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Diga meu nome por Leticia Petra e Tany

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Palavras: 4672
Acessos: 2958   |  Postado em: 23/12/2022

Capitulo 22 - Decisões - parte 1.

— Ela tá morando com a Rafa e a Yasmin? – Ergui as sobrancelhas.

Yas e Nicole juntas? Isso me... incomoda.

— Faz poucos dias. – Toquei na borda da xícara.

Desde quando elas eram tão próximas?

— Já me perdoou por não ter contado antes? – Olhei para Antonella.

— Ainda acho que foi uma traição, eu merecia saber. – Aspirei o ar com calma, baguncei os meus fios.

— Achamos que era melhor você ficar longe de qualquer problema, você já tinha o suficiente.

Ouvimos duas batidas na porta.

— Senhorita Lara? A diretora pediu que fosse a sua sala. – Fiquei de pé.

— Antes de ir, passo aqui. – Antonella apenas acenou em positivo.

      Deixei a sala devagar por causa da muleta, cheguei ao elevador sem dificuldades. Falei com algumas pessoas ao longo do caminho. Ao chegar à porta da diretoria, ouvi algo se quebrando, parecia ser vidro, então imediatamente abri e dei de cara com uma cena que me assustou.

Rapidamente e esquecendo da minha perna, empurrei Patrick, que me olhou espantado.

— Não é nada disso que você...

— Poupa o folego. – Fiquei em frente à Nicole, que torcia muito, apoiada em sua mesa. — Ouvir sua voz me enoja, seu maldito.

Patrick, pela primeira vez desde que tudo isso começou, pareceu ficar temeroso.

— Saia daqui! – Ele ajeitou o jaleco.

O seu olhar caiu sobre a mulher atrás de mim.

— Filha, conta pra ela...

— Eu já sei de tudo, Patrick, tudo o que você faz com a sua filha. Aliás, todos já sabem. – Ele arregalou os olhos. — Saia agora mesmo!

— Você ainda não viu nada, Lara. E você, Nicole, eu vou achar o seu esconderijo. – Ele arrumou os fios grisalhos. — Pode ter certeza disso.

Ele então deixou a sala, fui até a porta e a tranquei.

— Quer água? – Nicole massageava o pescoço, os olhos estavam rasos.

      Me aproximei e no mesmo momento, ela me abraçou, me abraçou forte, escondeu sua face em meu pescoço. Fiquei momentaneamente paralisada, porém depois a abracei de volta, tentando acalma-la. No fim das contas, Nicole é apenas uma menina que não teve o cuidado e carinho que deveria.

Não consegui ficar imune a isso.

— Eu sinto muito, Lara, sinto muito mesmo por tudo. Eu juro, juro que não queria fazer nada daquilo. – Aspirei o ar com calma, sentia o meu coração ficar minúsculo. — Eu quero tanto que me perdoe... eu-eu juro, Lara, juro...

— Se acalma... – A fiz sentar no sofá.

Peguei um pouco de água do filtro que ali ficava e lhe entreguei.

— Obrigada... – Sentei ao seu lado.

— Desde quando isso acontece? – Nicole olhava para o copo pela metade.

— Desde a adolescência, não queria administração e nem medicina, as coisas começaram por aí. Com a minha mãe, já acontecia bem antes. – Pressionei a minha nuca. — Tentei agradá-lo de todas as formas, eu sou uma tola.

— Acho que entendo um pouco. – Lembrei da minha mãe, de como tentei me encaixar em seus padrões. — Como foi parar na casa da Rafaela?

— Falei pro meu pai que não queria continuar com os planos, que queria apenas dirigir o hospital, ele já havia bebido um pouco e fez o que você viu hoje. – Franzi o cenho. — Eu não tenho amigos, a minha vida foi dedicada a isso aqui, sem espaços pra nada além. Foi a primeira pessoa que me veio à cabeça...

— Não faça isso somente pelo hospital, faz principalmente por você, Nicole. – Ela me encarou. — Se liberta de todas as amarras que te prendam aquele monstro. Vai viver, viver de verdade. O faça pagar por tanta crueldade.

Os seus olhos chorosos percorreram o meu rosto.

— Eu admiro muito a coragem que você teve, naquele dia na festa, eu fiquei com inveja de você e a Yasmin. Acho que a essa altura, você já sabe sobre...

