Capitulo 11 - Mambo número cinco
Para suprir seu coração partido nesse tempo indeterminado, Fernanda resolveu entrar em uma espiral de casualidade e hormônios aflorados: ficar só por ficar, sentir o calor de outro corpo feminino por puro prazer, sem qualquer atração emocional envolvida. É como se tivesse desligado um interruptor para sentimentos amorosos, deixando apenas ligado suas terminações nervosas ligadas à excitação, ao prazer, à luxúria e à lascívia.
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Um pouquinho de Mônica em minha vida...
Mônica foi a primeira garota que Fernanda encontrou no tal site de encontros. Estudava medicina veterinária e dirigia o pet shop de seu pai. Nesse pet shop, na parte dos fundos, havia um pequeno quarto para estocar sacos de ração, onde Fernanda e Mônica trans*ram nos dois encontros que tiveram em menos de uma semana. Foi breve, porém os dedos mágicos de Mônica não seriam tão facilmente esquecidos.
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Um pouquinho de Erica ao meu lado...
Érica, a jornalista e colunista de um jornal conhecido da capital, chegou a sair com Fernanda por um pouco mais de tempo. Foram três finais de semana badalando juntas, até porque Érica morava perto de uma danceteria conhecida.
Foi com Érica que Fernanda aprendeu a rebol*r de verdade ao som de qualquer música com a batida adequada. Um passinho ou outro de música eletrônica também foi absorvido. Com ‘o grave batendo’, e uma comanda VIP de balada recebendo gastos de bebidas sem fim, Érica levava Fernanda ao banheiro da boate, e de lá se ouvia uns gemidos, ora da jornalista, ora da advogada. De lá, iam para o apartamento de Érica, onde mais gemidos eram escutados no chuveiro e na cama até o amanhecer.
Com Érica, Fernanda aprendeu a deixar os problemas de lado por algumas horas ininterruptas de prazer, o que fez a advogada se soltar pouco a pouco, mas, ao mesmo tempo, certa preocupação surgia na mente da advogada ao se sentir à vontade demais.
Dentro dessa dualidade entre se soltar e se preocupar, calhou de Érica tocar no assunto delicado. “Relacionamento”. Por mais que fossem apenas três semanas, no universo lésbico já era tempo suficiente para se discutir o tema. Infelizmente, mesmo que Fernanda estivesse curtindo, sentiu que aquele era o momento em que ela e a jornalista seguiriam caminhos diferentes.
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Um pouquinho de Rita é tudo o que eu preciso...
Rita era uma mulher descolada. Trinta e poucos anos, dona de uma cervejaria na zona leste. Foi com ela que Fernanda aprendeu uns truques que nem ao menos sonhava em conhecer. Rita era o sex* que ela queria e nem ao menos sabia que precisava. Durante duas semanas inteiras, Fernanda foi todas as noites na cervejaria de sua ficante, e, após incontáveis copos de chopp, subiam para o apartamento da cervejeira, onde talvez Fernanda tenha tido os melhores orgasmos dessa era pegadora. E a experiência de Rita também foi bem aproveitada por Fernanda, que aprendeu a usar algemas e vibradores com destreza relativa.
Entretanto uso de alguns brinquedos eróticos com base em pimenta não acabaram muito bem, pois foram parar no olho de Fernanda, que teve de ir ao hospital.
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Um pouquinho de Tina é o que vejo...
Cristina era a oftalmologista de plantão, que cuidou do olho direito de Fernanda. Como a advogada não perdia tempo, pediu o número da médica e saíram apenas uma vez, em uma lanchonete próxima ao hospital. Pediram dois hamburgueres e refrigerante, e depois de certa conversa, e o encontro acabou em trans* no banheiro da lanchonete. O coito teve de ser interrompido, entretanto, pois a dita cuja estava de plantão e foi chamada para uma emergência.
Dali, Fernanda achou melhor não incomodar a oftalmologista, dado que as agendas provavelmente se chocariam constantemente. Não queria olhar para um futuro distante, e no presente tal relação era incompatível para seus propósitos.
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Um pouco de Sandra no sol...
Sandra treinava vôlei na quadra aberta do clube atlético cujo dono foi cliente da firma de Fernanda, o que a fez ir lá para colher algumas informações sobre o caso, e foi daí que aproveitou para ficar na arquibancada. O corpo bem trabalhado da jogadora com viseira e óculos de sol faziam Fernanda babar ao invés de prestar atenção na partida.
