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Diga meu nome por Leticia Petra e Tany

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Palavras: 4867
Acessos: 2990   |  Postado em: 19/12/2022

Capitulo 21 - Aconchego.

 

      Caterine e a minha mãe conversavam desde que a minha ex-namorada chegou, as duas pareciam estar se dando bem, o que era extremamente estranho. Ana apenas rolava os olhos diante da interação e confesso, estava imitando o seu gesto em meus pensamentos. Bebi um pouco do suco de manga, enquanto tentava focar em alguma coisa. Estava entediada e estava sendo difícil manter a cabeça ali. Olhei para a minha perna com desgosto.

Estávamos esperando por Antonella e os seus pais, iriamos almoçar no jardim da casa do meu pai a convite do mesmo.

— Filha, tá doendo alguma coisa? – O meu pai perguntou baixinho. Nossa reaproximação acontecia de forma sutil. — Sua perna, tá sentindo dor?

— Não, papai, só estou um pouco... – Soltei o ar. — Entediada...

Mordi a bochecha por dentro.

— Talvez o que vou te falar te deixe mais animada. – Franzi o cenho. — Alonso me contou que está indo vê-la diariamente, pediu pra te contar que ela tá bem. – Aquilo aqueceu o meu coração.

— Obrigada, papai. – Beijei a sua bochecha. — Obrigada mesmo.

Ele sorriu e eu senti vontade de ligar para ela pela milionésima vez.

“Tanta saudade.”

— Vai dar certo, filha... te amo. – Ele disse em um sussurro. — Muito.

— E eu a você...

— Boa tarde, família. – Antonella surgiu na lateral da mansão, ela sorria de orelha a orelha, os pais vinham logo atrás.

      Desde o jantar, as coisas entre eles estavam fluindo muito bem e eu estava muito feliz porque sei o quanto é importante para ela. Dava para ver que era genuíno o arrependimento de ambos.

Ana e ela se abraçaram com demora.

Estavam decididas a iniciar algo e eu as admirava pela coragem, sabiam que havia muita coisa para enfrentar e uma delas estava sentada bem a minha frente.

— Tamara, Murilo, bem-vindos de volta. – O meu pai foi até eles, os abraçando.

— É bom estar de volta, Joaquim. – Murilo respondeu.

      Ouve uma breve confraternização, apresentei Caterine a eles. Sentamos, o almoço foi servido e as conversas não paravam. Encarei Antonella e o sorriso em sua face era gigante. A minha amiga sempre foi uma mulher alegre, do tipo que irradiava positividade para quem estivesse a sua volta, porém agora, a olhando com esse brilho nos olhos...

Era totalmente diferente.

— Um brinde as nossas famílias que agora estão mais unidas do que nunca. – Murilo falou.

— Como assim mais unidas? – A minha mãe perguntou. — Há algo que precisamos saber?

Antonella e Ana se fitaram.

— Joaquim, Telma... – Antonella ficou de pé.

O meu pai me olhou.

— Não é eu, papai... – Não pude deixar de rir.

— Ana, vocês duas? – Ele ficou surpreso.

Foquei a minha atenção em minha mãe, queria ver o seu teatrinho diante daquilo.

— Sim, papai. – Ana ficou de pé, envolveu o braço de Antonella.

— Ana e eu estamos nos conhecendo de uma outra forma. – A minha amiga ficou séria. — Queria a permissão de vocês. Seria muito importante...

Um breve silencio se fez presente, olhei para o meu pai.

— É claro que tem a minha permissão, Antonella, você é uma menina maravilhosa, como ser contra? – O meu pai foi até elas, as abraçando.

Eu não esperava nada menos dele.

— Eu já havia notado, pra ser sincero, mas achei indelicado perguntar. – Ana e ela sorriam. — Eu só quero que a Ana seja feliz.

— É tudo o que mais quero, Joaquim.

— A gente estava esperando o momento certo, pai. Desculpe não ter dito nada antes...

— Filha, se há uma coisa nesse mundo que desejo mais que tudo é que você e a sua irmã sejam felizes. Antonella, tens um dos meus bens mais preciosos...

— Obrigada por seu apoio, Alonso...

Todos olharam para a minha mãe.

— Eu também já havia notado, confesso que é algo muito moderno para a minha idade, mas sei que a Antonella é uma moça direita. Tem a minha permissão...

