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Fronteiras por millah

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Palavras: 4428
Acessos: 430   |  Postado em: 31/12/2022

Capitulo 46 Campos verdes e vermelhos

 

--sejam inteligentes. (rs) eu tenho o dia todo.—debochou Marga e nem sei como ela tinha essa coragem.

Ele atingiu uma coronhada no rosto da Marga e ela caiu ao chão desacordada. O outro soldado veio a mim e quase quebrou meu braço para me por as algemas.

--aii ta doendo!!

--do jeito que eu gosto!

--HEY LEVANTAA!!—ele chutou Marga mas ela não se movia. Até estranhei porque a mulher era dura na queda e agora estava ali desmaiada.

--você não ouviu??—gritou o outro sobre ela.—ele mandou você levantar sua vagabunda!—assim que o segundo homem a puxou do chão para levantar, Marga acordou e mordeu seu pescoço.

O grito do homem desesperado pelos dentes cravados de Marga em seu pescoço era agonizante, enquanto o sangue começava a correr pela sua pele e ate assustou o outro soldado eu mesma olhava tudo aquilo perplexa. Ele moveu sua arma para apontar para Marga e criei coragem para avançar sobre ele e derruba-lo na pista. Ele não ia apontar aquela arma para ela.

A esse momento Marga soltou o homem ao chão e como ele tremia revirando os olhos quando caiu tendo em seu pescoço uma mordida pior dos que os contaminados poderiam fazer. Ela virou a nós já possuindo em sua mão uma pistola que ela roubou do soldado e quando apontou a arma em nossa direção fechei meus olhos ouvindo o tiro e tendo em mente a sua imagem furiosa me arrepiei temendo o pior. Foram segundos e eu o olhei e ela tinha acertado. Seu corpo inerte e a bala na testa me fizeram levantar desengonçada pelas minhas mãos presas.

Marga cuspiu o resto de sangue de sua boca e se aproximou. Sua boca estava manchada de sangue e ver ela procurar a chave das minhas algemas sem se importar com o que fez aquele homem me fez pensar que loucuras Marga poderia cometer para se livrar de algo. Ela puxou meus pulsos e com a chave me livrou das algemas.

--vê se o outro tem as chaves do carro. Vou pegar as armas daquele ali.--ela pediu e segui ao outro corpo ainda receosa.

O sangue corria do pescoço formando uma poça no asfalto, foquei nas chaves do carro.com os contaminados fazendo os mortos reviver me deixei levar pelo medo de ver o homem se levantar e me morder porem peguei as chaves e ele continuou ao chão. Esse ritmo de violência ia me matar se tornasse constante em nossos dias.

--vambora.—chamou ela voltando a mim com seus passos apressados.

--podemos ir ate a estrada?

--podemos mas..tenha em mente que pode ver todos os nossos amigos mortos. Não crie expectativas ok.agora só é eu e você então não fique com essa cara de boba na minha frente quando eu precisar.

Entramos no carro daqueles militares e ainda encontramos uma escopeta e mais algumas balas. Marga ligou o carro e partimos para a estrada onde deveríamos encontrar o resto do comboio e mesmo que ela me pedisse para não criar expectativas tudo que eu mais desejava era encontrar eles a salvo.

--não temos muito combustível..—Marga falou fria e ainda me impressionava esse jeito que ela possuía mas olhando o visor indicativo dava para ter um pingo de esperança.

--podemos parar e abastecer??—perguntei.

--ah claro se não tivesse um grupo de malucos atrás de nós!—respondeu ela mais que sarcástica.

--olha eu só quero saber se sobrou alguém! Não precisa ficar com raiva de mim. Depois disso pode me levar para onde bem entender, eu não ligo! Só não quero seguir em frente tendo gente precisando de nós!

--ta,eu já entendi! Mas saiba que é loucura. Os roedores de ossos não os deixariam vivos.Blaze ficaria orgulhoso de deixar a mais bela chacina para nós.

--podemos acabar com eles, todos eles!!—falei me deixando levar pela raiva.

