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  • Capitulo 24 - O que nós fazemos? O que você diz? Não jogue o seu destino fora

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Vida Dupla, Meia Vida por vidaduplamv

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Palavras: 5555
Acessos: 564   |  Postado em: 07/01/2023

Capitulo 24 - O que nós fazemos? O que você diz? Não jogue o seu destino fora

Fernanda, Roger, João e Miguel encontraram-se no aeroporto internacional de Guarulhos para embarcarem até Goiânia. De lá, alugaram um carro para se dirigirem até a cidade dos pais da advogada.

              Ao chegaemr, foram muito bem recepcionados com um vasto café da manhã. Por um breve momento, Fernanda sentiu saudades de ser uma filha adolescente na casa dos pais, sem responsabilidades ou preocupações.

 

              - Minha querida, por que meu genro Thomás não quis vir? – Perguntou Liliane.

 

              Foi daí que Fernanda lembrou porque não sentia tanta saudade assim.

 

              - Ele não pôde, pois ficou com a família dele...

 

              Com o namorado e os enteados...

 

              - E a Lorena? Continua no caminho tortuoso ainda? Tenho tanto dó dela, uma menina tão bonita, tão educadinha...

 

              - Ela ainda está com a Mariana, mãe... E seria melhor você não falar isso perto do seu cunhado, que é casado com outro homem.

 

              - Verdade, desculpe. Mas ele está com seu pai na sala, não ouviu isso. E ele também já é mais velho, ele decidiu o caminho dele. Agora Lorena parece apenas uma menina confusa, coitadinha. Queria tanto poder ajudá-la.

 

              - Mãe, tenho certeza que ela não precisa da sua ajuda. – Fernanda suspirou. – Vocês já compraram tudo para a ceia de Natal?

 

              - Ainda não. Fiz uma lista para ir ao mercado mais tarde.

 

              - Não se preocupe, pode me passar a lista e eu vou agora.

 

              - Você acabou de chegar, deve estar cansada!

 

              - Eu vim dormindo no trajeto de carro, tio João veio dirigindo. Está tudo bem, posso comprar agora, não tem problema.

 

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              Fernanda se dirigiu ao mercadinho local com a lista fornecida por sua mãe. Não demorou muito para pegar tudo o que precisava, e logo foi para a fila. Atrás de si, parou um rosto familiar: era o de Caroline, a “garota que beijava garotas” no ensino médio. Ao lado dela, uma mulher de idade parecida a abraçava por trás. Fernanda rapidamente olhou para trás e conseguiu enxergar uma aliança em cada mão.

 

              - Maria Fernanda? – Caroline também a reconheceu.

 

              - Caroline? Há quanto tempo!

 

              - Pois é! Essa aqui é minha esposa, Val.

 

              A esposa então se desvencilhou do abraço de sua amada para cumprimentar Fernanda.

 

              - Estão de visita aqui na cidade também?

 

              - Sim, vim passar o Natal com minha mãe, e aproveitar para apresenta-la à nora.

 

              - Que legal! E há quanto tempo vocês estão casadas?

 

              - Três meses, apenas.

 

              - Fico muito feliz por você, Carol.

 

              - E você, Fernanda, o que tem feito da vida?

 

              - Eu me formei em Direito, trabalho em uma firma em São Paulo.

 

              - Sempre soube que você seria a bem sucedida da sala! Val, essa menina tinha as maiores notas da classe, um orgulho!

 

              - Deixa disso, Carol. – Fernanda se envergonhou. –  E você, o que tem feito? Está morando onde?

 

              - Eu me mudei para Curitiba, trabalho em uma corretora de imóveis. Foi lá que conheci Val. E você? Alguém especial na sua vida?

 

              - Próximo! – O operador de caixa chamou.

 

              - Ah, é minha vez. – Fernanda começou a colocar os itens na esteira. – Alguém especial? Hã...sim, eu tenho... um namorado.

 

              - Namorado? – Carol se surpreendeu.

 

              - Sim...?

 

              - Uau, eu só achei que... bem, deixa para lá, poxa, que bom que você encontrou alguém!

 

              - Você só achou o quê?

 

              - Não, nada... – Carol deu uma pequena risada.

