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Diga meu nome por Leticia Petra e Tany

Ver comentários: 5

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Palavras: 5263
Acessos: 3287   |  Postado em: 12/12/2022

Capitulo 19 - Monstros.

      Sentia o corpo dolorido, a boca estava seca e eu estava com muita sede. Abri os olhos devagar, tentei me mexer, mas senti a minha perna imobilizada. Olhei para o meu lado direito e vi a cabeleira vermelha espalhada sobre a minha barriga. Ela segurava a minha mão, a face bonita parecia relaxada, em sono profundo.

Olhei para todo o quarto, vendo a minha irmã dormindo sobre o peito de Antonella no sofá e Rafaela, um pouco torta, dormia na poltrona.

— Yas... – Chamei baixinho. — Yas?

Ela se moveu, um pouco sonolenta, levantou a cabeça.

— Lara, meu amor... – Ela ficou de pé, tocou a minha face e eu sorri. — O que tá sentindo?

— Sede... – Ela imediatamente encheu um copo e colocou o canudo em minha boca.

Suguei o liquido, sentindo um alivio instantâneo.

— Lara... – Ana acordou, acordando as outras também.

— Vou chamar a doutora. – Antonella saiu do quarto apressada.

— Você tá sentindo alguma dor? – Yasmin tocou o meu rosto com carinho. — Que susto. Que susto, Lara...

— Estou bem, amor. – A ruiva abriu um sorriso bonito, fazendo o meu coração se agitar. — Passou a noite aqui? Suas costas devem estar doloridas.

— Não poderia ir pra casa, precisava ouvir tua voz. – Ela me beijou a testa, beijou os meus lábios, em um selinho longo. — Graças a Deus, você tá bem.

Toquei a sua face, nos abraçamos demoradamente. Aspirei o seu cheiro, o meu coração batia feito louco.

— Se recorda do que aconteceu? – Ana perguntou, Yas se afastou e me encarou.

— Um carro bateu no meu, o motorista pareceu jogar o carro... – Ainda estava tudo muito confuso. — Não lembro bem.

As três trocaram olhares.

— O que foi isso? Por que se olharam desse jeito?

     Não deu tempo de nenhuma responder, pois a médica entrou e logo atrás os meus pais. Pude ver o olhar nada amistoso da minha mãe para Yasmin. O que estava acontecendo?

— Você se lembra o que aconteceu, Lara? – Olhei para a médica.

— Sofri um acidente de carro. – Franzi o cenho.

— Não foi um acidente, tentaram matar você. – A minha mãe falou.

— Telma...

— Não, eu não estou contando nenhuma mentira. Aliás, você não deveria estar aqui, Yasmin, por sua causa a minha filha quase morreu. – O que? — Deveria ao menos ter a decência de não dar as caras aqui.

— Do que a senhora tá falando? Por qual razão está falando assim com ela? – Olhei para Yasmin. — Yas?

— Dona Telma, isso não é hora...

— É hora sim! – Ela interrompeu a Antonella. — Quero que saia daqui agora mesmo, garota, que esqueça que a minha filha existe. Não se atreva a chegar perto dela, Yasmin.

— Mamãe, você não pode exigir nada! O que a Yasmin e eu temos só diz respeito a nós duas. Você não é ninguém pra dar palpites. – Senti a cabeça latejar.

— Sou a sua mãe e pela a sua segurança, exijo que ela se afaste. – Yasmin ficou em silêncio.

O que estava acontecendo?

— Alguém me explica que merd* tá acontecendo?

— Quem bateu no seu carro foi a ex amante da Yasmin, ela tentou te matar! – Minha mãe subiu o tom.

Olhei para a ruiva, esperando que ela falasse algo.

— A sua mãe tem toda razão, Lara, toda razão...

— O que... me explica.

— Camille bateu no seu carro, por causa dela você quase... – Yas passou as mãos na cabeça de forma agoniada. — Eu deveria ter mantido distância, nada disso teria acontecido.

Os seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— Yasmin, eu não vou ficar longe de você. – Tentei levantar, mas fui impedida por Ana.

— Meu amor, é o melhor por agora, a Telma está certa. – Ela passou as mãos sobre a nuca, o seu olhar doeu em meu coração. — Minha presença representa um grande risco a sua vida, mas prometo que vou consertar tudo e vou atrás de você, onde quer que esteja...