Tentei não demonstrar a minha surpresa.

— Obrigada, Telma. – Antonella merecia, Ana merecia.

— Já podemos falar de netos? – Murilo perguntou.

— Papai... – Não pudemos deixar de rir. — Muito cedo pra isso.

Antonella me encarou e eu apenas pisquei para ela.

      O clima estava leve como a muito tempo não acontecia naquela casa. Sai de fininho, fui para a cozinha beber um pouco de água e respirar um pouco. Peguei o meu celular, entrei na galeria e abri uma imagem que vinha sendo o meu consolo.

Eu só queria olhar para ela, nem que fosse um pouquinho.

— Lara, aquela menina e você já tiveram algo? – Bloqueei a tela.

Olhei para a minha mãe.

— Sim, há muitos anos. – Me aprumei.

— Ela parece uma boa menina, deveria seguir a diante, ela parece ser uma opção bem melhor que a Yasmin. Com ela, você ficaria segura de verdade. – Mordi a minha bochecha por dentro.

O que estava se passando naquela cabeça? Por que droga a minha mãe estava fazendo isso?

— Mãe, deixa eu perguntar uma coisa a você, posso? – Ela acenou em positivo. — Você ama o meu pai?

Mirava em seus olhos, queria encontrar sinceridade neles.

— Amo, eu amo o seu pai. Ele é o amor da minha vida. – Ergui as sobrancelhas.

— Você teria o deixado se acaso ele estivesse enfrentando um momento difícil? Hum? Teria desistido e procurado alguém menos complicado?

Ela ficou em silencio por alguns segundos.

— Não, eu não teria. – Aspirei o ar com calma.

— Então desista da ideia de me fazer esquecer a Yas, não vai rolar.

— Eu só quero o seu bem, quero que seja feliz. – Mordi a bochecha por dentro, quase a feri.

— Só não se envolva nisso, se quer mesmo se aproximar, pare de querer mandar na minha vida, você tem feito isso desde sempre. Não vê? Não consegue enxergar a mulher que me tornei? É tão difícil assim? Eu gosto da Cat, mas como amiga e só, então por Deus, só pare.

— Vou provar que estou disposta a mudar, Lara. Ana e você são os meus melhores feitos. Não tenho raiva da Yasmin, eu sei que fui péssima mãe, que coloquei sobre você expectativas inalcançáveis e me perdoe por isso, eu só... só saiba que te aceito e aceito a sua irmã exatamente como são...

Ela se afastou, me deixando submersa em suas palavras.

 

      Voltei para a mesa, continuamos as conversas sobre diversos temas, até que os nossos pais decidiram ir para a sala tomar alguma bebida velha. Caterine se despediu, prometendo que voltaria no dia seguinte. Antonella, Ana e eu subimos, fomos para o meu antigo quarto.

— Deus, nem acredito que fizemos mesmo isso. – As duas caíram abraçadas na cama, Ana me puxou logo em seguida.

— Eu achei que iria ter um troço a qualquer momento. – Ana falou, nos fazendo rir.

— A reação da sua mãe me surpreendeu. – Antonella falou. — Alias, ainda não caiu a ficha de nada. Nem em mil anos achei que estaria mesmo vivendo esse momento com os meus pais. Talvez seja a hora de vocês duas tentarem se acertar com a Telma.

— Há passado demais, coisas recentes demais pra superar, Antonella, eu não estou preparada pra me aproximar dela. – Ana foi sincera. — Nem sei se algum dia vou conseguir.

Antonella beijou a sua testa.

— Não sei se acredito nessa mudança repentina, prefiro manter qualquer expectativa no zero. – Olhei para o teto.

— Só pensem sobre isso...

— Vamos falar sobre vocês, namoradinhas, como estão se sentindo? – Sentei.

Eu não queria falar da dona Telma.

      As duas passaram a falar, a cada palavra e sorriso, eu me sentia feliz. Ver a minha irmã bem, ver a Antonella radiante, isso amenizava muito o vazio que sentia, me dava um pouco de esperança. Onde ela estaria agora? O que estaria fazendo? Desejava tanto vê-la. Infelizmente, nem de longe poderia, já que agora ela havia deixado o hospital. A espera estava me sufocando, eu só queria correr para os seus braços, me afogar em toda a paixão que exalávamos quando estávamos juntas.

