Capitulo 20
“It's all about us
In you I can trust”
t.A.T.u.
Paloma e Fábio estavam na delegacia e esperavam impacientes notícias sobre Cali.
- Não suporto mais isso! - Disse Paloma, que andava de um lado para o outro.
- Eu também não. Pediram para gente esperar aqui e até agora nada... Será que seus amigos não podem nos ajudar?
Desde que Paloma chegara à delegacia já havia encontrado muitos conhecidos que a cumprimentaram felizes em revê-la.
- Vou procurar o Aníbal, ver se ele conseguiu alguma coisa...
- Ok, te espero aqui.
Paloma deixou Fábio sozinho na sala de espera. Encontrou com Aníbal, um homem alto e corpulento que fora instrutor em seu treinamento na academia de polícia.
- E então Aníbal, alguma notícia?
- Liguei para um amigo da operações especiais. A garota está bem, mas está no hospital.
- Que hospital? - Perguntou Paloma, preocupada.
- No hospital Central.
- Sei onde fica. Obrigada, Aníbal.
- Não se preocupe com isso. Todos estão felizes em vê-la, você sumiu, garota!
- É eu sei, andei ocupada. Mas não tenho tempo agora para colocarmos a conversa em dia.
- Tudo bem, então, nos vemos por aí?
- Sim, nos vemos. Até mais, Aníbal - Disse a garota despedindo-se do policial mais velho.
***
Cali havia tentado tirar um cochilo, mas a agitação não permitiu que ela relaxasse. Não demorou muito, sua mãe apareceu. Ela estava aos prantos. No fim, era Cali que consolava Roberta que chorava copiosamente ao constatar que Murilo seria preso. Ela afirmou não saber bem em que o marido estava metido. Estava inconsolável, Murilo havia mentido para ela também.
- Oh, isso vai arruinar nossa família - Dizia Roberta, abraçada a filha enquanto lágrimas rolavam por seu rosto.
- Calma, mamãe.
- Você não entende, filha. O que as pessoas vão falar de nós!
- E isso importa? Não é hora de pensar nas aparências, mãe - Disse Cali, sábia - Você falou com papai?
- Sim, ele me contou umas coisas. Não acredito que seu pai mentiu para mim esse tempo todo!
- Não só para você, mãe - Constatou Cali.
- Cali, não consigo me conformar com isso - Balbuciou Roberta - Já liguei para seu irmão, ele prometeu vir assim que possível.
A garota ficou feliz ao ouvir falar do irmão. Ultimamente, afora a ocasião em que viera anunciar seu noivado, Diogo era chamado somente em situações de crise. Seus pais costumavam ter problemas no casamento, na verdade, era um casal que vivia em crise principalmente porque Roberta reivindicava que o marido dedicasse mais tempo a ela.
- O que vou fazer agora? - Perguntou Roberta - Sem marido e abandonada pelos filhos...
- Também não é assim, mãe. Eu e o Diogo não vamos abandoná-la. Sei que isso está sendo um grande choque para você. Acredite para mim também é.
- Desculpe, Cali. Estou sendo egoísta - Reconheceu Roberta - Mas não vou superar isso sem você e o Diogo ao meu lado. Mais do que nunca, temos que ser uma família e ficarmos juntos...
Roberta diminuiu o choro nos minutos que se seguiram. Estava começando a se conformar com a terrível verdade sobre seu marido. Contava a Cali que não sabia para que seu pai queria tanto dinheiro se nunca havia faltado nada a eles. Além disso, Roberta tinha a fortuna de sua família. Sempre soube que se casara com um homem de muita ambição. Agora, de algum modo, esse homem se transformara num criminoso...
***
Thomas estava na recepção do hospital quando reconheceu duas figuras apressadas que passavam por ele. Viu Paloma começar uma discussão acalorada com uma recepcionista e decidiu intervir imediatamente antes a garota causasse uma grande confusão.
- Não se preocupe, eles estão comigo - Disse Thomas a recepcionista, mostrando a ela seu distintivo da polícia.
A recepcionista assentiu.
