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Pecado (EM BREVE NO AMAZON) por Thaa

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Palavras: 6230
Acessos: 1934   |  Postado em: 10/12/2022

Capitulo 6

 

 

Capítulo 6

 

Passava das dez da noite, mas Angélica, Luciana e Natália, que havia chegado há pouco tempo, para se juntar às duas, não pareciam preocupadas com o tal horário. Continuavam sentadas em espreguiçadeiras à beira da piscina, degustando o saboroso vinho e frutos do mar, que elas tanto amavam.

A noite submersa na sua escura divindade era clareada pela lua nova e pelas luzes douradas do jardim de Luciana.

Alguns insetos cantavam, mas não o suficiente para atrapalhar as conversas e as boas gargalhadas que as mulheres davam ao conversar dos mais diversos assuntos.

— Eu, nestas alturas da vida, já experimentei de tudo um pouco. Homem, mulher, ménage à trois, enfim, de tudo. — Natália gargalhava enquanto desvendava um pouco de sua vida. Efeito do vinho? Quem sabe. — E você, Lu, nunca cogitou experimentar mulher? — Outra gargalhada seguida de um olhar escandaloso por parte de Luciana.

Angélica, já meio bêbada, riu muito alto com a pergunta nada ortodoxa de Natália, que não tinha papas na língua, principalmente quando estava sob efeito de alguma bebida alcoólica.

— Só tu mesma, Natália, para me fazer uma pergunta sem sentido dessas. — Meneou a cabeça e sorveu outro gole de vinho. — Não tenho nada contra a orientação sexual de cada pessoa, muito pelo contrário, acho que cada um deve ser livre para vivenciar aquilo que gosta...como bem diz tu: consideramos justa qualquer forma de amor.

Luciana enfatizou a palavra amor.

— Hum...nossa! A todo-poderosa não está aberta a relacionamentos ou amores. Aliás, ela nem acredita no amor, Angel!

Nat deu outra gargalhada.

— Há coisas bem mais importantes do que um mero sentimento ilusório, para se acreditar, Nat.

Luciana disse cruzando as pernas de um lado para o outro. Sempre em sua pose tão intocável e altiva.

Olhou para a lua brilhante e fixou o olhar.

Recordações de Sérgio, em momentos não muito propícios, mexiam com sua mente.

Às vezes sentia raiva, às vezes culpa.

Culpa pela morte precoce dele.

Culpa por ter fechado os olhos, quando podia tê-lo salvado do caminho sem volta pelo qual ele decidiu seguir.

Fechara os olhos.

Nada fizera.

Simplesmente mergulhara de cabeça no trabalho, enquanto o seu marido se perdia cada dia mais no mundo das bebidas e das prostituições.

Pensar naquilo causava uma raiva infinita em Luciana. Uma raiva, uma revolta, tão grandes, que ela não era capaz de dimensionar.

Homens...

Suspirou ao sorver mais um pequeno gole de vinho.

Não confiava neles.

Nenhum homem, aliás, nenhuma pessoa, absolutamente nenhuma, despertava-lhe total confiança.

Seu sentimento era de total apatia.

Andava tão insensível pela vida do próximo, pela dor alheia, que era como se tudo na vida tivesse, de alguma forma, deixado de fazer sentido, à exceção do seu trabalho, que era sua força motriz para continuar vivendo.

Por vezes achava que sua humanidade se perdera em algum lugar.

Era como se em algum lugar do passado alguém tivesse roubado todos os seus sentimentos e tivesse lhe deixado totalmente à margem de um rio sombrio e solitário.

Achava-se perdida, mesmo sendo quem era, uma mulher poderosa, temida, competitiva, admirada, inteligente, bem-sucedida...achava-se perdida, como uma pessoa qualquer que vaga sem rumo pelas ruas sombrias da vida, numa noite fria e mergulhada nas mais profundas sombras da escuridão. Outro suspiro lhe escapou dos lábios, enquanto umedecida com a língua.

Chegava a ser engraçado o modo como suas mentiras pareciam bem mais autênticas do que suas próprias verdades.

Mentia o tempo todo por deixar transparecer que era uma mulher fria, um porre de pessoa, quando, na verdade, dentro de si tinha dias que tudo desmoronava, como um furacão que passava e destruía tudo.

— Luciana está no seu momento solo, Nat.

Angel disse notando os olhos tristes de Luciana, mesmo ela tentando a todo custo ocultar aquela tristeza com a frieza.

— Momento solo porque ainda não apareceu um homem bonitão e gostoso que a faça perceber o quanto o amor é lindo e o quanto a vida é bela. Pena que não sou um homem sortudo desses.

As duas riram, sem perceber que Luciana sequer as ouvia. Parecia em outra dimensão.

— Ah, isso lá é, mas Luciana merece...

— A conversa está maravilhosa, mas para mim já deu por hoje, Nat e Angel. Vocês fiquem à vontade e aproveitem o restante do vinho.

Luciana disse interrompendo e se levantou.

— Ah, mas já, Lu?

Questionou Nat.

— É cedo ainda, criatura.

Protestou Angel.

— Amanhã tenho um evento e inúmeras reuniões, além de uma visita a uma amiga querida, então...prefiro me recolher.