— Como se atreve a dizer que vai atrás dela?

— Dona Telma, eu vou ficar longe por agora, a sua filha é muito importante pra mim e nada do que a senhora disser vai mudar uma vírgula. Meu amor, será temporário...

— Yasmin, por favor, não faz isso... – Os meus olhos ficaram inundados.

— Sua mãe tem razão, Lara, eu gosto muito da Yasmin, mas você quase morreu por conta da relação de vocês. Também quero que se afastem de uma vez por todas, Yasmin.

— Pai, olha como está falando com a Yas. – Ana tentou intervir.

O meu pai foi duro, nunca havia o ouvido falar assim.

— Eu estou apaixonada pela Yas, papai, não entende? Ela não tem culpa de nada!

— Não foi um pedido, Lara.

Olhei para ela que estava com o rosto molhado. O meu coração foi esmagado.

— Precisamos ir, Yas... – Rafaela foi até a ela, lhe envolvendo pelos ombros.

Yas me encarou.

— Me perdoa, meu amor... – As duas deixaram o quarto.

      Eu tentei me levantar outra vez e fui impedida por meu pai. O olhei com magoa, não acreditando que ele foi mesmo a favor daquele absurdo.

— Saiam daqui! Agora! – Falei para os dois.

— Lara, não admito que fale comigo assim. – Ele aumentou o tom.

— Saiam daqui! Eu não quero ver vocês por agora. – O meu peito arfava.

O meu pai me encarou por uns segundos, então levou a minha mãe junto consigo. A médica havia saído quando percebeu que as coisas ficaram tensas.

— Preciso falar com a Yas... – Olhei para ambas.

— Lara, espera a poeira baixar por enquanto. O que aconteceu foi muito, muito grave, o melhor é deixar que as coisas se acalmem. Por favor, é temporário... – A minha irmã pediu. — Não culpo a Yas de forma alguma, sei que ela é uma vítima nisso tudo, mas dessa vez, faz isso por nós.

Enxuguei as lágrimas que molhavam a minha face.

— É por um tempo breve, Lara... – Antonella reforçou. — Por favor.

— Tenho medo de perde-la. – Coloquei a mão sobre a face.

— Você não vai, não vê que ela é louca por você? – Eu estava tão cansada. — Camille foi mandada pra uma clínica psiquiátrica, mas ainda representa um grande perigo. Ela pode recorrer ao pai e sair a hora que bem entender.

— Como assim? Como você sabe? – Antonella suspirou.

— Depois que chegamos ao hospital ontem, ela recebeu uma ligação da diaba, se gabando do que fez. Mandou um endereço de hotel, mandou a Yas ir até lá e ela foi, estava transtornada. Rafaela e eu fomos com elas...

— O que aconteceu?

— Yas deu uma surra nela, logo depois a filha da desgraçada apareceu lá com alguns enfermeiros. – Filha? — Lembra da mulher que vimos com ela no clube? É a filha da Camille, ela ajudou a Yas, mas foi clara que aquilo não seguraria a mãe por muito tempo.

Olhei para as minhas mãos.

— Eu só quero sair desse pesadelo...

      As duas permaneceram em silêncio, apenas me encarando. A médica voltou depois de algum tempo, fez um novo checape e me liberou. Com a ajuda de Ana e Antonella, deixei o hospital discretamente.

Ao chegar em meu apartamento, tive a terrível surpresa da minha mãe me esperando.

— Eu quero que vá embora. – Segurei na cadeira de rodas.

— Vou cuidar de você até que fique boa. – Ergui as sobrancelhas.

— Eu não desejo que cuide. – Fui ríspida. — Não te pedi nada disso.

— Ela tem quem faça isso, Telma. – Ana falou. — Vai embora.

— Você, querendo ou não, é a minha filha e eu vou ficar aqui até que você esteja recuperada e te impedirei de fazer qualquer burrice. – Eu não estava com paciência para aquilo.

— Me leva pro quarto, Ana... preciso de um banho. Espero que não esteja aqui quando eu acordar. – A minha mãe não se intimidou.

      A minha irmã empurrou a cadeira de rodas, Antonella nos seguia. Com a ajuda de ambas, tomei banho e troquei de roupa. O interfone tocou, Ana deixou o quarto para atender.

