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A tragicomédia de Morgana por shoegazer

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Palavras: 5232
Acessos: 500   |  Postado em: 10/12/2022

Sem amarras

 

Olho para o teto da sala, com os pés apoiados no encosto do sofá, mexendo de um lado para o outro. Hoje está quente, e só me encontro de regata e shorts dentro de casa. Isabela ouve suas músicas ao lado. É uma cena nostálgica.

Já faz semanas desde que vi Ana Cris. Nos encontramos outras vezes, e tocamos em quase todas. Inclusive, ainda insiste com a ideia de que tenho que voltar a tocar com ela, já que sou seu par. Isso eu concordo. Não há nada como tocarmos juntas, mas não estou disposta a sacrificar meu trabalho com algo que tanto estimo por algo que tanto me machucou.

Bem, pelo menos fico feliz de encontrá-la novamente, e isso tenho que agradecer o destino. É uma das poucas pessoas que tinha contato de fato, e não fazia ideia de como procura-la. Depois descobri que ela, como eu, não tinha meios para entrar em contato que não seja pelo número, e agora nos falamos todos os dias. Inclusive, ela me chamou para tocar com o grupo dela e jantar na sexta-feira.

E desde que a história entrou em processo de edição, não tive o que fazer, então tocar foi o que ajudou a ocupar minha mente. Eu acordo, faço o que tenho que fazer, durmo, leio. Dei algumas entrevistas, mas pedi para que meu rosto não fosse vinculado a nenhuma, e adivinha só? Isso deu ainda mais engajamento por ter essa aura misteriosa.

Não tenho o que falar porque minha vida entrou em uma calmaria que pouco conheço. Não me sinto mal, na verdade até me sinto bem, e a terapia tem me ajudado muito a lidar comigo. Quase toda semana vou almoçar com minha tia, e nos finais de semana vejo Isolda.

Talvez esse seja o ponto mais discrepante de todos, já que não acho que minha irmã esteja tendo algum progresso. Ela parece torpe maior parte do tempo, pouco conversa, e isso me angustia muito. Comentei isso com minha tia que pediu pra visita-la, mas ela negou.

 E Isabela está triste. Pelo visto, a garota até achou legal ela se assumir para os pais, mas agora ela que precisa de tempo pra saber o que fazer.

E agora, o que faço da minha vida?

Hoje é a folga da Raquel, e ela falou que quer vir em casa, já que não está a fim de ir pra casa. Queria fazer alguma coisa de mais para ela, mas o quê?

Pensei em chama-la pra sair pra comer, mas ela vai chegar cansada, sem contar que ainda me lembro daquele dia vergonhoso. Falei com a psicóloga e ela disse que era normal, que era questão de ter segurança em si, que era pra eu fazer quando eu tivesse confiança, e essas coisas.

Eu queria fazer alguma coisa significativa, como um presente, mas ela não se liga muito em leitura e sou péssima com tudo que envolva trabalho manual. Não vou dar materiais de tênis porque ela já ganha dos patrocinadores, então...

Do que ela gosta? De música pesada, mas nunca consigo decorar as bandas que ela gosta. Quase todas tem um nome estranho, e ela já tem uma coleção vasta de disco, CD o qual vi uma vez, mas não vi com atenção pra saber o que ela tem.

Acho que uma volta vai me ajudar a espairecer as ideias. Me levanto, troco de roupa, pego minha carteira e bato na porta da casa de Isabela, que me recepciona com o rosto sujo de tinta azul.

— Quer ir no centro comigo?

— Sério? - ela diz parecendo mais animada - Espera só um instante então.

Ela limpa o rosto, troca a camiseta suja e saímos pegando a condução para lá.

— Quero dar alguma coisa pra Raquel - digo segurando no suporte do ônibus - o que você acha que é um bom presente?

— É aniversário dela?

— Não que eu saiba - me viro de um lado a outro - só queria dar mesmo.