Despediu-se das duas amigas e seguiu para dentro da casa.

 

***

 

— Nunca pensou em perder sua virgindade, Clarinha?

Ester perguntou naturalmente, enquanto caminhava ao lado de Clara, de volta para o orfanato.

Maria Clara tomou um tremendo susto ao ouvir a pergunta meio erótica da amiga.

— Ficou maluca, Ester? Que conversa sem pé nem cabeça é essa, garota? Eu sou uma aspirante à freira. Em breve serei uma noiva de Cristo. Minha castidade é sagrada.

Ester revirou os olhos.

— Ai, amiga, provar do pecado da carne é extremamente maravilhoso!

Ester gargalhou ao ter sobre si o olhar escandalizado de Maria Clara.

— A irmã Bárbara vai te matar se escutar isso, Ester. Você por acaso não tem juízo? — Repreendeu abismada.

— Devo ter o deixado no ventre da minha mãe. — Outra gargalhada e um abraço em Clara.

— É, parece, e que a irmã Bárbara não te escute, garota, senão ela é bem capaz de mandar te escomungarem.

— Perdi minha virgindade já tem um tempo, não me arrependo. Eu o amava...— a voz foi se tornando triste, embargada. — Quando é com alguém que a gente ama, tudo é lindo e prazeroso.

Para ser sincera, Clara não acreditava em amores da vida. Para ela, aquela lorota toda não passava de conversa fiada. Mas jamais diria algo desse tipo a Ester, que era uma menina de alma frágil, e sonhadora.

— Sinto muito, Ester. Sei que gostava de verdade daquele rapaz.

— As pessoas boas se vão muito cedo, Clarinha, por quê?

— Eu sequer sei de onde vim, não saberia te responder. — Moveu os ombros para cima.

Ester olhou para Clara e deu um beijo terno na bochecha dela.

Clara era muito inocente na acepção de Ester.

— Mas isso se te faz sentir melhor — continuou Clara — são as pessoas boas e que nos fazem felizes que se vão cedo demais, infelizmente. Eu gostaria de ter conhecido meus pais, mas Madre Constança disse que fui deixada aqui no convento quando ainda era um bebê.

— Poxa, eu sinto muito, Clarinha, muito mesmo.

— É uma sensação ruim crescer sem a presença dos pais. A gente fica sem um norte. Sem saber de onde saiu. Às vezes acho que eu nem deveria estar aqui. Isso é um erro.

— Não diz isso, Clarinha. Todos temos um propósito nesta vida. Você é um anjo e ajuda muitas crianças órfãs como você.

— Eu me sinto viva fazendo isso. É somente o que posso fazer. As coisas por aqui são um pouco limitadas.

— Já é um propósito, amiga.

As duas riram.

— Vamos dormir, Ester, já está ficando tarde. Se formos pegas aqui a essa hora da noite receberemos um castigo nada bom, principalmente se for pela irmã Bárbara.

— Não sei por que aquela velha coroca te odeia tanto. Cruzes que mulher amarga é a irmã Bárbara.

Gargalhando, seguiram cada qual para os seus respectivos aposentos.

 

***

 

Após ter feito seu ritual noturno, o qual incluía banho e limpeza de pele, Luciana sentou num sofá que havia próximo à sua cama, com um notebook em mãos. Abriu o navegador e a caixa de e-mail. Leu os mais importantes e os respondeu logo. Amanhã faria o dossiê. Depois fechou o notebook, guardou e seguiu para a cama.

Deitou.

Já passava das onze da noite.

Mas o sono não vinha.

“Ótimo, Luciana, mais uma noite de insônia para acabar de completar teu estressante dia.”

Um suspiro exausto escapou de seus lábios.

Debaixo de suas cobertas, rolou de um lado para o outro.

Não adiantava.

O sono não vinha.

Ela esticou uma das mãos e abriu uma mesinha branca de criado-mudo, bem ao lado da sua cama. Dentro havia um porta-retrato preto com uma foto de Sérgio.

Naquela casa havia poucas recordações do homem com quem um dia fora casada e aquele porta-retrato era uma delas.

Sob a penumbra, a foto iluminada de Sérgio poderia ser vista com evidência.

Com o porta-retrato preso em suas mãos Luciana fixou o olhar na foto. Por alguma razão ainda a guardava, como alguém que guarda uma lembrança não esquecida no lugar mais recôndito de sua memória.

Na foto, Sérgio sorria largamente, em pé, diante do prédio institucional do Agnello Ferrazza. Estava impecável vestindo seu caro terno preto, tão preto quanto seus cabelos levemente ondulados. Os olhos de um verde incomum eram tão puros e angelicais quanto os de uma criança e por isso inesquecíveis.

Um homem charmoso, bonito, o partidão de qualquer mulher que não o conhecia, que não convivia com ele.

Por vezes Luciana pensava se cada reação de Sérgio fora ocasionada por uma ação dela.

“Você é fria, Luciana, incapaz de amar qualquer ser humano. Chega a ser cruel esse teu calculismo exacerbado. Essa tua pose de rainha má.”