 

              - Espera aí... – Val fez uma expressão de que tinha se recordado de algo. – Maria Fernanda, certo? Não era ela por quem você tinha uma quedinha no ensino médio?

 

              - Oi? – Fernanda arqueou uma sobrancelha.

 

              - Val! – Carol riu, completamente sem graça. – Eu era adolescente, faz anos. Val uma vez me perguntou se eu era a fim de alguém no ensino médio e eu citei seu nome, só isso.

 

              - Ah... – Fernanda ficou atônita.

 

              - Duzentos e oitenta e cinco reais e trinta centavos. – O operador avisou. – Qual a forma de pagamento?

             

              - Hã? Oi? Ah sim. Débito. Obrigada.

 

              Fernanda se despediu do casal e saiu do mercado um pouco perdida com a nova informação. Ao mesmo tempo ficou reflexiva. Todos pareciam já ter encontrado a cara metade. Soube de alguns colegas que já haviam casado, ou até já tinham filhos. Sua melhor amiga parecia ter se fixado com Mari, até seu colega Thomás estava indo firme com André.

              Um sentimento natalino nostálgico lhe bateu forte enquanto ligava o carro para voltar para casa. Sentiu saudades de estar apaixonada. Repensou um pouco. Sentiu saudades de estar apaixonada e esse sentimento ser recíproco.

 

“A vida é emocionalmente abusiva

E o tempo não pode me parar como você me parou

E meu voo foi horrível, obrigado por perguntar

Estou desgrudada, graças a você”

 

              A letra da música passava em sua cabeça em modo repetição. Bem conhecida, lançada há pouco. Fernanda ligou o bluetooth e a selecionou. Snow on the beach. Lembrou que a música falava sobre o sentimento de estar mutualmente fisgado pelo amor.

             

              “Taylor, por que você tem que jogar na cara de maneira tão cruel assim?” Pensou a advogada, enquanto voltava para casa.

 

             

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              Na tarde da véspera de Natal, Liliane começou a fazer os preparativos. Fernanda ajudou como pôde, mas geralmente sua mãe tinha uma obsessão por fazer praticamente tudo sozinha. No tempo vago que a advogada teve, mexeu no celular sem pretensões, quando lembrou do contato de Alice salvo em sua lista.

 

              ‘Ei, feliz Natal.’ – Fernanda enviou.

 

              ‘Quem é?’

 

              ‘Maria Fernanda, nos encontramos na balada uns dias atrás. Você pegou meu celular para bisbilhotar, lembra?’

 

              ‘Verdade! Hahahaha. Feliz Natal. Como vai?’

 

              ‘Vou bem, um pouco entediada. E você? Já está na Bahia?’

 

              ‘Estou sim, vou passar o Natal sozinha em um quarto de hotel...’

 

              ‘Amanhã tenho que levar meus tios para Goiânia, mas no boxing day estou livre. Posso passar aí.’

 

              ‘Boxing day?’

 

              ‘Sim, o dia seguinte ao Natal. Vai estar livre?’

 

              ‘Tenho só meio período de gravação e o resto do dia estarei livre. Seria um prazer ter você aqui!’

             

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              Enquanto isso, em São Paulo, Mari preparava a ceia de Natal em seu apartamento, enquanto André, Thomas e Lorena davam atenção aos pequenos.

 

              - Thomás, por favor me diga, aqueles processos que Fernanda falou sobre Bayard... ela estava exagerando ou é grave mesmo? – Lorena questionou em tom baixo.

 

              - Não queria falar nada, mas é grave. – Thomás também manteve o mesmo tom de quase sussurro. – Tem processo que o Ministério Público acusou de trabalho análogo à escravidão com alguns imigrantes que chegaram de outros países aqui da América do Sul.

 

              - Meu Deus! – O susto de Lorena não pôde ser contido.

 

              - Algum problema aí? – Mari gritou da cozinha.

 

              - Não, amor, tudo certo! – Mentiu Lorena. – E a Mari foi conivente? Consta isso no processo? – Lorena retornou ao sussurro.

 

              - Ela foi testemunha arrolada pelo time jurídico do pai dela, então pode-se dizer que sim, foi conivente.

 

              - E como não saiu isso na mídia?

 

              - Eles têm muito dinheiro, poder e contatos. Pode parecer que não, mas o pai dela tem grande influência política também, ele doa para diversas campanhas. Abafar alguns processos não seria algo difícil.

