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Abrigo por Cristiane Schwinden

Ver comentários: 5

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Palavras: 3324
Acessos: 1704   |  Postado em: 28/11/2022

Capitulo 5

Capítulo V

 

O jantar marcado para sexta-feira não aconteceu, Clarisse deu uma desculpa qualquer. As crises aconteciam sem muito sintoma prévio, simplesmente devastavam a psiquiatra, que continuava atormentada com a falta do filho desaparecido e a culpa que ainda a consumia. Esse era o motivo de nunca levar suas pretendentes e amantes para casa. Por segurança, gostava de dormir sozinha em seu quarto, mesmo quando engatava um namoro. A opção sempre era a casa dos outros, nunca a sua.

Clarisse era metódica, cheia de regras próprias e manias. Além da mania de limpeza, que estava relativamente sob controle agora, tinha certo protocolo ao conhecer pretendentes. Nunca ia para a cama no primeiro encontro, achava abuso de intimidade, às vezes nem no segundo ou terceiro encontro, outras vezes terminava antes disso. Precisava sentir-se totalmente segura para dar os passos seguintes. Consolidar o namoro? Só depois de dois meses de encontros.

No sábado à noite assistia um filme de animação na sala, com seus dois filhos, que estavam compenetrados na TV. Estava resistindo a tentação de colocar o notebook no colo para trabalhar ou ler algo da sua pesquisa, estava apenas ali no grande sofá com uma blusa de lã bege e folgada, os pés de meias coloridas para cima.

Tomou o celular e mandou uma mensagem para Milena, queria vê-la de novo em breve, o primeiro encontro correu melhor que o esperado — não que esperasse muita coisa — e agora queria conhecê-la melhor.

assistindo ‘Shrek para sempre’ pela sexta vez, espero que seu sábado esteja mais animado

A resposta veio vinte minutos depois.

acho que não, estou assistindo Meninas Superpoderosas com minha neta

Clarisse riu discretamente. Clarisse ria muito pouco desde sua perda.

posso te sequestrar para um almoço semana que vem?

Milena respondeu em poucos minutos:

vou adorar ser sua refém

Não quis insistir na conversa, não sabia se estava sendo inconveniente e morria de medo de ser.

Recebeu uma mensagem dez minutos depois.

foi mal, esqueci de desejar feliz aniversário pra vc na terça

A mensagem era de Francine.

e vai desejar agora? — Respondeu prontamente.

posso? Feliz aniversário, doutora

obrigada, Docinho

ahhhhhh vc lembrou :)

— Mãe, do que você está rindo aí? — João perguntou.

— Estou falando com uma amiga.

— Ela é engraçada?

— Às vezes.

— Quando acabar o filme a gente pode ver outro? — João pediu, manhoso.

— Não, está tarde, vamos todos dormir.

— Ah mãe...

— Amanhã a gente tem o dia inteiro para assistir.

— Cala a boca e assiste. — Brigou Jardel.

— Fale direito com seu irmão, Del.

Ele resmungou algo indecifrável, e um novo bip surgiu no celular.

eu queria ter dado um abraço de feliz aniversário na terça, mas não sabia se podia, daí eu não dei

Clarisse sorriu.

poderia ter dado, eu cobro 50 reais por abraço

sério?

pra vc faço desconto

vc tá zuando

estou. Me dê esse abraço na segunda

fechado, vou juntar a grana XD

Quando o filme terminou Clarisse colocou os filhos para dormir, eles tinham seu quarto na casa, assim como os pais dela, que a visitavam de tempos em tempos.

— Amanhã a gente almoça no shopping, que acham? — Os convidou, estava sentada na beira da cama de João.

— Vai ter sorvete? — Jardel perguntou.

— Vou pensar no seu caso. Querem que eu deixe a luz do banheiro acesa ou preferem o abajur? — Disse já se levantando.

— Mãe, espera. — João pediu.

— Quero abajur. — Jardel respondeu.

