Cachoeira
Pérola
Com o passar dos dias, fui me aproximando de várias pessoas. Vivi, Lipe e eu já éramos inseparáveis. Cacau um pouco menos porque trabalhava demais. Penélope sempre era atenciosa comigo. Na verdade, com todos que trabalhavam com ela. Mas comigo... era diferente. Não sei se era coisa da minha cabeça. Mas ela sempre estava por perto, dando um jeito de me tocar, mesmo que rapidamente. Isso me trazia um turbilhão de emoções. Notei os olhares que Lipe e Vivi trocavam.
Falava todas as noites com a Liz e, mesmo aparentando ciúmes, dizia que se fosse ela tinha agarrado a Penélope. E, para ela, a atriz estava me dando sinais de que queria algo diferente comigo e que mesmo sentindo algo por mim, eu seria maluca de deixar passar qualquer possibilidade de ficar com a atriz. E uma frase que ela me disse não saia da minha cabeça: “Antes de ser famosa ela é uma mulher, Pretinha. Imagina como deve não saber se alguém está se aproximando dela por interesse ou não..."Só que não tinha nada a ver, porque nas redes sociais ainda tinha vários posts, vídeos, stories dela e do Cauê. Pareciam um casal perfeito. O estranho era que pessoalmente eles quase não ficavam juntos, e ela sempre o tratava com indiferença. Não a julgava, ele era um babaca. Tratava mal todo mundo. Só melhorava o comportamento na frente dela.
Penélope um dia me deu um kit gigantesco de coisas que ela disponibiliza para os fã-clubes. Cards, pendrive com músicas, fotos, camisetas, produtos que ela tinha patrocínio… Eu fiquei sem palavras e perguntei como ela sabia que eu era fã. Cacau chegou daquele jeito e disse que tinha contado. Quase me enterrei no chão de tanta vergonha, mas amei tudo. Brício e Liz surtaram. Meu amigo logicamente pediu várias coisas. Não vou dar de jeito nenhum!
Um dia que tínhamos a manhã livre deixei, finalmente, Lipe cortar meus cabelos. Ele ficou feliz da vida e eu morrendo de medo. Ficou bom. Mais curto, na altura dos ombros. Quando voltar para casa vou ter que usar só coque para papai não notar. Mas diante do espelho me achei bonita. Lipe não deixou que eu prendesse o cabelo naquele dia.
Antes do almoço, na hora do teste diário. Senti os olhares sobre mim. Neto, me elogiou. Cleiton soltou uma das suas piadinhas sem graça. Cauê segurou meu braço mais do que necessário. Tremi de nojo. O ator era metido demais, se achava o último copo de água do deserto, era invasivo, achando que toda mulher deveria cair aos seus pés. Como a minha religião não era segredo, ele ficava mais na dele comigo. Mas parece que com o corte de cabelo ele se achou no direito de me assediar.
— Cauê, deixa a menina trabalhar. – Penelope disse autoritária. – Vamos que hoje teremos a cena na cachoeira. Temos que correr para aproveitar a luz do dia. - O ator saiu resmungando enquanto a atriz se sentava na cadeira para que eu a testasse. – Adorei o seu cabelo. Você devia deixar assim.
— Se eu pudesse. Quando eu chegar em casa se meu pai me ver assim é capaz de me colocar pra fora.
— Só que seu pai não está aqui. Então aproveita. Se solta um pouco. - Disse enquanto tirava uma mecha de cabelo do meu rosto. Estremeci. – Aproveita. – Seus dedos deslizaram pelo meu braço. “Ai, Jesus, só pode ser brincadeira...”. Lipe e Vivi falaram que a atriz só tinha olhos para mim. Eles estavam completamente loucos. Quando, nessa vida, eu, Perola, seria alvo de interesse da musa e estrela Penélope? Mas quando ela falava assim comigo, eu balançava. Brício e Liz me chamavam de boba e que eu tinha que investir. Mas como? Passou um dedo pelo meu rosto delicadamente.
— Olha, faz um pedido. - mostrou o cílio que tinha tirado da minha face. Apertei meu dedo no seu e fiquei com ele no meu dedo. - Viu? Teu pedido vai se realizar. - sorriu lindamente e saiu.
Suspirei olhando para meu dedo e pensando que o que mais queria era que os sinais que ela me dava não fossem coisa da cabeça dos meus amigos.