“Uma esposa que faz sex* com o marido por fazer. Depois corre para o banheiro e vai esfregar todo o corpo até quase arrancar a própria pele dos ossos.”

“Se eu meto em outras mulheres é porque a de casa não me serve em nada. Em absolutamente nada! Nem mesmo nesta maldita cama!”

Luciana fechou os olhos ao ser arrebatada por aquela enxurrada de dolorosas lembranças.

Palavras que, durante muitos anos, foram capazes de dilacerar sua alma.

O sofrimento dela era nítido.

Ela apertou tanto o porta-retrato em suas mãos, que o quebrou e acabou causando cortes nas palmas.

Se algum dia alguém lhe perguntasse o que sentia por Sérgio Ricci, a palavra seria desprezo.

 

***

 

Há muito tempo Patrícia Ricci já havia perdido suas noites completas de sono.

Primeiro fora a morte do marido, depois a morte do filho.

Um grande pedaço do coração dela fora levado.

Os empregados cansavam de ver a patroa vagando pelos cômodos da mansão Ricci, durante noites seguidas.

No entanto, o barulho mais marcante era o da bengala e o dos pés decadentes se arrastando lentamente pelo chão de mármore da majestosa propriedade.

Há muito tempo Patrícia procurava ferir Luciana cruelmente.

Feri-la-ia no lugar em que mais doeria nela, todavia, ainda não encontrara algo ao qual ela amasse de verdade.

Um dia encontraria...

Pensava Patrícia, tomada por uma sede de vingança indestrutível.

— Um dia eu hei de te destruir, Luciana Ferrazza. Um dia farei você pagar por todo o sofrimento que causou ao meu filho e a mim. Um dia esse dia há de chegar.

Disse a matriarca da família Ricci, semicerrando os olhos e apertando a bengala, que estava apoiada diante de seu corpo comprido e magro, com toda força contra as palmas de suas mãos e se esgueirava, lentamente, pela escuridão.

 

***

 

Amanhecera!

Era hoje o grande dia em que o Convento Nossa Senhora de Alexandria receberia os doadores de caridade. A maioria, parte da alta sociedade de Vila Velha, como grandes empresários, ricos fazendeiros e políticos locais.

No convento, as freiras estavam em total euforia, principalmente, por estarem sob o comando da irmã Bárbara.

Ninguém tinha coragem de falar, mas a irmã Bárbara era considerada uma megera rabugenta.

O sino tocara mais cedo do que o normal, naquela manhã.

O horário das orações fora adiantado em uma hora.

Após o primeiro ciclo de oração daquele dia, as irmãs foram tomar café e depois se reuniram no grande salão de confraternizações da entidade religiosa.

Enquanto trabalhavam, conversavam pouco.

O salão ornamentado estava ficando lindo.

Três mesas de madeira rústica, cada qual com doze cadeiras, foram postas no grande salão.

Toalhas de seda branca e dourada as forrava com extremo capricho.

Ester ajudava na ornamentação do salão. Mais batia papo do que mesmo ajudava, sendo chamada a atenção por diversas vezes. O que sempre tratava de responder com suas gargalhadas bem-humoradas. Seu humor por vezes era tão cômico que chegava a ser perverso. Mas era ela a alegria que fugia à monótona tristeza das freiras.

Maria Clara estava no orfanato com irmã Beatrice. Faziam o último ensaio com as crianças — de 9,10 e 11 anos — que participariam do coral que seria apresentado aos convidados, no horário do banquete.

O evento já virara um ritual anual e ficara batizado pelo nome de “A Festa dos Fundadores.”

Os políticos adoravam aquela festividade, haja vista ser um tipo de marketing para futuras campanhas políticas, já os empresários e os fazendeiros buscavam alianças com os políticos para seus negócios.

Cada uma comparecia ao evento por um bel motivo plausível, por vezes até desonroso.

— Eu estou muito nervosa, Clarinha.

Disse uma das crianças, enquanto olhava para Clara na busca de algum conforto.

— Por que está nervosa, meu bem? — Olhava amavelmente para a menina de dez anos parada à sua frente.

— Porque eu não gosto dessas pessoas ricas, elas me assustam. É como se fôssemos troféus.

Havia certa irritação na voz da menina.

Clara sorriu e segurou a mão da criança com carinho. Sabia que ela tinha ouvido alguém falar aquelas palavras em algum lugar.

— São só pessoas, Luara, elas não vão nos machucar.

— Promete, tia Clarinha?

Clara sorriu de maneira afetuosa.

— Sim, meu bem, prometo. Agora vamos treinar mais uma vez para o coral.

 

***

 

Havia doenças que, mesmo com a marcha avançada da tecnologia e das inúmeras descobertas científicas, ainda estavam em ascensão à frente da ciência.

Ciência...

Área bastante importante para a humanidade.

Os céticos, os mesmos que acreditavam na teoria da Terra plana, achavam que a ciência deveria ser extinta.

Patético.

Sentada diante da escrivaninha de seu consultório, Luciana lia, pela enésima vez, suas pesquisas. Estava obcecada por cada uma delas.

Uma batida fraca soou na porta da sala silenciosa.

— Sim?

Luciana inquiriu olhando na direção da porta, que fora aberta e dela surgiu uma mulher jovem, vestido de uniforme cor bege.

