Diga meu nome por Leticia Petra e Tany
Capitulo 20 - Secret love song.
Eu pressentia que a Antonella estava me escondendo alguma coisa, tentei sonda-la de todas as formas, mas não obtive nenhuma resposta. Os dias estavam sendo longos, a minha mãe estava me rodeando o tempo todo, o meu pai vinha todos os dias, as coisas não estavam exatamente bem entre nós. Nossas conversas eram rasas e curtas.
A minha vida estava um caos.
— Queria perguntar uma coisa. – Ela sempre iniciava os diálogos.
Deixei o meu livro de lado.
Decerto, estava desesperada por mostrar ao meu pai que mudou, uma artimanha para ele não ir a diante com o divórcio. Eu não cairia nessa, hoje sei que dona Telma jamais será a pessoa que desejei.
— O que? – Ana estava na escola.
Ela estava empenhada em encerrar aquele ciclo.
— Sua irmã e a Antonella, o que há entre elas? – A encarei. — Notei que as duas estão mais grudadas do que o normal.
— Eu acho que você deveria perguntar a ela, não posso responder, somente ela pode te dizer. – Esperei pela reação negativa. — Ou tem medo da resposta?
A minha mãe ergueu as sobrancelhas, limpou a garganta.
— Não me diga que estão tendo um caso? – Mordi a bochecha por dentro. — A Antonella, ela é muito mais velha que a Ana.
— Já disse, você deve perguntar a ela. – Não voltaria a abaixar a cabeça para ela, nunca mais.
— Lara, eu só quero me aproximar de vocês... – Que jogo era aquele? Tão baixo.
— Se aproximar? Acha que vou mesmo acreditar nisso? Nessa mudança repentina? Ah, mamãe, por favor.
Fiquei de pé, pegando a minha muleta.
— Eu quase te perdi pra sempre, filha, ver você naquele leito foi a pior sensação do mundo. – Aspirei o ar com calma.
Deixei a sala, me trancando em meu quarto.
Ela não voltaria a entrar na minha cabeça, já havia perdido as esperanças. Peguei o urso, me agarrei a ele e assim permaneci por um longo tempo. Ouvi o meu celular, mas não quis nem olhar.
A noite chegou, Ana estava comigo no quarto, enquanto estudava para as provas finais. Fazia dias que ela se dividia entre os estudos e cuidar de mim. A minha mãe estava em algum lugar do apartamento, o meu pai havia ligado há pouco, viria para conversarmos.
— Nem acredito que vou me livrar da escola. – Ana se esticou, estalou os dedos. — Eu não deveria ter repetido de ano. Maldito plano...
A expressão emburrada me fez rir.
— Ainda tem longos seis anos pela frente, então não há muito o que comemorar. A faculdade também vai te deixar de saco cheio as vezes, mas prometo que no fim será recompensador.
— Aaah... nem me fale isso, Lara. – Ana se jogou no tapete. — Mas não vou desistir, vou fazer os sacrifícios que forem necessários. Quero estar à altura da minha...
Ergui as sobrancelhas, olhei para ela.
— Sua? Sua o que? – Ana sorriu.
— A minha deusa. – Ela levou as mãos a face.
— Então, já rolou alguns beijinhos? – Era fofo vê-la daquele jeito. — Você não me disse o que conversaram.
Ana Clara tirou as mãos do rosto bonito.
— A Antonella me disse que ficou com medo depois do que rolou na boate, ela também achou que as coisas ficariam estranhas entre nós. Ela também ficou mexida, mas estava receosa sobre a Rafa...
— E o que disse a ela?
— Falei que estava confusa, mas que não parava de pensar nela. – Ana sorriu. — Eu gosto de estar ao lado dela, gosto de como ela cuida de mim, como se preocupa. A gente combinou de deixar as coisas acontecerem...
— Você tá com cara de quem aprontou. – Ana gargalhou.
— Ontem, eu não estava mais aguentando esperar e dei um beijo nela. Foi tão bom, ela é tão... linda. Tem sido uma verdadeira tentação esperar. Ah, Lara, ela é tão maravilhosa... – Ana me olhou. — Não me lembro de ter me sentindo assim alguma vez, não de uma forma recíproca. Quando tô com ela, sinto que estou em paz. Tenho medo disso acabar...
— Ei? Vocês duas estão indo super bem. Acho que vocês duas têm muito o que descobrir juntas. Não pensa muito no futuro, ok? Um dia de cada vez.
— Filhas? – O meu pai bateu na porta.
— Pode entrar, papai.
A porta se abriu, seu Joaquim entrou e a minha mãe veio logo atrás.
— Parece ser sério. – Ana fechou os livros.
— Você estava estudando? – O meu pai olhou a bagunça no tapete.
— Sim, eu decidi me dedicar um pouco mais. – A surpresa na face dos dois era nítida.
