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ACONTECIMENTOS PREMEDITADOS por Nathy_milk

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Palavras: 5635
Acessos: 1149   |  Postado em: 07/02/2023

Capitulo 10

Acontecimentos premeditados- capítulo 10


 Depois que a corretora foi embora ainda ficamos mais um tempo no apartamento. Eu e o Cantão ficamos nas conversas “masculinas” sobre a reforma da cozinha e como eu faria pra pintar tudo. Já a Bia explorou o apartamento, deixei ela à vontade para pensar. Ela estava abatida, com o olhar fundo, não deve ter dormido nada, mas isso é uma tese minha. E nesse quesito de criar tese, a Bruna é boa, já eu não. Ela explorou bem, olhou todos os quartos e quando o Gabriel foi ao banheiro, conversei com ela. 

            - A vista é bonita não é?- ela começou a falar quando entrei no meu quarto 

          - Sim, pega todo o centro histórico e eu pensei que deveria bater um ventinho gostoso de madrugada, por ser alto. 

- verdade Flavinha, deve mesmo. E como tem grade, nenhum pombo entra, nem outro passarinho. - eu não aguentei e acabei rindo. Quem pensa nisso?

           - Hahahah, que ideia maluca é essa? Nem chega pombo nessa altura. 

         - Claro que chega Flávia. Esses bichos trazem doenças. São ratos de asa - ela falou tão natural, tão séria, verdadeira. Ela deve ter pânico de pomba. Achei fofo, engraçado, mas fofo. 

           - Você tem medo de pombo? 

       - Você não tem? - eu voltei a gargalhar, ela acabou rindo da minha risada. As duas bobonas olhando a cidade e rindo juntas por causa de um pombo. 

- Qual a piada? - o Gabriel apareceu perdido na história. Eu e ela olhamos pro delegado e não teve outra gargalhada. Ele se perdeu rindo com a gente, sem entender nada da situação. 

           - Vamos descer pra comer? Vocês tomaram café? - perguntei quando paramos de rir, depois que a Bia começou a tossir depois da gargalhada. 

          - Eu comi em casa. Mas a gente pede uma água e ficamos lá conversando com você Flavinha. 

           - Sapatao, conta aí o que estava fazendo no hostel?

- Rolé tenso, vamos pedir alguma coisa primeiro aí conto. Você vai no rugby hoje, certo?

          - Vou sim, a Bia vai junto, pra conhecer o time e ver como é. 

        - Já te antecipo Bia, o bonitão aí vai se machucar e ficar fazendo drama, só pra você cuidar dele. Ele é um bebezão quando está com a mulher que gosta por perto. - os dois ficaram vermelhos, ela ficou quase que roxa. Ela fica toda fofa envergonhada. 

         - Falou quem fica machucada e continua jogando. Só pra se mostrar bruta pras mulheres. 

         - Mas eu sou bruta. Só paro de jogar se for muito importante, caso não,  ninguém me tira de campo. 

         - Bia, acredita que uma vez ela tava com o rosto inchado e só saiu de campo porque o técnico brigou e mandou sair. Se dependesse da machuda aí tava jogando até agora. 

         - Mas era um inchado como? Leve? 

      - Não, eu tive uma fratura num ossinho do rosto depois de um tackle. Quase perdi o olho.

         - Tackle? - ela perguntou, o Gabriel já entrou respondendo.

         - É uma disputa de bola, como se fosse um drible, mas com o corpo todo. Hoje eu te mostro como é um - eu olhei pra ela, caçoando dele, com uma expressão de “eu falei, vai se machucar de bobagem”. 

Fomos conversando tão tranquilamente e de um jeito tão leve que só percebemos que estávamos na padaria quando o garçom ofereceu o cardápio

- Nossa, nem percebi a gente chegando aqui. 

- É que viemos conversando Bi, ai o corpo ignora os estímulos externos. 

- Que nerd. - o Gabriel começou a me zuar

- Aff, besta. Vocês vão pegar alguma coisa? - perguntei pra eles

- Eu quero um café e um pão com manteiga - o Cantão soltou, encostando a mão na Bia, na coxa, como carinho. 

- Eu vou lá no balcão ver o que tem para comer - enquanto a Bia foi até o mostruário, eu chamei o atendente e pedi uma vitamina de frutas, que acabo sempre pedindo e um outro lanche pra comer. 