— A sua sexualidade, sim, eu sei. – Nicole desviou o olhar. — Sei como é viver com medo de ser você mesma.

Ela estava encolhida, extremamente frágil.

— Vamos te ajudar a se livrar desse monstro. – Ela me encarou outra vez.

— Lara, todas as coisas que falei, foi tudo da boca pra fora. Eu tento acreditar que estou apenas tentando sobreviver, mas acredite, eu me odeio por tudo o que se passou... vou a casa do seu pai hoje, vou fazer o que a minha consciência pede. Por favor, esteja lá.

Acenei em concordância.

Ficamos nos encarando por alguns segundos, mudas.

      Antes de ir para casa, passei na sala de Antonella, voltaria ao hospital somente dali a uma semana, o médico foi categórico sobre isso. Havia tanta coisa para lidar naquele momento, tanto o que pensar.

Eu só queria uma pausa de tudo aquilo.

      Por puro impulso, pedi para o motorista me levar a um endereço. O meu carro estava na oficina, ficou em um estado lastimável. As investigações continuavam, o meu advogado estava pressionando a polícia por resultados que levassem a Camille a ser considerada a culpada pelo ocorrido.

— Espera só um pouco, moço. – Pedi.

      Olhei para o relógio, avistei o carro que conhecia perfeitamente, então a vi saindo da clínica. Os fios vermelhos estavam presos em um coque, o corpo bonito coberto por um conjunto de terno feminino. Ela exalava beleza, segurança, parecia uma aristocrata, sua postura impecável, a elegância.

Passei a mão sobre a cabeça, o meu coração batia acelerado.

— Pode ir, moço, obrigada...

Me obriguei a desviar o olhar, eu estava com tanta saudade, tanta...

 

      Cheguei em casa e Ana almoçava sozinha, a minha mãe havia finalmente ido embora, era melhor assim, nos dava tempo para pensar sobre todas as coisas que ela havia contado.

— Tem comida no forno, acabei de fazer. – Sentei ao seu lado.

— Tudo bem? – Ela mexia a comida.

— A conversa com a mamãe, eu não consigo parar de pensar nela. – Sua expressão estava carrancuda. — Mais uma vez, eu estou me martirizando por algo que ela disse.

— É tanta coisa pra assimilar. – Ana me olhou. — Eu sei.

— Ela conseguiu entrar na nossa cabeça outra vez. Uma parte de mim está duelando com a outra, a minha cabeça tá um inferno. Droga, por que ela não pode fazer diferente? Caramba, eu odeio a minha própria mãe, mas ao mesmo tempo, uma voz fica tentando justificar os erros dela.

—  Não quero defendê-la, mas nem todo mundo sabe lidar com a própria sexualidade, entretanto, não justifica o quanto ela nos magoou, sei disso. O que podemos fazer agora é esperar.

Ana acenou em concordância.

— E não se sinta mal por não cair aos pés dela só porque ela decidiu ser sincera, você tem todo direito de ficar com raiva, entendeu? Todo o direito.

— Sim, eu entendi... e eu agradeço por compreender, Lara.

— Não teria como ser diferente. Agora coma, você precisa se alimentar direito.

Peguei o garfo de sua mão e levei uma porção de comida a boca de Ana.

“Cuidarei de você, minha menina...”

 

      A noite chegou, me vesti e decidi ir à casa do meu pai, ouvir o que Nicole tinha a dizer. Ana estaria presente, ela precisava participar, dizia respeito a todos nós. Quando cheguei em frente a mansão, notei que o carro de Alonso estava ali, certamente Hugo e dona Amanda também.

Um Audi preto também, era o carro de Nicole.

— Acho que tá na hora de você tirar a carteira. – Paguei o motorista, deixamos o veículo.

— Não sei se os órgãos competentes cometeriam tal crime. – Ana franziu o cenho.

— Você é tão ruim assim?

— Sou péssima, prefiro continuar usando carros de aplicativos.

      Entramos em casa, eu ainda estava rindo do que a minha irmã falou, quando cheguei a sala e os meus olhos foram de encontro a pessoa que não saia da minha cabeça. Por um momento, esqueci de onde estávamos, o meu coração se agitou. Yasmin ficou de pé, sem se importar com os presentes, caminhou até a mim, os nossos corpos se encaixaram em um abraço repleto de saudades.

Meu coração disparou, fechei os olhos, aspirei seu cheiro e guardei na memória.

