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Pecado (EM BREVE NO AMAZON) por Thaa

Ver comentários: 3

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Palavras: 4066
Acessos: 1695   |  Postado em: 18/11/2022

Capitulo 5

 

 

 

Capítulo 5

 

Clara mal respirava.

Não se movia.

A respiração saía lentamente.

A garganta estava seca.

Precisava de água, urgentemente!

Queria entrar num quasar do universo e dar fim a sua existência, para sempre.

Tremia.

Tremia e não era pouco.

A pele rosada do rosto sereno de repente ficou pálida.

As core de seus lábios deram lugar a uma palidez absurda.

Seus olhos estavam vidrados na expressão seria de Luciana. Ela parecia muito brava. Podia ver isso naqueles olhos negros e brilhantes que irradiavam uma ira contida. Ela olhava para si de uma maneira indignada. Como se odiasse que alguém mexesse nas coisas particulares dela sem a devida permissão.

E, claro, errada ela não estava minimamente, pensava Maria Clara, em seu mais completo desespero.

“Meu Deus, o que eu faço.”

“O que eu digo a essa mulher, Santo Deus?”

“Nem para inventar uma mentira eu presto!”

“Eu sou mesmo um fracasso.”

— O que faz em minha sala, menina? E quem te deu permissão para entrar neste ambiente?

Luciana perguntou, muito brava. Sentia a face queimar de tanta raiva.

Queria mesmo saber quem foi o irresponsável que deixou aquela criatura entrar em sua sala particular em que guardava coisas pessoais, profissionais e importantíssimas.

E se aquela moça fosse uma ladra?

Uma assassina?

Pelas roupas surradas se via que era uma pessoa muito simples. Quem sabe até estivesse ali a mando de algum mau caráter com o objetivo único de lhe causar prejuízos ou mesmo de lhe prejudicar.

Ao pensar nessa possibilidade Luciana sentiu a raiva lhe subir à cabeça mais ainda.

Teve uma vontade imensa de expulsar aquela menina de sua sala e do seu instituto, mas o que ela cometeu era crime. Estava mexendo em seu computador, que tinha tantas pesquisas importantíssimas e comprometedoras.

Não a poderia deixar sair ilesa desse crime.

A polícia deveria saber disso.

Em um instante Luciana ligou para um dos seguranças e pediu para que ele acionasse as autoridades policiais.

Pronto!

O escândalo estava armado!

Ao ouvir o nome “polícia”, a única reação de Clara foi olhar para a porta entreaberta, onde Luciana estava parada, tentar correr para fugir da empresária, mas Luciana percebeu tudo, rapidamente fechou a porta, e se encostou nela, impedindo que Clara passasse.

Assustada e trêmula, Maria Clara sentiu seu corpo se chocar fortemente com o da mulher alta à sua frente. Ela mais se parecia um escudo diante de seu pobre corpo frágil e mediano.

— O que fazia em meu computador, menina? Quem te mandou aqui? Quanto te pagaram para me furtar? Para furtar minhas pesquisas? — Tinha muitos arqui-inimigos, sua desconfiança não era nada genuína.

A voz de Luciana era expressiva, forte, raivosa, mas não era alta, era amedrontadora, mas ao mesmo tempo sedutora.

Clara não conseguia raciocinar direito.

Não tinha palavras para falar com coerência diante da pose quase gélida daquela mulher. Agora podia ver a verdade nua e crua. A tal chefe do pai de Ester era mesmo tudo o que a amiga tinha falado.

Luciana encarou Clara por um determinado tempo. Os olhos, os cabelos avermelhados, flamejantes, a pele e os lábios pálidos, com certeza por ter sido pega no flagra. Era só uma menina com cara de inocente, mas sabe Deus de onde viera, sabe Deus que criminoso a tinha mandado ali.

Luciana tinha consciência de seu poder, de sua riqueza, de seu sobrenome de peso, de sua importância no mundo das pesquisas para diversificadas doenças. No mundo dos negócios ela era como uma fera indomável e nada fácil de ser abatida.