— Diga, meu amor. — Falou lhe acariciando o rosto.

— Você vai namorar de novo?

— Provavelmente um dia eu vou, por que a pergunta?

— Curiosidade.

— É porque você tava mexendo no celular com cara de boba. — Jardel entregou.

— Só estava falando com algumas amigas. Vocês não querem que eu arranje uma namorada?

— Depende, se ela for legal, tudo bem. — João respondeu.

— E não roubar todo seu tempo.

— É, a gente queria passar mais tempo com você, e não menos tempo.

— Mais alguma exigência?

— Tem que gostar de sorvete. — Jardel disse.

— E de jogar bola.

— Acho que vocês querem um coleguinha. — Clarisse brincou.

— Não pode ser chata.

— Ok, anotado.

— Por que você nunca apresenta suas namoradas pra gente? — Jardel perguntou.

— Elas não podem saber que você tem filhos?

— Não é nada disso, queridos. A primeira coisa que elas ficam sabendo de mim é que tenho dois filhos lindos e legais. Mas meus dois namoros não duraram muito tempo, não deu tempo de vocês conhecerem, nenhum passou de quatro meses.

 — Quando você namorar pra valer nós vamos conhecer?

— Vão sim. E vai ser alguém gente fina, eu prometo.

— Você está gostando de alguém?

— Talvez, mas não comentem sobre isso com Sabrina, esse assunto fica sempre só entre nós três, combinado?

— Tá bom.

***

Na terapia de grupo de segunda-feira Francine conseguiu segurar-se, não revidou as duas vezes que Maria Paula a provocou, apenas sentou-se mais longe. Continuou assim mesmo durante a dinâmica de grupo, não houve conflito.

— Doutora? Posso entrar? — Francine apareceu no consultório no finzinho da tarde.

— Pode sim. Errou de dia? Sua sessão é amanhã.

— Eu sei. Tá ocupada?

— Não, entra. Veio falar da reunião de hoje? Eu gostei da sua atitude.

— Ãhn... Não, eu vim trazer essa barra de chocolate como presente de aniversário atrasado, mas eu comi uma tirinha, espero que você não ligue. — Disse estendendo a barra com a embalagem aberta.

Clarisse saiu de trás de sua mesa e recebeu o presente inusitado, engatou um agradecimento e um abraço em seguida.

— Eu não tenho cinquenta reais. — Francine disse após o abraço.

— Você pode me pagar prestando consultoria para mim.

— Do que?

— Quero dar um skate de aniversário para meu caçula, mês que vem, mas não entendo nada disso.

— Eu posso ajudar. — Francine respondeu empolgada. — Sei onde vende uns maneiros com preço bom.

— Sabe qual seria o indicado para um menino que vai completar dez anos e acho que nunca andou de skate antes?

— Mano, melhor um com shape largo, é mais fácil de se equilibrar, truck grande também. Mas como ele é criança deve ser baixinho ainda, então melhor um shape mais curto, mas largo. Rodão de sessenta também seria o melhor para ele começar, depois pode trocar, e pode colocar uns pads para que as rodas não encostem no shape.

— E os equipamentos de segurança, você também entende?

— Mais ou menos, por um motivo bem simples: eu não uso. — Riu.

— Você pode anotar essas coisas e os endereços das lojas depois e me passar?

— Claro, faço com todo prazer, doutora.

O celular da médica bipou com uma mensagem, foi para trás da mesa olhar a tela, era uma mensagem de número desconhecido.

a doutora tá mt gostoza hje, me dá uma chance?

Franziu o cenho lendo o SMS atrevido, respondeu perguntando quem era, logo veio a resposta.

matheus, peguei seu número c a fran

Clarisse lançou os olhos na jovem à sua frente, desconfiada.

— Francine, vocês estão brincando comigo de novo?

— Que? Do que a senhora está falando?

— Por que você deu meu número para Matheus?

— Eu não dei, foi ele que mandou mensagem?

— Foi, ele disse que você que passou o número.