- Vai me contar o que aconteceu ontem? - o Cantão foi direto, enquanto a Bia voltava pra mesa. 

- Mais do mesmo, peguei minha mala ontem, joguei meia dúzia de roupas dentro e sai. 

- Ela estava muito chapada?

- A ponto que eu fui dar um murro na cara dela e ela caiu antes do soco encostar nela. As pupilas estavam vidradas, nem piscava. Deve ter cheirado até o reboco da calçada. 

- Quem? Me perdi - A Bia não sabia da história toda da Roberta e da Alice. Eu atualizei ela, com os detalhes mais superficiais, sem entrar muito no mérito de quais drogas ou das merd*s de crime que ambas fizeram - Entendi, e sua mãe protegeu ela?

- Bia, eu sou o bebê do segura casamento. Meus pais me tiveram porque achavam que uma filha nova iria unir eles, ajudar a segurar a barra de duas filhas bandidas e drogadas. Não fui uma filha exatamente desejada. E minha mãe é uma pessoa que acha melhor um filho bandido que um filho gay. 

- Que absurdo Flávia. Que absurdo - ela estava possessa. O Gabriel até se assustou com a reação dela, acho que se ela pudesse levantava e dava na cara da minha mãe mesmo. 

- Bi, relaxa. Eu cresci nesse universo, aprendi a me proteger como dava. Sou forte. 

- Que você é forte eu sei, mas que absurdo. Como alguém prefere isso a uma filha como você? 

- Cada um tem uma história, um ponto de vista. Eu estou muito tranquila quanto a quem eu sou, sabe?! Eu trabalho desde cedo, sempre ajudei a colocar comida em casa, nunca dei trabalho pra eles. Enfim, de história triste temos um monte por aí. 

- E você se tornou essa mulher de fibra e forte como? - O Cantão que estava olhando pra Bia automaticamente olhou pra mim, ele sabe como esse assunto é pesado. Não sei se ele olhou na ideia de me dar forças ou se observando como eu me sairia. 

- Tive bons exemplos, pessoas boas me ajudaram - eu sai pela tangente, falar sobre isso é complicado, falar da Fabi é pior ainda, não sei se um dia estarei pronta para falar dela. - Cadê a minha vitamina? Cara estou só com a batatinha do bar de ontem. 

- Não comeu mais nada? - Bia assustada de novo. 

- Nem deu tempo, acordei atrasada. Ontem tava mais cansada que com fome - sorri de verdade quando o atendente veio ao fundo trazendo meu copo de vitamina e os outros pedidos da mesa. Não uso canudo, detesto copo descartável, mas isso é bem antes da moda do canudo, eu sou assim desde sempre. Quando senti o gelado da vitamina, minha boca quase salivou, quero! Virei o copo e deixei o sabor de cada fruta preencher as papilas, quase um orgasmo por  beber algo gelado em uma manhã quente, tensa e tão cansativa, que meu corpo pede arrego em definitivo. 

- Tá boa essa torta hein, tô gatinho prova?! - voltei ao restaurante vendo o casal fofo a minha frente. Acho que é mais do que justo os dois juntos, são fofos e melosos na mesma medida, mas além disso são firmes e fortes como aço.

- Você tá de carro Cantão?

- To sim. Tá na rua de trás. 

- Não quer me ajudar a trazer a mala do hostel pra cá? Ontem eu até trouxe, mas amarrada na moto, um caos.

- Claro, vamos de boa. O treino é às 14h mesmo. Você vai sair com a Bruna a noite mesmo?

- Sim, sim, combinamos umas 18h30 na casa dela. Vou de moto até lá buscar ela, não sei se ela vai querer ir pro restaurante de moto, de uber. Aí isso eu vejo com ela. 

- Vocês vão em um restaurante vietnamita é isso? - A Bia perguntou. 

- Pelo que eu entendi é. Cara não sei nem o que se come nesse lugar, imagino que arroz, tô pensando em algo meio japonês. Será?! - completei.

- Não faço ideia, pra mim vietnã me lembra Rambo e sua metralhadora - nós três acabamos rindo do comentário do delegado, é quase que o comentário perdido da pomba. São mesmo um casal bem encaixado, os dois estranhos e fora da casinha. 