— Que saudade, chatinha. – Ela sussurrou em meu ouvido. — Estava louca pra ver você.

— É tão bom ver você. – A minha voz saiu tremula. — Tão bom, Yas.

A apertei mais, queria me fundir a ela. Que sensação de estar em casa...

— Não ganho um abraço também? – Nos separamos, eu sorria igual boba.

Yas retribuía, o seu olhar deixou o meu para encarar a minha irmã.

— Vem cá, ciumenta. – As duas se abraçaram.

      Eu não conseguia desgrudar os meus olhos dela. Não importava quem estivesse ali, naquele momento, parecia que havia apenas nós. Eu estava sentindo o que somente os livros de romances descreviam com exatidão.

— Sentem, por favor. – Ela segurou a minha mão com carinho, me ajudando a chegar ao sofá.

— Obrigada. – Apertei sua mão, não queria soltá-la.

Já não sentia tanta dor, mas não interromperia, a sensação de tocá-la era maravilhosa.

— Boa noite. – Falei, olhando os presentes.

— Boa noite. – A resposta veio em coro.

Os meus pais me olhavam, assim como dona Amanda, mas ela sorria.

— Já estamos todos aqui, então você deveria começar, Nicole. – Hugo falou.

Estava sentada ao seu lado, ele me abraçou de lado brevemente e sorriu.

— Sim, eu vou fazer isso... – Nicole olhou para Yasmin. — Eu não tenho nada contundente contra o meu pai sobre o hospital, ele nunca me deixou ter acesso, apenas fazia o trabalho sujo.

O seu olhar se tornou vazio.

— As únicas coisas que tenho contra ele são vídeos das... agressões que sofri. – Os mais velhos se olharam. — Vou deixar nas mãos de vocês, Alonso e Joaquim. Eu não tenho forças pra denunciá-lo agora, não conseguiria. Ele tem muita influência... o hospital ficaria no meio de um escândalo.

Ela estava tão imersa, não nos encarava.

— Ele quer ficar com o hospital, era algo que ele repetia todas as vezes que me forçava a fazer algo, dizia que eu devia isso a ele. O meu pai quer tirar todos vocês do hospital, então nem os conselheiros são confiáveis, ele havia conseguido comprar alguns no dia da reunião pra escolher a nova direção...

— Por que ele quer nos destruir dessa forma? – Alonso perguntou.

— O meu pai dizia que vocês dois nunca o tiveram como amigo, sempre o deixaram de escanteio e só o aceitaram na sociedade porque ele tinha recursos pra erguer o hospital. Ele quer poder absoluto...

— Nunca foi dessa forma! – O meu pai ficou de pé. — O Patrick sempre foi o nosso amigo, estava presente em tudo.

— Lembro que na época da faculdade, algumas pessoas costumavam nos perguntar o porquê de sermos amigos do seu pai. Segundo eles, o Patrick não era uma boa pessoa, mas nunca acreditamos, sabe? Acreditávamos no que os nossos olhos viam.

— O meu pai, é doloroso dizer isso, mas ele nunca foi uma boa pessoa. É um narcisista, machista, homofóbico, o jeito que ele sempre falou de vocês... – Nicole passou as mãos pela cabeça. — Eu irei tentar achar algo a mais, algo que seja incontestável e que o tire de uma vez por todas dali.

— As suas agressões são provas incontestáveis, Nicole. – Amanda falou. — Levando isso a polícia, o Patrick vai ser preso.

— Por quanto tempo, dona Amanda? A senhora é mulher, mesmo não vivendo a realidade de muitas mulheres vítimas de violência, sabe que o mundo foi feito para os homens.

O silêncio foi geral.

— Ele vai ser preso, dois dias depois liberado e viverá a vida como se nada houvesse ocorrido, enquanto a minha mãe e eu vamos viver com as insuportáveis lembranças de cada tapa, cada soco, cada palavra...

      Dona Amanda foi até a Nicole, a abraçou forte, totalmente emocionada, todos ficaram, sabíamos que suas palavras eram sustentadas por estatísticas tristes. Hugo me abraçou pelo ombro. O meu olhar caiu sobre Yas, que parecia em outra realidade.

— Você precisa de proteção, Nicole, vai ficar conosco a partir de agora. – Alonso falou.

Sua fala atraiu a atenção de todos.

— Até que tudo isso se resolva, vai morar com a Amanda e comigo. Vamos zelar por você e sua integridade física. – Yas encarava o pai.