--(rs) não com você me atrapalhando.

--o que? Eu te salvei la atrás! Já são duas vezes que te salvei fora do morro!

--do que? De um porr* louco que estava se tremendo de medo? Se ele quisesse ajudar o amiguinho não teria andado para longe. Será que sei lá, foi por minha causa?—o tom dela marrento já me entregava o fim dessa historia.

--claro! Você põe medo em todo mundo!—me recostei no banco me conformando com aquele maldito humor dela e puro mal humor.

--Blaze não vai me escapar depois do que fez. Vamos brincar com ele assim como fez com a gente. Ele vai se gabar e enrolar e quando menos esperar o rabo dele vai ser meu.—ela estava sedenta por vingança e isso me preocupava.

Levou um tempinho para chegar a estrada fora da cidade e quando finalmente chegamos tudo que encontramos foi a fumaça ainda alta a feder e tive que deixar o carro para ver que as marcas de pneu na estrada levavam a um barranco ao lado onde não havia só um ônibus mas vários caminhões que queimavam arduamente. Os corpos carbonizados pela grama seca me fizeram chorar. Todo o resto do comboio e tantos corpos. A gente tinha perdido tudo e todos.

Eu tive que segurar toda aquela dor quando voltei para o carro e passei por Marga inerte vendo aquela cena horrorosa. Como ela não chorava??Como ela não sentia??Agarrei minhas pernas e chorei. Era uma mistura de tudo que há de pior no vazio de toda a alma e era como se nada pudesse me tirar mais o ar do que toda a dor. Eu chorei por todos que morreram, por todos. Era nossa culpa. Era minha culpa.

Marga entrou no carro e fingi que não me acabava de chorar. Eu não queria que ela se irritasse comigo e apesar de ser impossível Marga ficou ali calada me encarando. Talvez nem ela sabia o que me falar para me convencer de que tudo ficaria bem porque ela sabia que não ficaria. Ela ligou o carro e partimos. Seguimos quilômetros e mais quilômetros para fora da cidade e eu não me importava de ficar ali em silencio. Passamos pelos postos de ajuda e tudo que fora deixado eram tendas vazias e restos humanos. A bagunça do engarrafamento fez Marga desviar e trilhar seu caminho ao lado da estrada. Todo o cenário que deixávamos para trás se tornou uma densa nuvem de cinzas como nosso lar, como o morro da prata. Tudo que éramos estava sendo enterrado naquela cidade.

--vamos tentar achar um lugar para ficar e..tentar trocar essa sujeira ok...ok Mari?—Marga me tirou dos meus pensamentos e tentei focar no presente.

--ta..

--olha,eu sei que é difícil mas..não pode ficar assim.

--como quer que eu fique Marga?

--você tem que focar no nosso agora, no que precisamos. Se ficar pensando neles vai ficar pior. Sério. Sei que é horrível segurar mas vai chegar uma hora que você vai poder botar tudo pra fora e..vai se libertar.

--me libertar? Você acha que não chorei o suficiente?—me irritei com ela e sua frieza. A única coisa que eu queria além de sobreviver agora era chorar mas para Marga não era o bastante.

--não..você nem começou..mas quando vier..deixe sair. Não tente fingir ser forte mas seja forte..e chorar não te atrapalha nada nisso.

--pra você é fácil.

--por que sou a dona do morro?pff..eu também tenho sentimentos sabia. já matei muita gente chorando de raiva.

 Nossa gasolina nos levou aos últimos pingos a uma fazenda isolada e afastada da estrada da qual ela teve a coragem de invadir deixando a pista e seguindo a estrada de terra paramos bem no pátio daquela grande fazenda.

Já tinha um tempo que eu não via contaminados e me senti aliviada por descer do carro sem essa preocupação. Marga pegou sua pistola e guardou no jeans e pegou a escopeta e a deixou no ponto para qualquer eventualidade, bem segura em suas mãos. O fim do dia estava próximo e os raios alaranjados no horizonte verde amarelado nos alertava. Aquela casa era nossa oportunidade de descansar.