— Bota uma lingerie bonita e dá um chá nela que ela vai gostar - Isabela ri da minha cara constrangida - brincadeira, Mog. Não sei, ela não gosta daquelas bandas que invoca o capeta em cada frase?

— Então, pensei nisso, mas o quê?

— Uma camiseta? - ela dá com os ombros - Ela sempre tá com umas parecidas, capaz de gostar de ganhar.

— E onde consigo uma dessas?

— Olha, já vi uma loja toda preta ali numa galeria aqui por perto, inclusive - ela aperta o botão pra parar - vamos lá dar uma olhada.

Descemos, e o sol parece estar ainda pior.

— Não tem falado com Isolda?

— Ela não quer conversar - digo com certo amargor - acho que está se sentindo pior.

— Mas ela não está lá porque quer?

— Sim, mas... - solto um longo suspiro - Acho que não está dando certo e ela está com medo de falar.

— Meio que quando você quer mostrar que quer fazer uma coisa dá certo, mas dá tudo errado e se cala? - Isabela dá essa ótima alusão, e concordo completamente. Infelizmente, é exatamente isso, só que de um jeito pior.

Entramos na galeria, e algumas pessoas com sacolas passam por nós. Isabela diz que é no segundo andar, e assim seguimos. Chegamos na frente, e lá está tocando as músicas que Raquel gosta de ouvir.

Isabela se abaixa pra poder passar na porta baixa. O local é repleto de camisetas pretas e outros acessórios com metal, e no balcão cheio de adesivos tem um homem barbudo e com o cabelo longo, parecendo curtir o som enquanto mexe no computador. Quando ele nos nota, logo se levanta e sai de trás do balcão, indo nos recepcionar.

— Boa tarde, meninas - ele é repleto de tatuagens, usa munhequeiras, uma camiseta que tenho a impressão de que já vi Raquel usando uma parecida, bermudas camufladas e coturno - estão procurando alguma coisa em específico?

— Essa guria aqui - Isabela segura meu ombro - quer dar um presente pra uma pessoa próxima.

— E essa sua pessoa próxima gosta de ouvir o quê? - ele começa a mexer nas camisetas - Thrash metal, black metal...

— Eu não sei, é... - Cerro as sobrancelhas, tentando me lembrar dos nomes - ela gosta de Sepultura - é o único nome português que lembro - do Metallica, do Kreator...

— Ela curte um som foda, então - ele aponta para uma arara - olha, essa aqui é tudo de som que ela deve curtir, pode ficar à vontade. Se quiser alguma indicação também...

Isabela começa a perguntar algumas coisas da loja dele enquanto procuro. Vejo algumas que ela já tem, mas boa parte não me chama a atenção. São estampas muito gritantes, com muita caveira, sangue, destruição. Tem umas que me questiono se é aceitável sair com ela na rua sem ficar chocado.

Até que encontro uma com aquela tatuagem que ela me mostrou. É o mesmo símbolo na costa da camiseta, e quando a viro, vejo o nome da banda com a estampa da cabeça de um bode. Coincidentemente, é a única que consigo me agradar.

— Vou levar essa - mostro para Isabela - o que acha?

— É horroroso - ela cerra os olhos e se volta para o dono da loja, que ri - com todo o respeito, mas ela vai gostar.

Ele guarda a camiseta em uma embalagem para presentes como cortesia, e saímos indo direto para a loja de materiais artísticos. Depois de mais uma compra, tomamos um sorvete, compramos comida e voltamos pra casa.

Fico na casa de Isabela a vendo pintar e falar do trabalho. Eu não sou de interromper suas falas, mas eu preciso perguntar uma coisa.

— Isa, como você faz pra...Digamos... - como vou entrar nesse assunto? Ela me olha com uma das sobrancelhas levantadas, esperando que eu termine de falar, mas a vergonha parece ser maior - Pra...com uma...mulher?