Após o almoço fui para a van, que nos levaria para a cachoeira. Sabia que hoje seria uma cena difícil, já que era de sex*. A produção enxuta e na sua maioria mulheres, poucos homens. Pelo que entendi, esse foi um pedido da atriz. Agora eu entendia um pouco mais desse mundo, e percebia o cuidado que todos tinham com esse tipo de coisa. Celulares também eram proibidos em cenas assim. Só de pensar minha garganta ficava seca e começava a tremer. Não pelo sex* em si. Até porque depois de conhecer a internet eu já pesquisei muita coisa. Mas por ver Cauê colocando as mãos na Penélope. Todas as cenas de beijo e pegação eu fechava os olhos. Por sentir nojo e vontade de tirar o ator de cima da minha musa. Muito louco isso.
Mandei mensagem para a Liz e desliguei meu celular colocando na bolsa. Penélope entrou e se sentou ao meu lado. Cauê subiu na van, fez uma cara de poucos amigos e disse que iria na próxima. O perfume dela me deixava estranha. Como se eu não tivesse forças... como se não fosse responsável sobre mim... como se pudesse apenas tocar a sua pele, que estava tão próxima dos meus dedos... fechei os olhos e coloquei o fone ligando o celular, para tentar pensar em outra coisa.
— O que você está escutando? – A voz rouca me fez suspirar. Ela pegou o fone estragado. – Ué...
— Esse lado tá estragado. – Dei meu fone bom pra ela.
— Peraí... – abriu a bolsa e tirou um fone bluetooth. – Posso? – pediu meu celular e conectou o fone, entregando um para mim e ficando um para ela. Nossos dedos se tocaram e estremeci novamente. Os acordes de “Sentimento Louco” de Marília Mendonça voltam a tocar. – “Eu sei que é errado e quem vai entender…sou mais eu e você...” – Penélope cantou me olhando nos olhos. Tá, pode ser que meus amigos estejam corretos. Ok…Talvez realmente ela pudesse estar interessada em mim.
A estrada de terra sacolejava a van e nossos corpos ficavam cada vez mais perto. Sentia o suor escorrendo pelas minhas costas, mesmo sabendo que o ar-condicionado estava na opção pólo norte! O calor do corpo dela, o perfume, a música... fechei os olhos entreabrindo a boca para tentar que o ar não me faltasse.
Chegamos no local e tentei devolver o fone. Penélope não aceitou e me falou que era um presente. Segurei a caixinha dos fones como se fosse uma jóia preciosa. Ela sorriu para mim e desceu da van.
Durante esses dias aprendi que devia ficar sempre longe da ação, mas perto o suficiente para qualquer imprevisto. Fiquei do lado da mesinha do café, com pena de não poder usar o celular para tirar foto da linda queda d’água que estava à minha frente. Minha mãe iria adorar aquilo. Como queria que ela estivesse ali comigo para sentir tudo o que eu vivia. Penélope se aproximou vestindo um roupão e pegou um café. Piscou para mim e foi até o Lipe que arrumava seu cabelo para ficar, como o mesmo dizia, “puta chique” pós foda... Pensei que se fosse anos atrás nem mesmo a palavra “puta” eu sequer pensaria, que dirá falaria...
Fiquei vendo a movimentação e nada de começar. Descobri que Cauê não havia embarcado na segunda van. Penélope falava alterada com a diretora e os produtores. Pelo que pude ouvir eles iriam perder a luz do dia e se fossem fazer mais uma diária ali iria extrapolar o orçamento.
— E se a gente pelo menos marcar a luz? A gente pode ir adiantando. – Amora, a diretora, perguntou para a atriz.
— O que você acha? – Penélope perguntou para o diretor de fotografia.
— A gente tá com pouco pessoal, não sei se teria alguém que pudesse fazer a marcação do Cauê.
— Chama a Pê. – Ouvi meu apelido e arregalei os olhos. – Beta, vê uma roupa de banho ou bermuda para a Pérola não molhar o que tá vestindo.
— Tenho só um calção extra do Cauê.
— Pode ser. – E fui puxada dentro de um turbilhão, onde Beta me levou para a tenda e tirou minha camiseta enquanto eu tirava as calças. Fiquei apenas de top e calção. Morria de vergonha, mas sabia que era necessário porque eu iria me molhar. Meus pés na areia e pedras doíam um pouco.