 

              .:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

             

              Bastou algumas gemadas alcoólicas após a Ceia para que Lorena tomasse a coragem necessária de encarar os fatos com Mari. A sous-chef aproveitou que André e Thomás levaram os meninos para passar a noite com eles, e quando as duas estavam sozinhas, Lorena a abordou:

 

              - Amor, lembra quando você me falou sobre você ter aberto um restaurante para não ter conexão com seu pai?

 

              - Sim, o que tem?

 

              - Seu pai foi acusado de violar leis trabalhistas?

 

              - Essa história é complicada, Lorena. Mas eu já havia comentado com você por cima, jurava que já tínhamos abordado isso. Por quê?

 

              - Eu acabei pesquisando... Vi algumas acusações horríveis.

 

              - E para que esse interesse repentino no meu pai? – Desconfiou Mariana.

 

              - Não é no seu pai. O interesse é em saber se você apoiou a conduta dele.

             

              - Eu me desfiliei da rede de restaurantes dele, não?

 

              - Mas você testemunhou a favor!

 

              - Eu só testemunhei que não vi nada do que estavam acusando! Porque realmente eu não vi! Ele mantinha tudo escondido, só fui saber no meio do processo! E por que tantas perguntas?

 

              - E ele foi condenado?

 

              - Foi, mas somente pagou algumas multas e indenizações. Não chegou a ser preso. Agora me responda: por que em pleno Natal você está me bombardeando com essas perguntas?

 

              - Porque se formos casar e ter algum futuro, o mínimo que eu preciso saber é se você tem caráter!

 

              - Nossa, achei que a essa altura você já soubesse. Quem anda pondo desconfianças na sua cabeça? Thomás? Fernanda? É a Fernanda, não é?

 

              - Eu não disse isso.

 

              - Óbvio que é ela. Está na cara. Ela é apaixonada por você e não suporta o fato de descobrir que a amiga de infância dela gosta de uma mulher, e essa mulher não é ela.

 

              - Você está viajando, Mariana. Fernanda não gosta de mim.

 

              - Nunca reparou a maneira que ela olha para você? A maneira que ela cuida, zela por você!

 

              - Lógico, ela é a minha melhor amiga!

 

              - Você não entende que ela não lhe enxerga assim!

 

              - Mariana, você está desviando do assunto! A aquisição hostil que você e seu pai estão fazendo é para destruir a rede de hamburguerias?

 

              - Aquisição hostil? Onde você ouviu esse termo?

 

              - Você mesma disse que você comprou algumas ações da hamburgueria, e seu pai tinha comprado também.

 

              - Para fazer um rebranding, oras, foi o que eu lhe disse!

 

              - E por que tem tanta gente sendo demitida?

 

              - A Fernanda andou falando isso para você também?! Sério, ela está fazendo demais a sua cabeça. Acho que a obsessão dela por você não está fazendo bem.

 

              - E é mentira por acaso?

 

              - Meu amor, essas coisas acontecem. Demitimos pessoas, contratamos pessoas, é normal!

 

              - Então vocês não querem sabotar a empresa? É tudo uma invenção?

 

              - Lorena, você não entende como funciona o mercado. São muitos termos econômicos confusos. Fique tranquila, não estamos fazendo nada contra a lei.

 

              - Mas têm pessoas perdendo emprego em massa ou não têm?

 

              - Você sabe como a economia é flutuante, e mesmo as pessoas demitidas estão recebendo todos os direitos delas, estamos pagando a todos com direito ao percentual de multa do FGTS, ninguém está desamparado.

 

              - Acho que realmente a Fernanda acaba abraçando demais as causas e eu me envolvo emocionalmente na história...

 

              - Está tudo bem. Você só queria esclarecer. Só não acho que a amizade de vocês esteja muito saudável.

 

              - Bobagem. Nos conhecemos desde quando éramos crianças.

 

              - Eu ia esperar mais um pouco, mas acho que o momento chegou e nada melhor que a madrugada de Natal para pedir: você quer se mudar comigo?

 

              - Oi?

 

              - Quer morar comigo?

 

              - Você não está pedindo isso só para eu não morar mais com a Fernanda, né?

 

              - Lógico que não. Eu amo você.