— Não, Alonso, eu não quero incomodar desse jeito. Sou uma mulher crescida, eu...

— Mulher crescida ou não, neste momento, não é relevante. Vai ficar conosco, até que o Patrick comece a pagar por suas monstruosidades, morará em nossa casa. – Amanda completou.

— Aceita, Nicole, voce terá duas boas pessoas pra te proteger. É como a dona Amanda disse, por mais adulta que você seja, tá precisando de socorro. – A minha irmã falou.

Nicole parecia travar uma luta interna, olhou para Yasmin.

— Eu não mereço, prejudiquei a filha de vocês, prejudiquei a Lara...

— Você não queria, foi obrigada, já passei uma borracha sobre isso. – Respondi.

— A Lara está certa, eu não tenho o mínimo rancor, não mais. Na verdade, você pode morar comigo. Rafa e eu te consideramos uma amiga. – Yasmin sorriu.

— A ideia é ótima também, filha. – Alonso falou. — Rafa é uma menina maravilhosa. O que acha, Nicole?

— Eu... – Nicole pressionou as mãos em seus braços. — Bem, então ficarei com a Rafaela e a Yas.

— Essa foi uma ótima decisão, Nicole. – O meu pai reforçou. — Pode contar conosco de hoje em diante.

A minha mãe permanecia calada, mas a sua expressão denotava algum sentimento.

 

      A família de Yasmin se preparava para ir, mas eu não queria ver esse momento, não fazia ideia de quando a veria novamente. Fiquei de pé, quis ir até ela e lhe dar um novo abraço, mas estanquei.

Essa sensação de perda era amarga, dolorida.

— Até breve, Lara... – Ela me olhou e aquele sorriso lindo se fez presente.

 Controlei a minha voz.

— Até breve, Yas...

Quando pensei que ela simplesmente iria embora, Yas me surpreendeu e veio até a mim, outra vez fui abraçada com carinho. Afundei a minha face em seu pescoço, retribui a intensidade.

Ela se afastou e beijou a minha testa.

— Não faça arte. Ouviu? – Suspirei.

— Ouvi...

Então ela deixou a sala.

— Eu sei que logo vocês duas vão ficar juntas... – A minha irmã tentou me consolar.

— Será?

 

 

      Eu não suporto mais me manter longe, hoje, ao abraçá-la e aspirar o seu cheiro, tive a certeza de que a queria, que a amava com todo o meu ser. Por que tive de me envolver com a Camille? Droga, a minha vida está de cabeça para baixo. Essa sensação de estar prisioneira.

— A menina Lara realmente gosta de você, filha. – Olhei para os meus pais.

O meu pai me encarava pelo retrovisor.

— É visível o sentimento que existe entre vocês. – Olhei através da janela. — Espero que tudo isso passe o mais breve possível e vocês possam estar juntas. Imagino o quanto esteja sofrendo, os seus olhos brilhavam olhando para ela.

— Logo vai acontecer, filha, só tem de ter um pouco mais de paciência. – Minha mãe completou.

Decidi ficar em silêncio, infelizmente, eram consequências das minhas escolhas ruins.

 

       Os meus pais me deixaram na casa de Rafaela, segundos depois, Nicole chegou acompanhada de Hugo, ele havia decidido acompanhá-la até ali. Estávamos os quatro na sala.

— Que bom que decidiu ficar conosco. – Encarei Nicole. — Planejo me mudar em breve pra casa ao lado.

— Os seus pais foram muito simpáticos, eu não esperava por tanta hospitalidade. – Ela sorriu.

— Eles são os melhores seres que existem, e faço deles as minhas palavras, Nicole. – Hugo reforçou. —Você pode contar comigo também.

— Obrigada, Hugo...

— Acho que você vai se sentir mais à vontade com a Yas. – Olhamos para Rafaela.

— Tá doida pra se livrar de mim, não é? – Nicole perguntou.

Rafa ergueu as sobrancelhas.

— Não vou mentir, você é espaçosa, mas muito organizada. – Rafa devolveu.

— Era pra me ofender ou para me fazer sentir melhor?

Hugo e eu nos encaramos, ficamos de pé e saímos de fininho.

— Qual é dessas duas? – Hugo perguntou.

Estávamos no corredor.

— É assim o tempo todo, tenho que aturar isso o dia todo. – Franzi o cenho.