— Já decidiu o que vai querer? – Seu Joaquim sorriu.
— Sim, o lado forte da família venceu, vou fazer medicina. – Os olhos do meu pai se encheram de lágrimas. — Se prepara, velho, terá outra cardiologista na família.
Minha mãe levou as mãos a boca.
— Tá falando sério, filha? – Não contive o sorriso.
— Muito sério, papai. – Ana riu, se divertindo com a reação dele.
— Eu morro de orgulho desse jeito. – Ele também riu. — Deus, que não poderia ter mais orgulho.
Ele enxugou a face, sorrindo. Os dois trocaram um longo abraço.
— Obrigada, Ana, obrigada por tanto.
— Para papai, vai me fazer chorar. Vamos para sala? Pelo o que parece, o senhor tem algo sério a contar. – Ana falou.
A minha mãe apenas analisava a tudo em silêncio.
— Claro, infelizmente, eu terei que quebrar esse momento bom. – Fiquei de pé com a ajuda da muleta. — Tenho muitas coisas a dizer.
O meu pai abraçou a minha irmã outra vez e beijou a sua testa. Seguimos para a sala, os meus pais sentaram lado a lado, pareciam ter dado uma trégua.
— Conversei com o Alonso, a Yasmin e a Antonella descobriram algo muito perturbador. – A simples menção de seu nome me fez ter um arrepio. — Teremos que duplicar a atenção sobre ele, infelizmente, o Patrick precisa ser afastado do hospital o mais breve possível.
— O que elas descobriram, papai?
— A Nicole é agredida pelo pai há anos. – Ergui as sobrancelhas. — Ela foi forçada a fazer tudo o que fez, segundo ela.
— Forçada? Como podemos saber se isso não é apenas um truque pra não arcar com as consequências do que fez? – Perguntei.
— A Yasmin viu as marcas, filha, disse também que não era a primeira vez que tinha as visto. A Nicole é uma vítima nessa situação toda. – Eu ainda não estava totalmente crente disso. — Até mesmo a Paola é agredida pelo Patrick.
Passei as mãos sobre a coxa, recordei do dia em que vi o corte em seu lábio.
— Antonella e Yasmin fizeram um acordo com ela. – Eu sabia que ela estava escondendo algo. Por que não me contou? — Estão esperando a resposta, em troca, podemos dar a ela proteção.
— Ela irá dar informações sobre o pai? – Perguntei.
— É o que esperamos, filha...
— Até que faz sentindo, Lara. – Olhei para Ana. — Pensa comigo, ela poderia só ter vazado as informações que tinha sobre você e a Yas, mas não o fez. Talvez as ameaças na verdade fossem só para vocês desistirem e ela não precisar chegar tão longe.
Passei a mordiscar a unha.
— Que porr* você quer aqui? Não tem o suficiente? Porr*, me deixa em paz.
— Só vir aqui dizer que você fez o certo.
— Vai se foder e saia da minha sala agora mesmo, ou não me responsabilizo por sua integridade física. Eu te odeio, isso, tudo isso ainda vai ter troco.
— Foi a melhor coisa que você fez...
Será? Eu não conseguia acreditar nisso totalmente. Sim, ela poderia só ter vazado as minhas fotos na boate ou o vídeo da Yas, mas não o fez. Droga!
— Continuaremos de olho nela. – Falei sem conseguir assimilar tudo.
Nicole é uma vítima? Aquele canalha.
— Ah, eu tenho algo pra te dizer antes que volte ao hospital. – Franzi o cenho.
— O que? – Encarei o meu pai.
— A Yasmin não trabalha mais lá, ela pediu demissão. – Segurei a muleta com força.
— Ao menos ela tem um pouco de senso. – A minha mãe comentou.
— Não foi culpa dela. – Eu já estava cansada. — Papai, eu vou pro quarto.
— Filha, por favor, entenda que é pro seu bem. – Eu entendia, mas não queria.
— Eu só quero ficar um pouco sozinha. – Deixei a sala, indo para o meu quarto.
Dois dias depois.
A polícia esteve em meu apartamento, o carro que bateu no meu foi encontrado e é obvio, não havia vestígios do dono. O meu pai me aconselhou a denunciar a Camille por tentativa de homicídio, tudo ocorreria em segredo de justiça.
Há mais de uma semana, não via a Yas, agora nem mesmo nos corredores poderia. Soube por Antonella que ela iria começar a trabalhar em uma clínica, a mesma que Rafaela trabalha. Às vezes, passava vários minutos interrogando Antonella, enchendo a sua paciência, era a única forma de saber como Yasmin estava.
Eu estava morrendo de saudades, mas fiz uma promessa ao meu pai.
— Obrigada por virem comigo. – Antonella dirigia.
— Não precisa agradecer, Antonella. – Ela estava um pouco nervosa.