 

              - Mas nós começamos a ficar/namorar há poucos meses, você mesma já relatou isso, não acha muito abrupto?

 

              - Lógico que não. Para mim, já foi tempo suficiente.

 

              - Eu até gostei da ideia. E amo você também. Só me dá alguns dias para pensar?

             

              - Tudo bem, meu amor. Leve o tempo que quiser.

 

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              Com o dia do feriado propriamente dito passando como um relâmpago, tendo que levar seus tios e primo para o aeroporto, o dia seguinte a este parecia se arrastar. Para Fernanda, foram quase quatro horas de viagem na estrada – novamente – para encontrar uma garota que havia visto apenas uma vez na vida. Seria uma completa loucura, se também não estivesse curiosa sobre a tal web série que sua mais nova amiga dirigia. Era um misto de história brasileira com seres folclóricos, algo que interessava deveras a advogada.

 

              Enquanto dirigia, recebeu uma ligação de Lorena.

 

              - Oi Fer! Tudo bem?

 

              - Tudo sim, e com você? Curtiu o Natal?

 

              - Curti sim! Fer, preciso falar com você um negócio sério.

 

              - O quê?

 

              - Mari me pediu para morar com ela.

 

              - Sério? E você negou, certo?

 

              - Por que eu negaria?

 

              - Você vai querer mudar tudo na sua vida por alguém que você nem conhece direito? Digo, se Mari fosse alguém que confiássemos...

 

              - Ei, eu confio nela! Você que tem essa birra.

 

              - Não é birra. São fatos e documentos.

 

              - Cada um tem seu ponto de vista.

 

              - Quatro palavras. Trabalho. Análogo. À. Escravidão.

 

              - No depoimento ela disse que não viu nada! Ela disse que o pai fazia tudo escondido, deixava ela e a mãe de fora da parte legal e carteiras de trabalho, não tinha como ela mentir! Ela não sabia!

 

              - Está bem, está bem. Não quero brigar com você. Mas por favor, pensa com carinho sobre isso... se você se mudar, eu vou sentir saudades... dos pequenos. – Fernanda engoliu a seco.

 

              - E de mim? Não vai sentir saudade não?

 

              - Lógico que vou. De você principalmente. Você é minha melhor amiga. – Fernanda divergiu.

 

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                 Chegando quase de noite, Fernanda encontrou Alice no lobby do local onde a roteirista estava hospedada. Foram para o bar do hotel e ali conversaram mais um pouco. Fernanda então resolveu contar toda a história para Alice, desde o início.

 

              - ... e agora, ela quer se mudar com a chefe dela. – Fernanda concluiu, após algumas doses de whiskey.

 

              - Uau. Eu só tenho uma conclusão sobre isso.

 

              - Qual?

             

              - A mesma dos seus tios: você está perdidamente apaixonada por ela. Aquele texto na balada você iria mandar para ela, não?

              - Sim. – Fernanda suspirou.

 

              - Temos um longo plano pela frente então.

 

              - Que plano?

 

              - Você deve conquistá-la!

 

              - Ela já está praticamente casada com a Mari, não faz o menor sentido.

 

              - Você vai desistir assim?

 

              - Ela não sente nada por mim.

 

              - Ela lhe disse isso?

 

              - Não, mas...

 

              - Mas nada! Vou fazer do meu objetivo juntar vocês duas!

 

              - E o que você ganha com isso?

 

              - Sou roteirista, gosto de finais felizes! Mas isso é plano para depois do ano novo. Agora você vai se despedir desses últimos dias do ano com glória. – Alice tirou da bolsa uma pequena caixinha com diversos tipos de fumos, pílulas, pós e ervas.

 

              - Eu não uso esse tipo de coisa... – Fernanda se retraiu.

 

              - Poxa, que pena. Isso costuma dar uma ótima vibe para trans*r.

 

              - Transar? – Fernanda estranhou.

 

              - Sim, trans*r. Nós vamos trans*r mais tarde, não vamos?

 

              - Nós vamos...?! Mas não era você que ia me ajudar a conquistar a Lorena?