Muitos gostariam de fazer parte daquele instituto só para trabalhar com uma mulher como ela, inteligente, competente, admirada por todos.

Mas também Luciana sabia que era uma acumuladora de grande inimigos do ramo das pesquisas infecciosas.

O mundo não era um lugar fácil. Era uma selva de pedras.

As pessoas eram cruéis, ambiciosas, assim como Luciana também poderia ser, maldosas, assim como Luciana Ferrazza também poderia ser.

— Desculpa, dona...

— Quem te mandou aqui? — Interrogou com veemência. — Isso aqui é um lugar extremamente restrito. Ninguém, absolutamente ninguém, entra sem ordem em minha sala. O que pretendia fazer? Furtar? Roubar?

Praticamente nos braços de Luciana, Clara mordiscou o lábio. Sabia que se falasse que foi ideia de Ester, os pais dela seriam demitidos. Então jamais poderia fazer isso com a amiga.

Por um momento Maria Clara se deu conta do quão colado estava seu copo ao de Luciana. Podia sentir o cheiro bom dela. Um cheiro exótico. Um cheiro de mulher poderosa, rica, arrogante! Ela era toda cheirosa.

Clara ficou atordoada com aqueles pensamentos nada ortodoxos e tentou se soltar das mãos firmes de Luciana em seus pulsos, mas foi em vão.

— Me solta, doutora! Eu não vou fugir. E ninguém me mandou aqui. Eu vim sozinha. E também não sou nenhuma ladra! — Falou muito irritada e acabou por irritar Luciana ainda mais.

“Ainda é malcriada, desaforada e atrevida.”

Pensou Luciana e semicerrou os olhos. Tinha 39 anos, não 9. Não era idiota para saber que ela não agira por conta própria. Mas entraria no joguinho sujo dela.

— E por que fez isso? — Questionou de maneira autoritária e até intimidadora. Fazendo Clara ter uma ideia ainda mais errada sobre ela. Clara estava detestando aquela tal chefe dos pais de Ester.

Durante algum tempo ficaram a se olhar no fundo dos olhos. Como numa antiga batalha silenciosa e travada há muitos séculos, talvez em outras vidas, em outras épocas.

Clara sentia a pela macia de Luciana roçando com delicadeza na sua. Observou os lábios dela pintados por um batom vermelho sangue e entrando em harmonia com a pele rosada e bem cuidada. Era mais baixa do que ela apenas alguns centímetros, não fossem os elegantes saltos dela driblando seus All-Stars poderia dizer que eram do mesmo tamanho.

— Porque vi na Internet o processo seletivo sobre um curso de infectologia e também da seleção para trabalhar aqui, como assistente, seleção daqueles que se saíssem com as notas mais altas no curso. Sempre...— uma pausa rápida para inventar alguma desculpa esfarrapada.— Sempre...sempre...admirei este Instituto.

Luciana simplesmente não acreditava em nada do que aquela menina dizia. Só estava tentando ganhar tempo até a polícia chegar e a levar para depor na delegacia.

— E por isso decidiu ser esperta o suficiente para roubar as provas e até o gabarito?

Indignada, Luciana olhou para a sua impressora e viu alguns papéis impressos. Só podia imaginar aquilo mesmo.

Maria Clara olhou nos olhos de Luciana. Eles eram lindos. Tristes. Negros. Sentia-se mergulhada no mais profundo dos abismos. Um arrepio percorreu sua pele. Respirava com dificuldade. Seu hálito morno encontrava o de Luciana, ambos se transformando num doce néctar.

Clara fechou os olhos por um instante. Estava passando mal. Sentia-se quase sem fôlego. Era a ansiedade, o nervosismo, ou mesmo os sintomas do HIV.

HIV!

Lembrou e tomou um grande susto!

Num surto, deu um salto para trás e se afastou de Luciana.

Não podia ficar perto de ninguém, muito menos de uma mulher como aquela.

Respirou muito fundo e pediu forças a Deus para poder ficar de pé. Estava toda desequilibrada.

— Sim. Decidi fazer isso e agi sozinha!