O resto da manhã foi bem tranquilo, ficamos lá na padaria conversando em um momento gostoso de amigos e depois eles me levaram ao hostel para eu fechar a conta de apenas um dia e levar minha mochila para o apartamento. Por sorte deu tempo de passarmos no mercadinho ao lado do prédio para eu comprar algumas coisas básicas de higiene e a caminho do rugby vamos passar no shopping para eu comprar um kit de lençol e travesseiro, provisório mesmo, só para eu conseguir passar algumas noites até estar arrumado e cuidado o apê. 


Já passava das treze horas quando chegamos a um parque público no tatuapé, zona leste de São Paulo. O céu estava um azul bem limpo, o sol quase que a pino, marcando com total certeza mais de 30 graus. O lugar é lindo, mas enorme, fomos nós três andando em direção ao campo de rugby, em uma velocidade de passeio. Meu celular tocou e eu peguei ele na mão para olhar quem era, Bruna. 

- Vão indo, vou atender a Bru e já chegou - os dois acenaram dando uma risadinha maldosa, a maldade era mais do Gabriel mesmo. 

- Pronto. 

- Oiii - ela fez um oi mais prolongado. - Tudo certo para hoje Flavinha?

- Sim meu anjo, eu estou chegando agora no treino de rugby, devo terminar aqui lá pelas 16h30, umas 17 h. É o tempo de  eu passar em casa, tomar um banho e te encontrar na sua casa. É isso né?! 

- É sim, vem pra cá e vemos de ir de carro. 

- Tudo bem. Combinado. Foi tudo bem no seu compromisso hoje cedo Bru?

- Foi sim, meio chato mesmo, mas eu fiz o que tinha que ser feito, depois eu te conto mais ao certo. 

- Tudo bem, então combinadinho para hoje mais tarde. Estou ansiosa - Estou? O que eu falei?

- Eu também estou Flavinha, vou  gostar de jantar com você, um jantar oficial. 

- Hahaha, quanta formalidade. Não precisamos disso. 

- Vai pro seu treino. Nos vemos a noite. Me avise quando estiver vindo pra eu não me atrasar muito. 

- ok. Nos vemos. Beijo linda. 

- Beijo - acelerei o passo, quase trotei na verdade para alcançar os dois, eles estavam já quase na lateral do campo. Algumas pessoas do time já estavam lá, sentadinhas ou conversando esperando as outras pessoas chegarem. Como eu já estava com a minha roupa de jogo, uma bermudona e a camiseta do time, não precisei ir ao vestiário na outra quadra me trocar, mas o delegado bobão não se trocou então teve que ir até o vestiário, me deixando com a Bia. 

- Vem Bi, vamos cumprimentar as meninas do time, deixa eu te apresentar - antes mesmo de darmos um passo para a frente ela já estava vermelha, não só do sol a pino, mas de vergonha também, ela é muito tímida. 

- Nossa, quem é vivo sempre aparece hein pipoca?! - uma das meninas veio conversar comigo.

- Até parece que eu faltei uma vida, não vim semana passada. 

- E essa gatinha ai? - falou diretamente dando em cima da Bia, na caruda.

- Tira os olhos, essa é a Bia, está com o delegado. 

- Ah, explicado. Bem vinda Bia. Sempre gostamos muito de agregados. - antes mesmo dela terminar de falar a Olhão apareceu. O nome dela é Dani na verdade, o time todo chama de olhão, mas eu gosto do nome mesmo. 

- Fala Flavia!! - Veio diretamente falar comigo, como se não houvesse mais ninguém naquele espaço enorme, olhando diretamente pra mim, com os olhos verdes bem vivos, característica que lhe concedeu o apelido de Olhão.

- Dani!! Vem cá! - falei abrindo os braços para abraçá-la. Ela abriu os braços também, se encaixando embaixo da minha asa e apoiando a cabeça no meu peitoral. - Como você está meu anjo?