Ela voltou segundos depois.

— É um entregador. – Acenei em positivo. — Você pediu algo?

— Não, eu não pedi. Foi você, Antonella?

— Também não... – Franzi o cenho. A campainha tocou.

— Vou atender... – Ana falou.

Demorou alguns minutos até ela retornar com dois buques e um urso de pelúcia.

— São pra você. – Ela me entregou o bichinho e os bilhetes.

O meu coração acelerou ao ler o primeiro.

— Da Yas? – Antonella perguntou e eu acenei em positivo.

Eu não vou desistir tão fácil, chatinha, me espera.

      Sorri, olhei para a pelúcia e pude sentir o seu cheiro nela. Me agarrei ao urso, sentindo o meu peito arfar. Li o outro bilhete e estava em nome de Alonso, Amanda e Hugo.

“Eu só quero que esse pesadelo termine logo.”

 

      Ficaria um tempo afastada do hospital, todas as minhas cirurgias foram encaminhadas para outra ortopedista. Recebi uma mensagem vaga do meu pai, mas não respondi. Ana havia dito que a nossa mãe continuava no apartamento, então decidi não sair do quarto e fiz as minhas refeições ali. Quando a noite chegou, Caterine apareceu, trouxe alguns doces e mimos.

Poderia estar sendo ingrata, mas não era quem desejava que estivesse ali.

— Trouxe um chá, toma enquanto tá quente. – Ana me entregou a xicara.

Ela ignorava a Cat.

— Obrigada. – Assoprei, dei um gole e o sabor se espalhou em minha boca.

— Antonella virá amanhã pela tarde. – A minha irmã sentou ao meu lado. — Ela teve que voltar ao hospital.

— Cadê ela? – Olhei para a xicara.

— Tá no quarto de hospedes, agindo como se mandasse em tudo. – Aspirei o ar com calma.

— Essas flores, foi aquela mulher quem mandou? – Cat perguntou. — Quando ela vai entender que deve ficar longe?

— Por que isso é da sua conta, Cat? Quem diabos te deu permissão pra se meter na vida da Lara? Ser a primeira namorada dela não te dá direito de nada.

— Não preciso de permissão alguma. Eu só quero o bem da sua irmã, Ana... sua mãe e eu...

— Minha mãe? Faça-me rir, Caterine. – Falei em deboche.

— Sim, a sua mãe quer apenas te proteger, Lara, não entende isso? – Olhei para Cat sentindo o meu sangue ferver. — A gente conversou, ela me explicou o seu ponto de vista. Mesmo cega por essa mulher, você tem que admitir que ela tá certa em se preocupar.

Ana Clara riu.

— Se preocupar? Você fala isso porque não conhece a Telma, Caterine, então não faz comentários que não te dizem respeito. – Ana ficou de pé.

— Só acho que ela tem razão, a Lara quase morreu, se não fosse por causa daquela garota, por causa daquela...

— A Yas entrou no acordo porque queria proteger a integridade moral do diretor Claudio e da Lara, ela não tinha nada com isso, mas mesmo assim topou. — Ana a interrompeu outra vez. — A Yas é uma mulher maravilhosa e você só não gosta dela porque morre de ciúmes. Ao menos seja sincera com os motivos que te fazem odiá-la, não usa o acidente da Lara pra isso.

Ana deixou o quarto.

— A sua irmã pegou aversão a mim...

— Você não tá facilitando, Cat. Por favor, pare de fazer comentários desnecessários sobre a Yas. E não se meta nos que diz respeito a Telma, só Ana e eu sabemos como a nossa mãe realmente é...

Ela me encarou por vários segundos.

— Eu vou pra casa, sinceramente, você deveria pensar um pouco em si. Se essa batida houvesse sido um pouco mais forte, você poderia ter morrido. Bota na balança o que de fato é importante, Lara...

Cat pegou sua bolsa.

— Amores vem e vão, não acho que aquela mulher valha tanto. Já parou pra analisar toda a situação? A ex amante da sua namoradinha, uma mulher casada, ela teve a falta de caráter de se envolver com uma mulher casada, Lara.

— Chega, Caterine. – Fechei os punhos com força. — Chega!

— Te ligo.

Ela deixou o quarto.