Mais uma vez Luciana sentiu muita raiva. Detestava que mexessem nas suas coisas particulares. Jamais em sua vida passara por um vexame tão grande como aquele.

— Se você tinha a chance de um dia participar de qualquer coisa dentro deste Instituto, esqueça, moleca. — Falou muito brava. — Porque eu mesma farei questão de que uma pessoa como você jamais pise os pés dentro do meu Instituto outra vez.

Clara deu de ombros.

As palavras duras a atingiram como a força da ponta de e uma adaga bem afiada. Sentiu os olhos marejarem, mas não deixou que as lágrimas caíssem. Não na frente daquela mulher idiota e arrogante que se achava a dona do mundo só porque era uma empresária rica.

Aquela idiota!

Pensava Clara, desolada e sem saber o que fazer da vida.

Ficou num canto da sala observando Luciana perto da porta, ela falava algo ao telefone com alguém.

 

***

 

Ao ver os seguranças de Luciana entrarem no elevador, acompanhados da polícia, Ricardo correu para saber o que estava acontecendo.

Ester não precisou de muito para compreender tudo.

Clara fora pega!

E por sua culpa!

Apavorou-se e tentou ir atrás da amiga, mas foi impedida pela força brutal do pai em seu pulso.

— Diga-me que a senhorita não tem nada a ver com isso, dona Ester! — Gritou furiosamente.

A jovem se assustou ao ver a cara vermelha do pai e a expressão de raiva incontida nela.

— Solte-me, papai! Solte-me! Eu preciso ajudar a Clara! — Debatia-se desesperada.

Ricardo respirou muito fundo.

Ele não queria acreditar que Ester tinha alguma coisa a ver com aquilo.

— Quem é essa Clara, Ester?

— É a minha amiga, papai! É a freira do convento! Eu juro que ela não tem culpa de nada! Nada! Foi tudo ideia minha!

— Ideia do quê, garota desgraçada?! Freira um diabo!

Ricardo não escondia sua ira.

— De roubar os gabaritos da prova para o curso! — Revelou sem medo ou rodeios.

Ricardo sentiu uma pontada no peito.

Ele pensou que fosse ter um infarto.

— Eu quero matar você, sua peste de menina! — Exclamou no topo da voz.

— Por favor, papai, por favor, Clara é inocente. Foi culpa minha! Ela não pode levar a culpa de algo que não cometeu!

Ricardo trincou os dentes e segurou nos dois ombros de Ester com toda força, forçando-a olhar para ele.

— Essa garota não só pode como deve levar a culpa! — Falou por entre os dentes. — Não arriscarei meu emprego, nem o da sua mãe por culpa de suas irresponsabilidades! Se você abrir o bico, Ester, juro poder Deus que te mandarei para viver com os seus avós lá no interior da Romênia. Sem qualquer tipo de mordomia ou dinheiro! Me ouviu bem, Ester?!

A jovem sabia que o pai falava muito sério.

— Mas papai...

— Você me ouviu! — Gritou e a largou num empurrão. Saiu da sala e correu até o andar de cima para falar com Luciana.

Ester correu atrás do pai.

 

***

 

— Você tem noção de que praticou um crime, não tem, garota?

O policial perguntou de maneira rígida a Clara, que estava de pé diante dele.

— Sim, claro que tenho, senhor policial. — Dizia sem perder a altivez que lhe era tão inerente.

— Qual seu nome completo, endereço e profissão?

— Maria Clara Spitzner. Convento Nossa Senhora de Alexandria. Sou aspirante à freira.

“Aspirante à freira?”

Luciana não queria acreditar no que ouvia.

Seria cômico, se não fosse trágico.

Freira...

Só podia ser uma brincadeira de muito mau gosto.

— Você deve me acompanhar até a delegacia para prestar depoimento.

Delegacia?!

Clara teve uma imensa vontade de chorar.

Como assim delegacia?!

E precisava daquilo tudo?

“Meu Deus, o que vou fazer agora?”

Num camuflado pedido de socorro olhou para Luciana...bem dentro daqueles olhos negros...brilhantes...mas sem qualquer sentimento, a não ser uma tristeza infinitamente escondida no fundo da alma.

