Não se preocupe, eu arrumo - falei sem nem pensar.

- Tem que pegar suas coisas e tudo mais. Eu vou indo lavar isso e já venho - ela levantou do sofá, sorrindo pra mim, me deu um selinho longo. - Você está muito linda - e seguiu em direção a cozinha. 

O que eu posso falar da Flávia? Ela é calma, doce, prestativa, atenciosa. Comprou o chocolate de uma marca não tão furreca, até dá pra comer, mas não é bem o chocolate que eu como, mas achei bonito o ato dela. Mas pra mim só o fato dela me tratar com carinho e atenção já tem um significado bem importante. Fui até o meu quarto, dei uma conferida geral na mala. Passei rápido no banheiro do quarto para dar uma alinhada na roupa e acertar o cabelo, joguei a franja de lado, deixando ele solto. Quando voltei para a sala a Flavinha ainda estava na cozinha, quando lá cheguei ela tinha não só lavado, como secado e guardado as coisas. 

- Bru, tomei a liberdade de mexer nas suas coisas para guardar a louça, tudo bem?

- Claro, nem precisava ter lavado. 

- Eu comi também, quem suja limpa, é a regra. Tudo pronto aí, quer já ir?

- Sim, peguei tudo. Ah, faltou o blazer pro avião, vou rapidinho pegar - sai correndo na ponta do pé descalço e peguei um blazer preto que eu havia separado. Voltei pra sala, ela já estava com a mochila pendurada em um ombro, em pé atrás do sofá me esperando. 

- Vamos?

- Agora sim, chave do carro aqui, mala, passaporte. Tudo está aqui. Vamos descer?

- Dá aqui sua mala Bru. -  oi? Como assim produção?!

- Não, eu levo. 

- Vai colocar o salto gnomo. Sua mala eu levo. 

- Gnomo é a…

- Ela também tem meio metro - falou comigo dando risada, leve novamente. Pegou a minha mala no puxador, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Abriu a porta e saiu, esperando do lado de fora até eu colocar o salto, trancar a porta e irmos. - Agora que eu percebi, cadê seu cachorro?

- Deixei ele no meu padrinho.

- Achei que ele ficava em um hotelzinho quando você viajasse. 

- As vezes eu deixo, mas quando meu padrinho está em casa ele fica com o Mike 

- E ele mora longe?

- Super longe, pego tres condicoes e um barco pra chegar lá. 

- Aff, palhaça hein Bruna. É pertinho? 

- Nessa porta aqui - estiquei a mao pra porta em frente ao meu apartamento, mostrando a casa do Antônio. 

- Cara, muito perto. 

- A moça que cuida da casa dele é a mesma que cuida da minha, ela adora o Mike, aí não tem problema deixar com ela. Depois que meu padrinho chega, ele assume a função de engorda do cachorro. - Fomos conversando até chegar na garagem, quando avistamos o meu carro eu fui para o lado do passageiro, a Flávia estranhou, joguei a chave pra ela. 

- Você quer que eu dirija? 

- Pode ser? Eu estou de salto, não gosto de dirigir de salto. 

- Tudo bem. Quer que coloca a mala lá no bagageiro ou pode ser no banco de trás?

- No banco de trás está bom - ela entrou no carro, alinhou o banco, deixando ele bem lá atrás para caber as pernas gigantes dela, acertou os vidros e retrovisores. 

- Coloca uma musiquinha pra gente Bru.

- Sertanejo? Samba? O que?

- Me surpreenda - quase abaixei as calças e pedi. Ela tem um sorriso sacana tão gostoso. Comecei a escolher uma playlist enquanto ela colocou o caminho no GPS e começou o trajeto. Escolhi um sertanejo universitário, bem de balada, e deixei baixinho ao fundo tocando. Coloquei minha mão na coxa dela, que em automático ela colocou a dela em cima, toda fofa, fazendo carinho. A Mayra detestava que eu colocasse a mão nela enquanto ela dirigia, reclamava tanto que nem sei como tive essa reação de colocar a mão na Flávia. 

- Você fica toda concentrada dirigindo, é sexy.- puxei assunto

- dirigir é um momento sério, sozinha já é preocupante, quando tem alguém importante no carro é pior ainda. Achei que você fosse levar o carro e eu trazer. 

- Ah, se você se dispõe a dirigir. 

- Por mim tudo bem, em geral as pessoas têm xodó com o carro, não gosta que ninguém encoste. 