 

              - Sim, eu vou, mas primeiro preciso saber como você faz amor. É o básico. Relaxa, eu sou aquilo que chamam de “Espírito Livre”. Para mim, o sex* é uma forma de conhecer melhor as pessoas com quem me conecto. – Alice explicava, enquanto pegava uma pílula de origem desconhecida de sua caixinha e tomava com a bebida.

 

              - Entendi... – Fernanda respondeu um pouco desaconchegada, pensando onde estava com a cabeça quando decidiu ir para lá.

 

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              Ainda parcialmente lúcida e sóbria, Alice guiou Fernanda para uma casa um pouco diferenciada. O local tinha certa elegância, parecia uma casa de tempos coloniais, exceto pela decoração toda avermelhada. As duas pagaram 100 reais por cada entrada e percorreram um corredor imenso, decorado por imagens eróticas de diversos momentos da história.

 

              - Que lugar é esse afinal? Você me disse que me traria para uma casa de strip, isso não parece uma casa de strip.

 

              - Na verdade, muitos anos atrás já foi uma casa de strippers também. Hoje é uma casa... diferenciada. – Alice abriu uma porta ao final do corredor, que dava para um quarto antigo.

 

              - Não era melhor termos ficado no hotel?? – Fernanda perguntou.

 

              - Ai me respeita, Maria Fernanda. – Alice riu. – Essa casa imita quartos históricos de prostitutas e bordéis. Ao longo das eras, as diversas sociedades interpretavam o sex* de maneira diferente. Cada quarto é um representativo disso. Esse por exemplo, é o meu favorito. Ele é a cópia perfeita de um dos quartos do Brodel de Montealbano, em Ferrara, uma cidade italiana planejada no período Renascentista.

 

              O quarto contava com móveis que variavam entre as cores dourado, azul e bronze, com design próprio da época citada. A cama, de tamanho maior que as comuns de casal atuais, tinha uma cabeceira talhada em madeira, mas o diferencial era o quadro de tamanho real, em que uma mulher, completamente nua, com as pernas escancaradas, era ch*pada por outra, em posição de prece, como se estivesse diante de um altar de adoração.

 

              - Fala se você já transou em um quarto assim... – Alice, com as drogas começando a fazer efeito, tirou o lenço que estava em seu pescoço e o utilizou para puxar Fernanda pela cervical.

 

              - Definitivamente não. – Fernanda respondeu, começando a tirar algumas peças de roupa de Alice antes de qualquer beijo.

 

              Então, escutaram algumas batidas na porta.

             

              - Deve ser o mordomo! – Alice, seminua, atendeu. Quem estava na porta era um rapaz com uma gravata borboleta e uma cueca, servindo, em uma bandeja, um strap *n ainda dentro de uma caixa plástica, além de uma garrafa de champagne.

 

              - Não se assuste, ele só veio entregar meus presentinhos. Pedi mais cedo para entregarem aqui. Obrigada, Enzo! – Com um selinho, Alice dispensou o tal mordomo.

 

              - Epa, não quero isso aí não... – Fernanda ficou na defensiva, quando viu o tamanho do dildo, pouco maior que seu antebraço inteiro.

 

              - Calma, isso aqui é para você usar para me foder.

 

              - E por que desde cedo você havia encomendado isso? Como você sabe que eu aceitaria vir parar aqui?

 

              - Fernanda, olha para você. Olha esse seu corpo gostoso. E olha para mim. Você acha que não estava escrito no destino que na noite de hoje iríamos fazer sex*?

 

              - Você é bem convencida. – Fernanda riu.

 

              - Eu ainda estou de lingerie. Não vai tirar o resto da minha roupa não?

 

              A advogada então resolveu ceder à tentação. Em apenas dois atos, despiu por completo a roteirista, e a jogou com força na cama. Começou a beijar seu corpo, começando pela barriga, passando pelo peito, chegando no pescoço e por fim nos lábios, mordendo-os até literalmente se hiperemiarem. Quando Fernanda ousou encostar dois de seus dedos na vulva de Alice, a mesma bloqueou com sua própria mão.

 

              - Não. Guarde suas mãos para o seu verdadeiro amor.

 

              Fernanda fez uma cara de completa estranheza. Talvez tenha sido uma das coisas mais absurdas que já tenha ouvido antes do sex*. Mas Alice estava sob efeito de narcóticos, então não iria contestar. Resolveu tirar a própria roupa,  pegar o strap *n e colocá-lo em volta da  cintura, com um dildo rosa no centro que vibrava ao apertar um botão na base.