- Muito melhor agora que você apareceu! - falou baixinho só pra eu ouvir. Eu apenas sorri em retorno. Ela é uma das minhas peguetes de treino, nunca menti pra ela sobre mim, nem prometi nada além de pegação. Digamos que somos peguetes de terceiro tempo. No rugby, o terceiro tempo é o happy hour, quando todos nós saímos para comemorar e curtir após os treinos ou jogos oficiais e aí quando rola um clima acabamos ficando. Ela é uma das poucas que ficou comigo mais de uma vez. Ela olhou para Bia, mas não perguntou absolutamente nada, apenas acenou a cabeça, como por educação apenas. 

- Dani, essa é a Bia, está com o Delegado. 

- Legal, o Delegado veio treinar? - ignorou completamente a Bia, como se ela não existisse mesmo naquele espaço. 

- Veio sim, foi se trocar. 

- Beleza, eu preciso ir me trocar também, vim direto da minha mãe. Você vai hoje no terceiro tempo? - a pergunta clara era: vamos nos pegar hoje? Se as coisas acabarem dando certo com a Bruna, vou precisar cortar cada um desses contatinhos, na verdade a Dani e a Eve, da faculdade. A Isa da delegacia é mais o problema que ela pode causar mesmo. Mas um passo por vez, eu nem acredito que vou sair em um jantar formal com a Bruna. 

- Hoje eu não vou conseguir ir, tenho um compromisso depois daqui. - ela fez uma expressão de decepção tão intensa que por pouco não desmarco com a Bru, mas não posso fazer isso. Estou seguindo a frase do Cantão “ você precisa seguir em frente sapatão”, estou tentando pelo menos. 

- Nossa, vai me deixar sozinha lá com o time todo?! - falou baixinho pra mim. 

- Que chantagem emocional hein Dani. Eu realmente tenho um compromisso, não posso ir. Vai lá se trocar, vai, por favor - falei isso para dar um corte. A Bia estava sob os meus cuidados, não vou deixar a menina sozinha em um ambiente hostil e novo enquanto fico flertando por aí, desnecessário. Mas confesso que fiquei com dó da carinha de perdida da Dani, enfim, se der certo com a Bru, vou ter que fazer escolhas. 

- Quem era? - a Bia perguntou direta. 

- Ela é do time, gente boa. 

- Gente bem boa pela maneira que você cumprimentou. - falou irônica, dando risada. Como se comentasse “Claro que eu sei que você pegou”. Mas depois daquela discussão boba que tivemos no carro por causa da Isa, eu e a Bia não devemos mais tocar nesse assunto. 

- Ah, você sabe Bia. Vem vamos achar uma sombra pra você. 

- Preciso, o sol está cortando. - fomos andando, a cada passo alguém do time me parava para  falar oi, depois de quase uma maratona, mesmo sendo só 10 metros, chegamos a uma árvore, que sempre deixamos nossos acompanhantes. É uma árvore bem ampla, que o chão é plano, permitindo sentar confortavelmente. 

- Bi, pode ficar por aqui, ali em baixo - apontei com o dedo - tem banheiro se quiser ir. Em geral o treino vai até umas 16h. Se quiser comer, aí só tem aquela padaria lá da frente. 

- Você já tem que entrar no campo? - ela perguntou

- Ainda não, porque?

- Senta aqui um pouquinho comigo - a Bia falou olhando pro chão com vergonha, imagino que ela queira falar sobre ontem no bar, sobre a crise de ansiedade dela. 

- Claro meu anjo. Sentando - falei soltando meu corpo, encostada na árvore. 

- Obrigada por ter cuidado de mim ontem, eu acabei me descontrolando - ela estava morrendo de vergonha, vermelha, olhando pro campo, sem olhar pra mim - eu só não estava bem. 

- Bia, eu só fiz o que qualquer amigo faria. Espero que não precise mais, mas se precisar estou aqui. 

- Você fez mais do que precisava Fla, você ajudou a esconder do Gabs, isso foi muito gentil da sua parte. 

- Você que tem que contar a ele, não eu, fui ética só. Quem era o cara do mini cooper Bia?

- Não precisamos falar disso agora Flavinha, não quero. 

- Tá, mas então me responde uma coisa, por que decidiu ir ver meu apartamento hoje? Até ontem você não queria. Ele te seguiu?

- Ele estava na minha casa quando eu cheguei, falando com os meus pais. Não quero mais passar por isso - os olhos dela, olhando para o horizonte, começaram a encher de lágrima. Eu estiquei meu braço quase que automaticamente e passei pelo pescoço dela, em carinho, trazendo ela para mais perto de mim. 