--se tiver alguém temos que ser rápidas.—disse ela já atenta ao nosso redor.

--nem todo mundo quer matar a gente sabia?—perguntei percebendo seu olhar paranoico para tudo ao nosso redor.

--não quero contar com a sorte.

--vamos com calma. Esse lugar ta bem afastado da estrada e..parece tudo normal. Pode ter gente aqui.—falei pois olhando ao redor tudo realmente parecia tão comum como nos dias antes do surto. Podíamos ouvir as galinhas ao longe na granja, os porquinhos roncando ate as vacas perambulavam por ali no pátio.  

--(rs) eu odeio o seu otimismo.

--o que? Mas é verdade.

Subimos a varanda da casa e bati na porta enquanto que Marga revirou os olhos desacreditados, como se fosse um absurdo o que eu fiz e posicionou-se recostada a parede ao lado da porta, e ao assim fazer, a porta subitamente abriu e para nossa surpresa um velho fazendeiro mirou com um rifle bem na minha cara e Marga fez o mesmo a ele, porem acho que sua cabeça pela minha não resolvia muito a nossa situação além do impasse em que estávamos.

--paradinho ai coroa.—disse ela firme com sua arma apontada para o velho.

--se atirar levo a garota junto.—ele nem movera sua atenção a Marga com seus olhos fixos sobre mim.

--eu te avisei Marga.—falei temendo fazer qualquer movimento.

--cala a boca Mari.

--por favor senhor. A gente veio da cidade.—falei tentando amenizar nossa situação.

--percebi. Vocês fedem a aquela merd*.—ele retrucou e não podíamos negar. Estávamos molhadas e encharcadas daquela agua de esgoto.

--literalmente.

--querido, quem são?—uma senhora falou dentro da casa e pude ver o rifle tremer um pouco pelo nervosismo do velho.

--não venha aqui meu amor. As moças já estão de partida.—respondeu ele controlando o tremor sobre a arma.

De repente eu vi seus cabelos brancos e a senhora se revelou. Seu simples semblante me mostrou receio pelo momento quando lançou ao seu marido e sua arma a Marga bem ao lado como um perigo eminente.

--abaixe isso Arthur. São apenas garotas.—dissera ela preocupada com a gente.

--são duas intrusas. E o que esta fazendo aqui?eu lhe falei para ficar lá dentro!—reclamou ele mandão como alguém que eu conhecia.

--por favor, Arthur, o que elas vão pensar de nós? Não somos assim.—retrucou ela a ele e eu estava torcendo para que ela botasse juízo naquela cabecinha branca.

--são tempos difíceis e só estamos de passagem. —falei calmamente mesmo que marga ainda continuasse com a arma apontada para a cabeça dele.

--...precisam mais do que só passar. Vamos Arthur pare com isso.—ordenou a senhora e o velho suspirou rendendo-se ao pedido. Marga me olhou surpreendida abaixando a arma e pude respirar aliviada por serem boas pessoas.

--vão para o celeiro. Lá tem um chuveiro e poderão ficar por lá. Essa noite. —disse o velho e indicou a senhora de jeito simples mas cheio de confiança apontando para o celeiro.

--obrigada. De verdade.né Marga?—a puxei para mais perto de mim e como uma criança birrenta Marga o olhou ainda resistente a benevolência dos velhos mas acenou.

--obrigada. —respondeu ela apenas.

--logo levarei algumas roupas. As da minha filha ficarão perfeitas.—disse a senhora com animação.

--não precisa senhora.—retrucou Marga e eu quase a soquei.

--Marga, não sei se notou mas estamos podres!

--só não quero incomodar ninguém.

--estão fedendo a merd*.—ressaltou o velho nada sutil.

--apenas deixem as armas aqui e ficarão seguras.

Marga olhou pra mim furiosa mas peguei sua arma do jeans e entreguei a velha e ela esperou pela escopeta e Marga a entregou a contragosto. Contudo deixamos a velhinha bem feliz com isso.