 

      Quando cheguei ao meu apartamento, o porteiro me pediu para ir até ao encontro da sindica, ela desejava conversar comigo sobre o ocorrido há pouco mais de um mês. Entrei no elevador, a minha mãe ficou no andar em que eu moro, e eu segui para a cobertura. Toquei a campainha e em segundos, a porta foi aberta por uma mulher vestida apenas de um minúsculo biquíni.

— Oi, você é? – Ela me olhou da cabeça aos pés.

— Vir falar com a síndica, por favor. – Fechei a cara, não gostei de como ela me olhou.

— Hum... só serve ela? – Eu seria presa se tacasse a muleta nela?

— Jenny, volta pra piscina. – A síndica deu o ar da graça. — Entre, Lara.

— Não sei se é um bom momento. – Ouvi vozes vindas da piscina.

— Não se preocupe, vamos falar em meu escritório. – O que estava se passando naquele apartamento?

Passei pela área da piscina e havia mais algumas mulheres seminuas ali.

— Fique à vontade. – Fiquei de pé. — Não me diga que é preconceituosa?

Ergui as sobrancelhas.

— Não tenho nada a ver com a sua vida particular. – Ajeitei a muleta. — Só vir até aqui saber sobre a invasão ao meu apartamento.

Ela sorriu.

— O porteiro da noite foi demitido, depois de muito apurar para não cometermos nenhum equívoco, tivemos provas que ele recebeu suborno pra deixar aquela senhorita subir. Já conseguimos um novo, tudo dentro do protocolo exigido e os outros três estão cientes que condutas assim resultaram em demissão.

— Eu agradeço muito, assim fico bem mais tranquila. – Limpei a garganta. — Bem, já vou indo. Novamente, muito obrigada.

Ela ficou de pé.

— Te levo até a porta e não ligue para as minhas convidadas, elas já estão alcoolizadas. – Apenas acenei em concordância.

Ao passar novamente em frente a piscina, ouvi alguns assovios, mas apenas ignorei, a sindica abriu a porta, deixei a cobertura.

 

— Fiz um chá, tome banho e volte pra tomar. – A minha mãe estava na sala, vendo televisão.

      Fui para o quarto, tomei um banho rápido. Ana chegaria em breve, ela havia ido a casa dos pais de Antonella. Sentei sobre a tampa do vazo, fechei os olhos e me recordei da última vez que estive com Yasmin.

— Ah, meu amor, que saudade. Preciso ver você...

Fiquei mais alguns minutos ali, apenas colocando a minha mente em ordem.

 Quase uma hora depois, Ana chegou e estava radiante. Ela beijou a minha bochecha demoradamente.

— Isso for um sonho, não me acordem. – Ela se jogou no sofá, sorrindo.

— Ana, preciso te perguntar uma coisa. – A minha mãe deixou o livro de lado.

O tom que ela geralmente usava, foi substituído por um mais brando.

— Mãe, não tenta macular a minha felicidade, não vai funcionar. – Ana foi direta como sempre.

— Só quero que tenha certeza do que está fazendo, eu gosto da Antonella, só me preocupa o fato de vocês terem uma diferença de idade tão grande. – Você ainda nem terminou o ensino médio e a Antonella já é uma mulher feita...

— Eu também sou uma mulher feita!

— Você ainda é uma menina.

— Telma, por favor, não se envolva... eu não quero te ouvir. – Dona Telma ficou de pé.

Passou a mão sobre a nuca.

— Sabe, quando eu tinha dezessete anos, eu descobri algo sobre mim... – Seu olhar caiu sobre nós. — O pai de vocês conhece a história, isso foi uns dois anos antes de conhece-lo.

Franzi o cenho, ela parecia relutante em continuar.

— Eu me apaixonei por uma mulher. – Arregalei os olhos.

— O que? – Ana e eu perguntamos juntas.

— Só me ouçam, não é tão fácil me recordar disso... – Eu estava muito surpresa, não, eu estava surpresa demais. — Ela era a minha vizinha, deveria ter mais que trinta e oito anos, morava com a filha. Eu não consegui lidar com essa informação, tentei de todas as formas ser diferente, até mesmo pedir pra vó de vocês me mandar pra um convento, mas eu... eu fui vencida em algum momento.

Ela torcia as mãos, não nos encarava mais.

