Capitulo 13
Nunca Te Amarei -- Capítulo 13
Jefferson engoliu em seco. Sem jeito, ciente de que Rick estava esperando por uma resposta, ele moveu negativamente a cabeça.
-- Nada demais -- ele hesitou, sabendo que jamais poderia contar-lhe que o menino era irmão de Kristen -- É que ela pode não gostar de saber que uma das funcionárias trouxe o filho para o trabalho sem ter onde deixar.
Rick olhou-o de maneira penetrante.
-- A Kristen pode ser chata, convencida e mau humorada, mas é uma pessoa compreensiva e meiga.
Jefferson abaixou a cabeça.
-- Prefiro não arriscar -- suspirou com impaciência -- Por favor, vamos devolver o garoto à mãe.
Kristen recostou-se na cadeira preta, de couro, perfeitamente calma. Uma das mãos permanecia em cima da mesa e a outra mão repousava em um dos braços da cadeira, o cotovelo ligeiramente curvado, os dedos, espalmados, imóveis. Kristen ouviu o suave estalo da porta e imaginou que Jaqueline, finalmente, resolveu trabalhar.
-- Com licença -- a secretária entrou e fechou a porta.
Olhos verdes e inexpressivos a inspecionaram. A empresária permanecia impassível, não disse nada, mas, naquele silêncio, a secretária ouvia em sua mente ela dizer: -- Sua malandra, safada!
-- Desculpa a demora. Estava no café.
-- Imaginei -- ela fitou-a sem piscar, depois disse, muito calma: -- Não venho à tarde, preciso resolver alguns perrengues em meus bares -- Kristen empurrou a cadeira e se levantou -- Mas amanhã de manhã eu volto.
Jaqueline suspirou fundo. Mais uma manhã de sufoco escondendo o Dudu da irmã, pensou desanimada.
Kristen caminhou em direção a porta e antes de sair perguntou:
-- Ninguém me procurou enquanto eu estava na reunião?
-- Não, pelo menos aqui ninguém apareceu.
-- Estranho, o Rick é insubordinado, mas não pensei que chegasse a esse ponto.
Rindo e chorando ao mesmo tempo, Luciana pegou o filho no colo.
-- Meu Deus Dudu, você quase matou a mamãe do coração!
-- Tô com fome -- disse o menino, com voz chorosa.
-- Mamãe já vai levar você para comer.
-- Você deveria cuidar melhor do seu filho -- comentou Rick, olhando para ela, erguendo as sobrancelhas de forma crítica.
Luciana não gostou do que ouviu.
-- Então, Jefferson, quem é esse rapaz que se acha no direito de opinar sobre a forma de como eu exerço o meu papel de mãe?
Jefferson sorriu abertamente e passou o braço pelo ombro da amiga.
-- Calma, Lú. Esse é o Rick, foi ele quem encontrou o Dudu.
Luciana respirou fundo, tentando se acalmar e pensar racionalmente.
-- Desculpa -- murmurou ela -- Estou muito nervosa.
-- Eu é que deveria estar me desculpando -- disse Rick -- Mas é o que eu penso.
Luciana novamente irritou-se com o comentário.
-- O que você pensa não me interessa.
Rick sacudiu os ombros com indiferença.
-- Mesmo assim continuo pensando -- Rick jogou um beijo para Eduardo e começou a caminhar em direção ao elevador.
-- Espera Rick -- Jefferson foi atrás dele.
-- O que você quer? -- o rapaz parou diante da porta do elevador e cruzou os braços.
-- Quero te pedir para não comentar nada com a senhorita Kristen sobre o que aconteceu na empresa, ela pode não gostar.
-- Não se preocupe, não sou fofoqueiro.
Jefferson levantou uma sobrancelha.
-- Eu sei -- ele disse, de forma jocosa -- Mesmo assim, eu te peço.
Luciana aproximou-se sem entender muito bem a situação.
-- Sobre o que estão falando? Porque está pedindo para ele não falar a Kristen?
-- Ele é o mordomo dela -- Jefferson se apressou em explicar.
Rick percebeu a expressão de surpresa e desespero no rosto de Luciana.
-- Acho que eu perdi um capitulo dessa novela -- ele disse olhando primeiro para Luciana, depois para Jefferson.
Kristen ligou pela décima vez e nada.
-- Desisto, esse irresponsável está ignorando as minhas ligações.
-- Se quiser, posso ligar de outro número.Talvez ele atenda.