- Desse mal eu não vou morrer. Eu até dirijo, mais pela necessidade que por gostar. E prefiro muito mais a moto que o carro. 

- Não gosta do carro?

- Eu não, gosto de vento no rosto. Carro é chato.

- Ainda não acredito que você comprou esse carro por causa da sua ex. 

- Coisas aleatórias que fazemos na  vida. Era importante no contexto.

- E ela era gigante? 

- Um pouquinho mais baixa que você. 

- Gigante então, se eu tenho 1,80. 

- ela tinha 1,70, 1,80. Não lembro certinho. 

- Hummm, você gosta de mulher grande então?

- Que gnomo não gosta de um gigante? - Que comparação horrível Bruna, mas ela gostou porque deu risada junto. 

- Você vai mesmo me deixar com o carro? 

- Sim, você leva pra sua casa e deixá lá. Aí se der certo, me busca quando eu voltar. 

- Tá, posso usar seu carro rapidinho pra resolver uma coisa?

- Vai envolver corpo no porta mala?

- Claro que não, não faz meu estilo. 

- Então pode. Faz o que precisar. 

- Eu preciso ir na casa da minha mãe, pegar minhas roupas, meus livros. Vai ser mais fácil eu ir com o seu carro que fazer 5 viagens de moto. 

- Fato. Pode ir com ele sim, e se acontecer alguma coisa tem seguro, fica tranquila. 

- Cuido bem do seu menino. 

- Tenho certeza. Se cuidar dele como cuida de mim, está em boas mãos. 

Fomos até o aeroporto conversando, tranquilamente, em um clima jovial, romântico. Às vezes cantando as músicas, outras vezes nos beijando nos faróis. Quando chegamos ao aeroporto ela estacionou pertinho do terminal que eu iria pegar o voo e desceu comigo. Levou a minha bagagem até a entrada na sala de embarque. 

- Eu preciso entrar Flavinha, em meia hora abre para eu entrar no avião. Vou pegar um café antes e sentar já lá na frente - ela fez uma carinha de desolada, de sozinha. 

- Claro, você precisa entrar. Boa viagem Bru, aproveita bem esse tempo lá e boa sorte no trabalho - eu nunca me despedi de ninguém na frente da sala de embarque, é uma experiência nova. 

- Eu vou te avisando. Tá bom? Você fica bem?

- Claro, amanhã tem o resto da obra em casa, bastante trabalho. Vai lá para não se atrasar. Boa viagem viu?!

Eu estiquei os meus braços passando pela cintura dela, aproximando nossos corpos. Ela chegou mais perto de mim, deu aquela puxada de ar do meu pescoço, que me arrepia inteira. Em seguida buscou minha boca para um beijo casto, longo, carinhoso, de despedida, seguido de um beijo na minha testa. Flavinha entregou a minha mala e fez aquele afago no meu rosto, onde eu me aninho na mão dela, repleta de carinho e cuidado. Ela  ficou parada na mesma posição, enquanto eu peguei meu passaporte e minha passagem para entregar a segurança da sala de embarque. Passei pelo acesso e segui mais alguns passos. Tive que olhar para trás, ela ainda estava lá na mesma posição, com o olhar atento e o sorriso suave, observando se eu entrei em segurança ou não. 

Segui portão de acesso, depois pelo raio X corporal e das malas. Passei em um café que sempre compro, peguei um copão grande de capuccino com licor, peguei também uns pãezinhos para eu comer no avião. O apartamento em São Francisco raramente tem comida para os hóspedes, então chegar alimentada lá me dá um tempo de passar na lanchonete da sétima avenida e pegar os donuts que adoro. Logo que a aeromoça chamou para o embarque de clientes especiais eu me coloquei já como a terceira da fila, detesto entrar no avião e ter que ficar pedindo licença para acessar o meu assento na janela. 

Sentar na poltrona do avião, depois de tudo certinho, permitiu meu corpo relaxar. Tirei o salto, coloquei uma meia e joguei o blazer por cima. Serão quase 9 horas de viagem, tenho tempo de dormir e descansar. O simples fato de ter sentado e soltado o corpo me deu abertura a algo que eu estava fugindo e evitando desde o começo do dia, senão da semana passada. A Flávia vocês já conhecem bem, de corpo eu acho ela uma gostosa, mas não posso dizer que a Mayra é diferente porque as duas são bem trabalhadas na academia, a Flávia é mais musculosa, magra, a Mayra é mais tipo bravus, forte. Eu namorei com a Mayra por quase quatro anos, terminamos a uns 3 meses, mas sabe aquele término que vai e volta, dá umas fugidinhas? 