— Eu não passei. — Tateou os bolsos da calça e casaco. — Deixei meu celular no quarto, ele deve ter mexido, mas eu não passei para ninguém, eu juro. — Dizia nervosa.

— Ok, tudo bem, eu acredito em você. Sente-se, divide o chocolate comigo?

— Sim. Mas é sério, eu não passaria seu número para ninguém.

Clarisse estendeu o chocolate para ela, sentou-se na poltrona.

— Se fosse alguma emergência, tudo bem, não me importo.

— Ele falou merd*, né? Ele tá a fim da senhora.

— Ele tem 16 anos, Fran.

— E daí?

— Daí que ele tem 16 anos.

— Se ele fosse mais velho, teria chance?

— Não.

— Por que não?

— Entre outras coisas, porque ele é meu paciente.

— Então eu também não tenho chance? Quer dizer, não, não era isso que eu queria dizer. — Gaguejou, num ato falho.

— Acho que não faço seu tipo. — Brincou segurando o sorriso, Francine estava com as bochechas avermelhadas.

— Eu não quis desrespeitar a senhora, não sou como Matheus.

— Por que você voltou a me chamar de senhora?

— Tô nervosa. — Disse baixando a cabeça, envergonhada, deixando os cabelos ondulados e meio desgrenhados cobrirem o rosto.

— Não precisa ficar, só estamos comendo chocolate e batendo papo. Quer mais? — Ofereceu novamente.

— Quero, brigada.

Ela já havia devorado quase toda a barra.

— Está de férias na escola, não é?

— Sim, mas só duas semanas, por causa da greve que teve no início do ano.

— Sabe, na reunião de saúde que tivemos semana passada me pediram que eu fizesse atividades externas com vocês, mas não seria viável sair com todo mundo ao mesmo tempo, pensei em duas coisas: piquenique e cinema, ambos por minha conta, qual você prefere?

— Cinema, com certeza.

— Gosta tanto assim?

— Eu nunca fui, morro de vontade.

— Você acha que o pessoal toparia?

— Nem todos, tem uns antissociais meio bichos do mato que não vão topar nada, nem se fosse passeio na Disney com open bar de maconha.

— Então vou propor isso essa semana. Não o open bar de maconha, claro.

***

— Infelizmente dou aula agora, dentro de vinte minutos.

Milena despedia-se de Clarisse na saída do restaurante, haviam almoçado juntas naquela terça-feira, a conversa havia evoluído e em determinado momento o clima de flerte tomou conta. Mas, agora na porta do movimentado restaurante, não encontraram oportunidade para alguma intimidade.

— Está livre neste final de semana? — A médica tentou.

— Estou sim.

— Posso convidar você para um bar, pub, algo do gênero?

— Com certeza, mas vou deixar você me ligar mais adiante propondo o que você achar confortável, não quero que se sinta pressionada a fazer algo comigo, como semana passada.

— Ah, me desculpe novamente por semana passada, eu realmente tive uns problemas, que pretendo explicar para você quando você tiver tempo.

— Tudo bem, linda. Me liga?

— Ligo sim, mas reserve a sexta-feira para mim, ok?

— Devo reservar a noite toda? — Perguntou com malícia, a professora tinha covinhas na bochecha quando sorria.

Clarisse corou.

— Quando eu te ligar faço a reserva do período e você saberá. — Entrou no jogo.

— Ok. Tenha ótimas sessões com seus pestinhas.

— Tenha uma boa aula com seus pestinhas.

Clarisse ganhou um selinho rápido e seguiu para o abrigo.

***

— Pretende manter as sessões semanais? — Clarisse perguntou para Francine já próximo do final da sua hora, haviam tido uma conversa amena até então, sobre os planos para o futuro da jovem.

— Posso?

— Pode sim. Não vai atrapalhar suas aulas?

— Não, tá sussa. Eu costumo fazer as coisas de aula no final de semana. — Francine estava no sofá com as pernas para cima, cruzadas.