Seguimos para o celeiro e quando abrimos a porta vermelha não era de todo mal. Tinha cavalos e vacas e algumas galinhas, cada um no seu cantinho e muito bem abastecidos de comida. Entrando um pouco mais vimos um chuveiro nos fundos. Também havia uma escada de madeira para o andar acima e possivelmente era o espaço que ficaríamos.

--satisfeita Mari? Estamos sem nossas armas e nas mãos desses velhos caducas.

--(rs) não vai nos acontecer nada. Você é paranoica.

--então vou ser a surtada então dessa nossa vidinha agora. Agora quando esses velhos vierem aqui estourar nossas cabeças de madrugada não me acorde.—disse ela dramática como sempre e seguimos caminhando ate o chuveiro onde ela começou antes do que o esperado a tirar a roupa o que me fez virar na hora.

--você realmente é patética. Nem esconde que é boiola.

--isso se chama respeito. Não tem porque eu ficar te olhando tomar banho.

--sabe, se bem que essas fazendas não costumam ter muita agua, na verdade eles devem ter um reservatório por aqui por isso se eu fosse você tomava logo esse banho também.

Ouvi o barulho do chuveiro ligar e realmente minha alegria poderia se acabar em dois tempos.

--eu odeio ter que concordar com você.—falei pronta para tirar a roupa.

--poderia facilmente dizer que esta usando isso como uma boa desculpa.—respondeu ela com um sorrisinho no rosto.

--para que? Tomar banho com você? Se toca.

--vou adorar com você aqui.

De repente a velha senhora surgiu e desisti de tirar minha camisa.

--(rs) sejam rápidas com o banho. Arthur esta contando os litros daquele velho poço. Por isso trouxe um sabonete e as roupas que falei.

--muito obrigada por nos ajudar. De verdade.—a respondi recebendo tudo.

--o dia tem sido difícil não é? Arthur e eu estamos nos prevenindo a dias. Desde que começou essa loucura. Ele ficava dizendo, não podemos deixa-los cruzar as cercas querida. O que será de nós querida?(rs) ter uma conversa diferente pra variar ajuda a cabeça. A minha pelo menos.(rs)—dissera ela animada com a gente. O que só queria dizer que talvez éramos as primeiras a pisar ali desde o surto.

--viu muitos contaminados por aqui?—perguntou Marga.

--apenas viajantes que perderam o rumo pela estrada. Todos Arthur deu um jeito de matar. Pelo estado de vocês as coisas estão bem feias na cidade.—ela parecia curiosa mas Marga voltou-se ao seu banho e coube a mim responder.

--tudo caiu. Morávamos no morro da prata, sorte que Marga ergueu os portões antes de toda confusão.

--e nem isso impediu a desordem não é?

Marga olhou pra mim implorando para que eu não falasse de Blaze e sua trupe de malucos e eu sentia que devíamos avisa-los.

--sempre tem gente fodida por ai né senhora?—Marga respondeu apoiada a porta de madeira que escondia seu corpo na altura do peitoral.

A senhora a olhou e gentilmente sorriu.

--aqui só encontrarão um bom descanso...quando terminarem poderão se juntar a nós no jantar. Devem estar com fome.

Ela nos deixou e me surpreendi com a calmaria que aquela senhora estava levando tudo.

--esses velhos estão se saindo muito bem aqui né? não foi a toa que Alice correu pro mato com a mãe dela.

--não há hordas por aqui ainda. Os poucos que transitam não é ameaça alguma para eles. Estamos afastadas da estrada e..apenas desgarrados surgem por ai.

--considere nossa cidade um ponto morto, logo sairão de lá e tudo que estiver pelo caminho será varrido. Por isso quero ir o mais longe possível.

Era obvio a pressa da Marga. Ela só não queria ver os contaminados com seus rostos conhecidos. Suas guardiãs ou nossos amigos com dentes afiados e vorazes, cheios de fome atrás de nós e devo dizer que também preferia ficar longe desse terror.com Blaze nos seguindo ficar ali naquela fazenda estava fora de questão.