— Não iremos desgrudar de você, Antonella. – Ana colocou a sua mão sobre a de Antonella, que estava no câmbio. — Se as coisas ficarem estranhas, iremos embora.
— Eu nem sei dizer o quanto sou grata, meninas. – Aquele assunto sempre a deixaria assim, não importa o quão forte Antonella seja.
Na noite passada, os pais de Antonella voltaram ao Brasil e a chamaram para um jantar, desde a ligação, a minha amiga estava inquieta, totalmente alheia. Os pais mexiam com ela, acho que no fundo a minha amiga ainda desejava que eles pudessem ser diferentes.
— Nem precisa dizer, Antonella. – Coloquei a minha mão sobre o seu ombro.
— Vamos estar com você minha...
Ergui as sobrancelhas, Ana olhou para mim e depois para Antonella.
— Quero dizer... – Abafei o riso. — Vamos estar lá pra você, Antonella.
— Você não iria chama-la de minha deusa? – Zombei.
— Para, Lara... – Gargalhei.
Antonella apenas sorriu, era visível o quanto as duas se tinham. Olhei pela janela, para o movimento da noite, recordei de Yasmin. Eu fazia isso muitas vezes por dia.
— Chegamos. – O condomínio ficava em uma área nobre de Belo Horizonte, os metros quadrados mais caros.
Adentramos a portaria, passamos por um pequeno lago e depois de cinco minutos, Antonella parou em frente a uma mansão. Com a ajuda de Ana, deixei o automóvel e caminhei pelo caminho de concreto.
Paramos diante da enorme porta.
— Boa noite, senhoritas. – Um homem, que deveria ter uns trinta e poucos anos, vestido impecavelmente com um terno, abriu a porta.
Ele nos deu passagem.
— Boa noite... – Dissemos juntas.
— Os seus pais estão aguardando no jardim.
— Obrigada...
O seguimos, aquele endereço já me era conhecido, estive algumas vezes aqui quando era adolescente e depois que eles foram morar no exterior, vim apenas uma única vez.
— Antonella, querida. – Tamara ficou de pé, elegantemente caminhou até a nós. — Filha, você está formidável.
As duas trocaram dois beijinhos, mas pareciam duas amigas do que mãe e filha.
— Lara, que bom vê-la outra vez. – Sorri.
— É bom te ver também, Tamara. Está ainda mais linda... – Ela adorava elogios.
— Ah, que isso. E quem é essa mulher linda aqui? – Os olhos castanhos claros caíram sobre Ana.
— Ana, é a Ana, mamãe. – A mais velha arregalou os olhos.
— Está mulher é a Ana? Por Deus, como você cresceu. Está belíssima. – Vi a minha irmã ficar rubra.
— Obrigada, Tamara, o tempo só te faz bem, é incrível. – As duas trocaram um abraço rápido.
— Deus, estou besta... Murilo, venha até aqui. – O pai de Antonella, que falava ao telefone, encerrou a chamada e veio até nós. — Olha como a Ana cresceu.
— É a pequena Ana? – Murilo arregalou os olhos. — Ana, que mulher linda se tornou. Filha, não me diga que vocês duas...
Ele apontou para as mãos das duas que estavam unidas, acho que nem elas haviam se dado conta daquele pequeno fato.
As duas se olharam.
— Estou tentando conquistar a sua filha, Murilo. – Abri a boca de leve com a ousadia de Ana Clara.
Antonella pareceu ficar em choque.
— Espero que não seja um problema. – A Ana sempre foi assim, dona de uma coragem invejável.
Os pais de Antonella se encararam, esperei pelo pior.
— Filha, você herdou o meu bom gosto. – Surpreendendo a nós, Murilo segurou a mão da minha irmã e beijou o dorso. — Não vejo nenhum problema, querida nora. Antonella não poderia ter escolhido melhor.
Coloquei a minha mão sobre o ombro de Antonella, a fazendo reagir.
Murilo me olhou.
— Lara, eu estou em um dia de sorte, estou rodeado de beldades.
Ele beijou o dorso de minha mão. Murilo sempre foi assim, não havia maldade em suas ações. Os dois pareciam um pouco diferentes, mais simpáticos, algo mudou drasticamente.
— Filha, espero que você não tenha herdado esse lado cafajeste do seu pai. – Tamara brincou. — Ana, querida, você tem a minha benção para cortejar a minha filha.
Antonella me olhou rapidamente, parecia compartilhar dos mesmos pensamentos que eu.
— Venha, minha nora, senta... – Murilo saiu de braços dados com Ana.
— Mamãe... – Antonella segurou delicadamente o pulso de Tamara. — Aconteceu alguma coisa?
Tamara encarou a filha, surpreendentemente, tocou a sua face.
— Isso tá te assustando, filha? – Franzi o cenho.
— Um pouco. – Tamara sorriu.