A atleta, que não era ingênua, já havia percebido os olhares da expectadora. Tais olhares logo se tornaram um almoço na sede do clube, que depois se tornaram algumas noites de sex* voraz no quarto do hotel do clube. A troca de prazeres durou um intenso final de semana, tempo em que durou o restante da estadia da atleta em São Paulo.
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Um pouco de Mary a noite toda...
Mary, sua xará gringa, era uma jovem estudante de direito nos Estados Unidos, que veio com a família para São Paulo porque o pai tinha alguns negócios na cidade. Também foi no site de namoro que Maria Fernanda a conheceu. Como Mary tinha seu próprio quarto no hotel, lá ficaram uma noite de sábado inteira, regada a champagne e sex* na banheira de hidromassagem. Pela manhã, alguns orgasmos de despedida para que Mary saísse com uma ótima impressão do Brasil.
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Um pouco de Jéssica, aqui estou
Jéssica talvez tenha sido o mais próximo que Fernanda chegou em sentir algo por alguém no tal tempo que Ingrid havia imposto. A garota com quem Fernanda ficou por um mês inteiro, era uma pedagoga e professora de ensino infantil que conheceu em uma situação improvável: Jéssica estava sozinha na cervejaria de Rita. E Fernanda, que no final das contas, havia se tornado amiga da dona do bar e acabou frequentando o lugar mais vezes, viu a garota sentada triste e sozinha, e então se aproximou.
- O que lhe traz aqui, perto da hora de fechar a cervejaria? – questionou Fernanda, sinalizando a um dos bartenders para trazer mais dois copos de chopp.
- Tomei bolo, era para ser nosso primeiro encontro em um restaurante aqui perto. Jantei sozinha, e vim para cá.
- Se ele não apareceu, é porque provavelmente não lhe merece.
- Ela. Ela não apareceu.
- É uma pena. Digo... é uma pena para ela.
Com seu sorriso sedutor, Fernanda sabia como conquistar. Em menos de duas horas, estavam em um quarto de motel. Jéssica estava bêbada e parecia ser bem desastrada e cheia de cócegas. Quando Fernanda começou a beijar sua coxa, Jéssica caiu na gargalhada. O primeiro encontro ao acaso foi um desastre, então pegaram no sono pelo resto da noite.
Os encontros seguintes foram um pouco melhores. O jeito doce de Jéssica fez Fernanda se abrir, contar toda história que envolvia Lorena, Ingrid e o armário. O modo compreensivo com que a pedagoga escutava fez com que Fernanda despontasse aquilo que parecia ser o broto de um sentimento.
Apenas um broto, que acabou não florescendo, até mesmo da parte de Jéssica. Pelo menos foi o que ela alegou na última conversa que tiveram, em um banco de parque no fim da tarde:
- Fernanda, eu sabia que você não estava 100% nessa desde o início, por isso tentei me conter ao máximo e não me envolver. Não precisa se justificar, eu compreendo.
- Sei que não preciso me justificar, mas você foi uma das pessoas mais importantes, senão a mais importante que apareceu na minha vida nos últimos tempos. Mesmo sem conhecer minha situação de perto, você me deu conselhos e ensinou a ser paciente e me preparar para um dia poder me abrir de verdade. E por isso serei eternamente grata.
- Há pessoas que não são seu destino final, mas auxiliam na viagem. Talvez esse tenha sido nosso objetivo mútuo nesse último mês. Só uma pena ter durado tão pouco.
- Eu sei... – Fernanda abaixou o olhar. – Temo que se tivesse durado mais, poderíamos nos apaixonar e eu tenho tantos problemas mal resolvidos que só complicaria mais a situação.
- Já disse para não se justificar... – Jéssica se inclinou e deu um breve beijo de despedida nos lábios de Fernanda. – Foi um mês incrível.
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Eu gosto de Ângela e Pâmela...
Para tentar esquecer o quase-romance que teve com Jéssica, Fernanda resolveu se envolver com duas ao mesmo tempo. Ângela era a típica Barbie lésbica que poderia estrear qualquer versão alternativa de Garotas Malvadas. Pâmela, por outro lado, com seu cabelo todo espetado e maquiagem pesada, era guitarrista de uma banda punk underground. Para ambas, a advogada deixou claro que era exclusivamente algo sexual e sem compromisso.