No dia em que eu conheci a Fla foi um dia que eu havia discutido feio com a Mayra no jornal, perdi completamente a minha paciência.  Elá é contra eu fazer reportagem em campo, sempre me boicota, ainda mais quando está organizando as distribuições de funções. Sempre questiona minhas roupas, meus hábitos, com o tempo isso começou a me incomodar muito e eu fui ligando o foda-se, acompanhado de diversos outros problemas. Hoje a maneira como a Flavinha agiu, cuidando, me levando ao aeroporto, comprando presente, carregando minha mala, fez eu questionar um pouco o quanto eu nunca fui cuidada, protegida. A Mayra jamais lavaria a tábua dos queijos que ela comeu, se eu não lavar fica para a moça que cuida da casa. Ela nunca me trouxe ao aeroporto, na verdade todo mês brigávamos por isso, ela é absolutamente contra eu perder uma semana visitando outros jornais. 

De outro lado, ela me enchia de presentes, e presentes de qualidade. Em uma viagem que ela fez a Londres alguns meses atras, me trouxe uma cesta de chocolates suíços que ela sabe que eu adoro. Sério, comi chocolate por um mês. Ela sempre paga a conta dos melhores restaurantes, mas a verdade é que ela vai pouco ao restaurante comigo. Compra coisas gostosas para comermos em casa, mas ela sempre está atendendo ligações e reclamando quando está lá comigo. Ontem, aquela situação da Flávia querer comer um PF naquela espelunca foi foda pra mim, eu percebi que ela ficou desconfortável na rotisserie, por isso até acabei pagando a conta dela, mas eu não sei bem se consigo viver nesse sistema simples que ela vive, eu sou de um mundo que sempre tive tudo, tudo menos carinho e amor se formos considerar. 

Meus pais viviam em um casamento falido, meu padrinho não podia nem ao menos me visitar. Meu avô que me levava escondido para visitar o Antônio, mesmo nessa situação nunca me faltou nada, pelo contrário me enchiam de presentes caros para poupá-los do peso de serem péssimos pais. Quando fui expulsa de casa por ser lésbica nem fez tanta falta assim o afeto de pai e mãe, eu não tive. A tia Márcia e a tia Carmem, mães do Gabriel, foram mais minhas mães que minha própria mãe. 

Eu comecei a trabalhar no jornal do Antônio quando eu tinha uns 13 anos, foi parte do meu presente de aniversário, era algo que eu queria muito. Não foi trabalhar, claro, mas foi acompanhar o jornal, começar a conhecer cada um dos setores, cada trabalho. Ele realmente estava me preparando para assumir a redação pra ele. Quando eu finalmente entrei na faculdade de jornalismo, aos 17 anos, ele me deixou sair a campo, mas sempre acompanhada de um jornalista mais experiente. Todos os anos eram abertas algumas vagas para estagiários de jornalismo e nesse mesmo ano a Mayra, aluna do último ano de jornalismo entrou no programa. Quando nos vimos, sabe aquele olhar que só duas sapatoes? De “sapate que habita em mim saúda o sapate que habita em você”, mas não foi de demarcação de território, foi de encaixe. Sempre gostei de mulheres altas, grandes, com cara de má, ela conectava tudo isso. Fomos nos conhecendo aos poucos, não que ela fosse sutil, nunca. Uma das coisas que mais me incomoda nela é a constante necessidade de ter o ego alimentado, a todo momento pergunta se ela é boa, se ela é a melhor, se eu gosto dela, se ela isso, se ela aquilo. Isso é deplorável pra mim. 

 

Desembarquei no mormaço do verão americano, desejando um banho quente, uma comida gostosa e pelo menos 10 minutos com as pernas esticadas antes de ir para o jornal. Não estou cansada de falta de sono, até consegui dormir na viagem, mas estou cansada do ficar na mesma posição, do avião, enfim, cansada. Peguei um taxi na porta do aeroporto e pedi para ele me deixar lá na lanchonete, um café quente vai me fazer muito bem. Assim que entrei no carro tirei meu celular do modo avião e mandei mensagem pra Flávia, que em automático respondeu. 

- Bom dia Flavinha. Tudo bem por aí?