— Vamos sentar, o seu pai e eu temos que conversar com você. – Antonella concordou com um acenar de cabeça.
A minha amiga me ajudou a caminhar até a mesa, sentamos lado a lado.
— O que se passou com você, Lara? – Tamara perguntou.
— Sofri um acidente de carro, mas logo estarei livre da muleta. – Sorri.
— Mãe, pai, o que está acontecendo Parem de me enrolar.
Os dois se olharam, depois voltaram a encarar a filha.
— Antonella, sua mãe e eu viemos pro Brasil pra conversar pessoalmente com você. Filha, aconteceram algumas coisas que nos fizeram refletir bastante. – Ele passou as mãos sobre os fios castanhos. — Faz mais de uma semana que estávamos esquiando, sua mãe e eu quase morremos soterrados por uma avalanche.
Ergui as sobrancelhas.
— O que?
— A gente passou três dias no hospital, filha, a única coisa que conseguíamos pensar foi em você. Queríamos te pedir perdão por termos sido pais tão ausentes e mais que isso, dois verdadeiros idiotas. Não te demos suporte quando precisou, não fizemos o mínimo por você...
— Ver a morte de perto nos fez ver o que é importante, sabemos que não será de uma hora pra outra que você irá nos perdoar, mas não temos pressa. Perdão, filha, perdão por termos sido tão imbecis...
Os olhos dos dois estavam rasos, olhei para Antonella e ela estava com a face molhada, não parecia acreditar no que ouviu e eu não a culpava. Coloquei a minha mão sobre o ombro de Ana, aquele momento era dos três.
Ficamos de pé, ela me auxiliou até a varanda.
— Ela parece perdida. – A minha irmã comentou, sua preocupação era visível. — Nem sabe como agir.
— Ela tá surpresa, eu também estou. Lembro das vezes em que estive com eles, a Antonella era sempre deixada de lado. É muito inesperado tudo isso...
— Espero que ela fique bem, Lara, que tudo isso seja real. Se eles a machucarem de novo... – A minha irmã soltou o ar com força. Pousou a cabeça em meu ombro e ficamos ali, apenas observando.
— Também espero que seja...
Cortava alguns legumes para o jantar, no aparelho de som tocava uma música romântica, eu já havia ouvido várias vezes aquele dia. Ainda não havia me cansado dela.
Secret love song...
Cantarolava pela cozinha.
— Ah, eu adoro essa música... – Rafaela entrou pela porta da cozinha.
— Trouxe tudo o que te pedi?
Ela largou as sacolas sobre a mesa.
— Dança comigo.
Rafaela me segurou pela cintura, fazendo a gente se mover pela cozinha e cantarolava a canção.
— Why can’t hold me in the street?
Why can’t kiss you on the dance floor?
I wish that it could be like that
Why can’t it be like that?
‘Cause I’m yours
— Sua voz é horrível... – Ela gargalhou.
— Ao menos canto com sentimentos, sua chata. – Ela me soltou.
— Então corta isso aqui com sentimentos também, vou ver como tá a lasanha. – Fui até o forno.
— Como passou o dia? – Tirei a lasanha colocando sobre o balcão de mármore.
— Resolvi a parte da documentação que o seu chefe pediu e brinquei com o Tigrão. – O cheiro estava bom.
— Fico feliz que não escolheu se isolar. – A faixa trocou, uma canção de Sam Smith tocava.
— Preciso fazer isso por mim ou vou enlouquecer, Rafa. – Me coloquei ao lado da loira. — Sua mãe me ligou, disse que estamos oficialmente convocadas pro aniversário do seu primo.
— Merda, eu havia esquecido. – Rafa levou um pedaço de tomate a boca. — O tema vai ser de algum desenho, eu não lembro o nome.
— Naruto...
— Isso, isso mesmo.
— O Hugo adora, tem uma coleção gigantesca, podemos perguntar a ele quais personagens podemos ir fantasiadas. – Rafa me encarou.
— Você vai se fantasiar? – Franzi o cenho.
— E você não?
— Claro que não! Aquele pestinha não merece que eu passe essa humilhação. – Ri da tromba da loira.
— Ainda tá com raiva por causa do episódio da piscina? – Rafaela cortava a cenoura com demasiada força.
— Aquele nanico vai me pagar por isso, ainda bem que a festa vai ser na casa da tia Marina, a piscina vai estar cheia.
Ouvimos um estrondo vindo de fora.
— Vai cair uma baita tempestade. Ainda bem que cheguei a tempo. – Um relâmpago iluminou a sala, fazendo Tigrão se esconder embaixo do travesseiro do sofá.
— Vai tomar banho, vou terminar aqui. – Rafa acenou em positivo, saindo da cozinha.