Léia, a assistente de direção, me puxou pela mão enquanto eu tentava me cobrir com os meus braços. Olhava para o chão, sentindo meu rosto em chamas. Pensando que todos poderiam ver meu abdome. A menina me colocou sentada em uma pedra, dentro do rio próxima a cachoeira. A água gelada não estava ajudando em nada. Minha pele estava toda arrepiada.
Quando dei por mim, Penélope estava na sua marcação, há poucos metros. N U A. Completamente nua! Meus olhos arregalados não sabiam onde pousar porque cada pedaço daquela pele bronzeada estava ali… seios, abdôme e sex* depilado… fiquei pensando se não doia fazer esse tipo de coisa... Agora entendia o porquê de poucas pessoas no set e a maioria mulheres.
— Amora, posso bater as minhas falas enquanto você marca a luz? – Penélope perguntou. Com a concordância da diretora, mesmo com várias pessoas medindo a luz com uns aparelhos que não tenho a mínima como funcionasse, ela olhava apenas para mim.
— Você pode ser apenas minha, é só pedir. – Léia dizia as falas do Cauê. Penélope olhava nos meus olhos.
— Eu sou apenas sua... – caminhava lentamente na minha direção. – Pelo tempo que você me pagar... - sorriu maliciosa - você me tem por inteiro. – Se sentou na minha perna desnuda, seu sex* tocando a minha pele, molhado e quente... segurei a respiração. Suas mãos seguraram as minhas e colocaram ao redor da sua cintura. Ela rebolou e fechei os olhos gem*ndo.
— Para... você sabe o que eu quero dizer. – Léia continuou.
— Eu sou livre... só fico com quem eu quero... você pode comprar o meu tempo... mas não pode me comprar. – Os seios dela estavam perto da minha boca e os mamilos estavam duros. Frio talvez? Ou talvez ela estivesse excitada. Será?
— Então vou usar bem o meu tempo. – Leia falou. – Tem que marcar o beijo, Amora? – Beijo? Como assim?
— Precisa. – O QUÊ?
Meus lábios foram esmagados pelos da mulher dos meus sonhos. Quantas vezes imaginei isso? Quantas noites dormi sonhando com ela. Quantas vezes me toquei imaginando ser os atores com quem ela contracenava. Sua língua quente e molhada pedia passagem e entreabri timidamente os lábios. Senti um ch*pão na minha lingua e ela fez pressão do seu sex* na minha perna. Senti minha calcinha ficar molhada. Queria muito tocar o seu corpo, mas não sabia o que era apropriado. Apertei a sua cintura levemente puxando seu corpo mais junto ao meu. Gemi baixinho. Nós duas estávamos num mundo só nosso. Não parecia que tinha cerca de 15 pessoas ao redor. Era como um sonho. Nada do que eu já havia sentido fora igual.
— Pode parar com a putaria que eu já to aqui. – Cauê gritou e levei um susto tão grande que sem querer empurrei Penelope com força, como se o que estivéssemos fazendo fosse proibido.
— Ai, puta que pariu. – A atriz caiu de mau jeito e se cortou em uma pedra pontuda.
— Olha o que você fez, sua estúpida! – Cauê gritou. O sangue escorria da coxa da atriz.
— Calma, que a culpa não é dela. Você que tinha que estar aqui na hora. – Ela me olhou. – Pérola, você tem como fazer um curativo só para estancar o sangue? Vivi, preciso que fique o mais nude possível.
Rapidamente fomos para a tenda onde Penélope vestiu um roupão. A atriz mancava e era ajudada por Cacau. Tremia ainda por causa de todas as emoções que vivi e, principalmente, morria de vontade de chorar por tê-la machucado. Limpei o arranhão e vi que não era tão profundo, mas teria que levar uns pontos.
— Precisa de pontos. – Falei envergonhada me achando a pior pessoa do mundo por tê-la colocado naquela situação.
— Pode dar.
— Eu não posso, só médico é habilitado. Mas eu tenho aqui no kit essa cola para pele. O único problema é que a cada banho você tem que colocar novamente.