— Além das tarefas da escola, você estuda por conta própria para o vestibular?

— Física e química só, uma ou duas vezes por semana. É pouco, né?

— Bom, engenharia civil é um curso concorrido, e se você está mesmo determinada a cursar isso, precisa se dedicar pra valer.

— Sempre foi meu sonho fazer civil, desde pequena.

— Eu posso ajudar você a conseguir livros e apostilas, se quiser.

— Quero sim. — Respondeu com os olhos brilhantes.

— Depois conversamos sobre isso fora daqui. — A médica olhou no relógio, ainda tinha algum tempo. — Você pretende morar em São Paulo para sempre?

— Não sei.

— Gosta daqui?

— Acho a cidade feia, mas eu gosto, tem um monte de lugar bacana pra andar de skate.

— Você costuma olhar para um futuro de dez, vinte anos à frente?

— Às vezes. Não me vejo morando aqui para sempre, mas também não sei se conseguirei sair. Queria morar num lugar mais tranquilo, mas depende de muita coisa, se eu vou conseguir fazer faculdade, me formar, trabalhar, casar, ter grana, um teto, essas coisas todas que eu fico meio apavorada só de pensar.

— É responsabilidade demais?

— Ah, é o normal né? Mas ainda não tive muita experiência, não sei direito como conseguir as coisas, tem coisas que ninguém te conta. Mas não significa que eu não queira, eu vou correr atrás, só que eu faço muita merd*, sei lá se vou conseguir.

— Você se culpa muito quando comete um erro, não é mesmo? Você fica remoendo?

— Fico me detonando, me xingando. Eu só queria ser normal, mas tô bem longe disso.

— Você acha que não é normal por causa dos transtornos psicológicos?

— Por tudo, eu sou toda errada.

Clarisse captou algo nas entrelinhas, nas respostas evasivas.

— Você acha que por conta disso não terá uma vida dita normal? Seja lá o que isso for.

— Cara, é foda... Não sei. Eu quero tanta coisa.

— Você mencionou na sua listagem de planos que gostaria de casar, você se imagina tendo uma família aqui em São Paulo? É uma prioridade de vida arranjar um marido?

A menina gaguejou e acabou não falando nada.

— Não precisa responder, se não quiser.

— Nossas conversas são confidenciais, não são? — Ela perguntou de mansinho.

— Claro, nada sai dessa sala.

— É que eu não quero ter um marido... Isso pode ser parte dos meus transtornos? Eu não consigo mais me entender. — Disse num tom sofrível.

— Exatamente o que você não entende?

— Eu acho que gosto de garotas, tem como reverter isso? — Confessou envergonhada.

Clarisse estava um tanto surpresa, mas a desconfiança pairava já há algum tempo em sua mente. Naquele momento sentiu uma euforia estranha, mas não deu atenção ao que sentiu, tentou soar profissional.

— Isso tem te incomodado?

— Por que você sempre responde minhas perguntas com perguntas?

— É assim que funciona, meu anjo.

Francine baixou as pernas para fora do sofá, encarou a médica por um longo instante antes de voltar a falar.

— Eu sei que é errado, eu queria ser normal, como minhas amigas.

— É minha vez de perguntar se nossa conversa é confidencial.

— Sim, eu não converso sobre essas coisas com ninguém.

— Essa instituição aqui é religiosa, o vice-diretor é um padre e vocês são obrigados a rezarem e assistirem às missas, não é verdade? — Clarisse ia falando cuidadosamente.

— Sim, eu sei.

— Mas eu não posso deixar isso afetar o exercício da minha profissão, então saiba que ser homossexual não é errado, nem imoral, nem anormal. Você tem o cabelo loiro, eu tenho o cabelo escuro, são nossas características, não são? Assim como a orientação sexual é uma mera característica, não existe o certo e o errado.

A garota apenas balançou a cabeça de leve, pensativa.