Continuei a fazer a janta, uma chuva torrencial começou a cair. Rafaela voltou alguns minutos depois, jantamos e depois de lavarmos as louças, decidimos assistir à uma série nova;
O interfone tocou, nos fazendo estranhar. Quem seria aquela hora e embaixo daquela chuva?
— Pois não? Quem? – Rafa coçou a cabeça. — Tudo bem, pode liberar.
— Quem é? – Rafa fez uma careta engraçada.
— A Nicole. – Arregalei os olhos.
Demorou exatos cinco minutos para ouvirmos duas batidas na porta, eu fui atender e se possível, fiquei ainda mais surpresa ao ver Nicole toda molhada, vestida com uma calça jeans e um moletom preto.
Os lábios tremiam.
— Entra... – Dei passagem.
Ela retirou os tênis molhados, ficando de meia.
— Eu vou buscar uma toalha. – Rafaela sumiu pelo corredor.
Eu nem sabia como agir.
Alguns minutos depois, Nicole vestia um conjunto de moletom meu, estava envolta de uma coberta e com uma xicara de café em mãos. Rafaela e eu a encarávamos, esperando alguma resposta para o ato inusitado.
— Como sabe o meu endereço? – A minha amiga resolveu quebrar o silencio.
— Liguei pra Antonella, ela não queria passar, mas eu insisti. – Nicole deixou a xicara sobre a mesinha. — Soube que a Yasmin estava aqui, por isso decidi vir.
— O que faz aqui? – Rafa não estava muito feliz com a inusitada visita.
— Eu vou ajudar a derrubar o meu pai. – Ergui as sobrancelhas. — Faz duas horas que fui agredida por ele, depois que implorei pra ser excluída dos planos dele. Ele havia bebido, tentou me estrangular.
Ela mostrou as marcas.
— Sai de casa, não tinha pra onde ir... – Ela estava destruída, era de dar dó.
Rafaela ficou de pé, me puxou para a cozinha.
— Eu conheço esse olhar. – Ela colocou as mãos na cintura.
— Eu... eu não sei o que fazer. – Olhei rapidamente para a nossa convidada.
— Não tá pensando em convidar ela pra ficar aqui, né? – Aspirei o ar com calma.
— A decisão é sua, Rafa, é a sua casa... – A loira bufou.
Olhamos juntas para Nicole.
— Vocês sabem que eu posso ouvir, né?
— Eu não quero você aqui, mas se a Yas que foi uma das mais prejudicadas por suas escolhas quer, farei por ela. Se você estiver sacaneando a gente, eu juro que...
— Eu não quero te incomodar, se não deseja a minha presença, eu tento arrumar um hotel pra ficar. Entendo os seus receios, só pensei que...
Nicole ficou de pé.
— Eu vou chamar um taxi, me desculpem outra vez.
— Você pode ficar. – Rafaela foi enfática. — Só cumpre com a sua parte do acordo. Vou arrumar o quarto da Yas, você vai dormir lá.
— E onde a Yasmin vai dormir? Eu posso ficar no sofá.
— Ela dorme comigo.
Rafaela foi para o quarto que eu estava alojada.
— Ela é... brava. – Nicole abraçou o próprio corpo. — Caramba.
— Ela é bem calma, na verdade, só não gosta muito de você. – Sentei no sofá.
— Ah... – Nicole colocou a mão sobre a nuca.
— Tenho a sua palavra, Nicole?
— Sim, você tem. – Ela parecia outra pessoa, toda a sua pompa estava no chão. — Será temporário, vou alugar um apartamento e logo deixarei a casa da sua amiga.
Ficamos em silêncio.
— Aaah... – Nicole gritou quando Tigrão pulou em cima dela. — Que susto!
— Ele só quer brincar, é um bebe ainda. Não precisa ter medo...
— Eu não tenho... medo. – O nariz em pé voltou ao seu lugar. — Só não estava esperando.
Ótimo, era mais fácil lidar com aquela versão.
— O quarto tá pronto, você pode ir dormir se quiser. – Rafa voltou a sala.
— Obrigada. – Nicole ficou de pé. — Novamente, desculpe pelo inconveniente.
— Só cumpra a sua parte. – Rafaela conseguiu intimida-la.
Nicole foi para o quarto, totalmente sem jeito.
— Eu não estou acreditando nisso. – Ela soltou o ar com força.
— Não precisava fazer isso. – A encarei.
— Eu sei, mas confesso que fiquei mexida, viu como tá o pescoço dela? Eu não gosto dessa mulher, mas ninguém merece passar por isso. Só desejo que o monstro do pai dela apodreça na cadeia.
— Você tem um grande coração, Rafa.
— Você mais ainda...
— Eu só... me coloquei no lugar dela, mesmo assim, não consigo nem chegar perto de saber como é estar nele. A minha raiva pareceu mesquinha demais perto disso, dessa podridão toda...
— Você tem razão, eu vou tentar pegar leve. – Rafa deitou sobre minhas coxas.