— Transar com ela? - concordo e me questiono como ela fala disso com tanta naturalidade - Bah, é por isso que tá querendo agradar a guria? - e dá um riso sarcástico, o que me faz abaixar a cabeça e encarar o chão.

— Não, é que... Eu tentei fazer isso e...

Calma, Morgana, você conseguiu falar isso na terapia, vai conseguir falar com a sua única amiga.

— Eu... - faço um gesto para dizer que não deu certo.

— Broxou? - nego, e ela arqueia as sobrancelhas, surpresa - Foi isso?

A vergonha que sinto agora não pode ser medida em palavras, mas como vou tirar dúvida disso se não perguntando pra alguém que tenha experiência com isso?

— Faz quanto tempo que não faz isso?

— Uns quatro anos, por aí.

— Barbaridade, Morgana! - ela fala indignada, se virando pra mim, colocando o pincel atrás da orelha - Você está uma vi...

— Não fala isso, por favor - estendo a mão para que ela pare, e ela ri.

— Nem se toca? - nego. Posso até dizer que é porque não tenho libido suficiente, mas isso vem muito de onde eu morava, já que não é um lugar conhecido por ter privacidade - Mas por quê? Se tem vergonha de ti, como vai querer ir pros finalmente?

— Eu nem sei te explicar, é que... Quando eu... - é difícil falar disso - Penso na possibilidade, quero concretizá-la.

— Jeito bonito de dizer que está com tesão.

Cala a boca, Isabela. Balanço a cabeça sentindo meu rosto queimar, e ela ri.

— Olha, sendo sincera contigo - ela vira a cadeira na minha direção de novo - acho que ela está a fim, mas só está esperando você dizer que sim.

— E como eu faço isso?

— Bah, não sei - ela bate o dedo no queixo, pensativa - ela não vai pra tua casa? Faz uma janta, coloca uma roupa legal e se atira nela.

— Mas, Isabela - no que essa conversa se tornou? - eu não sei como fazer isso.

— Como foi pra vocês irem pro quase? Ela que te procurou?

— Não, eu...Sei lá, só fiz, não pensei muito.

— Acho que se tu se cobrar menos - ela aponta pra mim - vai funcionar.

E como faz isso? Eu me cobro em todos os aspectos da minha vida, nesse não seria diferente.

— Se for já pensando no que tem que fazer e como fazer, não vai funcionar - ela faz uma careta e leva a cadeira para mais perto de mim, encostando o indicador na testa - então só vai, mesmo que dê errado.

É, pelo menos me sinto melhor em conversar com alguém que não me julgou por eu não ter durado nem cinco minutos. Voltamos a falar da sua vida, e quando vejo a hora, me despeço e vou pra casa tomar banho. Raquel já avisou que daqui a pouco vai chegar.

Agora, me pergunto se quero fazer por querer ou como se dissesse a mim mesmo que eu estou bem a ponto de fazer isso. Na verdade, seguir uma vontade e uma imposição ainda são conceitos que ainda confusos na minha mente. Acho que na hora eu vou saber diferenciar o que estou sentindo, porque o desconforto de uma imposição cada um sabe bem como é.

Paro na sala e olho para o quebra-cabeça que fica acima do sofá, e o toco. Montá-los é uma das poucas coisas que eu e Isolda gostamos de fazer na companhia uma da outra e prezamos por isso. Dessa vez, sequer conseguimos terminar juntas.

Não tem um dia que eu não lembre da minha irmã e não sinta falta dela. Sei que ela deve também deve sentir minha falta, mas... Jamais serei capaz de julgar Isolda, mesmo que isso me doa e parta meu coração em pedaços. Todas nós estamos quebradas por dentro, de um jeito ou de outro.