Olhos lindos, mas tristes...

Luciana mirou os olhos verde-água...e não soube por que, mas sentiu algo muito estranho...como se já conhecesse aqueles olhos...como se fossem eles muito familiares. Mas nunca tinha visto aquela menina em sua vida.

Aqueles olhos...

Pensou...

Recordou...

E sentiu uma raiva imensa.

— Você está me ouvindo, moça?

— Sim, claro, devo acompanhar o senhor até a delegacia.

Foi somente o que Clara disse, antes de sair da sala de Luciana escoltada por um policial e tendo sobre si o olhar indignado da fera, que tinha os olhos semicerrados e uma das mãos na cintura delgada.

No meio do corredor encontrou com Ester e viu o olhar assustado dela. Sabia que a amiga abriria a boca e assumiria toda a culpa, mas não podia deixar que ela fizesse isso ou os pais dela seriam demitidos pela idiota da chefe. Fez um sinal subentendido a Ester, para que ela entendesse que assumiria a culpa e que ela não precisava fazer nada para não prejudicar o emprego dos pais dela. Pôde notar o ressentimento nos olhos da amiga, pois sabia que ela podia até ser maluca, mas jamais seria mau caráter.

 

***

 

— O que a senhora deseja fazer com essa ladra, dona Luciana? — Perguntou o policial, que já conhecia muito bem a empresária. — Pelo crime de furto previsto no Art. 155 do Código Penal Brasileiro, essa moça pode pegar uma pena de 1 a 4 anos de reclusão e multa. — Explicou. — Também, a depender da gravidade da conduta dela e do valor da coisa, pode ser atribuído o furto privilegiado, neste caso, aplicando-se apenas a pena de multa, o perdão da pena ou a conversão da pena em prestação de serviços à comunidade. A senhora decide, dona Luciana.

A empresária sabia que poderia deixar aquele problema nas mãos dos seus advogados.

Sabia que poderia, simplesmente, não perder seu precioso tempo com aquela moça que se sabe lá Deus de onde vinha. Decerto de alguma comunidade simplória, periférica. A julgar pelo jeito acuado, mas também atrevido, desaforado, só podia pensar que era uma andarilha, uma criminosa a mando de alguém.

Luciana investigou toda a sua sala e percebeu que nada estava fora do lugar ou ausente. Pelo visto, o único interesse daquela menina era furtar os gabaritos das provas ou mesmo sua pesquisa sobre o HIV-AIDS-7, uma vez que a pasta com informações cruciais sobre a pesquisa estava aberta.

Precisava manter aquela moça por perto, pelo menos até descobrir quem era ela.

 

***

 

Antes mesmo de Maria Clara chegar à delegacia de polícia, a pena dela já estava decidida por um juiz da comarca.

“Seis meses de Prestação de Serviços à Comunidade.”

Essa seria a pena aplicada.

 

***

 

Após todo o transtorno, Luciana pediu para que todos se retirassem de sua sala.

Desejava ficar sozinha.

Pensar.

Digerir sua raiva intensa, mas contida.

Não era uma mulher que apreciava alardes, balbúrdia, prezava bastante pela discrição em sua vida tanto pessoal quanto profissional.

Andou até sua cadeira, diante da escrivaninha, e sentou.

Ficou em silêncio durante um bom tempo olhando para a pasta aberta em seu computador.

A pasta sobre a pesquisa HIV-AIDS-7.

Que tipo de interesse teria aquela moça na sua pesquisa?

Luciana fechou os olhos e suspirou profundamente.

Na sua mente só veio a lembrança dos olhos daquela menina e da eterna e inesquecível lembrança dos olhos de Sérgio...

Luciana não soube o porquê, mas isso lhe fez sentir uma raiva terrível de Maria Clara.

Uma aversão jamais sentida antes por ninguém.

Era uma mulher séria e detestava perder tempo com aversões mesquinhas por pessoas insignificantes como aquela menina, mas tinha de admitir, aquele sentimento de raiva e aversão dentro de si, ao recordar dos olhos dela, era algo batente inusitado e incomum.