      Eu estava mentalmente cansada, sabia que em partes, eles tinham razão e a distância seria o melhor por agora, o mais segura para ambas, mas só de imaginar que Yasmin está sofrendo, ainda mais depois do que os meus pais disseram, me massacrava o coração.

Ela não merecia.

— Meu Deus, cuida dela... por favor.

 

      Com a ajuda da muleta, tomei banho e troquei de roupa. Ana estava na escola, restando assim apenas a minha mãe e eu. Inevitavelmente, tive de deixar o quarto para comer algo.

— Fiz um café da manhã reforçado. – Olhei para a mesa.

Eu não sentia fome, mas precisava por algo no estomago.

      Dormir foi uma tarefa difícil, confesso que chorei bastante. Não achei que aos meus vinte e oito anos, estaria passando por algo assim. Pensei em Yas, na conversa que tivemos no carro, nos carinhos trocados, em suas palavras.

Os meus olhos queimaram.

— Estamos fazendo isso pro seu bem. – Não a olhei.

Respirei fundo, não a deixaria me ver chorando.

— Quando começou a se preocupar com o meu bem estar? – Cutuquei os ovos mexidos. — Não me lembro de ter sido assim alguma vez. Tá querendo o que com isso, Telma?

— Você quase morreu, Lara, por um pouco mais, uma tragédia teria ocorrido. – Ri sem humor. — Eu entrei em desespero, preciso e vou zelar por sua vida, alguém precisa fazer isso...

— Não precisa fingir que se importa perto de mim, mãe, eu te conheço. Pode falar os absurdos que você sempre adorou, não tem plateia pra impressionar.

— Lara...

— Você nunca foi uma mãe de verdade pra Ana e pra mim, vai pra sua casa e leva todo esse fingimento com você. – A encarei. — Tá desesperada porque o meu pai quer o divórcio e tá aí tentando bancar a mãe preocupada pra amolecer ele. Pode deixar, eu digo a ele que cuidou de mim como uma mãe preocupada e amorosa...

— Você nunca falou assim comigo. – Ergui as sobrancelhas.

— Porque antes eu queria nem que fosse uma migalha do seu afeto, uma palavra de carinho, eu aceitava qualquer coisa pra manter a ilusão de que eu tinha uma mãe. – Ela não deixava de me encarar. — Agora eu não dou mais a mínima...

Dei de ombros.

— Você me machucou tão fundo, mãe, que agora não doí mais, eu sei quem sou...

Pela primeira vez na vida, vi os olhos dela vacilarem e lacrimejarem.

— Sei o que mereço, dei duro pra ser uma filha que você se orgulhasse, mas agora tanto faz.

— Não importa o que você diga. – Ela virou de costas para mim. — Vou continuar aqui, até que você esteja bem.

Bati palmas.

— Você tá ficando cada vez melhor na atuação. Bravo...

      Ela deixou a cozinha, me deixando só com os meus pensamentos. Comi forçada, precisava de um pouco de energia. O que Yasmin estaria fazendo? Como ela estaria agora? Eu só queria estar ao seu lado, vê-la daquele jeito doeu tanto, ela não merecia. Desejava estar lá, deitada sobre o seu peito, a ouvindo me chamar por aquele apelido irritante.

Abafei um soluço.

Essa paixão estava ganhando forças incontroláveis. Ainda era paixão? Não... eu a amava. Eu a amo!

 

 

      Encarava o nada, a minha cabeça pesava e eu não estava dando conta de pensar com clareza. Foi assim nas últimas 48 horas. Ouvi os meus pais, ouvi o meu irmão, ouvi a Rafaela, todos eles tinham razão, ficar longe da Lara seria o melhor para ambas, mas isso não impedia de doer.

— Toma, coma essa sopa. – Rafaela colocou a tigela a minha frente.

— Obrigada. – O meu pai havia ido a pouco, a minha mãe estava sentada ao meu lado. — Eu decidi uma coisa, espero ter o seu apoio, mamãe.

Provei da sopa quente.

— O que é, filha? – Aspirei o ar com calma.

— Vou sair do hospital. – Encarei minha mãe.

— Acho que é uma boa ideia, é o melhor que você pode fazer pela mulher que ama. – Sua mão aconchegou a minha. — Será por um tempo apenas...