- Oi meu amor, estava pensando em você. Chegou bem? Como foi a viagem?

- Ah que linda, pensando em mim. Posso fazer isso também, e de um jeito bem gostoso - joguei a ideia, vai que cola. 

- Humm, posso pensar nesse assunto. Foi tranquilo o voo?

- Sim, acabei dormindo a maior parte, estou quebrada. Vou passar em uma lanchonete delícia daqui pegar um café e ir pro apartamento. Nada que um banho e trocar de roupa não resolva. 

- Faz isso, vai te ajudar muito. Vai me avisando. Bom serviço linda.

- Obrigada Fla. Bjoo.  - terminamos de conversar e  minutos depois o taxista já estava na rua da cafeteria. Paguei a viagem pra ele e desci. Por estar em outro país e ser fluente na língua deles eu claro que falo em inglês, mas o inglês da autora não é bom, nem precisa aparecer aqui, então todo o período que passo nos EUA vai ser “falado em português” mesmo. A cafeteria é bem daquelas americanas, estava cheia, mas considerando o horário é esperado. Fui direto ao balcão, a atendente é a mesma de sempre e assim que eu entrei ela deu uma olhadinha sacana, não posso nem culpá-la, todos os meses eu estou aqui e sempre retribuo a olhadinha. 

- Bom dia.

- Ah, bom dia. Me vê um café americano, dois donuts de creme, uma porção de waffles e um pedaço dessa torta de maçã. 

- Para agora?

 - Não não, para viagem por favor. 

- Certo. A senhora sumiu daqui, faz tempo que não aparece - puxou conversa enquanto embalava os mil itens. 

- Eu não sou daqui, venho uma vez por mês só. 

- Por isso só vejo seu rosto lindo de vez em quando - bonitinho o comentário. 

- Exatamente - sorri de volta, mas ela entendeu o limite que coloquei

- Aqui está seu pedido, volte sempre. - o saquinho da comida estava até quente embaixo, deve estar uma delicia. Apoiei tudo na mesa, estiquei a mão na mala e peguei a chave do apartamento, coloquei no bolso. Aqui em São Francisco os “prédios” são de 3 a 4 andares, sem porteiro como no Brasil. Quando tem visita, o visitante aperta a campainha para o morador abrir a porta à distância, um hábito cultural  diferente. Coloquei o saco de comida bem embaladinho na mala para facilitar e carreguei o café no suporte de transporte na outra mão. O apartamento que eu fico está a quase uma quadra daqui, mas aqui em SanFran as quadras em geral são putas ladeiras. Coloquei a primeira marcha e comecei a escalar a rampa, nem é tão longe assim, estou exagerando um pouquinho para dar um charme. 

Conforme eu ia subindo a rampa percebi um vulto sentado na frente dos prédios, em decorrência da distância e da minha péssima visão não dava para ver quem era e muito menos em qual prédio a pessoa estava sentada, são muitos, um colocado ao lado do outro. Fui chegando mais próximo e percebi que era no prédio que eu eu iria entrar. Fui andando mais um pouco até que o rosto foi se tornando cada vez mais nítido e infelizmente bem familiar. Não sei um termo adequado para descrever isso, mas puta que pariu pode ser uma boa expressão. 

- Caramba gata, até que enfim, achei que nunca iria chegar - antes mesmo do bom dia ou do oi ela soltou a primeira reclamação. 

- O que você está fazendo aqui? - perguntei parada de frente pra ela, com o café em uma mão e a mala na outra. 

- Vim aqui conversar, já que não atende minhas ligações. 

- Se eu não atendi é porque eu não quero falar, não é mesmo Mayra?

- Ah gata, para com isso né. 

- Mayra, acabei de chegar. Posso pelo menos entrar? Tomar um banho e comer?

- Claro, mas depois vai falar comigo? - eu ignorei. Peguei minha mala com a mão e subi as escadinhas de acesso a porta do prédio, depois dos setes degraus, apoiei a mala no chão, peguei a chave no bolso e abri, dando acesso ao hall dos apartamentos. Com toda a dificuldade do mundo empurrei a porta com a mão que segurava o café, coloquei a mala pra dentro com a outra e com a ponta do pé segurei para que não fechasse, dando espaço para ela entrar. Peguei novamente a mala com a mão e subi um lance de escada, o apartamento disponibilizado pelo jornal fica no primeiro andar. A Mayra subiu atrás de mim, em silêncio, algo raro vindo dela. 