— Lembro perfeitamente do dia que fui até a sua casa e falei que estava apaixonada, ela ficou muito chocada, me disse pra manter distância, a diferença de idade era enorme. – Eu estava mesmo ouvindo aquilo? — Algumas semanas depois, eu completei dezoito anos e outra vez fui procura-la, eu era uma tola, não desistia mesmo com suas recusas... então aconteceu, a gente começou a se envolver as escondidas, até que um dia ela simplesmente sumiu, não deu nenhuma explicação...

A minha mãe passou a mão direita sobre os fios negros e curtos.

— Isso me destruiu, passei a ter aversão a qualquer mulher. A verdade é que eu sempre soube que vocês duas trilhavam o mesmo caminho, eu vi os sinais desde muito cedo, fui uma mãe horrenda por conta das minhas próprias magoas... descarreguei isso em cima de vocês. Não queria que fossem aquilo que por anos, eu condenei em mim mesma.

Ana e eu estávamos mudas, apenas o som da respiração da minha mãe era ouvida.

— Sei que vou ter que passar o resto dos meus dias implorando o perdão de vocês...

Ela deixou a sala, nos deixando chocadas.

— Eu não posso acreditar nisso...

— O que aconteceu aqui? – Ana ficou de pé. — Você acredita nela?

— Não me pareceu ser uma brincadeira, ela sempre foi muito direta com a gente, nunca poupou palavras, você sabe...

Ana passou a mão sobre a nuca.

— Isso não justifica ela ter sido uma escrota com a gente a vida toda. Essa confissão, não muda nada. – Aspirei o ar com calma.

      A minha cabeça deu um nó, mal conseguia raciocinar, nem em um milhão de anos iria cogitar tal possibilidade, era surreal demais. Ana tinha razão, aquela informação não mudava todas as vezes em que ela foi tão cruel conosco, mas talvez fosse... algo.

— Precisamos conversar com o papai, saber se isso é verdade. – Ana me encarou.

— Ana...

— Não, Lara, não... não podemos deixar ela... – A minha irmã não concluiu, a sua voz embargou e o choro foi inevitável.

      Fiquei de pé, a acolhi em meus braços, mesmo não admitindo, no fundo ela também desejava o afeto de nossa mãe, assim como eu, Ana também tinha uma fagulha de esperança.

— Eu entendo, neném...

A apertei, precisávamos daquilo.

 

 

Domingo.

      Rafaela e eu fomos até o shopping comprar alguns acessórios para a festa de aniversário do seu primo, foi difícil de convence-la, pois ela se recusou a se vestir a caráter. Não resisti a diversidade de fantasias e comprei uma para Tigrão, ele iria conosco.

Até mesmo convidei a Letícia, porém ela tinha um jantar com a família.

— Não acredito que vamos mesmo levar a Nicole. – Entramos no carro.

— Tô louca pra ver ela tomando refrigerante em copo descartável. – Ri e fui acompanhada por Rafaela.

— Pelo menos isso... espero que ela não diga nenhuma besteira, empurro ela na piscina.

— Isso seria muito engraçado, se for fazer mesmo, me avisa. – A loira sorriu maldosa. — Quero estar de camarote.

— É esquisito ter essa mulher em casa, nunca pensei que isso ocorreria. Já viu o quanto o pai dela ligou?

— Sim, espero que ele não descubra onde ela está. – Deixamos o shopping.

— Coloco ele a vassouradas de casa. – Sim, ela teria coragem. — Você reparou que ela tem uma cicatriz na costa? Teria sido ele? Assim como a outra?

— Quando você viu? – Franzi o cenho.

— Quando passei pelo quarto, ela estava de camiseta, e é enorme. Imagina o inferno que ela viveu.

Mordi o cantinho da minha unha.

— Ela foi muito forte...

— Eu não queria simpatizar com ela. – Rafa suspirou.

Coloquei a minha atenção na rodovia.

 

      Chegamos à casa de Rafaela meia hora depois, Nicole estava no notebook sendo vigiada pela bola de pelos, que a todo custo tentava se aproximar da rabugenta. Deixamos as coisas no quarto, faltava pouco mais que duas horas para irmos à festa.

— Eu fiz chá... – Ergui a sobrancelha, olhei para o bule.