      Os meus olhos arderam, então não pude controlar o choro. A minha mãe me abraçou, me deixou ficar ali, enquanto o meu peito doía. Me sentia frágil, quebrando, sem estruturas.

— Estamos aqui, filha, coloca tudo pra fora. – Me agarrei a ela.

      Eu não desejava nada disso, nunca quis pôr a Lara em perigo, Deus, ela poderia ter morrido. Só de imaginar o meu peito doía, sentia uma agonia, uma vontade imensa de ir até Camille outra vez e descontar toda a minha ira.

Eu a odiava com toda a minha alma.

 

Terça.

      Não havia ido trabalhar, depois que tivesse a resposta da Nicole, deixaria o hospital e procuraria um novo emprego. Fazia alguns dias que não via a Lara, Antonella me mantinha informada, inclusive contou que Telma estava no apartamento bancando a boa mãe.

Diminui a velocidade da esteira. O meu celular tocou, olhei a tela e era uma mensagem.

— Estou morta. – Rafa reclamou.

Peguei o aparelho, era uma mensagem de Tais, a mulher que me “comprou” no leilão.

— Quem é? – A loira perguntou.

— A mulher do leilão. – Eu não estava com cabeça para isso.

— Vão jantar? – Beberiquei a água.

— Eu não quero ir, eu vi o jeito que ela me encarou no leilão, não quero envolvimento com ninguém. – Rafaela acenou em positivo.

— Você faz certo.

— Lara é a única mulher que me interessa...

O meu celular voltou a tocar e dessa vez era a Nicole, atendi.

— Me encontre no endereço que mandei em uma hora. – Encarei Rafa.

— Estarei lá. – Desliguei a chamada. — Vamos pegar uma cobra.

A loira ergueu as sobrancelhas.

      Mandei uma mensagem para Antonella, que respondeu que me encontraria lá, deixei a academia com Rafaela, o endereço ficava fora do centro, próximo a uma via que não estava funcionando por conta de alguns reparos.

Preparei o meu celular, iria gravar tudo o que pudesse.

— Acha que ela vai aceitar? – Chegávamos ao local, a frente vi um carro conhecido.

Antonella estava sentada no capo.

— Eu tenho certeza que sim. – Parei o carro ao lado do dela.

Descemos do carro.

— Consegui uma pequena câmera, ela já tá ligada. – Antonella falou. — Vamos poder registrar tudo. Oi, Rafa...

— Oi, Antonella...

— Ótima ideia, Antonella. – Falei, guardando o celular, pois não precisaria mais dele.

— Ela tá vindo. – Rafa falou.

      Demorou alguns segundos até que Nicole parou a nossa frente. Ela deixou o carro e caminhou até nós, surpresa por ver Antonella e Rafaela. Ao se aproximar, notei que havia marcas roxas em seu pescoço.

— Veio com a gangue toda. – Desdenhou. — Achou que eu iria fazer o que? Te matar?

— Não duvido de mais nada, Nicole. E então, temos um acordou ou não? – Ela ajeitou o moletom que vestia, era a primeira vez que a via tão casual.

Nicole abaixou a cabeça.

— Precisa mesmo ser desse jeito, Yasmin? – Fechei o punho.

— Você e aquele infeliz do seu pai começaram tudo isso. – Ela segurou os fios do capuz.

— Não era pra ser dessa forma... não era. Eu não suporto mais isso, sabe, não aguento mais carregar o peso dessas merd*s todas. – Ela aspirou o ar ruidosamente e me encarou. — Eu nunca quis fazer nada disso, de forma alguma...

Os seus olhos estavam vermelhos.

— Não sabe o inferno que é viver com ele, Yasmin, aquele monstro me obrigou a fazer coisas que eu jamais desejei. – Franzi o cenho. — Coisas que nunca vou esquecer, não importa o tempo que passe...

— Acha que vou acreditar nisso? – Nicole passou a tirar o tênis e eu estranhei. — Você não parecia nenhum pouco incomodada quando falava aqueles absurdos.

Ela tirou o moletom, depois a legging, ficando apenas de calcinha e top. Ergui a sobrancelha, totalmente surpresa com o que via.

— Acha que dá pra fingir isso? – O seu corpo estava cheio de marcas, muitas eram recentes. Havia uma cicatriz enorme no canto inferior do seu abdômen— Convivo com isso a vida toda. Vê essa aqui?