— Com licença, doutora Luciana.

— Pois não, Joyce.

— Só para lembrar a senhora sobre o evento no convento Nossa Senhora de Alexandria.

Luciana suspirou e cruzou as mãos sobre a mesa.

Na verdade, não estava com tempo de ir ao tal evento e nem com vontade.

— A que horas começa esse negócio lá no convento, Joyce, por favor?

— Começou de 12:00 h, já são 12 h e 20 min. — Alertou. — Será um evento importante para as freiras e para as crianças orfãs, doutora Luciana. Seria bom a senhora comparecer.

— Claro.

Luciana fez um gesto com a mão e se levantou.

Fechou as abas do computador e o desligou.

Pegou sua bolsa, as chaves do carro e seguiu na direção da porta.

— Não retornarei mais hoje, Joyce, prepare minha agenda e a deixe sobre minha mesa.

— Sim senhora. — Sorriu. — Bom evento, doutora.

— Obrigada. — Fez um ar de riso acenando levemente com a cabeça.

A jovem secretária observava a chefe caminhar na direção do elevador e pensava no quanto Luciana era linda, atraente, elegante, e tinha uma classe e ética admiráveis.

 

***

 

Clara ajudara irmã Beatrice a dar banho em todas as crianças e também a vesti-las para o cântico do coral.

Após, fora tomar seu banho e vestir seu hábito vermelho.

Pronta, perfumara-se e já seguia para se juntar ao restante das irmãs, quando fora interceptada pela irmã Bárbara, no meio do corredor vazio que dava acesso aos quartos das religiosas.

— Pecado? — Chamou assustando Maria Clara.

— Sim, irmã Bárbara? — Aproximou-se com as mãos cruzadas atrás das costas.

— O salão está cheio de convidados especiais. Gente rica, grã-fina, limpa, tenha cuidado para não se aproximar demais dessas pessoas. Você sabe que tem uma doença incurável e contagiosa, deveria ficar reclusa, não se juntar aos demais. — Escarneceu em seu espírito rabugento e de maneira perfurocortante. — Não sei por que diabos Constança insistiu em deixar você participar desses eventos todos os anos.

Imediatamente, Clara sentiu um nó na garganta e os olhos se encherem de lágrimas. Não tinha palavras que pudessem expressar o tamanho da dor que sentia naquele momento.

— Vamos, Clarinha! As crianças do Coral já vão começar a tocar!

Ester se aproximou sorridente e puxou Clara pela mão, conduzindo-a até o grande salão onde convidados conversavam sentados em suas respectivas cadeiras.

Fotógrafos filmavam e fotografavam cada cena.

Jornalistas locais registravam todo o evento.

As freiras desfilavam por entre mesas e cadeiras servindo iguarias aos presentes.

— Calma, Ester!

Clara engoliu o choro e fez de tudo para não piscar, se piscasse sabia que as lágrimas cairiam involuntariamente. Não piscar com os olhos lacrimejantes fora um método que encontrara para disfarçar o choro.

Bárbara fez um ar de riso sádico, enquanto olhava as duas jovens se afastarem às pressas pelo corredor.

— Pedi a irmã Constança para tocarmos uma música e ela deixou, não é bacana, amiga?

Ester estava eufórica e feliz. Totalmente alheia ao que Clara passara há pouco.

Ela gostava daquelas festividades, dizia que o convento saía da estranha monotonia diária.

— Para falar a verdade, não estou muito animada, Ester. — Falou de maneira triste.

— Oh, amiga, não seja careta. Hoje é um dia animado, um dos únicos que temos por aqui.

— Vamos, meninas, cuidem, vão servir as mesas. Perguntem se os convidados precisam de alguma coisa.

Disse irmã Cecília, que estava responsável por inspecionar as irmãs naquele dia, já que irmã Bárbara e Madre Constança recepcionariam só convidados.

— Claro, irmã Cecília. — Disse Ester, já puxando Clara pela mão.

 

***

 

Bárbara e Constança, vestidas em seus hábitos marrons, de seda pura, andavam lado a lado pelo salão, ora e outra cumprimentando os ilustres convidados.

— Não estou vendo Luciana Ferrazza por aqui, Bárbara. Gostaria muito de que ela tivesse vindo, mas ao que me parece, não virá. Os pais dela sempre fizeram questão em comparecer ao evento todos os anos.

Comentou Constança, de maneira discreta.

— É aquele velho ditado, os filhos nem sempre serão um retrato dos pais. Essa mulher é tão rica que somente sabe se curvar ao dinheiro que tem. Decerto acha que levará essas bugigangas mundanas para o túmulo. — Criticou maldosa. — Luciana Ferrazza nunca pisou os pés neste convento, nada disso aqui interessa a uma mulher como ela, que tem a “alma forjada a ouro.”

— Cara Bárbara, você e essas suas conjecturas sádicas, jocosas, até mesmo para com aqueles que sequer conhece. Não é bom que os convidados ouçam tal comentário. Isso não seria bom para nossa imagem, muito menos para a imagem do convento.

 

***

 

— Eu preciso ir ao banheiro, Ester.

— Mas Clara...