Fernanda conheceu Ângela em uma livraria, onde a advogada estava procurando uma autobiografia de um famoso advogado inglês, e após alguns minutos de conversa, trocaram telefones e começaram a sair. Determinado final de semana Ângela não pôde se encontrar com Fernanda, que aproveitou a deixa para ir a um show de rock cuja banda que iria abrir era de Pâmela e, após o show, Fernanda acabou topando com a guitarrista. Os olhares bêbados se cruzaram e, antes, após Pâmela indicar com a cabeça para que fossem ao camarim, sem ao menos trocarem uma palavra, começaram a se pegar.
Com o passar das semanas, Fernanda até conseguiu conciliar bem os horários e rolês, além da sobrecarga de trabalho na firma. Mas sua exaustão física era visível, percebida principalmente por Thomás.
- Hey, vamos embora. Já ficamos trabalhando por uma hora a mais do horário normal.
- Eu sei, mas por favor, deixa eu só descansar por mais dez minutos... - Respondeu Fernanda, com o rosto sobre o teclado do computador.
- Se prefere essa mesa do que relaxar na cama do seu próprio lar, aí o problema é seu. Ah, e esse domingo não esqueça de desmarcar com seja lá qual moça você iria sair, temos aquele almoço na casa do meu pai.
- Na verdade já desmarquei. Ou melhor, remarquei. Só espero que esse almoço com seu pai não seja tão desastroso quanto foi a primeira vez.
- Não se culpe, meu pai bebeu cervejas demais naquele dia e o pobre coitado sempre quis me ver em um relacionamento, por isso ficou fazendo tantas perguntas. Mas isso é positivo, significa que ele está acreditando no nosso pequeno esquema.
- E falando em relacionamento, quando é que você vai chamar para sair aquele corretor financeiro do primeiro andar?
- Que corretor do primeiro andar?
- Aquele rapaz moreno, alto, do olho castanho e do sorriso simpático que começou a trabalhar na financeira do primeiro andar há algum tempo... pensa que não reparei nos últimos dias você olhando para ele? Desde que você me falou que é gay tenho procurado lhe observar mais para ver qual é o seu tipo favorito.
- Ah sim... aquele corretor financeiro. – Thomás pigarreou, tímido. – Ele nunca vai me querer... já olhou para ele?
- Já olhei para ele reparando em você no elevador!
- Vamos parar de falar de mim e voltar o foco para você. Vai, pensa rápido, Pâmela ou Ângela? Uma hora vai ter que escolher.
- Como vou escolher se ainda estou presa nesse tal tempo que a Ingrid pediu há quase 4 meses?
- E vocês conversam normalmente ainda?
- Nos falamos às vezes. No geral, ela me dá uma esperança vaga, mas é no que tenho que me agarrar... – Fernanda então olhou seu celular. – E enquanto a situação dela não se resolve, tenho que passar na Ângela para devolver um livro dela e depois ir dormir na Pâmela. Se a Lorena mandar mensagem para você perguntando sobre mim, não deixe de me avisar.
- Você pode reclamar à vontade, mas foi genial dizer a ela que voltamos.
- Tão genial que foi essa rede de mentiras que me fez afastar de Ingrid em primeiro lugar.
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Mas eu não quero me embebedar de cerveja como na semana passada ... Eu tenho que ficar sóbria, porque conversa é barata
Dever cumprido, e após o almoço na casa do sogro de mentirinha, Fernanda foi direto ao apartamento de Pâmela para passar o resto da tarde trocando beijos, amassos, carícias e orgasmos em meio a fumaça de cigarro e cachaça barata. Enquanto Pâmela cochilava, Fernanda mandou mensagem para Ângela combinando de se encontrarem à noite, mas pouco antes de enviar, foi interrompida por uma ligação de Ingrid.
- Fernanda, Podemos conversar?
Fim do capítulo
Alguns títulos se referem a pedaços (ou nomes) de algumas músicas que ouvi enquanto escrevia o capítulo.
A música referente a esse capítulo é esta: Lou Bega - Mambo No. 5 (A Little Bit of...) - YouTube
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