Tomo banho e de toalha vou pra frente do espelho. Não costumo fazer isso, mas tiro o que me cobre e me analiso. São doze no total. Cinco cicatrizes suturadas, sete queimaduras de cigarro. Eleanor tinha um jeito peculiar de me castigar, e toda vez que olho para isso me desagrado porque me lembro de tudo.

Agora, como digo pra ela que quem fez isso foi alguém que devia me proteger, e as demais alguém que dizia me amar incondicionalmente? É melhor esconder.

Não tenho grandes opções de roupa, e não acho que isso importa. Pego uma calça gasta de moletom cinza e uma camiseta preta, e as encaro. Eu não uso nada por baixo por praticidade, mas Isabela disse que seria legal usar alguma coisa por baixo pra dar essa intenção. Pego qualquer calcinha na minha gaveta e me visto. Vou pra cozinha, coloco o macarrão pra cozinhar com as verduras, o disponho em uma tigela e misturo o shoyu com brócolis e shimeji. Como ela não come carne, tenho que fazer algo que nós duas comemos.

Escuto o barulho da porta de Isabela saindo, e quando volto a deitar no sofá e assistir televisão, o interfone toca. É Raquel, com sua mochila e material colocando de lado. Ela termina de tirar os sapatos e as meias, e volta até mim, beijando meu rosto. Ela tomou banho antes de vir, dá pra sentir pelo seu cheiro que posso confirmar que lembra de uma brisa suave.

— Você já pediu comida? - ela olha pra cozinha - Está o maior cheiro de comida aqui.

— É... - Já sinto minhas bochechas levemente vermelhas não, dessa vez eu que fiz.

— Sério? - ela diz animada - Então podemos comer logo? Estou morrendo de fome.

— Claro.

Na minha cabeça essa cena é idêntica a daqueles livros de romance que tem um jantar romântico, música lenta, vinho e devassidão, com a diferença que são dois pratos dispostos na mesa de comida pronta, citronela no canto pra afastar os mosquitos desse calor, suco de uva e uma pessoa com disfunção. Sei que falando assim parece engraçado, mas é a realidade.

Raquel come mais da metade e elogia a maior parte do tempo acompanhada do suco de uva, que é o que tenho a oferecer. Fico feliz que ela tenha gostado, já que nunca tinha feito isso. Roubar comida no refeitório acho que não conta como. Depois, ela lava a louça, desarruma a mesa e ela vai pro banheiro escovar os dentes, e assim o faço também. Ela tem o costume de andar de um lado para o outro enquanto o faz.

Depois voltamos pro sofá, com ela me envolvendo com seu braço entre meus ombros enquanto muda de canal.

— Eu... - mexo na sacola que está do lado do sofá - queria te dar um negócio.

Entrego o embrulho na mão dela, que dá um sorriso que pouco vejo, daqueles que ela não consegue esconder, e sinto aquele leve enjoo pelo meu estômago revirando em vê-la assim.

— O que fiz pra merecer um presente? - suas bochechas ficam rubras.

— Nada, eu... - dou com os ombros - só quis te dar mesmo.

Ela rasga o pacote, e vê a camiseta, tomando-as nas mãos, e começa a rir.

— Você lembrou - diz ela a olhando de frente e costas - eu amei muito, de verdade! Não vou mais tirá-la. Só não uso agora pra não sujar - e beija minhas mãos, se levantando e indo guardar a camiseta.

Mas, quando ela volta, me entrega um embrulho em mãos. Meu coração palpita sem parar.

— Parece até que foi combinado - e volta a se sentar do meu lado.

É um livro, tenho certeza, mas qual? Abro a embalagem cuidadosamente, e quando olho a capa, sei bem do que se trata. Sequer preciso olhar o título.

— Romeu e Julieta - digo em um sussurro, passando a mão na capa, encarando os dois amantes.

— Da última vez que vim eu vi seus livros - ela aponta pra estante que fica na sala - e não vi esse. Estranhei, mas... Espero que complete sua coleção.