— Eu já volto! — Saiu quase correndo do salão. Não parava de pensar nas palavras cruéis da irmã Bárbara, cruéis, sabia, porém, verdadeiras, tinha consciência disso. A irmã Bárbara estava certa. Não tinha o direito de estar no meio daquelas pessoas. Chegou no corredor e começou a correr desesperadamente. Correu sem rumo, as lágrimas borraram sua visão e molharam sua face de um jeito penoso. A certa altura seu corpo se chocou bem forte com o de uma pessoa, pediu desculpas e seguiu seu caminho sem olhar para a pessoa, muito menos para trás. Só queria ficar sozinha. Não gostaria de ver ninguém naquele salão.

Luciana tomou um grande susto ao ser surpreendida pelo esbarrão de seu corpo com o da freira. Ainda sem reação, virou a cabeça devagar e olhou na direção para a qual a freira corria a toda velocidade — parecia desesperada — até sumir completamente na curva daquele corredor sombrio. Viu seu celular, que até então trazia nas mãos, jogado ao chão de um cinza derrapante. Respirou fundo.

“Esses eventos nunca combinaram contigo, Luciana. Já começou errado. Ainda mais porque Patrícia estará por aqui também.”

“Deverias era de ter ficado trabalhando.”

Pensava a empresária, à medida que caminhava com o coração acelerado, na direção do grande salão em que estavam convidados e anfitriãs.

 

***

 

Maria Clara foi para o seu lugar preferido daquele convento: o seu quarto.

Sentou nas pedras maciças que formavam a borda da janela do quarto e dobrou os joelhos, deitando a cabeça sobre eles.

Ficou ali durante um bom tempo mergulhada em seu choro silencioso e degustando de sua solitária tristeza profunda.

“Por que, meu Deus?”

“Por que eu?

“Por que eu não morri no ventre da minha mãe, se era para eu viver sofrendo assim?”

 

***

 

Patrícia conversava com irmã Bárbara, quando viu Luciana entrar no salão e lançou um olhar indisfarçável de ódio mortal para a empresária.

Esperta, Bárbara notou a expressão carregada da matriarca da família Ricci, em direção à herdeira legítima dos falecidos Ferrazza.

Aquilo causou certa curiosidade e frivolidade à religiosa, que não hesitou em buscar respostas para suas perguntas.

— Sua ex-nora, não, Patrícia? — Olhava para Luciana de modo atento. — Uma belíssima mulher. Com certeza, seu filho deve ter tido um grande orgulho em desposá-la.

Irada, Patrícia respirou fundo, deixando claramente transparecer o furor de ódio que nutria por Luciana.

— Meu filho sofreu o pão que o diabo amassou nas mãos dessa mulher. — A voz raivosa era perceptível. — Uma alma fria, um coração perverso, uma ruindade exacerbada. Incapaz de amar qualquer pessoa. Sérgio jamais foi feliz nas mãos dessa imunda. — Falou por entre os dentes e com muita raiva.

Por que as relações familiares eram sempre tão frívolas e recheadas de segredos tão obscuros?

Um completo show de horrores, pensava Bárbara consigo mesma, e fez um discreto ar de riso sádico, enquanto olhava Luciana fixamente.

Uma mulher muito bonita. Alta. Elegante. Uma verdadeira beldade capaz de chamar atenção de qualquer pessoa.

Ninguém diria que era assim tão cruel.

Pensava Bárbara.

— A propósito, irmã Bárbara, gostei muito da senhora. Gostaria de que fosse até minha casa, próximo domingo, para tomarmos um chá da tarde e também conversarmos um pouco.

— Será um prazer, Patrícia. — Sorriu maliciosamente.

 

***

 

Luciana fora recebida com muita alegria por Constança e por todos os convidados da confraternização.

Sentou a uma mesa com alguns empresários, fazendeiros e políticos, na qual passou a conversar sobre assuntos humanitários, sociais e econômicos.

Coisas que ela adorava.

 

***

 

Maria Clara estava sendo levada à força por Ester, para o salão.

— Não vou deixar você fazer essa desfeita, Clarinha. A gente vai tocar e você vai cantar com essa sua voz de anjo celestial.

— Hã?

— Hã nada. Madre Constança está nos aguardando chegar para tocar. Já até fomos anunciadas.

— Não estou com vontade, Ester.

— Ai, amiga, não seja sem sal. Vamos nos divertir um pouco e também agradar aos nossos convidados. Não esqueça de que devemos recebê-los bem, já que são eles que sustentam este lugar. Ou seja, nosso lar.

— Eu sei disso.

— Pois então...sem doações não sobreviveremos à maldade do tempo.

— Está bem. Deixa eu só ajeitar meu hábito.

— Você está lindíssima como sempre, amiga, mesmo que esteja aparecendo somente esse seu rostinho de anjo.

— Não sou um anjo. Aliás, estou bem longe disso, Ester. — Falou, meio irritada.

— É quase um. Agora vamos. Sabia que você fica muito bonita com essa carinha vermelha de raiva? — Gargalhou puxando Clara para cima do altar em que tocariam violão num dueto, e Clara cantaria solo.