Ela apontou para a cicatriz.

— Ele me fez com uma garrafa quebrada, eu só tinha treze anos. Você não faz ideia como é viver com uma pessoa que não deseja a sua existência, que dia após dia faz questão de lembrar que você foi um erro, que deveria ter nascido homem.

Desviei o olhar, dava para sentir sua dor em cada palavra. Nicole passou a se vestir.

— Eu escondi a minha sexualidade a vida toda, abri mão de um grande amor pra me encaixar na merd* da vida do meu pai, pois sei do que ele é capaz. Não faz isso, Yasmin, por favor, eu te imploro...

— Você não pensou na Lara quando tentou chantageá-la pelo mesmo motivo. – Antonella respondeu. — Ou quando se juntou a maluca da Camille.

— E eu não queria nada disso, eu mandei as imagens as escondidas do meu pai, tentando fazer vocês mudarem de opinião e deixar a disputa, ele queria envia-las pra imprensa, apanhei muito por ter feito isso. Tentei fazer vocês desistirem, assim eu não precisaria continuar vendendo a minha alma ao diabo.

— Faz sentido, Yas, ela poderia ter só enviado as fotos, exposto a Lara e depois você, mas não o fez. – Rafaela falou.

Passei as mãos sobre a cabeça.

— Isso aqui... – Ela mostrou sua foto aos beijos com outra mulher, a mesma que havia enviado há uns dias. — Nesse dia ele havia me dito coisas horríveis, bateu em mim. Fui a primeira boate que vi e acabei fazendo isso. Só precisava descontar a minha raiva de outra forma. Não faz isso, não mostra pro meu pai...

— Por que só não sai de casa? – Antonella perguntou.

— Não posso deixar a minha mãe sozinha com ele, ela vive totalmente submissa, não tem coragem de deixa-lo.

— Ele bate nela? – Perguntei.

— O único que não sofre a sua ira é o meu irmão.

— Que desgraçado. – Passei as minhas mãos pela face.

— Nos ajude a derruba-lo, Nicole, o Patrick é um perigo e precisa pagar por tudo isso. – Antonella falou. — Faça isso por você também.

— Você deve ter mais coisas contra ele, ajude-nos a reunir provas. O seu pai tem que ser preso. – Rafaela completou. — Esse monstro precisa pagar por tantas atrocidades.

Nicole se apoiou em seu carro, colocou as mãos sobre a nuca.

— Temo o que ele pode fazer, o meu pai tem muito ódio por Alonso e Joaquim, ele quer tudo somente pra ele. Eu seria destruída...

— Você já não está sendo? – Perguntei.

— Vamos te dar mais um tempo, não vamos expor a foto mesmo que a sua resposta seja negativa. Não somos as vilãs dessa história. – Antonella falou.

— Você precisa sair daquela casa, não precisa mais passar por isso. – Nicole me encarou.

Toda a raiva que sentia dela simplesmente se tornou nada diante daquilo.

— Eu não tenho ninguém, Yas...

— A gente pode te ajudar. Você tem a minha palavra.

— Eu preciso pensar, então me dê mais um tempo. – Nicole deu a volta, entrou no seu carro.

     Vimos o veículo deixar o local, tudo aquilo mudou totalmente a situação, eu não queria ter compaixão, mas foi inevitável diante de tudo o que vimos e ouvimos. Ela estava sendo brutalmente machucada pelo pai, vivia refém dele.

— Jamais imaginei algo assim, nem consigo imaginar tudo que ela suportou. – Rafa falou.

— Acho que as coisas se encaixam agora. – Olhei para as duas. — Mais do que nunca, ele tem que pagar.

— Poderíamos fazer uma denúncia anônima. – Antonella falou.

— Eu quero mais, quero que todos saibam quem ele é e só poderemos fazer isso quando tivermos provas concretas. Vamos esperar pela decisão de Nicole e começaremos a agir. Antonella, eu terei de deixar o hospital, não posso mais ficar lá.

— Entendo, acho que você tá tomando a decisão correta, mas não desista da Lara, por favor. Ela é apaixonada por você e tá sofrendo, esperançosa que vocês possam viver tranquilamente esse sentimento tão bonito. – Os meus olhos lacrimejaram. — Será temporário, enquanto isso, eu serei os seus olhos no hospital e vou cuidar dela.