— Você é maravilhosa...
Acordei um pouco cedo, tive um pesadelo estranho e não pude mais dormir, então levantei para beber água e ao passar pela porta do quarto que antes ocupava, a vi entreaberta e o Tigrão dormia confortável em cima de Nicole.
Fui para o quintal, aspirei um pouco do ar da manhã. Desbloqueei a tela do celular, abri na página visitada tantas vezes e levei aos lábios.
— Saudade, chatinha. Espero que esteja bem...
— Falando sozinha? Por que tá de pé tão cedo? – Rafaela pegou o celular. — Você vive namorando essa foto da Lara.
A minha face esquentou.
— Você não tem o que fazer, não? – Rafa soltou uma risadinha.
— Ai! – Ouvimos aquele grito e corremos para dentro. — Tira, tira...
Paramos na porta para ver Nicole pulando na cama, enquanto Tigrão apenas a encarava.
— Pelo amor de Deus...
Rafa deu meia volta.
— Tigrão? – O bichano já atendia pelo nome. — Vamos comer, vem cá.
O pequeno se espreguiçou todo e deixou a cama, Nicole estava descabelada e ao me olhar, tentou sorrir, mas mais pareceu uma careta. Peguei a bola de pelos no colo e fechei a porta.
— Amigão, parece que há alguém imune ao teu charme. – Fui para a cozinha.
Rafaela fazia o café, coloquei comida para o Tigrão e sentei.
— Viu que a casa aqui ao lado tá a venda? – Rafa acenou em positivo. — O preço tá muito em conta.
— Também achei, falei com a dona Vilma, ela disse que faz até um desconto de cinco por cento.
— Acho que vou comprar, tenho as minhas economias e bem, vou ficar zerada de dinheiro, mas acho que dá pra sobreviver. – A loira arqueou as sobrancelhas.
— Tá falando sério?
— Sim, não me quer como vizinha? – Rafaela sorriu.
— Vai mesmo trocar os condomínios de luxo de Belo Horizonte para morar em um lugar tão simples? Sem ofensas.
Nicole quem fez a pergunta e eu pude ver uma veia saltando no pescoço de minha amiga.
— Oh, não, claro, pode desdenhar do condomínio em que você está abrigada.
— Eu não... não foi isso que. – Ela se calou.
— Como pode ver, a casa da Rafa é muito bonita, ela mesma coordenou todo o projeto. – Nicole se manteve afastada.
Inteligente ela.
— Bem, você tem razão, a casa tem uma estrutura muito moderna, difere um pouco das outras. Os móveis são de extremo bom gosto. – Nicole amenizou, pois viu a carranca de Rafa.
— É seguro e a vizinhança é silenciosa. – Servi um pouco de café.
Tentei ajudar.
— E o apartamento em São Paulo? – Mordi a bochecha por dentro.
— Não queria, mas terei que vender. Não quero pedir dinheiro aos meus pais, então pra não ficar sem nenhum tostão, vou vender. – O líquido quente estava maravilhoso.
— Eu não queria incomodar mais do que já incomodei, mas bem, será que você poderia me arrumar mais um par de roupas e uma calcinha nova? – Segurei o riso.
Rafaela, se pudesse, mandava Nicole para longe.
— Não sei se as minhas roupas de gente simples farão bem a pele da madame, mas por favor, venha por aqui.
Nicole me encarou, parecia pedir socorro, eu apenas dei de ombros.
Continuei tomando café, alguns minutos depois, Rafa se juntou a mim, resolvi não cutucar a onça com vara curta. Falamos sobre a casa outra vez, esperaria até as dez da manhã e iria falar com a dona outra vez.
— Entre, fique à vontade para olhar. – Dona Vilma nos deixou passar.
Nicole veio comigo, Rafaela havia ido para a clínica.
— Temos uma piscina, área de lazer nos fundos, todos os quartos são suíte e temos também o banheiro social. – Os meus olhos gostavam do que viam. — Tem um pequeno escritório, mas pode ser transformado em qualquer outra coisa...
Entrei nos quartos, fui até o quintal, era tudo muito bonito.
— Eu adorei, dona Vilma. Por mim, fechamos agora mesmo. – Ela sorriu.
— Vou falar com o meu filho, ele irá preparar toda a papelada. Acredito que até quarta tudo esteja pronto. – Acenei em positivo. — Pegue, esse é o meu número, qualquer divergência, entre em contato comigo.
— Obrigada, eu aguardarei até quarta. Já pode tirar a placa, viu? – Ela riu.
— Pode deixar que farei isso, menina.
Deixamos a sua casa.
— Realmente, é um lugar tranquilo. – Nicole comentou.
Ainda era estranho tê-la ali depois de tudo.
— O seu pai voltou da viagem quando? – Entramos na casa de Rafa.