- Bia, você é da polícia, está saindo com um delegado, eu sou investigadora. Deixa a gente te ajudar. Não sei o que é, mas podemos te ajudar. Eu conheço ele de algum lugar Bia. 

- Você viu ele ontem?

- Sim, não vou mentir pra você, puxei ele pela camisa pra poder mandar ele sumir do bar. 

- Como você fez isso Flávia? - ela falou mais alto, olhando séria pra mim, se soltando do abraço - É perigoso demais, ele vai vir atrás de você agora. 

- Que venha Bia. Não tenho medo. E se ele vier atrás de mim e esquecer de te incomodar, já fico bem feliz. 

- Você é louca! - falou olhando para o chão agora, balançando a cabeça em sinal de negação. - Idiota.

- Bia, vem morar comigo. Você viu hoje como é difícil entrar no prédio e mais ainda como é difícil chegar no meu apartamento. Eu vou estar lá, o Gabriel pode ir quando quiser, sempre vai ter alguém da delegacia lá. Em segurança você vai estar. 

- Não vai adiantar, não vai - manteve-se olhando para o chão. Eu segurei a mão dela com a minha direita e com a esquerda levantei o rosto, fiz ela olhar pra mim. 

- Não sei o que aconteceu, quando você estiver pronta vai me contar. Eu farei o que eu puder para te proteger. Aumento as trancas da casa, a gente impede a entrada do cara na portaria. Só precisa deixar eu te ajudar Bi.

- Depois a gente conversa, o Gabs está vindo com sua amiga  - Virei de costas rapidamente para ver a cena, era o Cantão com a calça de treino dele e a Dani ao lado, os dois conversando alegremente. 

- Vamos aquecer Fla? - a Dani me olhou chamando

- Claro. - Levantei sem nem olhar para a Bia, o delegado ficou lá, quando olhei do campo, os dois estavam se beijando. Achei bem fofo, mas algo está muito errado com ela, algo que ela precisa de ajuda, de muito cuidado e carinho. Não sei como cantar essa letra pro Gabriel, sem perder a confiança dela. 

- Vou pegar uma bola pra gente treinar passe - a Dani saiu correndo na minha frente, indo em direção as sacolas de bola em formato de limão, ovaladas. Preciso me concentrar no treino, usar esse momento para eu descansar a mente e esquecer por alguns momentos minha mãe e a Roberta, a Bruna e nosso jantar, a Bia e seu problema com o mini cooper, essa quadrilha de trafico de orgaos e o depoimento de segunda, eu, Fabi, vida. 


Depois de correr na terra, cair, derrubar, perder alguns fios de cabelo, mas sorrir intensamente eu apenas queria um banho e dormir. Já passava das 16h00 quando o treino feminino acabou. Ainda faltava o jogo dos meninos, mais 14 minutos de tempo e já estaríamos liberados. 

- Jogou muito hoje, não perdeu um passe Fla. - a Dani puxou assunto enquanto estávamos saindo do campo, antes de começar o masculino. 

- Estava concentrada, não posso me machucar por bobagem. 

- Não mesmo. Você não vai mesmo no bar depois?

- Hoje não dá Dani, tenho mesmo um compromisso depois. Vou pegar uma carona com o Delegado e depois banho e saio correndo de casa, isso se eu não me atrasar. 

- Nem se eu pedir com muito jeitinho? - falou olhando pra mim sexy.

- Não mesmo, é um compromisso importante. - a expressão de decepção foi pior que a de mais cedo. Ela só completou:

- Depois trás ela pra conhecer o time?

- Porque você acha que é mulher o compromisso?

- Não só é mulher, como é mulher importante. Você já desmarcou muita coisa pra ir no terceiro tempo com a gente, pra sair comigo, para carregar água pro time.  A maneira como você está falando desse compromisso, nervosa, agitada, nunca te vi assim. Joguei A + B e você me deu o resultado. 

- Eu conheci uma garota sim Dani, vou sair com ela hoje. Não é nada sério, nem nada. 

- Mas ela tem alguma coisa, não tem?