— Eu fico muito agradecida, Antonella. Eu não vou desistir, eu amo... amo a Lara.

A morena sorriu.

— Tome cuidado, não deixe que ele perceba a sua aproximação. – Antonella acenou em positivo. — Preciso compartilhar essa informação com os meus pais. Não farei mais as coisas às escondidas.

— Faz bem, chega de segredos. – Antonella veio até a mim, me abraçou forte. — Sinto muito, eu não queria mesmo que vocês se separassem, mas o meu lado racional sabe que é o melhor.

— Eu entendo, no seu lugar, eu faria exatamente o mesmo. Pela Rafa, por quem amo, também tomaria a mesma atitude.

— Eu gosto muito de você, ruiva, você se tornou uma grande amiga e alguém que aprendi a amar muito. – Nos encaramos. — Não vou te abandonar, vai ter que me aturar, ainda serei madrinha do teu casamento com a Lara.

Não pude deixar de sorrir.

— Também te amo, Antonella, você é uma grata surpresa. Achei que jamais encontraria alguém como a Rafa. – A abracei. — Cuida bem dela.

— Farei isso... – Nos afastamos. — Rafa, eu sei que o clima anda um pouco estranho entre nós, mas saiba que gosto de você. Espero que algum dia possamos ser amigas.

As duas se encararam.

— Sei que sente algo pela Ana. – Franzi o cenho. — Eu consigo ver...

— Descobri que gosto dela, Antonella, mas não vou atravessar o caminho de vocês, já machuquei a Ana demais quando... – Rafa passou as mãos sobre a cabeça. — Ela tá feliz, dá pra ver, tá saudável, nem de longe parece a menina que entrou no meu consultório. – A loira sorriu. – Não sei o que tá acontecendo entre vocês, mas dou a minha palavra que ficarei de fora.

Rafaela estendeu a mão para Antonella.

— Eu gosto da Ana, gosto muito... – A morena confessou. — Não sei o que vai acontecer, mas independente de tudo, eu vou continuar cuidado dela.

— Eu conto com você, Antonella. Cuida bem da Ana, por favor. – Antonella acenou em positivo.

Era bom ao menos um pouco de paz.

      Nos despedimos de Antonella, pois iriamos para a casa dos meus pais, contaria sobre o encontro com Nicole. O meu pai manteria o Joaquim informado, eu não o faria, estava envergonhada por tudo que fiz a Lara passar. Depois de ouvir o que ele disse no hospital, ficou claro que não contaria mais com a sua “benção”.

— Eu não consigo assimilar isso. O que está me dizendo, filha? – Os meus pais me olhavam chocados.

Hugo e Rafa estavam no sofá.

— Isso o que você ouviu, papai, o Patrick é um monstro, só Deus sabe do que ele é capaz. – O meu pai passou as mãos sobre o rosto.

— Vimos as marcas, eram muitas e por todo o corpo. – Rafa completou. — A Nicole é uma vítima do Patrick.

— Deus, eu mal consigo pensar, nunca passou por minha cabeça uma coisa dessas. –O meu pai estava totalmente incrédulo.

Aspirei o ar com calma.

— A Nicole vai ceder, deu pra ver claramente o quanto ela tá exausta. Confesso que a ver daquela forma me doeu.

— Tadinha dessa menina, como a Paola deixou chegar a esse ponto? – A minha mãe perguntou.

— Ela é totalmente submissão, segundo a Nicole, a mãe também sofre as agressões. – Era monstruoso.

— Essa menina precisa de amparo. – O meu pai ficou de pé, andava de um lado para o outro.

— Vou esperar por uma resposta dela, certamente, ela deve ter algo que poderemos usar pra por ele na cadeia. Antonella será o nosso contato, tem que dar certo. – Tem que dar.

— Vou conversar com o Joaquim, daremos todo o suporte. Infelizmente, devemos nos preparar pra qualquer. Até mesmo pro tanto que irá afetar a imagem do hospital. – Concordei com um acenar de cabeça. — Quando ela der a resposta, a traga aqui, filha, irei conversar com ela.

— Tá bom, papai, eu farei isso. – Fiquei de pé. — Preciso ir.