— Faz três dias, foi no mesmo dia em que vir parar aqui, ele deve estar no hospital agora. – Ela olhou para o relógio prateado em seu pulso. — Preciso buscar as minhas coisas e arrumar um outro lugar pra ficar, sua amiga vai cortar o meu pescoço a qualquer momento.
— É só segurar a menina esnobe dentro de você. – Nicole ergueu as sobrancelhas.
— Acho que passei muito tempo usando-a, que acabou virando parte de mim. – Eu ainda não tinha me acostumado a ver aquele lado frágil, não sabia reagir a ele.
— Escuta, eu vou com você até lá, buscar as suas coisas. – Nicole franziu o cenho.
— O meu pai não pode saber que estou com você. – Aspirei o ar com calma.
— Então liga pra sua mãe, pede pra ela levar as suas malas até a portaria. – Nicole pensou por um instante.
— É uma excelente ideia... – Peguei as chaves do meu carro.
Nicole ligou para a mãe, combinando o que há pouco falamos. Deixamos a casa de Rafaela, rumo a casa de Patrick.
— Você ainda não me disse o que tem contra o seu pai que pode nos ajudar. – Olhava para o trânsito.
— Queria conversar diante do Alonso e o Joaquim, assim todos ouviriam.
— Entendo...
— Você não confia em mim e eu entendo, mas preciso que me dê um pouco de credito.
Sim, eu precisava fazer isso.
— Você e a Lara, eu sinto muito. – Aspirei o ar com calma. — Desculpa ter facilitado as coisas pra Camille. Juro que jamais imaginei algo assim... a Lara deve me odiar.
— Você não foi a única culpada, ainda sinto raiva por tudo, mas sei que mesmo que você não fizesse aquilo, a Camille não deixaria de existir.
— Você a ama, não é? Eu conheço esse olhar, o mesmo que via nela. Você tem sorte, é tão raro conhecer esse sentimento e mais raro ainda quando é recíproco.
— Nicole, você tá me obrigando a simpatizar com você. – Ouvi sua risada pela primeira vez.
— Ficarei em silencio...
— Sim, por favor.
A olhei e ela sorria, então apenas aliviei a tensão.
“Que bizarro, confraternizando com a pessoa que jurei ser a minha “inimiga”, o que mais falta acontecer?”
Fim do capítulo
Boa noite :)
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patty-321
Em: 17/12/2022
A Nicole é uma cx de surpresa. Dessa vez elas vão pegar o Patrick, a Ana é uma figura. A Lara tá certa em não dar trela pra dona Telma. Rum. cobra. Doida pra ver o reencontro da Lara e da yas. Vai pegar fogo ??”?
Resposta do autor:
A Nicole tomou a decisão certa, nossas meninas vão está juntas pra enfrentar esse homem que não merece a família e amigos que tem. A Lara sabe bem o que passou, então se tá sendo assim com a mãe, dona Telma merece esse tratamento. Esse reencontro vai acontecer em breve, prepara o coração.
Vamos postar mais um cap.
beijos, Tany
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Lea
Em: 16/12/2022
É, não tem como,a Ana Clara fica mais apaixonante a cada capítulo.
Essa menina é cheia de luz,apesar de ter sofrido tanto e com essa pouca idade. Não canso de falar que,esse jeito decidido dela me encanta!
Elas não podem saber o dia de amanhã,mas no presente uma está descobrindo serem a fortaleza da outra!
Os pais da Antonella precisaram"ver" a morte de perto para,lembrarem que tem uma filha que,apesar de adulta e responsável,precisa do carinho e amor dos pais!
*
A Lara está blindada para essa "mudança"da mãe!
Me dói vê-la sofrendo assim. Ela de um lado e a Yasmin do outro!
*
Nicole finalmente acordou de vez, parece que agora a denuncia contra o pai vai se concretizar! Nicole merece uma segunda chance na vida,e a Rafaela pode ser a pessoa que ela precisa!
*
Nossa ruiva vai ser vizinha da Rafaela!
*
Bom dia, Letícia! Bom dia Tany!
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Lea
Em: 16/12/2022
É, não tem como,a Ana Clara fica mais apaixonante a cada capítulo.
Essa menina é cheia de luz,apesar de ter sofrido tanto e com essa pouca idade. Não canso de falar que,esse jeito decidido dela me encanta!
Elas não podem saber o dia de amanhã,mas no presente uma está descobrindo serem a fortaleza da outra!
Os pais da Antonella precisaram"ver" a morte de perto para,lembrarem que tem uma filha que,apesar de adulta e responsável,precisa do carinho e amor dos pais!
*
A Lara está blindada para essa "mudança"da mãe!
Me dói vê-la sofrendo assim. Ela de um lado e a Yasmin do outro!
*
Nicole finalmente acordou de vez, parece que agora a denuncia contra o pai vai se concretizar! Nicole merece uma segunda chance na vida,e a Rafaela pode ser a pessoa que ela precisa!