- Você pode me ajudar aqui, por favor - falei ríspida, já irritada, esticando a chave do apartamento pra ela pegar e  abrir a porta. 

- Claro, porque não pediu? - eu fiquei quieta, são coisas que não precisa pedir. Ela enfiou a chave na fechadura, rodou, abriu o apartamento e entrou, por sorte foi capaz de deixar a porta aberta para eu entrar com a minha mala. Coloquei o copo de café em cima do balcão que separa a sala da cozinha e levei a mala para o outro lado do apartamento, vulgo o quarto. Esse apê é apenas para trabalho, pequenas estadas, várias pessoas usam ele no decorrer de serviços para o jornal, é quase que um quadradão, uma kit net. Tirei o salto para aliviar os pés inchados, arranquei o blazer. Peguei a comida que eu comprei e havia enfiado na mala e segui descalça para a parte da cozinha. Durante todo o trajeto os olhos da Mayra me seguiram, sem falar nada, apenas observando. 

- Eu comprei umas coisinhas naquela lanchonete da esquina que você gosta. Imaginei que fosse chegar com fome - ela falou levantando do sofá e seguindo até o balcão, colocando em cima da pedra um saco como o que eu carregava. Eu abri o dela e o meu e comecei a organizar os alimentos para eu finalmente poder comer. 

- Você veio do Brasil até aqui pra me trazer donuts?

- Não né gata, eu quero conversar com você. 

- O que quer tanto falar comigo que não para de me encher o saco? Ontem você me ligou 25 vezes Mayra. Não tem o que fazer da vida não? - continuei mexendo na comida, colocando em alguns pratos, tem comida para umas quatro refeições agora; 

- Se ouviu as 25 chamadas porque não atendeu?

- Mayra nós terminamos, eu não tenho mais nada pra falar com você, tirando o jornal. 

- Gata, você nunca me ignorou assim. Sabe que a gente nunca termina de verdade. Você me ama. 

- Aff, essa conversa de novo. Chega Mayra. Tá chato já. 

- Claro que é essa conversa de novo Bru. Sabe que eu te amo e quero ficar com você.

- Mas pra mim já deu Mayra, eu não quero mais você. Não quero essa falta de cuidado, esse jeito que o mundo é só seu, que eu sou sua propriedade. 

- Eu posso mudar, sabe que eu posso - Levantou da banquetinha que estava sentada e tirou a jaqueta preta de couro que estava usando. Tirou olhando pra mim, de um jeito sensual, provocativo, infelizmente ela conhece todas as minhas reações. Tentei disfarçar bebendo mais um gole do café seguido de uma mordida na rosquinha de morango. Ela voltou a sentar, olhando firme pra mim. 

- Mayra, se você pudesse mudar, não estaria aqui. Não teria largado a redação sozinha com o Antonio para vir aqui, não estaria usando essa jaqueta de couro, teria aberto a porta e mais ainda, teria desligado essa porr* de celular que não para de vibrar. Quem está te ligando?

- Não importa quem me liga, eu já falei tenho uma vida além de você. 

- Tá vendo, você não pode mudar. Eu posso e eu já mudei. 

- É mesmo? Mudou em que? - Falou levando da bancada e andando até o oposto, onde eu estava. Ficou em pé me olhando, claramente me comendo com os olhos. 

- Eu estou com outra pessoa Mayra. Alguém que cuida de mim, que me protege. 

- É mesmo? - deu um passo pra mais perto. Merda. 

- É sim.

- E você decidiu se quer na sua vida um homem ou uma mulher? - deu mais um passo.

- Eu não preciso justificar pra você minha sexualidade. 

- Então é uma mulher. - Deu mais um passo. 

- Como você sabe?

- Se fosse um homem seu discurso seria bem maior. Agora a pergunta que eu te faço é - se aproximou mais um pouco de mim, cacete, quando me dei conta estava encostada no balcão da cozinha, presa entre os dois braços dela, com o rosto dela quase colado no meu. O aroma de cigarro misturado com chiclete de melancia saia do nariz e dos poros da Mayra, meu corpo não entendeu o fim do namoro, não é possível, eu estou completamente arrepiada.

- Qual? - perguntei respirando com dificuldade já. A Mayra aproximou o rosto do meu ouvido, firme, com os braços fortes me prendendo a ela naquele pequeno espaço  e com o corpo de 1,70 bem a minha frente. 