De cima do altar, Maria Clara observava atentamente cada convidado. Foi quando quase sentiu o coração sair pela boca de tão rápido que ele estava batendo ao ver a tal chefe do pai de Ester sentada a uma das mesas conversando educadamente com dois homens e uma mulher. Pessoas cultas, muito bem-vestidas. Seu nervosismo imediato e a presença daquela mulher foram suficientes, para querer desistir de cantar e tocar. Seu coração batia acelerado ameaçando explodir em seu peito, enquanto sua garganta seca implorava por um mísero gole de água. As mãos suaram de um jeito que jamais o fizeram antes. Não sabia por que tanto alvoroço de sua parte. Por que tanto nervoso. Fixou mais o olhar na mulher. A lembrança quase esquecida do perfume marcante dela invadiu sua memória meio fraca. Viu-a sorrir educadamente com algo que um dos homens falou para ela. Os cabelos negros, levemente ondulados na altura dos ombros, balançavam na mesma sintonia que a cabeça. Os fios tinham um brilho excêntrico. Imaginou o quão cheirosos deveriam ser. Dentre todas àquelas pessoas presentes no salão, a mais inteligente parecia ser ela. A pele branca e bem cuidada de seu rosto se sobressaia à sua roupa branca — um blazer de grife cara e uma calça social que demarcava suas curvas bonitas. Conforme sua boca se curvava num sorriso gentil e regrado, o batom vermelho gritante realçada seus dentes alinhados e brancos. Maria Clara pensava que jamais vira uma mulher tão bonita como aquela em toda sua vida. Ela parecia um anjo, ainda mais vestida naquela roupa branca. Mas sabia bem que de anjo aquela mulher não tinha era absolutamente nada. Sacudiu a cabeça, já irritada com as besteiras que havia pensado a respeito da chefe do pai de Ester.

A pedido da Madre, irmã Cecília anunciou aos convidados que as duas jovens tocariam uma canção.

Apesar de seu nervosismo, Clara sentou num banquinho com o vilão preto aprumado em suas mãos e Ester sentou em outro.

Maria Clara rezava para que não fosse reconhecida por Luciana.

“Ela não vai lembrar de uma pessoa insignificante como eu, meu Deus.”

“Essa mulher deve ter uma vida corrida. Sem falar que deve ter um monte de coisas para fazer.”

“Claro que uma pessoa como eu não será lembrada por uma mulher importante como ela”.

Sorriu animada com essa possibilidade e começou a tocar as primeiras notas do violão.

O microfone no tripé estava bem à sua frente, próximo da sua boca.

Cantar era um refúgio para si.

E tocaria a sua canção favorita. Não era um hino evangélico, mas, pelo menos, falava em anjos.

A música era Angels Or Devils- Dishwalla.

 

***

 

Luciana sabia falar muitos idiomas.

O primeiro que aprendera fora o inglês, depois o espanhol, o alemão, o mandarim e tantos outros.

Era uma poliglota.

À exceção do português, o inglês era seu idioma favorito.

Encantada pela voz que cantava como um anjo, sobre o altar, voltou sua atenção para a jovem freira, reconhecendo-a como a moça que esteve em sua sala, no Instituto, furtando o gabarito das provas, talvez até suas pesquisas.

 

***

 

Maria Clara tocava majestosamente, assim como também cantava.

[...]

I can see the pain in you
I can see the love in you. (Eu consigo ver a dor em você. Eu consigo ver o amor em você).

But fighting all the demons will take time. (Mas lutar contra todos os demônios levará tempo).

The angels they burn inside for us.Are we ever
Are we ever gonna learn to fly. (Anjos queimam internamente por nós.Será que algum dia nós
Será que algum dia nós aprenderemos a voar?)

***

 

— Canta como um anjo...

Comentou um dos homens, perto de Luciana.

— Sim.

Luciana concordou sem deixar de olhar com bastante atenção para Maria Clara.

 

***

 

Patrícia se encantara com Clara ao vê-la cantando.

A matriarca da família Ricci estava sentada bem próxima do altar.

Podia ver Clara com bastante nitidez.

Mas não foi somente a voz da jovem freira que chamou a atenção de Patrícia.

Os olhos...aqueles olhos...

— Quem é essa jovem? — Perguntou a Bárbara, que se assustou com a pergunta inesperada.

— Aquela? A do vilão?

— Sim, a freira do violão.

— Ah! — Bárbara riu sem graça. — É uma pobre órfã infeliz que foi deixada aqui no orfanato ainda bebê.

— Hum...intrigante. — Disse Patrícia, curiosa. — Desejo que a leve para o chá da tarde, no domingo, Bárbara. Quero conhecer melhor essa jovem. Canta muito bem. Estou precisando de um anjo desse para alegrar minhas tardes. Pagarei muito bem a ela.

Patrícia levantou se retirando do salão na companhia de seu motorista.

A matriarca deixou Bárbara sem palavras e com muita raiva.

 

***

 

Entre aplausos, elogios e sorrisos, as duas jovens deixaram o altar.

Ester aproveitou a presença de Luciana e a chamou num lugar reservado. Queria esclarecer o que acontecera aquele dia no Instituto. Dizer que a culpa fora sua e clara não tivera culpa de nada. A amiga merecia isso.