 

***

 

Fora do fórum da cidade, Maria Clara olhava fissurada para o papel em suas mãos.

Um papel decretado pelo juiz e que dizia que ela teria de prestar serviços à comunidade por, pelo menos, seis meses.

Suspirou!

Seu processo fora julgado tão rápido!

Uma audiência de conciliação instantânea.

Ah, claro!

A chefe do pai de Ester era uma mulher importante, ricaça, dona de muito dinheiro, era assim que funcionava a maioria das coisas no Brasil.

Clara dobrou a sentença e colocou dentro de sua pequena bolsa.

Andou alguns quarteirões para longe do fórum e seguiu para o Parque Vila Botânica.

Um lindo parque arborizado, cheio de pássaros, flores e um lindo lago cheio de cisnes negros e brancos.

Caminhou durante algum tempo, sempre com aquele cuidado interminável de se manter distante o máximo possível das pessoas. Ora e outra algumas lágrimas discretas rolavam pelo seu rosto.

Depois de algum tempo caminhado solitariamente Maria Clara decidiu sentar à beira do lago, bem debaixo de uma linda árvore de folhas vermelhas — Paineira Vermelha.

Ali podia respirar o ar mais puro de toda a cidade, além de aliviar todo o estresse, medo, angústia e raiva que sentia daquela mulher.

Não precisava ter chamado a polícia.

Não precisava de todo aquele escândalo.

Além disso, sequer fora sua culpa tudo aquilo que aconteceu. Sequer desejara sair do convento. Sequer desejara se reencontrar com o mundo, com as pessoas. Sabia que ali não era e nunca seria o lugar para uma pessoa como si. Jamais faria parte daquele mundo. Abraou os joelhos e deitou a cabeça sobre eles. Fechou os olhos e foi quando sentiu o cheiro de um perfume de fragrância maravilhosa. E não era a fragrância das folhas das árvores, mas sim o cheiro do perfume daquela mulher.

“Ai, meu Deus, por favor, nunca mais me deixe cruzar o meu caminho com o daquela mulher de novo.”

“Eu imploro.”

 

***

 

Madre Constança olhava a todo instante e toda hora para a entrada do convento.

A religiosa buscava algum sinal das duas jovens, mas não havia qualquer sinal delas.

Há horas haviam saído, mas o retorno estava demorado ao extremo.

— Há horas não para de olhar por essa janela. — Disse Bárbara, aproximando-se de Constança. — Não sei o que perdeu lá fora, Constança. — Sentou confortavelmente numa velha poltrona de couro marrom.

— Você e seu excelente humor, Bárbara. O que deseja? — Perguntou voltando sua atenção para irmã Bárbara de sobrancelhas franzidas.

— A organização para o almoço de amanhã com os doadores do convento já está quase pronta. Gostaria que desse uma olhada antes do retoque final. Sei bem como é você e sua perfeição, Constança.

— Não sou eu, são os doadores que sustentam este lugar, Bárbara, eles exigem que tudo se mantenha em ordem.

Bárbara fez uma careta e disse:

— Difícil agradar a essa gente rica e escrota.

Constança riu meneando a cabeça.

— Ora, Bárbara, ninguém neste convento entende melhor de etiqueta que você. Não seja ranzinza. Sua criação foi a mais recatada e cordata possível.

— Ora, Constança, quantos tempos isso já não faz. Você bem sabe, desde que coloquei os pés dentro deste convento fiz questão de me manter o mais distante possível de meus pais. — Dizia deixando transparecer uma imensa dor em seus olhos e em sua expressão sempre tão carregada e decadente pelo tempo que nem sempre lhe fora tão generoso e leal.

Constança colocou a mão acolhedora sobre um dos ombros de Bárbara. Apesar de ser sempre tão rabugenta, sabia que ela também era uma sofredora vítima das dores de um passado cruel.

Algumas pessoas tinham uma história bonita para contar, outras, não.

Em que pese aquele jeito de Bárbara, Constança tinha nela uma grande amiga.