— Parece até você e a Lara. – Hugo deu uma risadinha.

— Você acha? – Olhei para a sala.

— Você não é cozinheira só porque sabe fazer chá...

— Mas tem que admitir que é um chá muito bom...

— Com toda a certeza. – Hugo respondeu.

      Alguns minutos depois, Hugo deixou a casa de Rafaela. Talvez fosse melhor ela permanecer conosco, só até conseguir um lugar para si. Confesso, em poucos dias me apeguei a frescurenta.

Olhei para o meu celular, entrei na galeria e busquei por uma foto.

— Ainda consigo sentir o seu cheiro. – Mordi a minha bochecha por dentro.

Rafaela entrou no quarto e fechou a porta, parecia ter visto um fantasma.

— O que aconteceu? – Fui até ela. — Rafaela, tá me assustando.

— Eu... eu... – Ela passou as mãos sobre os fios loiros.

Os olhos claros me fitaram.

— Eu sem querer entrei no quarto e vi a Nicole pelada. Estou morrendo de vergonha. – Ergui as sobrancelhas.

Me afastei.

— Esse alarde todo só por causa disso?

— Como... como assim só?

— Sim, quantas mulheres já viu nua? Então qual o motivo desse nervosismo todo? – Eu apenas estava implicando.

— O que tá insinuando? – Gargalhei.

— Eu? Absolutamente nada. – Sentei na cama outra vez. —Só estava tentando entender o porquê você ficou tão afetada ao ver uma mulher sem roupa.

Rafaela cerrou o olhar.

— Não vou ouvir suas insinuações... – A loira entrou no banheiro.

Fui até a porta.

— Eu não quero mais ficar longe da Lara. – Rafa me olhou pelo espelho.

— No que tá pensando? – Mirei os meus próprios pés.

— Em ir atrás dela. – A loira se aproximou. — Ver ela foi... foi uma tortura.

— Tem certeza disso? Acha que já é seguro? – Passei ambas as mãos sobre o meu rosto.

— Eu a amo... amo muito. – Os olhos de Rafa passearam por minha face.

— Acho que deveria mesmo ir, a Camille tá longe, mas você sabe que terá a sua futura sogra como empecilho. – Mordi a bochecha por dentro.

— Estou disposta a falar com ela, eu só não vou mais ficar longe da Lara. – A minha melhor amiga beijou a minha testa com carinho.

— Essa é a Yasmin que conheço. – Não pude deixar de sorrir.

— Amanhã vou ligar pra ela. – Rafa sorriu.

Ouvimos duas batidas na porta.

— Pode entrar, Nicole. – A porta foi aberta.

— Só vir desejar boa noite. – Olhei rapidamente para Rafaela.

— Boa noite, descanse... – Ela sorriu.

Olhamos para Rafa.

— Ah, sim, boa noite. – Controlei o riso.

Nicole fechou a porta e assim que o fez, a loira a minha frente socou o meu braço.

— Ei... – Deixei o riso escapar.

— Não fala nada, por favor...

      Acordei muito cedo, quando saímos de casa, Nicole ainda tomava café e disse que só iria para o hospital a tarde. Chegamos à clínica as oito, fui colocada a par de toda a agenda do dia, mas mal estava esperando pelo almoço, ligaria para Lara.

Só de pensar, me causava arrepios.

O meu telefone tocou, olhei a tela e atendi.

— Luna, bom dia. – Olhava algumas planilhas.

— Bom dia, Yasmin. Desculpa te incomodar tão cedo, mas preciso te deixar a par dos últimos acontecimentos. – Uma sensação ruim me tomou.

— O que aconteceu? – Deixei o notebook de lado.

— A minha mãe conseguiu sair da clínica, a acusação e todo o resto, ela conseguiu que fossem arquivadas.

Não, esse inferno de novo não.

— Eu não faço ideia de quem a ajudou, o meu avô jurou que não o fez. – Fiquei de pé.

— Aquela desgraçada quase matou a Lara... – O meu tom de voz saiu alterado.

— Eu sinto muito, Yasmin, de verdade. O melhor que tem a fazer no momento é tomar todo o cuidado possível. Eu ainda irei continuar tentando. – Um nó se formou em minha garganta.

Olhei pela janela, aspirei o ar com calma.

— Vou redobrar os cuidados...

— Sinto muito, Yasmin.

— Isso não é sua culpa.