-- Não precisa, estou indo para casa -- ela disse, repousando a mão sobre a maçaneta -- Bem, até amanhã.
-- Até amanhã -- Jaqueline esperou ela desaparecer no corredor, pegou os brinquedos do menino e saiu em direção a escada de incêndio. Desceu correndo, dois degraus de cada vez, até chegar no andar em que estavam os amigos -- Graças a Deus, tudo tranquilo! -- ela disse, apertando o brinquedo contra o peito.
-- Ainda não -- disse Luciana, colocando o filho no chão.
Jaqueline ergueu a sobrancelha bem desenhada e olhou curiosa para a amiga.
-- O que aconteceu? Não me digam que ainda temos problemas?
Kristen enfiou a mão no bolso e não encontrou a chave do carro.
-- Que droga! -- disse, socando o ar -- Hoje, definitivamente, não é o meu dia.
Kristen entrou novamente no elevador, e poucos segundos depois, abria a porta da sua sala.
-- Jaqueline! -- chamou pela secretária e nada -- Que absurdo, essa mulher não para na sala -- pegou a chave do carro na gaveta da mesa e saiu pisando pesado -- Depois que a gente demite uma criatura dessa, ainda nos acusam de perseguição.
Rick suspirou, balançou a cabeça e fitou Luciana com um olhar grave.
-- Apesar de achar que vocês estão fazendo tempestade em copo de água, não vou contar nada disso para a Kristen. Não é por nada não, é por entender que ela não está nem aí com o seu problema. A Kris é assim, meio que alienada das coisas -- ele sacudiu os ombros e apertou o botão com a seta para baixo -- Confesso que no momento estou mais preocupado em salvar o meu couro, a Kris deve estar querendo me matar.
-- Peraí -- Jaqueline deu um passo à frente -- Então, é você quem ficou de trazer o celular dela? Jesus, ela quer mesmo te matar.
Rick estremeceu.
-- Estou com medo -- confessou, dando um suspiro trêmulo -- Onde ela está?
-- Foi embora -- avisou Jaqueline.
-- Graças a Deus! -- disse Luciana, em total exaustão -- Fica com ele um pouco pra mim? Vou pegar a minha bolsa, não quero ficar mais nem um minuto com ele aqui.
-- Claro -- Jaqueline pegou Eduardo nos braços e ficou com a criança no colo.
-- Mamãe, tô com fome -- ele disse, manhoso.
-- Eu não sou a sua mãe -- disse Jaqueline, sorrindo -- Quando a sua mãe voltar, ela te dá comida.
-- Pobre criança! -- o elevador chegou e Rick esperou a porta abrir. Quando elas abriram, ele gelou.
-- Kristinha? -- disse, afastando-se para longe.
-- Kristinha uma pinóia! O que você faz aqui que não me levou o celular?
-- O que você faz aqui? Não tinha ido embora? -- perguntou Rick, de forma ousada.
-- É, não tinha ido embora? -- indagou Jaqueline, mas em seguida se arrependeu -- Desculpa.
Kristen olhou para ela, erguendo as sobrancelhas daquele jeito que Rick conhecia tão bem. Sim, vai dar merd*, pensou. Porém, uma nova situação amenizou o clima.
-- Dudu? -- Kristen olhou para o garoto com nítida surpresa.
Ao ouvir seu nome, o menino esperneou para descer do colo de Jaqueline e esticou os braços para Kristen.
-- Kiss!
Sem entender, Jaqueline colocou-o no chão. Todos observavam admirados o menino correr até ela, abraçá-la com força e lhe dar um comovente beijo no rosto.
Luciana e Letícia conversavam enquanto percorriam o corredor do nono andar.
-- Foi por pouco.
-- Não entendo porque você tem tanto medo, ela não vai descobrir que o Dudu é o irmão dela só em encontrá-lo pelos corredores.
-- Entenda que quanto mais próximos eles estiverem, maior é a possibilidade de alguém dar com a língua nos dentes.
-- Então, não devia tê-lo trazido.
-- E deixá-lo aonde?
Continuaram caminhando e quando viraram à esquerda, Luciana levou um susto.
-- Volta! -- ela empurrou a amiga para trás.
Leticia não entendeu o motivo pelo qual Luciana estava tão apavorada.
-- O que foi, sua louca?
-- A...A...A... -- ela começou, mas não conseguiu falar nada. Ela tentou, mas as palavras não saíam.
-- A quem, Lú?
Luciana sacudiu a cabeça para colocar os pensamentos em ordem.