Porque esse foi meu primeiro livro do Shakespeare, que meu pai me deu ainda criança. Era meu preferido porque fora presente dele e o livro que me levou para a paixão por dramaturgia, deixando a obrigação do piano em segundo plano.

Não comprei outro justamente porque não queria substituir o que tinha na memória, mas esse é um presente como o outro foi. Não deixa de ser simbólico.

E acho que quero chorar, mas não de tristeza. De outra coisa que não sei explicar o que é. Alívio, talvez? Euforia por encontrar alguém que consiga ter uma conexão assim e não temer o dia posterior? Felicidade pelo presente que mostra que ela também lembrou de você assim como se lembra dela? Pode ser qualquer coisa ou tudo ao mesmo tempo.

— O que foi? - Raquel toca minha bochecha ao ver meus lábios trêmulos - Você não gostou?

— Não, eu... - respiro fundo - Amei, obrigada.

Coloco o exemplar contra o meu peito, tentando me sentir melhor com o toque dele. Não é como se fosse trocado, é só algo diferente.

— Já é o meu preferido da estante.

Coloco o livro de lado e a abraço com força, afundando meu rosto em seu ombro. Ela se deita e me leva junto, e voltamos a assistir televisão. Nossos encontros são quase todos assim. Não consigo ver Raquel como essa pessoa que Isabela fala ou outra pessoa diz. Pra mim, ela é isso que estou vendo, nada mais além.

Mas eu quero que esse seja diferente.

Pelo menos uma vez na vida quero ter a sensação de viver algo

Eu a envolvo com meus braços, enquanto ela fica deitada na minha frente vendo algum programa de sobrevivência na floresta. Vou fingir que minha mão não subiu, e ela não faz nenhuma reclamação sobre.

Me encolho mais contra o seu corpo, e subo mais a mão, mas ela segura.

— O que está fazendo? - ela diz sem virar.

O que eu estou fazendo? Não, não acho que seja nada disso.

Pode até ser, mas a realidade é que eu quero me sentir amada, desejada, tocada. O ofegar de alguém que quero, de alguém que me quer. De fazer tudo isso limpa, sem ter medo ou receio. Experimentar algo que nunca tive.

Não é sex* porque isso é o de menos. É algo além disso. É consegui confiar alguém a ponto de entregar meu corpo e minha intimidade a ela.

— Você não quer? - sussurro contra ela, que segura minhas mãos com força.

— Por que está fazendo isso comigo? - sua voz soa quase como uma penitência.

Apesar de tudo, é uma resposta curta e simples.

Raquel continua a segurar minhas mãos com força, como se descontasse o que está sentindo em mim. Sinto aquela eletricidade de novo, e respiro fundo. Estou nervosa? Sim, mas acho que estou mais aquela outra coisa.

Ela se vira pra mim, encarando-me. Seus óculos ficam tortos quando ela se deita.

— Você quer mesmo?

Será que ela está com receio pela última vez? Não tiro sua razão, mas...

Levanto e desligo a luz. O compartimento é tomado pela penumbra da noite e, lentamente, vou até ela. Eu torço profundamente pra não estar fazendo alguma coisa vergonhosa. Deslizo minhas pernas até sua cintura e, sentada em seu colo, levo suas mãos até minha camiseta, retirando-a devagar.

Sim, eu quero.

Ela pressiona os lábios, e tiro seus óculos devagar. Sinto suas unhas roçando minha cintura, seguindo até minhas pernas. Meu interior se contrai como antes, e suspiro devagar.

E os eventos que sucedem a isso pouco consigo entender. Sei que ela me beija com fervor, nos levantamos, eu a guio para o quarto, e nos deitamos. Ela fica por cima de mim, e seu beijo fica ainda mais intenso, o suficiente pra me deixar realmente ins... Eu vou usar a palavra certa. Excitada.