— Você já cozinhou alguma vez na sua vida? – Rafa a questionou. Nicole tirou os óculos de leitura e encarou Rafaela.

— Tá gostoso... – Falei depois de ter provado. — Parece ser importado.

— Sai pra comprar, só tinha café e eu não gosto tanto. Espero que não se importe, Rafaela...

— Tanto faz, eu nem gosto de chá mesmo... – A loira respondeu, me fazendo franzir o cenho.

Ela adorava chá.

— Então, vamos sair daqui a... – Olhei no relógio. — Uma hora e quarenta minutos.

— Tudo bem, eu vou tomar banho e me vestir. – Nicole ficou de pé.

— Não precisa se enfeitar tanto, é uma festa bem simples. – Falei. — Pessoas mais simples ainda.

— Que tipo de roupa devo usar? – Ela colocou as mãos na cintura.

— Um vestido simples, sandálias e só. – Nicole torceu o beiço.

— Ok.

Ela entrou no quarto.

— Vamos tomar banho. – Rafa me puxou.

      Tomamos um banho rápido, optei por um vestido azul clarinho e solto, nada de maquiagem e prendi o cabelo em um coque. Rafaela usava um macacão preto por cima de uma blusa branca e tênis da mesma cor. Os fios loiros estavam livres.

Coloquei a pequena bandana no Tigrão, que apenas aceitou. Ele era muito calmo e dócil.

— Acho que tá bem simples. – Nicole saiu do quarto.

Estava com um vestido branco longo e de alças finas, uma sandália bege.

— Vamos? – Fiquei de pé, pegando o bichano.

— Vamos...

      Assumi o volante, enquanto Rafaela estava no carona com o Tigrão no colo e Nicole ia atrás. Não ouve muita conversa durante o trajeto, assim que chegamos à rua, vimos o quanto a casa da tia da loira estava movimentada. Estacionei a uma certa distância, deixamos o carro e caminhamos os poucos metros até o portão.

Uns moleques passaram gritando por nós.

— Olha quem chegou. – O pai de Rafaela gritou assim que entramos.

Havia muita gente.

— Quem é essa moça? É sua namorada, Yasmin? – Franzi o cenho.

— Não, ela não é...

— Então é a sua, filha?

— Que? – Nicole e Rafa disseram juntas.

— Ela é uma amiga, papai, apenas isso. – A loira ficou possessa.

Ri discretamente.

— Me chamo Nicole, senhor. Qual o seu nome?

— Sou o Marcelo, pai dessa moça linda aí...

— Filha, Yasmin... – Dona Marta nos abraçou. — E você, minha filha, é namorada da Rafa?

— Mamãe, por favor... – Abafei o riso. — Ela é uma amiga.

— Me chamo Nicole...

— Venha, querida, me dê um abraço. – Dona Marta puxou uma desconsertada Nicole. — Sou a Marta, fique totalmente à vontade. Quer uns docinhos?

— Claro, eu adoraria... adoro brigadeiros. – Nicole sorriu.

Sem esperar nenhum segundo, dona Marta a arrastou para dentro.

— Não tá sendo como eu esperei. – Rafa me olhou.

— Filha, que mulher bonita, mas você vai ter de ficar de olho. O seu tio Alemão ficou solteiro e você sabe como ele é. – Marcelo apontou para o tio de Rafa.

— A gente vai ficar de olho nela, seu Marcelo, ninguém vai chegar perto. – Sorri.

— Ótimo, filha, venha tomar uma cerveja. Comprei aquela que eu sei que você gosta. Vou buscar pra você...

— Obrigada... – O agradeci.

— Que ótimo, vou ficar de babá de uma mulher daquele tamanho. – A loira murmurou ao meu lado, me fazendo rir.

      Resolvemos ir para o quintal, Tigrão virou a atração entre as crianças por causa da bandana. Sentei em uma mesa aos fundos, Nicole sentou ao nosso lado com um pratinho de doces.

— Eu não tomo refrigerante, aceito uma água. – A tia de Rafa ficou sem entender.

Daí ergueu a sobrancelha.

— Ah, você tá de regime, querida? Posso trazer um suco de abacaxi, quer? – Nicole sorriu.

— Seria perfeito, eu agradeço. – Outra vez, ouvi o resmungo da minha amiga.

— Já volto...

— Vou buscar alguma coisa pra comer e já volto. Quer alguma coisa, Yas?