A ligação chegou ao fim.

      O resto do dia passou sem o menor ânimo, comi na sala e só sai no horário de ir para casa. Deixei Rafaela em casa e fui dirigir um pouco, a minha cabeça estava agitada, eu só conseguia me culpar por tudo aquilo. Parei o carro em frente ao hospital sem nem me dar conta. Olhei as horas, ela já deveria estar em casa.

— Isso nunca vai acabar. – Encostei a testa no volante e deixei as lágrimas correrem livres.

A angústia maltratava o meu peito e naquele momento, tomei uma das decisões mais difíceis: iria me afastar em definitivo de Lara.

Dei partida, iria para a casa de Rafaela.

 

Alguns dias depois.

— Vai mesmo fazer isso? – Rafaela estava sentada na cama.

— Preciso me distrair um pouco. – Arrumei o cabelo, o joguei para o lado. — É só um jantar.

A encarei.

— Aquela mulher não quer só jantar. – A loira franziu o cenho.

— Não quero nada além, Rafa, só quero respirar novos ares, tirar a Lara da cabeça um pouco. – Mirei o chão.

Ela sabia da ligação, a essas alturas, os pais de Lara também. Estava na hora de aceitar que não éramos para ser.

— Tudo bem.

Deixamos o quarto, vendo uma cena curiosa na sala.

— Tudo bem, você até que é bem bonitinho. Olha, mas você tá deixando um monte de pelos na minha roupa. Tem ideia de quanto foi esse vestido?

Tigrão miou.

— Oh, meu Deus, eu estou mesmo ficando louca.

— Então vocês estão fazendo as pazes?

Nicole ficou de pé, se assustando com a pergunta de Rafaela. Tigrão, que estava sobre as suas coxas, apenas voltou a subir em seu vestido.

— Ele... até que é um bom ouvinte. – Nicole limpou a garganta, parecendo envergonhada por ter sido pega.

— Vocês duas não se matem, por favor. – Peguei a chave do meu carro. — Volto depois das onze.

      Deixei a casa de Rafaela, o destino era um restaurante no centro. A minha acompanhante escolheu um lugar muito discreto. Estacionei, entregando a chave ao manobrista, anunciei o meu nome a recepcionista e a mesma me acompanhou até a mesa.

Vi ao longe a mulher que havia me “comprado” no leilão.

— Senhorita Casagrande, sua amiga. – A recepcionista se afastou.

— Boa noite, Yasmin. – Tais me encarou, me olhou da cabeça aos pés e um sorriso se fez presente. — Você está muito linda.

— Boa noite, Tais. – Sim, ela é uma mulher lindíssima, mas nem mesmo isso me animou. — Obrigada, mas você sim está linda.

Sentei a sua frente.

— O vinho, senhorita Casagrande. – Um garçom passou a servir a bebida.

— Obrigada...

A mulher a minha frente me olhava de forma analítica, descaradamente.

— Você me enrolou muito. – Tomei um gole do vinho.

— Não estava no meu melhor momento. – A encarei.

— Você tem alguém, não é? – Tais apoiou o queixo em seu punho.

— Alguém que não pode ser meu. – Ri sem humor. — Mas sim, eu amo alguém.

— Sou o que? Seu prêmio de consolação? – Ela era direta.

— Eu estava te devendo, afinal, você pagou muito dinheiro pra isso. – Tomei outro gole.

Ela riu.

— É o suficiente, por enquanto, é claro...

      A mulher a minha frente era extremamente boa de papo, não fez perguntas invasivas, apenas manteve o clima agradável. Achei que seria diferente, fui positivamente surpreendida.

— Que cidade pequena, não é mesmo? – Olhei para a figura que se colocou ao meu lado. — Já arrumou outra até?

— Cat, vamos embora. Você tá bêbada... – Uma garota, deveria ter uns vinte anos, tentava fazer a indesejada visita ir embora.

— Sabe, ela não é uma boa companhia, é um perigo pra qualquer mulher. – Aspirei o ar com calma. — Você quase matou a Lara.

— Já chega! – Falei controlada. — Vai perturbar outra.

— Cat, vamos...

— A Lara vai te esquecer logo, logo. Não se preocupe, eu vou cuidar dela... – Fiquei de pé, sentindo o meu sangue circular mais rápido. — Aí, ela ficou bravinha.

O cheiro de álcool estava muito presente.