Ela vai para retirar a camiseta apressada, mas seguro suas mãos, descendo. Beijo o seu pescoço, e lentamente retiro sua camiseta. E o que tenho a dizer? Bom, se eu falar que seu corpo é uma completa perdição, é errado?

Tomo-a para um abraço, mas porque eu quero sua pele contra a minha, assim como suas pernas que se entrelaçam na minha. Ter roupa agora parece me incomodar, e para minha sorte, ela parece sentir o mesmo, já que logo desce o resto que me cobre.

Sinto sua boca descendo por meu pescoço, e logo sua mão encontra o meio das minhas pernas, estimulando, fazendo o que tem que ser feito. Suspiro, ofego, arranho, um prazer indizível ao vê-la tocar meus seios com sua língua, com sua boca.

Não tenho medo de parecer vulnerável.

Ela passa um bom tempo ali, comigo segurando seu cabelo enquanto ela desce, parando em minha barriga, desejosa, passando a boca por todo aquele caminho. Sei bem onde vai parar.

Lembro bem que isso não era tão bom assim, e talvez seja isso que me deixasse reticente. Incomodava, parecia cru demais, mecânico, submisso mesmo que eu a amasse. Eu sempre ficava feliz em só satisfazê-la. Se ela ficava feliz, eu também ficava. Validação é importante pra mim, praticamente essencial, então eu me deitava e esperava. Por que sinto que não é assim se é a mesma coisa?

Pelo visto não é.

Ela continua a descer, e olho pra cima. Não sei, acho que estou confusa com o decorrer disso, mas quero ver o que vai acontecer.

Então eu sinto. É úmido, tímido no começo, mas logo vai tomando um outro sentido que não sei explicar qual...

Não posso descrever o que eu nunca senti, então eu deixo o ar sair pela boca, e deixo que ela continue. Não me devoram, pelo contrário, sinto que me apreciam, e minhas pernas se contraem. Mordo os lábios, fecho os olhos, deixo o barulho preso na minha garganta escapar, sinto meu interior ficar ainda mais aprazível, como se a chamasse insistente.

Mas ela não me domina. Para de fazer o que faz, se levanta e me beija. Um gosto agridoce invade minha boca, e ela volta a me tocar. Meus ombros se arrepiam, e sinto o ar fugir da minha boca. Sei bem o que estou fazendo com ela, os barulhos que emito, o segurar firme das minhas mãos contra seu cabelo, seu pescoço, o cravar de unhas na sua pele.

Um instinto primário que permeia todo o meu corpo, dizendo que se eu não a tê-la, estarei a um passo da loucura novamente.

Volto a beijá-la com avidez, num compasso que ela entenda a minha real intenção, e dessa vez tomo seu lugar em estimular. Não é fácil quanto parece, mas ela segura minha mão e me guia. Certo, eu preciso me concentrar, mas como vou fazer alguma coisa se nem sei o que gosto como parâmetro?

Felizmente, ela faz isso por mim, e a sua resposta para isso faz parecer o que sentia antes uma mera preliminar para a onda de prazer que meu corpo é tomado. É uma feição misturada de dor, mas você sabe que é de prazer, como se seu corpo sentisse dor por não ter mais do que aquilo que quer.

Sinto ela ficar como eu. Meus dedos ficam previamente molhados, e ela me afasta lentamente.

— Me deixe ver você.

Sua voz sai em um sussurro, e a ponta dos seus dedos encontram meus lábios, arrastando lentamente seu indicador e o médio por eles, então o indicador, ainda úmido, vai até a ponta da minha língua.

Começo a respirar pesado. Faço um grunhido prazeroso, e lentamente passo a língua nele, e ela logo leva o outro. Seu movimento de vai e vem é um indício do que ela quer, e meu gesto de passar a língua em cada parte deles como se fosse uma pessoa experiente, e não como se fosse a primeira vez que fizesse isso.