 

***

 

— Maria Clara?

— Sim, madre.

— Venha cá, criança.

— Pois não, Madre Constança?

Clara estava bem mais feliz e sorridente.

A triste fora embora, por hora.

— Preciso que mostre todo o convento para uma de nossas convidadas. É a primeira vez que ela vem aqui.

— Será um prazer, Madre. — Sorriu toda animada. — Onde ela está?

Constança procurou por Luciana com o olhar. Foi quando a viu de costas conversando com uma política do Estado.

— Venha comigo, criança.

Clara acompanhou a Madre e só percebeu que a convidada em questão se tratava de Luciana quando já era tarde demais.

— Doutora Luciana, com licença. Maria Clara irá acompanhá-la pelo tour do convento.

Clara engoliu em seco.

Queria cavar um buraco bem fundo e se enterrar dentro, quando Luciana parou a conversa com a mulher, se virou e desviou toda a atenção para si.

“Ai, meu Deus, por favor, eu preciso agir com naturalidade.”

“Com naturalidade.”

Repetia a jovem, mentalmente.

“Por favor, Maria Clara, respira fundo.”

“Respira fundo, criatura, logo essa mulher vai embora e esquece tudo isso daqui.”

“Tu só precisa ficar calminha, mulher, respira, pelo amor de Deus.”

Dizia em pensamentos a si mesma, numa tentativa vã de se auto tranquilizar, mas ainda sentia leves tremores pelo corpo.

— A gente se fala, Simone.

Clara ouviu Luciana dizer a influente mulher, ao passo que parecia não ter notado sua presença ali. Ou então fingira.

— Maria Clara, acompanhe a doutora Luciana, sim?

Constança olhava afetuosamente para a expressão preocupada da jovem.

Clara assentiu mordiscando o lábio de maneira nervosa.

— Tudo bem, Madre. — Suspirou dando um passo à frente e se afastando um pouco de Luciana.

Luciana ainda ficou conversando com alguns empresários e políticos, mas parte de sua atenção estava voltada para a jovem de hábito vermelho, que mexia nas mãos pálidas sem parar. Parecia nervosa. Podia sentir os olhos curiosos dela repousando em si quase a todo instante. Teve um momento raro que olhou na direção dela e seus olhares se cruzaram por alguns segundos. Aquele olhar lhe despertava uma lembrança amarga...muito amarga. Por quê? Por que aquela sensação tão esquisita em relação àquela moça?

“Ai, meu Deus! Quem essa mulher pensa que é?”

“Por acaso ela acha que é a dona do mundo?”

“Eu não tenho o dia todo para ficar aqui esperando essa dona, eu tenho mais o que fazer.”

“Essa mulher está com a vida ganha, já eu tenho de ganhar a minha.”

“Ai, que raiva dessa idiota.”

Pensava Clara, toda irritada e indignada.

— Por aqui?

Luciana perguntou num tom de voz gentil, ao se aproximar de Clara.

A jovem sentiu o coração esfriar, quando aquela figura poderosamente enigmática se aproximou de si pelas costas. Não a olhou. Apenas fez um gesto positivo com a cabeça.

— Luciana. Luciana Ferrazza. — Apresentou-se. Sabia que tinha inúmeras outras coisas mais importntes para fazer, no entanto estava ali, querendo conhecer um convento. Só não sabia o porquê.

— Maria Clara Spitzner. — Colocou as mãos cruzadas atrás das costas de uma maneira formal.

— És descendente de alemães? — Perguntou amigavelmente.

— Eu não sei. Nunca conheci meus pais. Alguns dizem que minha mãe faleceu assim que nasci. Sou órfã.

Luciana não soube o porquê, mas as palavras da garota lhe causaram certa comoção.

— Compreendo.

— Então fui deixada na porta deste convento, no qual vivo até hoje. Este é o único mundo que conheço. É o meu lar, o meu lugar.

— Sua amiga me falou sobre o ocorrido no meu Instituto.

— Sou a única culpada. — Já foi logo dizendo. — Ester não tem nada a ver com isso. Foi eu que a senhora encontrou na sua sala.

— E isso por si só já te faz culpada? — Luciana perguntou franzindo as sobrancelhas.

— Sim, minha confissão também.

— A pena é meio severa, não acha? Seis meses de prestação de serviços à comunidade.

Maria Clara deu de ombros.

— A minha vida já é uma árdua pena, doutora. Isso tampouco fará diferença para mim. — Calou-se de imediato ao perceber a bobagem que dissera àquela mulher, uma total desconhecida. Suspirou irritada consigo mesma.

“Ai que raiva de mim!”

“Como posso ser tão idiota, meu Deus?”

Esgueirou-se pelo belo jardim primaveril do convento, tendo a empresária sempre ao seu lado.

— A senhora já conhece a história deste convento?

— Digamos que um pouco.

Luciana parou e ficou admirando as flores coloridas. Ora e outra o vento balançava seus cabelos de leve. Esticou uma das mãos e tentou tocar uma bela rosa vermelha, mas no ato teve a palma da mão machucada por um espinho. Gem*u baixo, mas o suficiente para Maria Clara ouvir.