- Sim, ela me deixa com vontade de tentar, de querer mais um encontro. Desculpa meu anjo, mas é algo um pouco mais sério que o normal Dani. 

- Não é sempre que ganhamos na mega não é mesmo?! - ela me olhou mais uma vez com tristeza, decepção. Eu gosto muito dela, mas como amiga, nada para ser firme ou formal. Ela saiu andando na frente, passou na lateral do campo que ficam as mochilas, pegou a dela e saiu andando em direção ao vestiário, na quadra de cima. Ai que sensação horrível que eu fiquei. Fui andando em direção a Bia, que assistia atentamente o Cantão que é da defesa derrubar os outros brutamontes. 

- O que aconteceu? Que cara é essa?

- Nada, só acho que perdi uma amiga. Não amiga, mas alguém que gosto muito. 

- Porque? A menina que subiu pra lá? 

- É. Eu falei da Bruna pra ela, que é algo que pode ser sério. Ela ficou bem chateada. 

- Mas Fla, está sério assim com a doida pra você cortar a menina já?

- Não Bia, não está - falei sentando no chão ao lado dela - mas eu não vou conseguir investir de verdade, tentar algo com a Bruna se eu estiver saindo por aí e deixando as meninas de reserva, não sou assim. Eu quero ser uma pessoa melhor, ontem foi um balde de água pra mim, mostrou o quanto ainda tenho muito a mudar. 

- Sua irmã estava drogada, te provocando. 

- Ela sempre esteve drogada e me provocando. Eu cai na pilha dela. Esquece, não vou te encher com isso. Levanta, vai lá ver seu bonitão jogando. Ele vai gostar de te ver na grade. 

- Sério? 

- Sim, levanta lá pra ver ele - ela levantou rapidinho e foi para a grade. Eu estiquei meu pescoço, quando ele viu a Bia olhando, ele se enfiou em um tackle desnecessário, que nem era da área de defesa dele, só pra fazer charme, ele sempre faz isso. As meninas do time, as pouquíssimas heteros, são gamadas na dele. O Delegado, como é o apelido dele aqui, também é um excelente passa rodo. 

- Ele não se machuca caindo desse jeito? - ela me perguntou olhando pra trás. 

- Não, fica roxo, mas não machuca. Tem a técnica certa para cair. 

Aproveitei que o casal estava entretido um com o outro e peguei meu celular. Minha mãe não me mandou uma mensagem, nem achei que fosse mandar mesmo, ela não deve estar botando fé na minha saída de casa. Tinha algumas mensagens no grupo da faculdade, da delegacia, da Ana Lu e algumas da Bruna. Ignorei todas as outras e fui direto na foto dela. 

            A primeira mensagem era uma foto de um caneca branca, escrito em inglês, que eu não sei ler, saindo vapor de dentro. Ela mandou com a descrição: quem diria que uma xícara de café me permitiria conhecer uma pessoa tão gente boa. Um tempo depois ela escreveu: terminou o treino? Já estou com saudades de conversar com você. 

           Confesso que a princípio, de bate olho, achei meloso demais, quase uma carência. Mas segundos depois eu pensei, e se ela realmente gosta de conversar comigo? Se eu quero tentar amar de novo, tentar ser feliz com uma mulher eu preciso arriscar e entrar nessa vibe. Vou precisar ser carinhosa, atenciosa, jamais deixando de ser eu, mas podendo ser uma Flavia mais gentil e amável. 

           - Café não tem só gosto bom, mas tem o poder de melhorar o dia. Também estava com saudade de falar com você, o treino foi muito bom, eu adoro isso aqui, é um dos esportes que mais me permite eu ser eu. Quando der quero te trazer pra ver um treino, você vai gostar. 

           - Tenho certeza que vou gostar de ver você em campo. Podemos combinar uma data sim. Depois daí vai pra casa? 

           - Sim, imagina se eu vou ir jantar com uma jornalista linda cheirando a terra e suor? 

         - hahahahaha. Obrigada! Bem prefiro cheiro de sabonete que cheiro de terra e suor. Mas perguntei por causa da distância. 

        - Eu estou no meu apartamento já, no Anhangabaú. Peguei as chaves hoje pela manhã. Não vai demorar muito pra tomar banho e ir te encontrar. 

        - No Anhangabaú? Nem compensa você vir até Santana então. Me espera no restaurante já. 