-- A Kristen está com o Dudu -- falou afinal -- Está tudo perdido.
Foi a vez de Letícia balançar a cabeça.
-- Que exagero! Deixa comigo -- ela empurrou a amiga e tomou a frente.
-- O que você vai fazer?
-- Vou lá assumir o crime -- disse decidida -- Não tenho medo dessa pirralha metida a poderosa chefona.
-- Vai fazer isso, mesmo?
-- Olha só, a minha entrada triunfal.
De ombros erguidos, peito estufado, rosto fechado, cabelos esvoaçantes, ela foi.
-- Dudu, meu filho! Meu Deus, a mamãe quase enlouqueceu de...
Todos olharam para ela de boca aberta. Eduardo foi o único a se pronunciar.
-- Mamãe!
Kristen soltou a mão do menino, deu alguns passos e parou diante dela, com as mãos na cintura.
-- Você é a mãe do Dudu? -- indagou ela, surpresa e indignada.
-- Você é a Kristen? -- ela bufou -- Porque não atendeu as minhas ligações?
-- Hiiii... bafão! -- disse Rick, dando um tapinha em Jefferson -- Adoro!
Kristen tossiu delicadamente para mascarar sua reação.
-- Letícia, mesmo que eu estivesse disposta a discutir o assunto, agora não é a hora, nem o lugar certo -- a loira olhou para o brinquedo na mão de Jaqueline e comentou com um sorriso cínico: -- Então, está aí o rato artista.
Jaqueline escondeu o brinquedo atrás das costas.
-- Não entendi.
-- Entendeu sim, dona Jaqueline, você mentiu para mim -- disse, irritada por ter sido enganada -- Estava escondendo o menino na sala de descanso.
Jaqueline não tentou defender-se. Ficou calada, imóvel, sem palavras.
-- Amanhã a gente conversa -- disse Kristen, para a secretária.
-- E eu? -- perguntou Letícia -- Tenho direito a uma explicação.
Mostrando-se impaciente, Kristen revirou os olhos verdes. Na verdade, procurava controlar a raiva provocada pela situação. "Estou pouco ligando para você!", pensou Kristen, dando de ombros. Quando, algum tempo atrás, saiu com Letícia, deixou claro que seriam apenas amigas, mas o que parece, a moça havia esquecido.
-- Você vem comigo, vamos conversar em meu apartamento.
-- Agora não vai dar, estou em horário de trabalho.
Kristen afastou os cachinhos caídos nos olhos, pareceu estar perdendo a paciência, depois respirou fundo e olhou diretamente para a moça.
-- Eu sou a dona da empresa.
-- Ah, esqueci -- ela disse, um pouco sem graça -- Então, vamos.
Leticia passou por Kristen, dirigindo-se ao elevador.
Kristen franziu o cenho alternando o olhar entre ela e o menino.
-- Você esqueceu o seu filho.
-- Ah, é mesmo! -- ela voltou e pegou o garoto -- Vamos filhinho.
Jaqueline, Jefferson e Rick observavam a cena incrédulos. Depois que as portas do elevador se fecharam, começaram a falar todos juntos:
-- O que faremos agora?
-- Ela levou o Dudu.
-- O menino está com fome.
Luciana aproximou-se desesperada, os olhos arregalados e cheios de medo.
-- Aquela louca levou o meu filho! O que vou fazer?
-- Calma, Lú -- disse Jefferson.
-- Calma? Como ficar calma? O Dudu está indo para o apartamento da Kristen e você quer que eu mantenha a calma? -- Luciana andava de um lado para o outro olhando para a porta do elevador, até que decidiu: -- Eu vou atrás delas -- disse, se encaminhando ao elevador.
Rick interviu.
-- Espera, eu levo você.
-- O que você vai dizer a ela quando chegar lá? -- perguntou Jaqueline, diante da aflição de Luciana.
-- É isso mesmo, você não pode simplesmente chegar lá, pegar o menino e sair. Vai ter que falar a verdade -- Jefferson falou, delicadamente.
Luciana assentiu.
-- Eu vou falar a verdade -- disse baixinho.
-- Qual verdade? -- perguntou Jaqueline.
-- Como assim, qual verdade? Tem mais que uma verdade? -- Rick estava achando aquela conversa estranha demais -- Não estou gostando nada, nada disso, vocês são um bando de trambiqueiros.
Jefferson apoiou a mão no ombro dele.
-- Acho melhor vocês se apressarem, a Letícia não é muito confiável. Depois, conversamos sobre o assunto.