— Aceito bolo e refrigerante, por favor. – A loira se afastou.

A tia de Rafaela voltou com o suco de Nicole, deixando o copo sobre a mesa e voltou para servir os outros.

— Copo descartável? – Ela olhava horrorizada.

— A madame quer em copo de cristal? – Nicole me encarou.

— Acha que não consigo? – Cruzei as pernas e sorri.

— Quero ver... – Ela me fuzilou com os olhos.

— Aqui, Yas...

— Chegou a tempo, a Nicole e toda a sua humildade irão tomar suco no copo descartável. – A morena olhou para a minha amiga.

Levou o copo aos lábios.

— Nossa, isso tá muito bom.

— Por Deus... – Rafa e eu dissemos, totalmente frustradas.

— Os docinhos estão deliciosos. Nunca havia ido a uma festa assim, é bem barulhenta, mas é divertida. A sua mãe é muito bonita. – Nicole levou um brigadeiro a boca.

— Ela é casada, que fique claro.

— Quem gosta de casadas é a Yasmin. – Ergui as sobrancelhas, a encarando. — Não era pra ter saído desse jeito, eu sinto muito.

— Hum, quem é a sua amiga, Rafaela? – Alemão se aproximou, beijou a minha mão.

Rafa e eu nos olhamos, sorrindo.

— Acredita que ela acabou de dizer que te acha um gato, tio? – Nicole arregalou os olhos.

— O que?

— Leve ela pra conversar, ela vai adorar. – Alemão segurou pela mão da morena.

— Espera...

— Só não exagerem, viu?

Os dois se afastaram e Rafaela e eu caímos na gargalhada.

— Isso foi maravilhoso. – Joguei a cabeça para trás, sentindo a minha barriga doer.

— Rafaela, não disse pra deixar a moça longe do seu tio? – Seu Marcelo olhou feio para a filha.

      Ele se afastou, indo até os dois que estavam na beira da piscina, foi quando alguns pirralhos passaram correndo e esbarraram nos três, os levando para dentro d’água. Todos pararam para olhar, imediatamente outro tio de Rafa se jogou, ajudando a Nicole, que parecia totalmente perdida.

Encarei a loira, que abafava o riso com as mãos. Não suportei e fiz o mesmo.

— Rafa, leva a sua amiga pra trocar de roupa em casa. – Dona Marta mandou.

— Sobrou pra mim. Vem, Yas, não me deixa só nessa. – Fiquei de pé.

 

      Nicole estava no banheiro, havíamos achado uma roupa para ela. Ficamos na sala, ainda rindo baixinho do acontecido. Quase meia hora depois, ela apareceu, parecia um pouco envergonhada.

— Obrigada pela roupa. – O short jeans curto e a blusa branca larga couberam perfeitamente. — Acho que mereci essa...

— Sim, você mereceu, vamos voltar pra festa. – Ficamos de pé.

— Os seus pais, eles são muito gentis, você tem sorte. – Pude ver a face da minha amiga mudar de expressão.

Rafa coçou a nuca.

— A minha mãe pareceu gostar de você, é bem raro. – Nicole encarou a Rafa. — Não estraga isso, viu?

— Também gostei dela, prometo me policiar.

— Combinado...

Ergui as sobrancelhas.

      Deixamos a casa dos pais de Rafaela e voltamos para a festa. Cantamos parabéns, a música infantil deu lugar ao pagode. Os primos da minha amiga resolveram fazer uma rodinha de samba. Dona Marta e seu Marcelo começaram a dançar. Para a nossa surpresa, Nicole sabia sambar e muito bem. Ela se empolgou e puxou um dos convidados.

— Ela tá mesmo a vontade. – Bebi um gole da minha cerveja.

Nunca fui resistente a bebidas, então tomaria somente aquela.

— É engraçado imaginar que ela não teve muito disso. – Olhei para a minha amiga. — Vou pegar mais leve com ela.

Nos encaramos.

— Você pode prometer, eu prefiro não fazer promessa alguma. – Rimos.

— Yas, acho que somos mesmo sortudas, temos pais incríveis, uma família maravilhosa, nem acredito que vou dizer isso, mas que bom que essa fresca está aqui e está experimentando como é ter aconchego, calor humano.

Voltamos a olhar para Nicole.