           - Claro que não. Combinei de ir te encontrar na sua casa. E a ideia é ir até aí, pois o caminho do trajeto é um tempo a mais juntas. Gosto desse tempinho conversando com você - completei mandando um emoji junto. É meloso? É, mas vou dar um voto de tentativa, nem de confiança. Ela é doce, mas super decidida, firme, agitada, calma e principalmente tem um beijo que eu me encantei. Beijo lento, com pequenas mordidas, língua firme. Só o fato de conseguir fazer eu sair pra jantar, já faz dela alguém especial. 

- Então tá, você quem sabe. Te espero em casa então. Até mais tarde. - respondi com mais alguns emojis, tudo bem delicado, naquela ideia de flerte inicial mesmo. 

Quando o Cantão saiu do treino coletivo a Bia estava na beirada do campo esperando ele. O delegado estava apenas suado, não se machucou nem nada do tipo. Ele foi direto na direção dela e a abraçou, levantando-a. Eu apenas observei a cena de longe, confesso que tive uma pitadinha de inveja, quero alguem tambem me esperando na lateral do campo, me vendo jogar, se preocupando com as minhas quedas, alguém cuidando de mim e alguém que eu possa também cuidar. Não tenho isso a um bom tempo. 

Cheguei no meu apartamente com o dia começando a escurecer. Não tenho nada aqui ainda, nem parece meu espaço, pelo menos tem alguma mobília para não dar a sensação de completa casa vazia. Puxei a sacola da roupa de cama que comprei e estiquei o lençol em cima da cama box antiga. Depois joguei o edredom simples por cima, só essa ação já deu um aspecto bem melhor ao quarto. Coloquei a mala que trouxe de casa em cima da cama e comecei a revirar atrás das peças que eu queria. Peguei as coisas de higiene que eu também havia comprado e segui em direção ao banheiro.

No pequeno intervalo de tempo que fiquei aqui pela manhã, com os meninos, deu tempo de tirar as coisas velhas do banheiro, não deu tempo de limpar, mas pelo menos tirei sabão velho, escova velha, essas coisas. Então deu para agora colocar minha necessaire em cima da pia, com uma certa organização. Tirei a roupa de banho com uma certa dificuldade, minhas costas estavam arranhadas de uma queda e o braço que usei de apoio dolorido. Quando a água quente do banheiro da minha casa começou a cair, primeiro eu quase gritei por causa do ardido da queda, mas depois o corpo foi relaxando de toda a tensão. 

Deixei a água cair pelo cabelo liso pela quantidade de química e ir molhando minha pele morena. Como será que ela vai estar vestida? Amanhã vou ir correr cedo e depois vou encontrar com o Cantão, vamos trabalhar na hierarquização das perguntas do interrogatório dos caras que achamos com os corpos, isso por si já vai ocupar bem o meu dia. Quanta coisa. 

Sai do banho e dei uma olhada rápida nas minhas costas, estavam bem vermelhas do lado direito, mais em cima, quase no ombro e arranhadas, vai ficar uma cicatriz nas primeiras semanas. Foi culpa de uma jogada hoje, cai com a blusa quase saindo, arranhei bem na hora, mas nem olhei, parei ou sai do jogo. Não trouxe muitas opções de roupa para hoje, trouxe duas camisas que vou provar e uma calça jeans, até que já foi muito na confusão de ontem eu lembrar de pegar roupa boa para sair com a Bru. 

Cheguei ao quarto sem roupa alguma, coloquei a toalha pra enxugar o excesso da água no cabelo. Que sensação deliciosa eu poder andar pelada, nunca na vida fiz isso. No prédio onde moro, ops, morava, mesmo sem ninguém em casa, eu poderia ser flagrada pelo vizinho da frente ou do bloco ao lado.  Coloquei uma calcinha e sutiã que peguei da lateral da bolsa. Soltei a toalha do cabelo e comecei a penteá-lo. Putz, estou sem secador, vai ter que ser apenas no penteado mesmo hoje, vai ondular um pouco, mas não fica feio. 

Sou bagunçada em muita coisa, mas consigo ser bem organizada, consegui trazer minha roupa sem amassar nessa confusão. 