-- Acho bom mesmo -- disse Rick, carrancudo.
-- Vem comigo, Jeff -- Luciana praticamente implorou -- Com você vou me sentir mais segura.
Jefferson olhou para Jaqueline, pedindo ajuda e ela balançou a cabeça.
-- Pode ir, eu te dou cobertura.
Kristen foi para a cozinha e preparou um lanche para o menino.
-- Quando o Rick chegar, eu peço para ele preparar uma comida mais saudável para você.
-- Batata "fita", Kiss?
-- Claro, pode ser batata frita, carne e feijão, mas por enquanto, come esse sanduba que a Kiss fez para você.
-- "Sovete"? -- Eduardo perguntou, com entusiasmo.
-- De baunilha.
Leticia a observava perplexa, fascinada.
-- Você leva jeito.
-- Gosto de criança, do Dudu, em especial.
-- Conheceu ele aonde?
-- Na praia -- Kristen observava atentamente os olhos verdes e os cabelos loiros e brilhantes do garoto.
-- Que coincidência -- Leticia comentou, sem muita empolgação.
-- Você é muito descuidada com o seu filho, primeiro foi na praia, hoje na empresa, quantas vezes mais, você deixou o garoto à própria sorte?
-- Eu disse que não saísse da sala, mas ele fugiu de nós.
-- Como assim, fugiu de vocês? Pois então não conseguem controlar um menino?
-- Eu estava conversando com a Jaqueline. Quando nos distraímos um pouco, ele fugiu -- Leticia retrucou, fazendo um gesto com as mãos.
Em questão de minutos, Eduardo já tinha terminado de comer o sanduíche.
Então, com as mãos nos quadris, Kristen fitou-o com um brilho divertido no olhar.
-- Cara, você estava varado de fome!
Eduardo riu.
-- Eu tenho uma coisa bem legal pra gente fazer agora.
-- O que Kiss?
-- Jogar video game!
O garoto arregalou os olhos e esticou o bracinho rechonchudo para ela.
-- Eu quelo, eu quelo.
Kristen beijou a palma das mãos de Eduardo, fazendo com que o garoto risse divertido.
-- Você sabe exatamente como agradar ele -- murmurou Leticia.
-- Não é muito difícil agradar as crianças, eles só querem atenção e carinho.
Leticia balançou a cabeça, concordando.
-- Não vejo a hora de ter filhos.
Kristen ergueu a sobrancelha, confusa. Leticia apressou-se em corrigir.
-- Aliás, não vejo a hora de ter mais filhos. Quero uns quatro.
Kristen riu à vontade.
-- Você não consegue cuidar de um, imagina de quatro.
Letícia fez uma mesura e só não respondeu à provocação porque Eduardo as interrompeu.
-- Acabei -- ele disse, mostrando o prato vazio.
Kristen sorriu e ajudou Eduardo a descer da cadeira. Ele enfiou as mãos nos bolsos traseiros da calça jeans, imitando Kristen, ergueu a cabeça e arregalou os belos olhos verdes ao perguntar:
-- Vamos jogar vídeo game, Kiss?
-- Vamos carinha, quero ver se você é bom mesmo.
Eduardo pulava de um lado para o outro. Seus olhos brilhavam. Rindo de satisfação.
-- Vamos, vamos, Kiss!
Rick tirou um chaveiro do bolso e inseriu uma chave na fechadura, sem fazer barulho, ele abriu a porta e espreitou o lado de dentro.
-- Ninguém à vista.
Jefferson deu um passo atrás, olhou demoradamente para Luciana e não gostou do que viu.
-- Tudo bem?
Luciana apoiava-se na parede, como se precisasse de ajuda para não cair. Jefferson estava realmente preocupado com a amiga.
-- Eu estava decidida a contar que o Eduardo é o meu filho, mas agora, já não tenho tanta certeza disso.
Rick voltou a fechar a porta.
-- Afinal, vamos entrar ou não?
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Cosmopolitan
Em: 12/06/2023
Acredito que não precisa dessa mentira de que Dudu é filho de Letícia
Mille
Em: 18/03/2023
Kkkk Essa turma é mais divertida. Quero só ver se o Dudu ver a foto do pai, ai o bicho pega. Bjus e até o próximo capítulo
4ever
Em: 19/03/2023
A primeira coisa que me veio na cabeça foi Dudu vai ver a foto do Pai. Aí lascou.!
Vandinha
Em: 27/03/2023
Autora da história
Olá
Na mosca!
Beijos.
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