--você vai vir ou não?—perguntou Marga e tentei esquecer a porta vermelha do celeiro e o medo de uma nova visita dos velhos e tirei minha roupa.

Marga virou de costas a mim e continuou ensaboando o corpo me dando espaço para me molhar. A agua não estava tão fria e para quem estava andando no meio da merd* literalmente eu não tinha porque reclamar. vi toda aquela lama correr do meu corpo e escorrer para um ralo no piso e tentei não ligar para a cor o que só me deixava bem enjoada.

--pega, lava minhas costas.—marga me entregou seu sabonete e novamente me vi tendo que esfregar suas costas.

Fiz espuma com minhas mãos e ver ela me esperando imóvel era um pouco inquietante. Toda essa merd* e nem paramos para sentir toda a dor. Eu não queria pensar agora por isso a esfreguei. Cobri suas costas duras e frias e tentei não pensar no que deixamos para trás. tentei não pensar na minha mãe e a ensaboei tanto que ela virou, ergueu meu olhar e nem mesmo assim parecia que eu estava ali.eu não me sentia em mim.

--você ta bem?—perguntou ela gentil mas eu não sentia nada.

--quer mais sabão?—perguntei.

--...não...(rs) você ta horrível.

--(rs) eu sei.me ajuda?

--claro.

Ela me ensaboou e todo aquele cheiro estranho de esgoto foi saindo de mim me libertando daquela lembrança.

--posso te perguntar uma coisa?

--sim.

--por que não dizer a eles sobre a gangue do blaze?

--nos colocarão na estrada antes que termine seu jantar.

--e se ele nos achar antes disso? E se eles morrerem por nós?

--Blaze deve estar tentando pensar como eu a esse momento. Burro do jeito que é..Possivelmente foi ao morro tentar me encontrar em meio as cinzas..

--nós.

--o que?

--ele deve estar nos procurando por lá. Você fala como se eu não existisse.

--..força do habito.

Nos vestimos com as roupas que a velha trouxera e comigo de vestido e marga com o jeans velho e o moletom de capuz cinza. O tênis all star gasto e as botas velhas que Marga calçou me fizeram avaliar quanto tempo àquelas roupas estavam guardadas.

--vamos jantar e nada de perguntas invasivas.

--o que acha que sou?

--uma metida. Agora esquece a filha deles e escuta, se perguntarem sobre nós..

--por que mentir? Não creio que eles se importem se você é a Marga do morro da prata.

 --você adora estragar certos prazeres meus não é?

--eu entendi Marga. Só o essencial. Não queremos parecer loucas varridas.

--só não quero mais problemas.

Seguimos ate a casa dos velhos e o cheiro do jantar pairando pela porta já fazia meu estomago roncar. Marga bateu na porta e a velha senhora e seu sorriso cheio de gentileza apareceu.

 Ela nos olhou dos pés a cabeça e acenou aprovando tudo que via.

--ficaram realmente muito boas..chegaram na hora.

Ela abriu mais a porta e entramos e já demos de cara com Arthur e seu rifle.

--o jantar esta na mesa e acho bom vocês gostarem de frango cozido.

--esta ótimo pra gente.—respondi enquanto Marga o encarava calada.

A mesa de jantar na cozinha estava fantástica e deu pra ver que a senhora estava entusiasmada com nossa companhia.

--largue essa coisa Arthur e venha comer.—mandou ela e admito que me surpreendi quando ele obedeceu.

Sentamos e minha nossa eu estava faminta e a aquela refeição divina. Marga e eu comemos tão rápido que foi inevitável esconder o quanto estávamos com fome.

--(rs)..fico feliz que as roupas ficaram boas em vocês.

--eram da sua filha?—perguntei curiosa e Marga me bateu no braço. Eu tinha me esquecido totalmente.

--o que eu te falei garota?!—reclamou ela e eu queria me estapear também.

--não se preocupe,ela..morreu alguns anos.de um acidente. Fui incapaz de jogar suas coisas fora..agora vejo que tiveram uma funcionalidade além de estarem empoeirando no quarto dela.—a senhora ainda sentia a dor da perda mas não deixava de exibir seu sorriso.