 

              - Siga minhas instruções. – Alice ordenou. – Vamos ficar em posição de flor de lótus, assim vai proporcionar tanto prazer para você quanto para mim. Você senta aqui na cama com as pernas esticadas, e assim eu vou por cima, meio que lhe envolvendo. Entendeu?

 

              Um pouco contrariada, Fernanda obedeceu. Quando já estavam em posição, Alice foi penetrada pelo dildo e Fernanda ligou o modo vibratório. A roteirista começou a rebol*r lentamente enquanto, com uma das mãos, segurava o pescoço de Maria Fernanda, que aos poucos começava a sentir melhor a vibração e sua excitação aumentava.

 

              Conforme Alice rebol*va, seu prazer era expresso na forma de gemidos excessivamente altos, que acabavam por excitar Fernanda mais ainda. Perto do orgasmo, Alice selou sua boca na de Fernanda, e as duas se beijavam enquanto o clímax era atingido, em um misto de lábios e gemidos.

 

              Durante a noite, várias posições do Kama Sutra foram experienciadas. Algumas, Fernanda já conhecia de seu relacionamento com mulheres mais experientes. Outras, aprendeu ali na hora. Algumas pausas para beber champagne foram feitas. Nas primeiras horas do dia, o tal mordomo lhes trouxe café da manhã. Uma pausa para descanso e  banho, e logo estavam de volta para as posições de cow girl, pretzel, estante, bailarina...

 

               Por fim, o valor referente a 12 horas havia vencido e elas estavam de volta ao hotel. De lá, Fernanda foi acompanhar as gravações da web série e, ao final do dia, haveria uma pequena reunião do lado de fora do hotel.

 

              - É melhor você deixar a chave do seu quarto, sua carteira e qualquer outro pertence de valor com o gerente. – Avisou Alice.

 

              - Por quê?

 

              - Vamos tomar chá de Iboga. Geralmente deixamos nossas coisas com o gerente do hotel porque pode acontecer de perdermos completa noção de tempo e espaço.

 

              - Iboga? O que é isso?

 

              - Sabe ayahuasca? É parecido.

 

              - Ah, não... eu tenho medo dessas coisas.

 

              - Deixa de ser boba, uma vez na vida. Você vai expandir seus horizontes.

 

              Fernanda só não sabia que Ibogaína, a substância ativa do alucinógeno poderia perdurar seu efeito por mais tempo do que ela imaginava.

 

             

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              A advogada acordou em seu próprio quarto de hotel, com suas roupas intactas, e dezenas de latas de cerveja pelo chão. Ao seu lado, estava Alice mexendo no próprio celular.

             

              - O que aconteceu? – A advogada coçou os olhos. – Que dia é hoje?

 

              - Você apagou por umas 18 horas. Eu deixei você dormindo, fui gravar a websérie, voltei e você ainda estava dormindo.

 

              - Cadê meu celular? E minha carteira?

 

              - A carteira você deixou com o gerente. O celular você pediu de volta, começou a exagerar, e eu tomei de você. – Alice tirou o aparelho de Fernanda do sutiã e o devolveu.

 

              - Exagerar? Como assim?

 

              - Você perdeu completamente o controle. Começou a mandar mensagens sem sentido para Lorena. Ela ligou para você umas dez vezes. Em uma delas, eu atendi e disse que você estava apenas bêbada. Ah, você ligou também para seus pais.

 

              - O quê?!

 

              - Sim.

 

              - E você deixou?!

 

              - Lógico que sim, já era hora deles saberem a verdade. Só não achava que você iria passar tanto do limite.

 

              - E o que eu falei?!

 

              - Contou daquele Thomás, disse que era tudo mentira. E ainda contou para eles que você estava apaixonada pela Lorena. Ah, verdade, em um dos raros textos que você escreveu algo que não fosse nonsense, você se declarou para ela.

 

              - Não brinca. – Fernanda colocou uma das mãos sobre a testa e começou a procurar incessantemente o tal texto enviado para Lorena.