      Definitivamente, nunca pensei que veria algo assim, se alguém me contasse, certamente não acreditaria. Talvez ela mereça uma chance real de redenção, já era suplício demais ter um pai como o Patrick e ter passado por tamanha violência.

— Vem... – Nicole puxou Rafaela, que não conseguiu recusar.

As duas passaram a dançar, um pouco sem sincronia.

— E você, amigão. – Peguei Tigrão no colo. — Caçou muitas baratas? Você tá fofo com essa bandada.

      O meu celular vibrou, desbloqueei a tela e se tratava de uma mensagem de Ana, abri e não pude evitar o sorriso. Ela e Antonella me mandavam mensagens diárias, algumas fotos de Lara também.

Naquela ela dormia no sofá, estava abraçada à pelúcia que havia mandado.

“Ele se chama Tomatinho em sua homenagem.”

      Ri baixinho, sentindo os meus olhos lacrimejarem, mandei uma foto de Tigrão e respondi ao texto. Eu só queria estar com a mulher que amo, ainda demoraria muito para isso acontecer?

— Tia Yas, isso é pro Tigrão. – O aniversariante me entregou um “brinde” cheio de bombons e alguns bonequinhos dos personagens tema da festa.

— Muito obrigada, ele vai brincar com todos. – O pequeno sorriu e voltou para o grupinho das outras crianças.

 

      Algumas horas se passaram e já se passava das onze quando decidimos ir. Dona Marta fez a Rafaela prometer que traria Nicole outra vez, ainda deu a morena um pratinho cheio de doces. Foi uma noite divertida, isso não podia negar.

— Tá tão silencioso aí. – Rafaela dirigia.

Olhei para a Nicole, que dormia com a cabeça apoiada em meu ombro.

— Sua namorada dormiu...

— Por acaso você quer apanhar, Yas? – Recebi um olhar mortal pelo retrovisor.

— O que? Ela é bonita, e não é tão insuportável como pensávamos. – Segurei o riso.

— Então por que você não namora ela?

— Vocês combinam mais.

— Vai se foder, Yas...

Tentei não rir, não queria acordar Nicole.

 

      O meu corpo implorava por descanso, então me joguei ao lado de Rafaela depois do banho. Coloquei a coberta sobre nós, dormindo quase que imediatamente. No dia seguinte, acordamos muito cedo. Nicole teria que ir ao hospital, ela precisava continuar a trabalhar.

Eu iniciaria no emprego novo.

— Aqui é a sua sala, Yasmin. A Andressa será a sua secretaria particular. – Kleber apontou para uma menina nova, não deveria ter mais que dezenove anos.

— Prazer, Andressa... – Apertei a sua mão.

— O prazer é meu, chefinha. – Ela me lembrava a Letícia.

— Fica à vontade, Yasmin, qualquer dúvida não hesite em me contatar.

— Não se preocupe, Kleber, cuidarei de tudo como se fosse meu. – Sorri.

Ele deixou a sala, olhei ao redor.

— Ei? Chegou uma encomenda pra você. – Rafaela entrou na sala com um embrulho enorme.

Peguei o pequeno bilhete.

“Esperando um convite para um almoço com a chefe. Saudades, Antonella.”

— Isso é enorme. – Guardei o bilhete.

— Vamos ver qual parte do mundo Antonella me mandou.

Rasguei o embrulho e fiquei fascinada com o que via.

— Uau...

— Inglaterra? – Rafaela perguntou.

— Sim... – Sorri.

— É lindo, chefinha. – Andressa falou.

Era a fotografia do Big Ben, em preto e branco.

— Vai ficar lindo ali... – Apontei.

      Com a ajuda das duas, o coloquei na parede, de frente para a minha mesa. Mandei uma mensagem para Antonella, agradecendo o presente. Ficamos as três encarando a fotografia.

— Eu preciso trabalhar. – Rafa falou, mas não se moveu.

— Eu também... – Andressa foi a primeira a sair.

— Vamos comer juntas?

— Vamos, pede e comemos na sua sala. – A olhei. — Obrigada.

Ela sorriu, ficou de frente para mim e me abraçou forte.

— Vai ser divertido te ver aqui. – Franzi o cenho.

— Não acha que vai enjoar ver a minha cara o dia todo? – Ela gargalhou.

— Somo amigas há mais de dez anos, Yas. E além do mais, como vou enjoar de uma cara tão linda? – Ela apertou a minha bochecha.