Vesti a calça jeans preta, com as pernas mais justas, coloquei a camisa branca de manga curta por cima. Preciso olhar no espelho. Tem espelho aqui? Ah, tem, na lavanderia. Fui rapidinho até lá, e olhei a composição. Não ficou legal, parece roupa de trabalho. É bom a segunda camisa vestir melhor. Tirei a branca enquanto voltava ao quarto, fui em automático procurar um cabide no armário para guardar, sem chance. Essa casa vai comer bastante do meu tempo até ficar limpa. 

Dobrei as mangas da camisa azul escuro, deixando-a no meio do braço, abri um dos botões do decote, deixando exposto só um pouco abaixo da base do pescoço, não gosto muito de mostrar o resto, sou bem  mais reservada do que as pessoas pensam. O cabelo eu joguei a franja para o lado, vai dar uma dó colocar o capacete da moto, são nesses momentos que sinto falta do meu carro. Nos pés eu coloquei um tenis de corrida meu, um pouco mais novo, cinza claro. O conjunto todo estava simples, mas bem elegante e mais ainda eu estava me sentindo bem, confiante, alegre. Quero arriscar, estou quase que ansiosa. 

Antes de sair de casa passei novamente no espelho da lavanderia, falta uma maquiagem, mas esse não é meu estilo, não me sinto bem usando. As vezes eu até passo um rímel, esse é o máximo. Peguei meu documento, dinheiro e celular, coloquei no bolso, tranquei a porta e desci em direção a garagem do prédio. Antes de subir na moto eu mandei uma mensagem para a Bruna avisando que eu estava saindo de casa, ela pediu isso, talvez para se organizar quanto ao tempo. 

Fiz o caminho do anhangabaú até santana com bastante calma, curtindo o vento bater no rosto e o clima festivo do sábado a noite. Quando cheguei ao prédio dela eu já estava preenchida por uma sensação positiva, de energia boa, expectativa. Encostei a moto em frente ao prédio da Bruna e desci. Retirei o capacete e arrumei o cabelo como pude, ele estava quase seco já, coloquei a franja para o lado, dando um pouco de volume e de charme. Arrumei a blusa. Eu estava com a boca quase seca, ansiosa, faz muito tempo desde que tive um primeiro encontro ou primeiro jantar, é quase uma novidade. Peguei o telefone e liguei pra ela. 

           - Oiii. Estou em frente ao seu prédio. 

       - Já liberei seu acesso. Pode estacionar dentro. Em qualquer vaga. Aí pode subir, é apartamento 182. 

        - ah, é… vou estacionar, te espero aqui, pode ser? 

           - ah, ok. Você quem sabe. Vou demorar uns 5 minutos ainda. Se quiser tem um sofá na recepção então. Fica sentadinha lá. 

             - Tudo bem. Até daqui a pouco. - desliguei o celular e coloquei no bolso, sem pensar ainda na frustração dessa conversa de segundos. Me apresentei para o porteiro pelo interfone e retornei a moto, apenas soltei a embreagem e empurrei, nem precisei ligar. Estacionei na primeira vaga que encontrei, logo a direita, em uma cobertura específica para motos. Como a Bruna tem uma moto também, uma sem marcha, tipo scooter, acabei olhando as motocicletas ali estacionadas, pensando em qual é a dela. A única scooter que tem aqui é uma prateada, de uma marca bem mais cara que o habitual, ou melhor, bem mais cara do que eu posso ter no momento. 

           Estacionei a moto, apoiei o capacete no retrovisor e segui em direção a recepção que ela falou. Passei por uma porta de vidro automática e logo de frente já estava a recepção. Dois sofás, alguns abajures e um espelho gigante ao fundo. Aproveitei para me olhar, o cabelo estava meio bagunçado da moto, escovei ele com os dedos e arrumei a franja para o lado. Alinhei a camisa, arrumando o botão. Puxei do bolso uma balinha de eucalipto que havia comprado após o rugby, coloquei na boca. Enquanto o frescor preenchia o meu hálito, sentei no sofá, cruzando as pernas em um habitual conforto de postura. orto. Quase uns 10 minutos depois o elevador abriu e meu mundo parou por alguns segundos. Ela percebeu o efeito que causou em mim, estava linda, completamente linda. 

Fim do capítulo


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