*
Nossa ruiva vai ser vizinha da Rafaela!
*
Bom dia, Letícia! Bom dia Tany!
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Lea
Em: 16/12/2022
É, não tem como,a Ana Clara fica mais apaixonante a cada capítulo.
Essa menina é cheia de luz,apesar de ter sofrido tanto e com essa pouca idade. Não canso de falar que,esse jeito decidido dela me encanta!
Elas não podem saber o dia de amanhã,mas no presente uma está descobrindo serem a fortaleza da outra!
Os pais da Antonella precisaram"ver" a morte de perto para,lembrarem que tem uma filha que,apesar de adulta e responsável,precisa do carinho e amor dos pais!
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A Lara está blindada para essa "mudança"da mãe!
Me dói vê-la sofrendo assim. Ela de um lado e a Yasmin do outro!
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Nicole finalmente acordou de vez, parece que agora a denuncia contra o pai vai se concretizar! Nicole merece uma segunda chance na vida,e a Rafaela pode ser a pessoa que ela precisa!
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Nossa ruiva vai ser vizinha da Rafaela!
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Bom dia, Letícia! Bom dia Tany!
Resposta do autor:
Ana ganhou mesmo o coração de vocês, a gente fica feliz em saber que os personagens estão sendo amados dessa forma. Ana é uma mulher que tem lhe dado muito bem com as circunstâncias da vida, tem atitude é forte pra caramba. Ela merece muito todo amor possível.
Quando a gente passa por uma situação de quase morte, vamos dar valor realmente a tudo que nos rodeia. Que os pais de Antonella permaneça nesse vínculo diário, ela merece muito esse momento.
Lara não tem baixado a rédia para a mãe, sei que a dom Telma Ta tentando mudar, mas pra ganhar confiança das filhas, vai precisar de paciência.
Nicole ainda vai nos surpreender, tem muita coisa pra acontecer, emoção atrás da outra.
Um abraço querida
tany
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Marta Andrade dos Santos
Em: 16/12/2022
Misericórdia Patrick é um escroto.
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Marta Andrade dos Santos
Em: 16/12/2022
Misericórdia Patrick é um escroto.
Resposta do autor:
Patrick merece ser desmascarado e pagar por tudo que fez com a Nicole.
Logo sai o próximo cap.
Um abraço
Tany.
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HelOliveira
Em: 16/12/2022
Rafa tá muito brava com a Nicole será que rolar algo mais aí..?
A cada capítulo me apaixono mais pela Ana que já chegou firme e ganhou a benção do sogro e da sogra....amei
Parabéns ??‘???‘???‘?
Resposta do autor:
Senhorita Nicole tirando a Rafa do sério, olha que tudo pode acontecer nessa história rs.
Ana sempre foi de atitude, se ela quer ela vai e tenta. Uma garota muito incrível, como não gostar de Ana, ela merece muito um amor recíproco.
Obrigada por comentar.
Tany
Resposta do autor:
Senhorita Nicole tirando a Rafa do sério, olha que tudo pode acontecer nessa história rs.
Ana sempre foi de atitude, se ela quer ela vai e tenta. Uma garota muito incrível, como não gostar de Ana, ela merece muito um amor recíproco.
Obrigada por comentar.
Tany
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Dessinha
Em: 15/12/2022
Essas escapadas que faz torna tudo mais que perfeito. Escapadas leia-se todo esse cenário que compõe a estória, faz a gente suspirar, lembrar do pé na bunda, do primeiro amor, do primeiro beijo, do amor que a gente jurava ser pra sempre e de repente são lágrimas e só lembranças. E essa trilha sonora é de lascar essa jovem senhora de 30 anos. Vou me ferrar toda ouvindo até dormir, misericórdia. É encantador, tudo isso encanta. Devo ser cansativa em parabeniza-lá mais uma vez. Abraços e bastante sucesso em vossas vidas.
Resposta do autor:
Muito obrigada mesmo pelo seu maravilhoso comentário, nossos corações ficam aquecidos pelas suas palavras. Se essa estória faz vocês sentirem todas essas emoções a gente fica muito feliz por Ta compartilhando tudo isso com vocês. Sobre a música também não canso de ouvir, foi muito bem escolhida pela nossa linda autora Letícia.
um forte abraço, vamos de cap novo??
ps. Tany
Resposta do autor:
Muito obrigada mesmo pelo seu maravilhoso comentário, nossos corações ficam aquecidos pelas suas palavras. Se essa estória faz vocês sentirem todas essas emoções a gente fica muito feliz por Ta compartilhando tudo isso com vocês. Sobre a música também não canso de ouvir, foi muito bem escolhida pela nossa linda autora Letícia.
um forte abraço, vamos de cap novo??
ps. Tany
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