--meus pêsames.—falei e seu olhar brilhou.

--obrigada.

--me digam uma coisa, foram as ultimas da cidade?—perguntou Arthur para paranoia de Marga.--No começo vimos muita gente cruzar a estrada deixando a cidade e com as semanas passando pensei que não tivesse mais gente.

Olhei para Marga e pensei bem nas minhas palavras daqui pra frente.

--houve uma grande horda de contaminados a solta pela cidade. Destruíram tudo..tivemos que fugir.

--vi que o morro da prata queimou. Parecia uma grande fogueira de São João. —disse Arthur com seus olhos sobre Marga e a vi olhar para aquele velho tão imersa naquela nossa farsa de que nada mais importava que ate parecia que o morro da prata realmente nunca existiu para ela.

Seu olhar o encarava porem não havia emoção alguma e ate um singelo sorrisinho estranho surgiu. Como ela conseguia bloquear tanto o que sentia?

--nos primeiros dias foram bem angustiantes por aqui também. Os jornais diziam uma coisa e víamos as estradas lotadas de gente estranha gritando por ajuda. Arthur cercou tudo e..tivemos algumas visitas inesperadas. Todo mundo que a gente conhecia sumiu e depois de alguns dias o mundo parecia tão calmo e silencioso que..preferimos viver aqui, esquecendo da estrada e de tudo ai fora.as vezes penso que..se minha filha estivesse viva neste mundo eu morreria duas vezes..não conseguiria viver sabendo que essas monstruosidades poderiam..—o choro veio depressa e contido no mesmo instante. Arthur virou a mulher e foi gentil ao segurar sua mão.

--não pense nisso querida. Ninguém cruzará nossas fronteiras.—disse ele passando sua segurança. Era o que ela precisava.

Ver Arthur pegar a mão da senhora e por mais que este novo mundo pudesse ser repugnante ver aquele casal me fazia reacender aquela chama de quem nem sempre encontraríamos a maldade. Ainda tinha muita gente por ai vivos por um milagre mas justos de coração.

--sabe..é interessante ver como estamos falando do nosso segredo mais intimo e nem seus nomes sabemos..—disse Arthur e como o olhar dele nos julgava.

Marga permaneceu calada e com isso a primeira coisa que reparei foi o rifle apoiado a parede bem atrás do Arthur. O velho seria capaz de pegar a arma caso Marga optasse pelo seu plano?

Terminei de tomar meu copo de agua e me prontifiquei a falar nem que ela não gostasse.

--meu nome é Mari e esta é Marga.—revelei mas o único que arregalou os olhos foi Arthur.

--eu bem que achei conhecida essa sua fuça.—disse ele apontando-lhe o dedo.

--por favor Arthur. Ela não é nenhuma ameaça pra gente.—a senhora o repreendeu mas seu olhar estava fixo ao de Marga como dois cachorros pronto para dar boas mordidas.

--o que faria comigo Arthur? Eu fiquei curiosa.—disse Marga bem insinuativa.

--para de provocar. Acho que ninguém aqui vai querer fazer algo que não quer.—falei a ela mas nem o olhar ela me deu. Estava concentrada demais encarando Arthur para ligar para minhas palavras.

--amanha mesmo quero as duas indo embora daqui!Não quero me preocupar com a dona do morro da prata aprontando no meu quintal.

Ele ergueu da cadeira e saiu da cozinha furioso levando consigo o rifle.

--queiram me desculpar..mas estamos aqui lidando com muitos problemas. Arthur ver em tudo a morte eminente e reações como esta se tornou o cartão de visitas desta fazenda depois que tudo isso começou. Só espero estar certa sobre vocês..

Voltamos para o celeiro sozinhas e Marga ainda mantinha a cara fechada.

--eu poderia quebrar aquele velho em dois. Dois!!Que palhaçada da porr*!!—disse ela enquanto fechei a porta já que sua voz ecoava pelo local.