— Não estou afirmando que você seja uma coisa ou outra, mas estou dizendo que você tem que se sentir à vontade sendo do jeito que você é, essa liberdade é sua, ninguém pode te dizer o que você deve ser.

— Eu ainda não sei o que eu sou, mas eu não vejo graça nos meninos.

— Você me disse que tem ficado com Matheus, é para autoafirmação?

— Eu dei uma exagerada, na verdade ficamos só três vezes, duas no ano passado e uma esse ano, mas não curti muito, foi de zoeira.

— E quando você fica com meninas é diferente?

— Eu nunca fiquei. — Respondeu coçando a nuca, timidamente.

— Você sentia algo diferente por Maria Paula, não é?

— Sim, ano passado eu era a fim dela, mas quando eu falei foi horrível, ela foi muito babaca, ficou me humilhando, agora eu não consigo nem olhar para a cara dela.

Mais uma suspeita que a médica confirmava.

— Mas não deixe isso abalar sua autoconfiança, ela reagiu dessa forma porque ela também não faz ideia de como reagir com o diferente, assim como você está confusa agora.

— Todo mundo reage assim, de forma babaca?

— Não, algumas pessoas serão cordiais, e, com sorte, algumas corresponderão ao seu sentimento.

— Pffff... duvido, ninguém vai ser louco o bastante. Ou louca. Todo mundo vai me zoar, vão sempre me chamar de cara cortada e essas coisas que Maria Paula me chama. — Disse puxando os cordões do seu casaco de moletom verde.

— Falar em nunca é bem exagerado para uma menina de 17 anos, não acha? Você está amadurecendo, se descobrindo, ainda não faz ideia do seu potencial.

— Potencial... — Resmungou.

— Desculpe, soou muito técnico, né? Você ainda não faz ideia do quanto é bonita, nem o quanto é agradável, inteligente, e que tem um trunfo em mãos.

— Qual?

— Você gosta de ler, isso é maravilhoso.

Francine deixou sair um sorriso convencido.

— Ler é a melhor coisa do mundo, talvez a melhor coisa do mundo seja sex*, mas como ainda não fiz, então é ler. — A menina disse.

Clarisse percebeu mais um ato falho.

— No questionário que aplicamos semana passada você disse que não era virgem, assinalou por engano?

Francine arregalou os olhos ao perceber a bobeira.

— Não, eu menti lá, mas não conta pra ninguém.

— Por que mentiu?

— Sei lá, pra bancar a rebelde.

— É o que você diz para as pessoas também?

— É, todo mundo que conheço já fez, não quero parecer a pirralha inexperiente. Só Amanda sabe a verdade. E agora você.

— Não contarei para ninguém. Já ficou com outros garotos além de Matheus?

— Alguns garotos, mas não são daqui do abrigo, são conhecidos do skate.

O tempo da sessão já havia se esgotado há muito tempo, Clarisse percebera.

— Podemos continuar a conversa semana que vem? — Disse olhando o relógio.

— Já acabou o tempo?

— Infelizmente sim.

— Queria poder conversar mais. — Disse decepcionada.

— Você quer conversar de forma extraoficial em outro momento?

— Quero, posso vir aqui amanhã?

— Venha sexta à tarde.

— Ah, ok.

A médica levantou e a acompanhou até a porta.

— Obrigada por confiar seus segredos a mim. — Clarisse disse em voz baixa.

— Você é minha psiquiatra, é para isso que servem as sessões, não é?

— Você tem toda razão.

— Desculpe, foi grosseria, né? Não foi isso que eu quis dizer.

— Eu entendi, mas é bom ver você se abrindo, sei que com Doutor Edson era diferente.

— Eu não contava nada para aquele chatão barrigudo, eu não gostava dele.

— Significa que você foi com a minha cara? — Clarisse não conseguiu evitar o leve galanteio.

Francine riu.

— Eu gosto de você.

Um arrepio que subiu pela espinha pegou a médica de surpresa.

— É recíproco.

— O que é recíproco?

— Significa eu também, sabe? A mesma coisa aqui, idem.