— Antes preciso te fazer um pedido, um pedido meu e da sua mãe. – Eu já imaginava do que se tratava.

— Faça, papai...

— Sei, entendo e respeito os seus sentimentos pela Lara, se temos uma certeza agora, é que esse sentimento é reciproco. Pudemos ver isso durante toda a noite no evento, ela não parava de te olhar...

— Os olhos dela brilhavam. – A minha mãe sorriu.

Um nó se formou em minha garganta.

— Em nome disso, te imploramos que se mantenha distante até que tudo isso seja resolvido. Não se coloquem em risco, tenham paciência, por favor. – Abaixei a cabeça.

— Você é uma menina maravilhosa, temos todo o gosto do mundo nessa relação, mas agora é hora de ser racional. – Encarei a minha mãe. — Prometa pra nós que irá manter distância por enquanto.

Aspirei o ar com calma.

— Eu prometo. – Eles sorriram.

— Obrigada, filha. – O meu pai veio até a mim, me abraçando forte.

Eu tinha que ser forte também.

 

      Minutos depois deixávamos a mansão, o caminho foi feito no mais absoluto silencio. Tomei um banho longo, jantei com a Rafaela e depois fomos para a sala, onde resolvi buscar por emprego.

Tigrão dormia sobre as costas de Rafaela.

— O meu chefe precisa de alguém que fique com a parte administrativa da clínica, ele vai passar alguns meses no exterior. – A loira mexia no celular. — Indiquei o seu nome.

Franzi o cenho.

— Quando? – Rafaela riu.

— Faz meia hora, ele pediu pra você ir amanhã na clínica, ficou louco com o teu currículo. – A encarei.

— Sua filha da mãe.

A loira gargalhou.

— Esteja lá as dez, ele é muito pontual e o dinheiro não é ruim...

Balancei a cabeça, rindo.

— Você não existe, Rafa, obrigada...

—  Preciso mostrar serviço, agora que você ama outra. – Ergui as sobrancelhas.

— Tá com ciúmes, é? – Gargalhei.

— Tô, mas dou um desconto porque a Antonella também ganhou o meu coração. – Rafa sorriu.

— Te amo, loira.

— Eu sei...

Fim do capítulo

Notas finais:

Mais um cap.

Obrigada pelos comentarios.

Beijos, meninas..


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Comentários para 19 - Capitulo 19 - Monstros.:
Dessinha
Dessinha

Em: 12/12/2022

Mas que coisa complicada, hein! Eu sendo Yasmín morria 4 vezes depois desse esporro todo, que foda isso... e a Rafaela merece un premio, porque puts... que mulher forte!! Ainda elogia a outra... foda, merece um prêmio mesmo e só pra ela. Muitos parabéns no plural a quem escreve, ansiedade a mil aqui. Tudo que escreves é deleite a nós... Muito legal, muito bem feito ;)


Resposta do autor:

Tão bom ler essas coisas, dar uma animação pra continuar sempre trazendo o melhor para vocês, obrigada, vocês são maravilhosas.

Muita informação para cabeça de nossa Yasmin, elas estão passando por muita coisa. Rafa é uma mulher incrível de mais, soube entender a situação é foi super madura na decisão, mesmo sendo difícil pra ela.

obrigada pelo comentário querida.

Tany.

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Tazinha
Tazinha

Em: 12/12/2022

Meninas, qual a possibilidade de começarem a postar 3 cap como disseram? Estou muito viciada nessa história. 


Resposta do autor:

Ahhh que bom saber que está gostando. Mas no momento ficará em 2, Letícia e eu temos um tempo corrido por conta do trabalho. Então aproveite que hoje sai mais um.

Um abraço.

Tany.

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 12/12/2022

Aí coitada da Nicole.

Responder

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 12/12/2022

Aí coitada da Nicole.


Resposta do autor:

Agora ela precisa ser forte, pra enfrentar o pai. 

Daqui a pouco sai o próximo.

Abraços querida.

Tany.

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 12/12/2022

Que capítulo emocionante. Deu pena da Nicole. Que monstro!


Resposta do autor:

Nicole teve que segurar uma barra por causa desse pai. Que ela consiga se libertar desse monstro e ser ela mesma.

Logo temos cap novo.

Um Abraço. Tany

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