 

              “Lorena, aí vai: Hocus Pocus. No ensino médio, eu gostava de você, mas era aquela coisa né, Hocus Pocus, você gostava de garotos. Então inventei que achava que gostava de Carol. Aí você chegou. Hocus Pocus. E começou a gostar da idiota da Mari. Era para ser eu! Sempre fui eu! Sempre fiz de tudo por você, e o que você faz? Você me abandona? Hocus Pocus. Eu odeio a Mari. Odeio com todas as minhas forças. Hocus Pocus. Eu fiz tudo por você, e agora você vai embora com ela. Vai mesmo. Sejam felizes. Vocês se merecem.”

 

              Ao que Lorena respondeu:

 

              “Espero que tudo isso não passe de uma brincadeira de mau gosto. De qualquer jeito, estou extremamente decepcionada com você.”

 

              Fernanda então não conseguiu encontrar outras mensagens. Aquele parecia ter sido o fim da conversa.

 

              - Oh droga. Droga, droga, droga! E o que raios é esse Hocus Pocus que eu mandei na mensagem? – Fernanda perguntou.

 

              - Você estava fixada que era parente de um mago do século XVI e começou a falar isso toda hora. – Nesse momento, Alice não aguentou e caiu na risada.

 

              - Meu Deus, por que eu fui tomar isso?? Você tem certeza que eu saí do armário para minha mãe?

 

              - Tenho, eu estava do seu lado quando você fez a ligação.

 

              - E como você lembra disso e eu não?

 

              - Depois de um tempo tomando esse chá a gente adquire certa resistência.

 

              - Agora eu tenho que voltar para a casa dos meus pais sem a mínima ideia do que eles estão pensando, se é que vão me aceitar passar o ano novo lá.

 

              - É... provavelmente não.

 

              - Como sabe?

 

              - Sua mãe pediu para que quando você voltasse, arrumasse suas coisas e fosse embora.

 

              - Dentro de poucas horas consegui decepcionar quase todos ao meu redor.

 

              - Não se culpe. No fim das contas você optou pela verdade, então pelo menos está livre agora! Poderia ter sido muito pior se eu não tivesse tomado o celular da sua mão. De novo.

 

              - Livre? Eu provavelmente perdi minha melhor amiga e meus pais não querem saber de mim!

 

              - Você não a perdeu, só diga que foi uma piada, peça desculpas e siga em frente.

 

              - Maldita hora que resolvi visitar você. – Fernanda se levantou e começou a arrumar sua mala.

 

              - Não me culpe! Os alucinógenos não mudam quem você é. Eles só aprimoram desejos enraizados!

 

              - Meu desejo enraizado era me afastar de todo mundo então? Porque parabéns para mim, eu consegui.

 

 

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

 

              Frustrada, Fernanda tentou ligar diversas vezes para Lorena. Sempre caindo na caixa postal. Para sua própria mãe não resolveu ligar, achou melhor acertar pessoalmente. Quando já estava há poucos quilômetros de sua cidade, teve que diminuir a velocidade. Um congestionamento havia se formado. Fernanda estacionou o carro no acostamento. Ao se aproximar, reconheceu um dos carros capotados. Quando viu a ambulância e os socorristas, também reconheceu os envolvidos. Tentou se aproximar, mas a polícia não deixou. Decidiu ligar mais uma, duas, três vezes para Lorena. Na quarta, finalmente atendeu.

             

              - O que foi agora, Fernanda? – Lorena não parecia nada paciente.

 

              - Lorena, é sobre seus pais.

 

              - O que tem eles?

             

              - Acho que você vai ter que vir para Goiás.

 

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              Fernanda foi a primeira a chegar no hospital. Ela avisou seus pais, que por um momento esqueceram o fiasco dos últimos dias para visitarem os compadres. Francisca havia apenas quebrado um braço, enquanto Emanuel estava em estado grave no Centro de Terapia Intensiva.

              Liliane já havia telefonado para os parentes de Lorena avisando a situação, antes mesmo de comparecer ao hospital e, ao chegar, não pensou duas vezes em abraçar a filha.

 

              - Você nunca mais desapareça assim após me ligar toda alterada! – Liliane esbravejou, preocupada. – Eu sei que na hora eu disse coisas que lhe machucaram, mas sei que você não parecia normal quando fez aquela ligação.

 

              - Mãe, eu... – Fernanda suspirou. – Perdão.

 

              - Está perdoada.