— Tô ligada. Você tem algum livro pra aprender a falar bonito?

— Hum... Lendo literatura você pode ampliar seu vocabulário, você tem lido?

— Nos últimos meses só leio coisa pra escola ou de engenharia. Mas quero voltar a ler historinha e tal.

— Que tipo você gosta?

— Qualquer coisa que tenha romance.

— Eu vou trazer uns livros, tá bom? Mas você promete cuidar? Eu morro de ciúmes dos meus livros.

— Vou cuidar direitinho, marcar página dobrando a folha.

— Não faça isso! — Disse apavorada.

— Tô zoando você, doutora. — A adolescente riu. — Eu uso marcadores.

— Não me dê mais sustos. Agora vá, depois a gente conversa mais.

Fim do capítulo


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Comentários para 5 - Capitulo 5:
mtereza
mtereza

Em: 07/01/2023

Apesar das diferenças elas tem muita sintonia 

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Zaha
Zaha

Em: 29/11/2022

Oiee, cheguei!!!

Nossa, adoro capítulos grandes!

Vamos por partes...

Clarisse tem certos tics, né?! Entendo como deve se sentir! Tem que aprender a confiar mesmo com a forma como ela se sente n deve ser fácil, será que Milena vai conseguir deixar ela à vontade? Elas parecem que tão se  levando bem. Clarisse é cautelosa, mas tá se dando uma chance!!! Eu, gostaria que a coisa avançasse, mas sinto que ainda que tenham algo, esse lance n vai rolar por MT tempo ou ao menos Clarisse n se entregaria como Milena 

Agora vamos com Francine, essa et outra coisa...ainda que n queira, Clarisse tem outra.vibe com Fran. N percebeu ainda pq como Fran é menor de idade, deve tá pensando que é fraterno...veremos!! Mas eu espero eu vejo meio que passará o tempo e que elas possam se reencontrarem pq n gosto do lance delas juntas... só se for pra mostrar algo que passa na realidade...sem falar que seria abuso de poder e bem, já sabemos!

Amando pra onde vc tem levado a estória...gosto de como descreve sutilmente os problemas, sem MT drama!! 

Espero que o filho de Clarisse seja encontrado ou ela supere essa culpa...a qual gostaria logo de saber qual foi o motivo...capaz tava c ela qndo passou ou devia tá... enfim!!!

Que mais ...esse Matheus é muito horrível...aff!! Falando essas coisas...

Bem, é isso, vamos ver o desenrolar da coisa...

Beijo grande!!!


Resposta do autor:

Sim, Clarisse tem seus tics tb, achei q seria irônico ela ter seus problemas tb... rs

Acho q as duas nesse momento não sabem exatamente o q sentem, mas não estão proecupadas com isso, mais tarde talvez as fichas comecem a cair.

Sobre o filho sumido, aos poucos vou dando mais informações, e haverá um desfecho pra essa triste história até o fim.

Brigada por ler e comentar <3

Responder

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patty-321
patty-321

Em: 29/11/2022

Clarisse vai pirar kkkk. Acha a Milena interessante mas a menina Francine ela acha fascinante. 


Resposta do autor:

Coração é um troço burro mesmo... rs 

Obrigada por ler! Abraços, patty!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Lea
Lea

Em: 29/11/2022

Dona Sabrina vai querer "matar" a Clarisse,quando souber que ela vai dar um skate para o filho!

E essa paquera, será que evolui?(Clarisse e Milena)

Francine,cada dia mais confiante em se abrir com a Clarisse!


Resposta do autor:

Pior q esse skate vai ter consequências mesmo... rs

Obrigada por ler e comentar! Beijos!

Responder

[Faça o login para poder comentar]

Marta Andrade dos Santos
Marta Andrade dos Santos

Em: 29/11/2022

Eita Clarisse está caidinha pela Fran.


Resposta do autor:

Pior q tá sim, daí o bicho pega...

Obrigada por ler! Beijos!

Responder

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