Seu rosto é tomado pelo prazer novamente. Lábios entreabertos, o ar que sai lentamente por eles, suas sobrancelhas cerradas, os lábios que ela morde vez ou outra, então ela os tira da minha boca e vai até onde parou da última vez.

De um primeiro momento, só sinto o deslizar, mas depois, quando ela mexe pela segunda ou terceira vez, meu corpo se contrai ainda mais.

Ela me encara, mordendo os lábios, vendo minha expressão. Seguro seu rosto contra o meu, ofegante. Sei que me contraio contra seus dedos, os sinto bem, e o movimento junto a outro me deixa ainda mais ofegante.

Não consigo me concentrar em mais nada, apenas em seu rosto na minha direção. O calor da sua pele, o ar que sai da sua boca. Não existe mais nada além disso. Aquela sensação piora, ficando quase insuportável de manter, e me seguro contra ela. Respiro fundo contra o lóbulo de sua orelha, e digo para ela continuar.

E assim o faz, com mais rapidez enquanto meu corpo responde a todo esse gesto. Voltamos a nos beijar, e minhas pernas tremem, anunciando o que vem a seguir, mas só isso não é o suficiente. Sinto seus dedos curvarem brevemente, e sinto aquela onda querer chegar. Seu toque fica mais urgente, e ela sussurra de volta que quer aquilo.

Em um lampejo, sinto o calor tomar conta do meu corpo, se contraindo ainda mais e logo quando ela acelera, chega ao máximo. Minha cabeça tende para trás, e solto um gemido mais alto do que queria, incontido, e o escorrer por minhas pernas enquanto ela os retira devagar.

Dizem que, nesses momentos, pouco importa se você tem pudor ou não. Ela coloca os dedos grudentos contra a boca, e essa cena... Me dá coisas que não sou capaz de explicar.

Como, por exemplo, depois de me deliciar em vê-la fazer isso, subir no seu colo e descer por seu pescoço. Ela me segura contra, mas vou incessante, mesmo sem tanta experiência, confio na minha imaginação. A única explicação que posso dar para isso é pura motivação sexual e libidinosa, já que nunca consegui me ver nesse papel.

Meus lábios correm por seu corpo, encontrando seus firmes seios. Debruço-me neles como se eu necessitasse disso, e necessito. Ela gem* baixo, segurando meu cabelo, e passo longos minutos me alternando nisso até descer por sua barriga e encontrar aquilo.

Pra ser sincera, eu devo ter feito isso no máximo três ou quatro vezes na minha vida, e todas com a mesma pessoa, então... Definitivamente, não sei o que estou fazendo, mas já que estou aqui, quero tentar.

E o que dizer sobre isso? Como um atestado definitivo, encosto meus lábios naquela úmida região, e aquele gosto único invade minha boca. Nojo, repulsa? Longe disso, acho que estou é ainda mais excitada a continuar. Ela segura meu cabelo, me empurrando mais contra aquela região e eu faço o que posso.

Seguindo meus achismos, passo minha língua devagar mais em cima, e ela ofega baixo, sinal que ela gosta. Faço com mais força, e ela não expressa reação, mas quando faço isso mais rápido, ela gem* baixinho, e continuo. Nossa, era realmente tão bom assim? Sinto-me contrair novamente só por isso. Me questiono se logo vou chegar lá de novo. Abaixo a minha língua e a passo de uma ponta a outra, e ela grunhe, mas prefere quando eu ajo ali mais rápido.

Tem uma coisa que sempre quis fazer, nos meus sonhos mais indecentes isso estava presente, e acho que essa é a hora de dar vida a eles. Levanto meu olhar e a vejo se contorcer de prazer, e isso me excita ainda mais.

Cassete, eu não sei se aguento isso. Paro o que estou fazendo e levo meus dedos até sua boca, como um sinal.

— Posso?

Ela assente, e os coloco contra a minha, passando a língua devagar até deixá-los úmidos o suficiente.