- Ela te come gostoso igual eu? - não consegui responder, não porque eu não quisesse, mas porque eu não tenho essa resposta - Não né?! Nem forte igual você gosta - passou a mão enlaçando o meu cabelo, como sempre faz, de modo que ela tem completo e total controle do movimento da minha cabeça. Puxou ele para o lado expondo meu pescoço, quando me dei conta, já tinha caído mais uma vez na lábia da Mayra. 

 

Ela estava deitada na cama, inclinada sobre os travesseiros, com uma das pernas dobradas e o com o cigarro aceso, queimando vagarosamente, mas o silêncio entre nós duas mostrou o limbo que havíamos criado, que no mínimo já justificava o fim do nosso namoro, mesmo o sex* sendo uma delícia. Mas nem só de sex* bom vive uma pessoa. Eu estava deitada ao lado dela, respirando aquela névoa do cigarro mesmo sem ser fumante, mesmo com a Mayra ao meu lado sem roupa, meu pensamento estava em outro lugar e na merd* que eu acabei de fazer, eu estava pensando na Flávia e como iria contar isso pra ela, apesar que oficialmente não temos ou somos nada, mas é muita mancada o que eu fiz.  E mais ainda, estou chateada comigo, chateada por ter caído na lábia dela, por responder tão rápido, pensando no quesito corpo, por não ter tido mais freio, enfim chateada por não ter dito não. 

- Está pensando nela? - A mayra perguntou pra mim e em seguida puxou um trago. 

- Sim.

- Vai contar que transou comigo?

- Tenho que contar. É o correto.

- Eu conheço? É do jornal?

- Não é do jornal. Não precisamos dessa conversa Mayra. 

- Eu vim até aqui pra conversarmos. 

- Já conversamos. É isso cara, não temos mais nada e nem vamos ter mais. Essa foi a última vez que você encostou em mim, espero que guarde como lembrança - ela soltou mais um ar de cigarro e sorriu pra mim, debochada, sacudindo a cabeça - Você não bota fé em mim né?! Vai pagar sua língua. 

- Não é isso gata, mas eu te conheço bem, sei o que você gosta, como gosta. Sei dos seus vícios. 

- E daí? 

- Algo está faltando gata, se estivesse completo não teria se soltado assim. Falta algo nela - fiquei em silêncio mais uma vez - Tá vendo como estou certa e te conheço? O sex* com ela deve ser um porre, sem graça. 

- Nem tudo se resume a sex* Mayra, sabia que um relacionamento vai bem além disso? Inclui conversas, confiança, mensagens. 

- É pior que eu pensei então, você fugiu do assunto sex*. Você!

- Eu oque?

- Bru, você é viciada em sex*, sempre que pode e em qualquer lugar. Isso é uma das coisas que mais bateu no nosso santo. Se fugiu do assunto é porque é muito ruim, você fala de sex* o tempo todo. 

- Eu não fugi do assunto - uma pausa, um silêncio - é que simplesmente não tem assunto. 

- Como assim? Não teve ainda? 

- Não - a expressão da Mayra mudou por completo. De relaxada, no poder, cheia de si, deitada na cama, para sentada, rígida, espantada. 

- Nada?

- Não.

- E você está assim, preocupada com ela, com o que vai acontecer?

- Claro que estou Mayra, queimei a linha de chegada, desrespeitei ela, uma pessoa linda, calma, delicada - Ela bateu o cigarro no isqueiro para apagá-lo, eu apenas observei. Essa situação de falarmos de outras mulheres assim abertamente já aconteceu outras vezes, de ambos os lados, mas o tempo todo ela se mantinha na postura de deboche, de incrédula. Eu nunca vi essa expressão nova da Mayra, é como se ela estivesse com raiva, os olhos ficaram mais cerrados - O que foi?

Ela levantou da cama em silêncio, pegou as peças de roupa que estavam jogadas nos pés da cama, foi até a minha mala. Eu apenas observei sem nem entender nada.

- Vou usar uma toalha sua. Depois mando lavar. 

- Não estávamos conversando?

- Essa conversa acabou. Eu vou tomar um banho e vou embora. 

- Desistiu da conversa?