— Sai daqui. Eu estou me segurando muito pra não descer o nível. – Caterine sorriu.

— Bate, quero ver a tua coragem...

Respirei fundo.

— Não vale a pena...

— Ah, deixa só a sua casada saber que já está com outra...

      No momento seguinte, sem que eu pudesse me controlar, a minha mão foi parar na face de Caterine. Com a violência do tapa, a mulher quase foi ao chão, mas foi segurada por sua amiga.

Merda!

— Senhoritas, terei que pedir que se retirem. – Um homem, vestido de terno, nos pediu.

O quanto mais fundo posso descer? 

— Essa mulher veio nos incomodar, estava proferindo desaforos a minha amiga. – Tais falou.

— Eu sinto muito por isso, moço. Vou levá-la...

— Isso não termina aqui, garota. – Caterine massageava a face.

Elas se foram deixando um rastro de mal estar. As pessoas nos olhavam, curiosas e furiosas com a pequena confusão.

— Escuta, vamos pra outro lugar. – Tais me fez olhá-la. — Uma amiga me convidou para uma festa. Quer ir?

Na verdade, eu queria ir para casa, mas decidi aceitar.

— Tudo bem, só não vamos demorar. – Até quando a porr* da vida jogaria na minha cara os meus erros? — Desculpe por isso.

Ela chamou o garçom.

— Tá tudo bem, eu entendo.

      Como Tais havia vindo com um motorista particular e o dispensado, resolvemos ir no meu carro. Ela ligou para a tal amiga, confirmando o endereço.

— Vou jogar no seu gps. – E assim o fez.

Olhei para a pequena tela e arregalei os olhos.

“Eu conheço esse endereço.”

— Que maravilha, não é tão longe. – Aspirei o ar com calma.

      Continuei a dirigir, quando chegamos em frente ao prédio, senti um pequeno alvoroço em meu estômago. A nossa entrada foi liberada, dentro do elevador, Tais apertou o botão da cobertura.

Uma vontade louca de desviar o caminho me perturbou, mas me segurei. Era demais para o meu auto controle. Por que não me recusei? A vida é uma tremenda filha da...

— Chegamos...

A porta do elevador se abriu e os meus olhos fizeram o mesmo.

— Tais, ainda bem que veio. Quem é essa mulher lindíssima? – Uma mulher, que deveria ter uns quarenta anos, me “comeu” com os olhos.

— É a minha acompanhante, se comporte.

Olhei para o interior, totalmente embasbacada com o que via: inúmeras mulheres, algumas se esfregavam sem pudor, outras passeavam de biquíni.

— Seja bem-vinda, me chamo Sandra. – Encarei a dona da casa.

— Sou a Yasmin, é um prazer. – Mascarei a minha surpresa.

Olhei para Tais, que parecia totalmente à vontade.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Boa tarde, meninas...


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Comentários para 22 - Capitulo 22 - Decisões - parte 1.:
barbara7
barbara7

Em: 26/12/2022

A Yas tem essa péssima mania de decidir as coisas e não avisar e conversar com a Lara. Certeza que vai dar merda essa festa aí, e vai só piorar as coisas. Quando se dar abertura pro inimigo no relacionamento, ele aproveita viu .

confesso que estou ansiosa pra ter algum momento da Nicole e Rafa, está sendo muito bem desenvolvido isso delas. Primeiro a raiva, depois o acolhimento, as implicâncias, agora as inseguranças kkkkkk. Já quero muito esse casal, sem falar que vai combinar demais. 


Resposta do autor:

Será? Bem, talvez dê merda mesmo. Você tem razão kkkkk altas aventuras. Hasta cheia de traumas. Vamos ver o desenrolar, mais tarde irei postar o cap. Bem, estamos nos aproximando do fim.

A Rafa e a Nicole, como eu escrevi para as outras meninas, era algo que estava em desenvolvimento bem antes da gente postar. Só bastava ter um pouco mais de paciência de vocês, suas danadas. Adoro a minha menina Nicole, ela é só uma menina querendo afeto real.

Bem, até mais tarde.

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Nanda Chaves
Nanda Chaves

Em: 26/12/2022

Que sortuda essa Nicole, simplesmente ficando com a melhor de todas. Eu amo a Rafa, desde sempre minha preferida. Que bom que não teve a mínima hipótese de algo dela com a Yas, elas são lindas juntas como amigas. 