Eu estou nervosa, estou respirando pesado, molhada de suor. Minhas pernas tremem, minha cabeça gira, mas ainda assim eu quero.

Fecho os olhos, me aproximo dela e... Eu procuro por onde começar, e ela me guia até chegar lá.

Acho que vou passar mal. Estou suando frio, mas, calma, eu preciso me concentrar, eu preciso... Respiro fundo, deixo o ar sair da minha boca, mas continuo suando sem parar. A cara dela é de...

Sinto minhas pernas esfregarem uma na outra, e continuo. Não sei o que sinto, estou confusa, e meus dedos seguem o movimento tal qual o dela. Escuto seu gemido mais alto, e volto a colocar minha boca onde estava. Tomara que eu não desmaie agora.

Mas, não demora muito comigo fazendo aquilo pra eu dar um gemido contido, abafado pelo meu gesto, mostrando que cheguei mais uma vez. Ainda assim, continuo o que faço.

Não sei como explicar isso. Eu a sinto, e parece que sei exatamente o que fazer. Preciso ver essa cena, e quando levanto a cabeça, ela a abaixa para que eu continue. Faço alternado, depois mais rápido conforme a resposta do seu corpo, que se intensifica. Isso é maravilhoso de um jeito único. Tudo aqui é estritamente especial.

Ela está quase, e pressiona com mais afinco minha cabeça contra suas pernas. Se eu sufocar, juro que não vou achar ruim. Logo meus dedos são pressionados em seguida e aquela onda quente os invade. Fico com eles até parar de sentir esse movimento, e quando os retiro, meu ímpeto é colocar meus lábios para ter mais daquilo. Eu quero cada gota disso, inclusive o que sobrou nos meus dedos, o que faço com ela me olhando.

Passado o momento de euforia, pendo ao seu lado, e só aí percebo o que realmente aconteceu, com meu rosto ficando quente e ela ainda ofegante, nada diz. Não, eu nunca tinha feito isso, pelo menos desse jeito, chega meu corpo está todo em choque. Penso se não posso me acostumar com isso ou foi um caso isolado.

Ela vira e apoia a cabeça do meu lado, fechando os olhos. Abraço-a com firmeza, deslizando as mãos por suas costas. Ela não vai precisar voltar para o quarto dela logo depois.

— Continua, está bom.

Meu coração está acelerado, e fica ainda mais por sua voz preguiçosa. Sei que tenho que me vestir, mas aqui está tão bom que... Beijo sua testa e fecho os olhos, escutando sua respiração ficar cada vez mais lenta. Tudo poderia acabar aqui, que eu ficaria, pelo menos uma das poucas vezes na vida, realmente feliz, seja por conta dos hormônios aflorados ou não.

 

 

Quando acordo, esfrego meus olhos e tateio a cama. Ainda estou sem roupa e, pelo visto, sozinha. Procuro no banheiro, sala, cozinha, nada. Volto pro quarto e vejo a pequena bagunça perto do armário, inclusive com minha carteira no chão. Coloco ela de volta no lugar e coloco minha calça pra depois ir pra sala pegar minha camiseta.

Olho para o telefone. Ainda são oito e meia da manhã, e uma mensagem da Raquel dizendo que teve que resolver umas coisas e não queria me acordar. Mando que está tudo bem, e vou fazer meu chá de cidreira com torrada. Sento na frente da televisão e coloco em um programa qualquer. Ontem foi um sonho? Deve ter sido, porque nem acredito que algo tão bom aconteceu logo comigo.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 31 - Sem amarras:
bicaf
bicaf

Em: 15/12/2022

Olá. 

Pode ter certeza Morgana que não foi nenhum sonho kkkkk.

Amei esse capítulo. A Morg. se soltando e sendo feliz. 

Essa história é muito boa viu autora! Uma das melhores que já li. Parabéns. 

Beijo.

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