— Sei, Bárbara, eu sei. Mas o que eu não sei é o porquê de agir de forma tão algoz com Maria Clara. Entenda que ela é só uma menina sofrida e que precisa de amor e cuidado, não de pena. Maria Clara é como uma filha para mim. A filha que nunca tive. Mas você parece odiar não apenas ela, mas todas das jovenzinhas noviças e aspirantes à freira deste convento.

— Luciana Ferrazza confirmou o convite. Pela primeira vez ela virá ao convento participar da confraternização como os pais sempre faziam. — Falou mudando de assunto. Aquele assunto relacionado a Maria Clara parecia lhe incomodar mais do que tudo na vida. — Amanhã teremos, ao que me parece, toda a alta sociedade de Vila Velha reunida neste lugar.

 

***

 

Aquele fora um dia cheio para Luciana.

Muitas reuniões intermináveis e cansativas.

Muita gente o tempo todo no seu pé, fazendo perguntas impertinentes, reclamações, pedidos, assinaturas e afins.

Ela chegou em casa já passava das sete da noite.

O peso do mundo parecia estar descarregado sobre seus ombros sempre tão firmes.

Angélica já tinha dado janta as meninas. Sempre dava jantar cedo a elas. Talvez fosse o fuso horário do Brasil que a deixava meio confusa. As filhas estavam falando com as coleguinhas da Itália, assuntos relacionados a saudades e coisas afins. Decidira deixar as meninas à vontade e fora para a sala de lazer da casa de Luciana com uma garrafa de vinho italiano e uma taça em mãos. Um dos lugares mais incríveis daquela infinita propriedade, com certeza, era aquela área de lazer. A cara de Luciana, tudo com um retoque bastante confortável, clean e exigente.

Angélica encheu sua taça com um vinho rosé e deitou numa espreguiçadeira. Tomou um gole da exótica bebida e observou quando Luciana caminhava a passos apressados para dentro da casa. Chamou-a.

— Lu! Ei!

Gritou moderadamente.

Luciana parou de repente e olhou na direção da prima. Sorriu ao ver a taça de vinho. Angel adorava a deliciosa bebida. Andou até ela e se inclinou para fazer um cumprimento rápido.

— Boa noite, Angel. E as meninas?

— Lá dentro, nas redes sociais. — Sorriu e sorveu outro gole de vinho.

— Já jantou?

— Ainda não. Estava esperando minha amiga e prima maravilhosa. Muito trabalho hoje?

— Digamos que apenas o mesmo estresse diário. — Sorriu.

— Já te falei que você precisa tirar umas férias, Lu, um tempo para si. Trabalhar é bom, mas não deve consumir nossa vida ou nossa felicidade. Tua cara tá péssima. O que houve?

Luciana suspirou e se recordou do acontecido de hoje.

— Apenas uma fulana que adentrou minha sala e tentou praticar um furto. — Olhou para o nada e semicerrou os olhos.

— Hã? Como assim? Que babado foi esse? Vem cá, me conta. Essa pessoa que entrou na tua sala é louca?

Luciana colocou a bolsa sobre uma cadeira e sentou numa outra espreguiçadeira, de pernas cruzadas.

— Bem...se é louca isso lá não sei. Me aparece cada uma que dá dez. — Fez um gesto resignado com as mãos e sacudiu a cabeça em negativa. — Amanhâ à noite vamos sair com as meninas, Angel. Dar umas voltas pela cidade. — Convidou mudando de assunto.

— Vamos sim, claro que vamos, e quem sabe a senhorita, uma mulher linda, cheirosa e atraente dessa encontre um homem lindo e gostoso para a fazer feliz.

Angélica disse gargalhando alto.

 

***

 

— Desculpa, Clarinha. Por favor, me perdoa. Por favor.

Ester pedia preocupada, enquanto andava pelo corredor mal iluminado do convento, ao lado de Clara.

— Está tudo bem, Ester. Não se preocupe, já disse.

— Como não me preocupar sabendo que a culpa foi toda minha e sabendo que você terá de pagar seis meses de serviços pecuniários por minha causa?! — Questionou horrorizada diante da total apatia de Clara perante a situação tão grave.