- Sim - entrou no banheiro do apartamento e fechou a porta, sem mais nenhuma palavra. Eu fiquei sem entender o que aconteceu. Levantei da cama, me enrolei em uma das minhas toalhas e fui até a cozinha. Quero algo gelado. Aff, o último que ficou aqui só deixou água com sabor, detesto esse negócio. Me lembrei novamente da Flávia, ela gosta. Mordi um pedaço do donuts de creme. Preciso ir para o jornal, já estou mais que atrasada, apesar de não ter horário certo pra chegar lá. A minha mala já estava aberta, mexi nela bagunçando praticamente tudo procurando uma roupa pra ir para a redação, estou agitada, incomodada. Sai da cozinha e fui ao banheiro, abri a porta e entrei. A Mayra estava debaixo do chuveiro, apenas me olhou e se manteve em silêncio. 

- O que aconteceu?

- Eu “to” tomando banho Bruna, você pode respeitar?

- Não entendi o que aconteceu May. Você pode me explicar

- Eu estou no banho Bruna, agora não. - ela me olhou tão estranha que sai e fechei a porta.

- Veio do Brasil aqui pra falar comigo e agora não fala?

- Eu estou na porr* do banho. 

- Foda-se seu banho, desliga essa merd* e olha pra mim - ela irritadíssima virou o registro do chuveiro e puxou a toalha pendurada, começou a se secar. 

- To  olhando pra você. 

- O que aconteceu?

- Ah Bruna, me poupe. Voo de 8 horas, tomar um toco e ainda ter que explicar passa do meu limite de paciência. 

- Você sabia que tínhamos terminados. 

- Quantas vezes já terminamos e voltamos? Quantas Bruna? Mas em nenhuma dela você ficou na cama comigo pensando em outra e mais ainda, pensando em outra que você nem conhece. Pra você pode parecer bobeira, mas eu te conheço, nesse momento parece que mais que você mesma. Você é viciada em sex*, qualquer hora, lugar, jeito e hoje você está esperando o tempo de alguém, preocupada de ter me visto e o que essa garota vai achar. Talvez você realmente tenha cansado de mim e queira ela, não me importa, começa a olhar os seus sentimentos e não brinca mais comigo, eu não sou seu capacho pra usar e jogar fora, nem seu disk sex* - falou saindo do banheiro com a muda de roupa na mão, apoiou em cima da cama e começou a se vestir. 

- Não te pedi pra vir aqui, nem pra insistir em nada. 

- Você é muito criança mesmo, esse sempre foi o nosso joguinho. Você briga termina, eu faço algo legal, a gente se acaba num sex* ótimo e volta. Mas dessa vez você está preocupada com outra pessoa. Abre seus olhos Bruna. Quando você cansar do seu brinquedinho novo pode ser que eu não esteja mais disponível pra você - já trocada, foi até a geladeira, abriu, olhou e bateu com tudo - Nessa porr* de lugar não tem uma cerveja?

- Você sabe que não, cada um traz o que consome. 

- Péssimo mesmo é quando o consumo vem por conta própria - pegou a jaqueta de couro jogou por cima do corpo, pegou o celular em cima da mesinha lateral e colocou no bolso da blusa - Passar bem gata.

E saiu pela mesma porta que entrou há 2 horas, sem recado de chegada, mas com recado de saída. Eu adoro a minha semana de trabalho, paz e calmaria em São Francisco, mas talvez essa em específico vai ser mais uma semana de culpa, reflexão e punição, onde vou ter que pensar em que caminho seguir e em que escolha arriscar. 

 

Fim do capítulo


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Comentários para 15 - Capitulo 15:
Petrolina Nova
Petrolina Nova

Em: 02/10/2025

CREDO BRUNA PERDEU MUITOS PONTOS DEPOIS DESSA RECAÍDA 

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 28/03/2023

Hum Bruna tô nem começou e já meteu um par de chifres na Flávia.

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thays_
thays_

Em: 28/03/2023

2 capítulos de uma vez só! Que maravilha!

Acho que de certa forma foi bom a Bruna ter tido essa última experiência com a ex pra ela sacar de fato que terminou. Acredito que com Flávia ela vai aprender a dar valor às coisas mais simples da vida que dinheiro nenhum compra, exatamente isso do cuidado, do afeto, do amor, do carinho. Às vezes a intenção de Flávia ter comprado aquele chocolate foi muito mais significativa do que os milhares se presentes caros que Mayra deu pra Bruna. Não julgo a Bruna tbm, pq acho que ela não conhece outra realidade que não a que ela está inserida. Só não sei como será a reação da Flávia depois de descobrir isso... ela já é toda travada e conservadora... acho que talvez a deixe mais arredia... 

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