Resposta do autor:

Ela e a Yas é algo totalmente impensado. Nunca houve qualquer hipótese de algo entre elas, a ligação delas é de irmãs mesmo. Sei que muitas queriam desesperadamente que a Rafa ficasse com alguém e bem, já tínhamos feito tudo isso bem antes. 

Confiem no processo. Vai parecer que não vai dá e daí tudo muda. 

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MaferS2
MaferS2

Em: 26/12/2022

Eu tô amando esse desenrolar da Nicole, que era ruim e a gente odiava. Agora se redimindo, e está mexendo com nossa Rafa sim hein kkkkk. O que foi esse nervoso de ver só a mulher se trocando? Ansiosaaaaaaa


Resposta do autor:

Na verdade, a bichinha nunca foi ruim. A minha menina só era uma pessoa que desejava validação da pessoa errada. Rafa é uma menina de ouro. Ansiosa pelos próximos também.

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CatarinaAlvesP
CatarinaAlvesP

Em: 26/12/2022

Eu vou amar demais esse casal Rafa e Nicole ??


Resposta do autor:

Esperar valeu a pena. Confiem mais no processo. 

 

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 24/12/2022

Vixe eita Yas tudo acontece contigo.


Resposta do autor:

Só deve ser karma mesmo com ela. Mas a vida é uma caixa de surpresa. 

Logo sai o próximo cap.

Obrigada por comentar.

Tany

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izamoretti30
izamoretti30

Em: 24/12/2022

Em pensar que eu queria a Rafa com a outra lá... tô amando esse possível casal com a Nicole, acho que vai dar match. Os melhores momentos é quando eu lãs estão juntas, o trio de implicâncias. Até o pai da Yas percebeu o clima entre elas kkkk. Vai dar um casal maravilhoso! 

Feliz natal meninas, até segunda! 


Resposta do autor:

A outra lá é? Hahaha. Senhorita ANA. bem a culpa é de vocês por serem apressadas. O cap já estava pronto há meses. Rafa e Nicole tá sendo muito divertido esses momentos delas, as implicâncias deixam Nicole mais leve, ela estava precisando se sentir viva de verdade. 

Agradecemos pelas felicitações natalina.

Um grande abraço, até o próximo cap.

Tany

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patty-321
patty-321

Em: 23/12/2022

Que merdis Yasmin, só faz caga... Foi pro prédio da Lara. E muita sacanagem.


Resposta do autor:

Yasmin tenta sai de uma dor de cabeça e se mete em outra. Mas só dela pensar que vai está bem próxima da sua amada, seu coração fica miudinho. 

Um abraço querida.

Tany

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Dessinha
Dessinha

Em: 23/12/2022

A pessoa apaixonada só de sentir o cheiro já chora por dentro mesmo, quem nunca né? Dá um mega nó no coração.. bem isso mesmo.

 

Forças para essas queridas. Agora que danado a Yasmin foi se meter no condomínio da Lara, no apartamento da síndica, é isso mesmo ou entendi errado? Se ela queria ficar longe, agora basta só a Lara passar pela frente e ver essa 'arrumação' aí. Ow trem doido, viu! Vai ser azarenta assim lá na casa do capiroto, pelas caridades...

 

Feliz Natal, queridas.

Com muitos sorrisos e só coisa boa, abraços e sucesso!


Resposta do autor:

Bem isso, quando estamos próxima da pessoa pela qual estamos apaixonada, o cheiro dela deixa a gente fraquinha, o corpo reagi totalmente a ela. 

Sim, Yas foi se meter em uma festa no mesmo Ap de Lara. Acho que o destino dando uma ajuda haha. Agora vamos ver se vai dar bom ou dar ruim essa "arrumação"

Leh e eu Agradecemos a felicitações.

um abraço. Vamos então pro próximo cap.

Tany

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 23/12/2022

Meu coração fica mais apertado tudo fica mais difícil para Yas e Lara....já até imagino na casa de 1uem.seja essa festa...

Feliz Natal


Resposta do autor:

E vai ficar mais... Tem muita coisa pra vir.

O coração fica apertado :/

Feliz natal, meu anjo :)

De Tany e eu ,??

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Lea
Lea

Em: 23/12/2022

FELIZ NATAL,LETÍCIA!

FELIZ NATAL,TANY!


Resposta do autor:

Ah, coisa fofa. 

Feliz natal, meu bem ????

De Tanto e Letícia :)

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