— O emprego dos seus pais era bem mais importante, Ester, por favor entenda, garota. — Falou já impaciente. Passara o dia todo pensando na tal dona do Instituto. Que mulher intragável. Pensou muito irritada e sem conseguir esquecer o cheiro dela, que parecia ter ficado impregnado na sua memória. — Vou dormir. Estou cansada. Boa noite. — Abriu a porta de seu quarto e já ia entrando quando foi surpreendida pelo abraço carinhoso de Ester.

— Eu te adoro, Clara! Você é a pessoa mais incrível e mais fofa que já conheci em toda minha vida! Obrigada por existir, por iluminar meus caminhos. Você é luz que brilha e, mais que isso, luz que ilumina caminhos!

Clarinha sorriu agradecida.

Ester seguiu para o seu quarto decidida a contar a Luciana que era a culpada de tudo. Contaria que Clara que não tinha nada a ver com aquilo, mesmo que isso custasse o emprego de seus pais. Pegou seu violão e correu para o quarto de Clara. Abriu a porta e já entrou.

— Vamos, Clara.

— Pra onde, Ester? — Perguntou com o coração acelerado.

— Está uma noite linda! A deusa enluarada nos convida a lhe fazer uma reverência, bela senhorita.

— Quê?

— Amiga, apenas pega seu violão e vem comigo!

As duas jovens seguiram para cima de uma rocha com vista total para o céu e o mar.

Soberano!

Majestoso!

Sentadas sobre a rocha começaram a tocar, nos violões, a música Fast Car de Tracy Chapman, num majestoso dueto.

Após a música, deixaram o violão de lado e deitaram de bruços sobre a rocha.

Gargalhavam contagiadas pela mesma energia e felicidade.

Mal sabiam o que as esperava no dia seguinte. 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Meninas, perdão pela demora. :)

Instagram: @dicaldarelli

Wattpad: @DiCaldarelli

Leia mais histórias da autora em>> https://www.amazon.com.br/s?i=digital-text&rh=p_27%3AThaa+Di+Caldarelli&s=relevancerank&text=Thaa+Di+Caldarelli&ref=dp_byline_sr_ebooks_1


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Comentários para 5 - Capitulo 5:
Leeh Swan
Leeh Swan

Em: 21/11/2022

Estou amando a historia, assim claro, como todas as outras de sua autoria. A cada cap a vontade de lê aumenta mais. Até aqui ja deixou claro que muito vem por ai, conteúdo pra da e vender kkkkkk


Resposta do autor:

Oi, Leeh! 

Fico feliz que esteja gostando! @/ 

Há muitas coisas vindo aí! Rsrs

Bjsss e se cuide! 

Responder

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 20/11/2022

É Luciana acho que vc vai ter ver muitas vezes esse olhos ...

Super curiosa para esse próximo encontro, mas que a Ester vai aprontar ainda...

Bjos Thaa


Resposta do autor:

Oi, Hel! 

Com certeza, Luciana há de os ver rsrs 

E o encontro chega! 

Bjsss e se cuide. 

Responder

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Anny Grazielly
Anny Grazielly

Em: 19/11/2022

Minhas suspeitas sobre Clara ser filha de Sergio, eh 100% certas... kkkk... o mesmo olhar... kkkk

Ansiosa por esse segundo encontro entre elas... e no convento... ????????????????... vai ser muito show... espero logo ve-las amorzinho... pq eh bom essa atração e paixão... doida para saber tb como vai ser o processo de Luciana descubrir sobre a doença de Clara e como esse estudo vai ajudar Clarinha...

Pelo visto, Luciana vai acabar levando Clara para a clinica, para trabalhar com ela...

Nao demore muito, Thaa... kkkkk


Resposta do autor:

Oi, Anny! 

Kkkkk será que essas suspeitas se confirma mesmo ou é mera coincidência? Rsrs 

Tudo pode acontecer. 

Será que Luciana simpatiza com a Clara? 

O primeiro encontro não foi lá essas coisas kkk 

Bjsss e se cuida! 

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