--ele ficou medo Marga, foi só isso.

--não, ele atiraria na nossa cara se não fosse a velha.

--e ainda bem por isso.

--amanha cedo a gente vai dar o fora daqui. Vamos para longe da cidade, longe do morro e de blaze.

--posso te perguntar uma coisa?

--o que é?

--podemos emboscar Blaze?

--não.

--eu to falando sério Marga.

--quer dar uma de porr* louca eu posso ceder ao seu pedido. Era o que sua mãe mais queria né?!Foi isso que ela me pediu!

--minha mãe morreu porque esse merd* quis te ferrar!não podemos simplesmente ir e deixar ele por aqui.

--presta atenção porque eu só vou falar uma vez. Essa porr* de promessa tem que durar mais que a minha paciência. Eu não quero que se machuque,eu, Marga entendeu?se fosse diferente eu iria porque eu não dou a mínima pra mim..mas com você é diferente. Eu quero fazer certo.

Subimos para o andar mais alto do celeiro e lá encontramos um colchão e alguns cobertores.

--não quero nem saber o que eles já fizeram com isso aqui.

--deixa de ser maldosa. Depois do que estão fazendo pela gente..aceito qualquer coisa.

Marga arrumou o colchão e os cobertores e mesmo com o celeiro fechado, olhei para aquela escada de madeira e fiquei apreensiva.

--o que foi?—perguntou marga curiosa com meu olhar.

--nada.

--conhecendo você quer que eu puxe a escada aqui pra cima.

--...poderia?

--(rs) como pode ser filha da Helena tão medrosa assim??Me ajuda nessa.

Puxamos a escada e Marga olhou para baixo e digo que ate a palha la no piso era uma boa queda.

--pelo menos assim sabemos que ninguém vai nos pegar aqui encima.

Era hora de dormir e me deitei ao lado da Marga e seu silencio fez minha mente viajar.ela já havia fechado os olhos e só cabia a mim me conformar.

Pensar que desse dia tudo foi tirado de nós e nosso mundo se tornou uma bagunça me fazia querer tudo de volta. Tudo nos mínimos detalhes. Aquele silencio estava me matando por dentro por lembrar da minha mãe e de como nunca mais a veria sorrir ou me abraçar.de como nunca mais veria Lina e poderia rir com ela e muito menos com as meninas do morro.de como deixei todos os amigos que fiz morrerem na porr* de um plano suicida e de como eu queria estar no lugar deles do que ali sofrendo calada engolindo o choro embaixo das cobertas para não acordar Marga. Eu sabia que ela estava odiando ter que ficar comigo e logo comigo. Por causa daquela promessa ela fugiria deixando pra trás blaze. Tudo porque eu era covarde demais pra ajudá-la. Eu não servia pra nada. Nada!

--Mari.

--que?

--essa é a hora perfeita para por pra fora tudo que você ta segurando.—disse ela e não levou segundos pra mim desabar de vez.

Chorei alto mas para minha surpresa ela virou-se a mim e me abraçou.me abraçou forte como se fosse a única coisa que ela possuía e pior que era verdade. Seu calor me confortava e eu me senti segura pela primeira vez naquele dia.

--eu to falando sério Mari..eu sempre falei quando se trata de você..eu vou te proteger.—limpei meus olhos e tive que olhar para ela pra perceber que naquele tom frio de sua voz ela também tinha os olhos tão vermelhos quanto os meu.Marga também chorava.

--Marga..você ta me..abraçando.

--acho que..já temos intimidade pra isso. Foram dois banhos né?

De repente uma luz cruzou o teto do celeiro e muito parecia de um carro. A porta do veiculo a bater nos fizera pular daquele colchão já nos vestindo de novo.

--o que acha que é?

--problema.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 46 - Capitulo 46 Campos verdes e vermelhos:
Lea
Lea

Em: 01/01/2023

Minha nossa,como sobreviver em um caos desses?

Será o vão matar o casal de idosos?

Nossa,que aflição!

*

FELIZ ANO NOVO,MILLAH! 

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