— Bora, faça isso. Depois, se eu precisar de ajuda, te chamo. – Limpei novamente com antisséptico e coloquei a cola, fazendo um curativo apertado para manter as bordas da lesão juntas. - Penélope, por favor me perdoa… me desculpe por ter feito isso com você… - falei enquanto sentia uma lágrima escorrer pela minha face sendo prontamente enxugada por ela.
— Linda… não foi sua culpa. Fica tranquila. - Deu um longo beijo ao lado da minha boca e saiu mancando.
Depois fiquei sozinha na tenda. Tremendo. Sem entender o que tinha acontecido. Jesus! Eu beijei a Penélope!
Penélope
A minha perna doía como se tivesse enfiado uma faca nela, mas precisava me concentrar na cena. O pior era saber que Cauê iria tirar umas casquinhas. Suspirei fundo e me concentrei para que não precisasse repetir, e também porque a luz do dia estava caindo.
Assim que terminou procurei Pérola com os olhos. Morria de medo de que tivesse assustado a menina. Mesmo que depois do episódio da van ela ficou mais solta e eu a todo momento ao seu lado. Nunca sendo invasiva, mas sempre estando ali. Sabia que as pessoas estavam falando. Mas também sabia do contrato de confidencialidade que todos assinaram.
Nas redes sociais eu ainda era a namorada perfeita do Cauê. Seguia o cronograma de postagem diário. Tínhamos o pessoal do still, que era uma equipe que gravava os bastidores, que eram da minha equipe e que alimentavam as minhas redes. Também tinha agora um book da Pérola. Pedi a eles que fizessem isso.
Hoje quando ela apareceu tão solta, de cabelo mais curto, mais moderno. Com uma calça e uma blusa que sabia que ela tinha comprado ali na cidade. Meu coração encheu de amor e orgulho. Queria tanto que ela falasse com a Penélope como ela falava com a Liz. Sem falar que eu morria de ciúmes de mim mesma. Estranho e louco! Liz sempre falava pra ela que a Penélope estava interessada e que era para ela ir fundo. Ao mesmo tempo eu tinha ciúme. Sou bizarra, eu sei.
Quando Amora disse que perderíamos a luz, não pensei em outra pessoa para marcar a cena comigo. Sentir a minha bucet* tocar a sua pele nua… nossa… quase tive um orgasmo só com isso. Olhava dentro dos seus olhos e percebia todo tesão que ela estava sentindo. Suas mãos tocando a minha cintura, timidamente apertando… suas unhas cravando na minha pele… se não tivesse ninguém ali eu a amaria em cima daquela pedra… Sim, amaria. Não é só sex*. Mesmo que o desejo fosse latente. Era amor. Tinha certeza disso.
E quando a beijei perdi a cabeça. Fui bruta demais. Não me contive. Queria me fundir a ela, fiquei completamente embriagada pelo seu gosto… Agora estava morrendo de medo de que a tivesse assustado e que tudo o que eu fiz para me aproximar nesses dias tivesse sido em vão.
— Cacau, onde tá a Pérola? - perguntei a minha amiga enquanto colocava o roupão que ela me deu.
— Mulher do céu, o que foi aquele ensaio? Te juro se eu não gostasse tanto de uma piroca iria questionar a minha sexualidade! Deu um calor!
— Me ajuda aqui, palhaça, minha perna dói tanto que parece que vai cair… me ajuda a ir até o carro.
Fim do capítulo
Oi oi oieeeeeeeeeeeeeeeee
voltei mais cedo porque amanhã não ia conseguir entrar aqui!
A coisa ta esquentando eihn?
O que vocês fariam se estivessem no lugar da Pérola, nesse ensaio?
Até quinta! Não esquece de comentar e me favoritar!
beijocas <3
Comentar este capítulo:
Ester francisco
Em: 12/03/2023
Ooouuunnnnn...que delícia essa brincadeira dos cílios...
Pe, seu desejo será atendido!!!!
Autora, vc perguntou o que eu faria no lugar da Pérola? Cara, ali eu já estaria em choque...rsrs
Tá esquentando?? Já pegou fogo, mano!!!! Eu já tava era morta.....kkkkkkkkkkk Amo muito essas duas e o cuidado que uma tem com a outra. Delicioso ler isso... Boraaaaaa!!!!
Resposta do autor:
Já estaria desmaiada kkkk beijoo
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
Rose SaintClair Em: 24/03/2023 Autora da história
Kkkkkk