— A senhora se machucou? Esses espinhos são bem afiados. — Rapidamente segurou a mão de Luciana e examinou a palma. Viu ali um pedaço de adesivo branco, tipo um curativo. Ficou olhando para mão rosada. E como ela era macia e delicada. As unhas dela eram lindas. Bem feitas, pintadas por um esmalte branco leite. O vento que vinha do norte trazia o maravilhoso perfume dela diretamente para seu nariz. O cheiro era sedutor...inesquecível.

Luciana ficou parada sem esboçar qualquer reação.

Ficou apenas mirando Clara até ela erguer os olhos e olhar bem dentro dos seus.

A cada vez que olhava para aqueles olhos Luciana tinha ainda mais certeza de que eles lhe eram bastante familiar, porém, os olhos daquela moça eram serenos, inocentes.

— Não, estou bem. — Disse de uma maneira quase gélida. Isso fez com que Clara se afastasse.

— Por favor, não demita os pais da Ester, doutora Luciana. A culpa foi toda minha. — Passou pelo meio de duas rochas estreitas e segurou a mão de Luciana até que ela alcançasse o outro lado também.

— Bem, o tour acaba aqui. — Disse olhando para o belo lugar paradisíaco. Dali era possível ver o mar mais abertamente. As ondas quebrando na areia e formando uma espuma branca. Podia-se ouvir a brisa tranquila soprando rostos e cabelos. Satisfatório.

— Um belo lugar.

— Sim, aqui é muito bonito. — Clara sentou sobre uma rocha seca. — O que houve com a sua mão? — Encarava Luciana de baixo para cima.

— Um pequeno incidente. — Olhava para a jovem...para o rosto sereno...para os lábios rosados...para a covinha que se formava de um dos lados da bochecha dela a cada vez que ela falava.

— Entendo. Gostou de conhecer o convento?

— Sim. Foi um belo tour.

— Desculpe por ter invadido sua sala naquele dia. — Sentia o cheiro do perfume inebriante dela cada vez mais incisivo. Já não a achava tão megera como a princípio.

— Está desculpada, sob a condição de que não faça de novo.

Maria Clara riu.

— Pode ficar tranquila, doutora, não sou muito fã de sair do convento. Prefiro ficar aqui.

— Por quê? — Sentou na rocha, bem perto de Clara. — O mundo exterior é assim tão insignificante aos teus olhos?

— Não é isso....é que...— pensou na sua enfermidade e ficou muito triste. — Tenho muitos afazeres aqui no convento. Não me sobra muito tempo...é isso. — Mentiu.

— E mesmo assim tua esperança era fazer parte da turma do curso de infectologia lá do Instituto. — Supôs.

— Sim, mas como a senhora mesma sabe, não deu muito certo. — Olhava dentro dos lindos olhos escuros de Luciana. A doutora tinha olhos tristes. Ela era tão linda que, impensadamente, soltou — a senhora é muito bonita, mas tem olhos tristes.

“Ai, meu deus, o que acebei de falar a essa mulher?!”

Clara engoliu seco.

Pega de surpresa, Luciana ficou olhando séria para Maria Clara. O rosto da jovem estava muito vermelho de vergonha.

— Tu achas? — Olhava fixamente deixando Clara toda sem jeito.

— Ah...bem...— nervosa, mordiscou o lábio.

Interrompendo a aspirante à freira, o celular da empresária tocou bem na hora. Ela atendeu e falou algumas palavras antes de desligar e se levantar rápido.

— Foi um prazer te conhecer, Maria Clara.

— O prazer foi meu, doutora. E me desculpe pelas besteiras que disse há pouco.

Luciana apenas assentiu a olhando dentro dos olhos.

— Teus olhos me lembram muito uma pessoa. — Disse e saiu andando rapidamente para a saída do convento.

Clara ainda ficou ali, sozinha, contemplando solitariamente o mar.

O cheiro inesquecível de Luciana ainda pairava no ar, mesmo sendo afrontado pela brisa marítima.

Inconscientemente, perguntou-se se um algum dia a veria de novo.

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Demorou um pouco, mas saiu, meninas. :)

Bjs e se cuidem!

 

 


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Comentários para 6 - Capitulo 6:
Dedeia Cardoso
Dedeia Cardoso

Em: 17/02/2023

Olá aurora. Desistiu da estória oi vai haver continuação?

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Nenete
Nenete

Em: 15/02/2023

 Oi Thaa,

 

Que bom ver que está de volta com nova história. Gostei muito do que li até agora. Te desejo muito sucesso. Bjuss  e se cuida..... Ansiosa pelos próximos acontecimentos.....

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patty-321
patty-321

Em: 11/12/2022

Hum. Interesses despertando? Eu diria curiosidades.

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Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 10/12/2022

Vixe Irmã Barbara deve ser secretaria de Lúcifer só pode ou mulher podre 

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 10/12/2022

Minha querida é tão bom quando vejo uma atualização sua....gostei muito das duas conversando e se conhecendo um pouco...

Tenho vontade de arrancar o pescoço dessa Barbara....aí ai Clarinha perto da Patrícia não vai ser nada bom para Luciana....

Bjos Thaa

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