 

              Fernanda sentiu que a batalha, no momento, deveria ser pausada. Apenas por enquanto.

 

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              Algumas horas depois, Lorena e Mari chegaram. Devido a um favor que um piloto de monomotor devia à mãe de Mariana, elas deixaram os pequenos com André e  conseguiram chegar rapidamente ao local. A semi-renomada chef nem olhou na cara de Fernanda, uma vez que também leu as mensagens direcionadas a Lorena, mesmo a sous-chef tentando esconder para apaziguar a situação.

 

              - Depois eu gostaria de falar com você.  – Fernanda pediu à melhor amiga, na porta do quarto da mãe de Lorena.

 

              - Ela não tem nada para falar com você. – Mari interveio, de maneira possessiva.

 

              - Uou. Lorena tem porta-voz agora?

 

              - Fernanda, não me tira do sério. – Mariana respondeu.

 

              - Garotas, parem! Fernanda, mais tarde eu também quero conversar com você. Mariana, venha comigo agora. Vamos ver minha mãe e procurar notícias do meu pai.

 

.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:.:..:.:.:.:.:.:.:.:..::.

 

              No fim da tarde daquele mesmo dia, Fernanda e Lorena combinaram de se encontrar em um parque que costumavam passar horas na adolescência.

 

              - Antes de mais nada, teve mais alguma notícia do seu pai?

 

              -  Ele está estável, foi um alívio para a alma ouvir isso dos médicos, que estão bem otimistas.

 

              - Eu sabia que ele iria sair dessa!

 

              - Parece mentira que o pior já passou. Não consigo nem repassar na minha mente o susto que tomei com a sua ligação. Mas obrigada por ter me informado. Aliás, Fernanda, agora precisamos conversar sobre aquele assunto. Voltar um pouquinho mais no tempo. Aquelas mensagens que você me mandou, tem alguma verdade nelas?

 

              - Em primeiro lugar, gostaria de explicar o contexto. Eu fui visitar uma cidade perto da divisa de Goiás com a Bahia, uma menina que conheci em São Paulo estava lá. Enfim, acabei usando algumas substâncias e saí completamente do ar. Para você ter noção, eu nem lembrava do que tinha mandado. Só fui reler depois.

 

              - Então você não me crushava no ensino médio e nem tem ódio da Mariana?

 

              - Bem... eu gostava de você no ensino médio sim, não vou negar.

 

              - É sério? E por que você não me falou, sua tonta? – Lorena deu um tapinha amigável no ombro da amiga.

 

              - Porque na época eu achava que você abominava garotas que gostavam de garotas. E como havia lhe falado antes, nem eu sabia o que eu sentia direito.

 

              - Posso confessar algo?

 

              - Diga.

 

              - Quando vi você e Ingrid trans*ndo, confesso que uns dias depois tive um sonho com a exata mesma cena, mas ao invés de Ingrid, era eu naquela cama.

 

              Fernanda sorriu, envergonhada.

 

              - Não caçoa de mim, okay? – Lorena também se envergonhou. – Por alguns dias eu fiquei pensativa. Sabe quando você olha para a pessoa e pensa “Hmm.. e se...” ?

 

              - Sei como é.

 

              - Mas eu peço para que você dê uma chance para entender o lado da Mariana. Ela é uma boa pessoa, completamente diferente do pai.

 

              - Falando nela... você vai se mudar mesmo?

 

              - Acredito que não. Mariano e Lilian já estão acostumadinhos com a nossa dinâmica. E eu ainda quero fazer faculdade antes de casar.

 

              Outro sorriso involuntário de Fernanda. O sol, que estava para se por, parecia iluminá-la após um longo período nublado.

Fim do capítulo


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Comentários para 24 - Capitulo 24 - O que nós fazemos? O que você diz? Não jogue o seu destino fora:
Mille
Mille

Em: 08/01/2023

Aí ai ai autora

Nanda na maior brisa kkkk contando a mãe e Lorena. 

Mari também já percebeu que a Fernanda é apaixonada pela Lorena e não quer perder a lorinha.

Bjus e até o próximo capítulo 


Resposta do autor:

heheheheh ótima percepção!

às vezes a própria pessoa é sempre a ultima a saber kkkkkk bjosss e até o próximo comentário!

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