— O seu amor é dolorido.

Fiz o mesmo com a bochecha dela.

— Loira, vamos trabalhar...

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Boa noite com muito estresse kkkk

Só queria chocolate e uma semana de sono...

 


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Comentários para 21 - Capitulo 21 - Aconchego.:
Dessinha
Dessinha

Em: 20/12/2022

Também já suspeitava de algo da mãe das meninas, e isso é tão real... Tem tanta gente cheia de dedos com a gente, daí quando se vê.. (estaria adorando usar os dedos kkk vish, não podia perder a piada). Mas enfim é bem isso mesmo.

Ana e Antonella são ótimas, é ótimo de ver uma relação crecida assim, tem tudo pra dar certo né? A amizade se transformando, é bom demais.

E a Nicole realmente merecia um afago mesmo, eu sou adepta do romance e já conto com esse amasso aí dela com a Rafa.

Esse negóico de ruiva tá tirando meu juízo, eu nem posso mais ver uma ruiva que lembro da Yasmin kkk loucura, esses dias rolou a parada lgbt da minha city e vi um milhão de ruiva, parece que eu tava atraindo já, coisa louca..

Sim, e tem a Andressa aí também, né? Legal ver meu nome nessa estória maravilhosa.

 

Beijos, e muitos sucessos a vocês ;)


Resposta do autor:

ah, isso é verdade.

acho que todos nós conhecemos uma figura assim ao longo da vida.

kkkkkkk Telma os usou de ambas as formas e a Ana puxou dela a coragem de ir atrás.

queria a coragem delas, assim chegaria na pessoa que tô afim haha

Uma amizade que se transforma em amor, sim, eu acredito que é uma base solida.

hahaha vocês são demais... estão shipando o possivel casal???? 

ah, nem me fale.

há uma ruiva no meu traballho e eu morro de amores pela beleza dessa mulher kkkk

Deus têm seus preferidos kkkkkkkk

você gostou de ver o seu nome? Acho que é a primeira vez que uso esse nome. 

beijos e eu agradeço de todo o meu coração. 

você é uma fofa

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 20/12/2022

Rafa só tem que admitir que tá gostando da Nicole, acho que ela merece uma chance...

Telma que revelador, soltou nas meninas todo seu trauma...

Antonella e Ana como amo e admiro esse casal, sintonia perfeita..

Parabéns meninas pelo capítulo e top 3 das mais lidas


Resposta do autor:

Sim, acho que a Nicole merece um recomeço e boas amizades. 

Acho que é assim em muitas famílias, os pais depositam nos filhos suas frustrações.

Antonella cuida de Ana e Ana é cheia de coragem.

Obrigada :)

Quem sabe chegamos em primeiro no prox. :)

Fique também está na lista, muito legal. Graças a vocês.

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 20/12/2022

Confessa Rafa tu gosta da Nicole kkkk


Resposta do autor:

kkk Rafa fazendo bulying com a Nicole 

Acho a Nicole muito fofa

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Lea
Lea

Em: 19/12/2022

Obs: o pai da Lara e da Ana Clara, não se chama Joaquim???

*

Antonella,a "Deusa" e Ana Clara, agora são oficialmente namoradas. Nada de segredo para a família. ADOREI!

*

Sabe aquele ditado popular: EU JÁ SABIA! Tinha quase certeza que,Dona Telma escondia um lado gay.

*

Foi divertido ver,essa interação da Nicole om a família da Rafaela !

O momento do copo descartável e da piscina,foram impagável! Kkk 

*

Boa noite,meninas!

Que esse estresse,se multipliquem em coisas boas!

 


Resposta do autor:

sim, erro nosso e foi corrigido. Passou batido na edição... (acumulo de estresse do trabalho)

obrigada :)

 

Antonella é mulher de assumir os seus b.os, ela não faria nada de diferente.

Ainda mais se tratando de Ana.

 

kkkkkkkkkkkkkk eu vi que comentaram sobre e falei pra Tany que vocês estavam afiadas demais. Muito bom... Telma é uma moradora de Narnia...

 

Nicole tem um lado divertido, ele merecia um pouco de aconchego depois da vida escrota que teve.

 

bom dia :)

kkk eu também espero.

Espero ansiosa pelos dias de gloria.

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