- Sou Thomas - Apresentou-se ele a Fábio e Paloma - Vocês devem saber quem eu sou.
- Claro, Cali nos contou sobre você. Só não sabia que era da polícia - Falou Paloma que tinha observado o distintivo de Thomas.
- Bem, estamos tendo algumas surpresas por hoje, não acha?
- Não estou interessada nas suas ironias, onde está Cali? - Perguntou Paloma, com raiva. Estava cansada de perguntar a todos sobre a garota. Queria encontrá-la o quanto antes.
- Paloma, não seja tão rude com o policial - Pediu Fábio, com delicadeza observando os lindos olhos de Thomas.
- Fábio, já estou de saco de cheio. Quero ver Cali agora mesmo!
- Calma, Paloma - Disse Thomas - Cali está bem. Está com a mãe dela.
- Ela pode está até com o papa, vou vê-la agora.
- Claro, vou levá-los até ela - Falou Thomas observando o nervosismo de Paloma, seria tortura deixar aquela garota longe de Cali mais um minuto. - Me acompanhem!
***
Cali ainda consolava a mãe quando bateram na porta. Imediatamente, Roberta tentou refazer a compostura, não queria que ninguém a visse fraquejar.
- Entre! - Disse Cali.
- Com licença! - Pediu Thomas que entrou no quarto acompanhado de Paloma e Fábio.
As garotas se olharam profundamente, Paloma adiantou-se a abraçar Cali. Lágrimas começaram a rolar dos olhos de ambas. Fábio que também queria abraçar a loirinha conteve-se, emocionado com o encontro das duas.
No entanto, Roberta que observava toda a cena, não estava nada feliz.
- O que essa garota faz aqui? - Disse descontente, referindo-se a Paloma.
Cali que estava com o rosto afundado no peito de Paloma, se soltou da garota mais alta e encarou sua mãe, chocada.
- Qual o problema, mãe? Paloma é minha namorada, você sabe disso - Disse Cali, enxugando as lágrimas.
Paloma não disse nada em sua defesa, só tinha olhos para Cali.
- Roberta, por que não vamos tomar um café e deixamos Cali conversando com seus amigos? - Sugeriu Thomas.
Roberta não fez objeção. Não conseguia aceitar o relacionamento de sua filha com aquela garota, mas sentiu que não era hora de comprar brigar com Paloma.
Quando Thomas e Roberta se retiraram, Fábio correu a abraçar Cali. Ele também não conseguiu segurar as lágrimas.
- Que susto que você nos deu, Cali - Disse ele - Ficamos muito preocupados com você.
- Eu sei, Fábio. Mas agora parece está tudo bem, Thomas me garantiu - Contou Cali - Só que meu pai está preso.
Os amigos olharam para ela surpresos. Cali, então lhes relatou a história que Thomas havia lhe contado sobre a quadrilha e a operação da polícia. Contou também como Thomas havia lhe salvado dos homens que tentavam matá-la. Enquanto falava, Cali arrancava de Fábio muitas exclamações de surpresa. Paloma, no entanto, ouvia a tudo calada. Havia se distanciado dos amigos e se recostado na janela no outro lado do quarto.
- Agora entendo porque sua mãe estava tão transtornada - Disse Fábio - Sinto muito pelo seu pai, Cali.
- Obrigada, Fábio. Acredito que mamãe irá superar. Do jeito dela, um dia, talvez...
Fábio riu da presença de espírito da garota mesmo diante daquela situação. Depois disse, sério:
- Você soube do que aconteceu em seu apartamento Cali?
- Sim, Thomas me disse - Respondeu Cali, observando Paloma que olhava pela janela com uma expressão sombria - Fiquei preocupada com vocês também.
- Eu fiquei com muito medo daquele cara feio e horrível. Mas a Paloma conseguiu pegá-lo...
- Foi loucura o que Paloma fez, ele poderia tê-la matado - Disse Cali, preocupada.
- Eu concordo, foi loucura Paloma.
Paloma não se mexeu e nem deu trela ao que os amigos diziam.
- A verdade, Cali - Disse Fábio diante do silêncio de Paloma - É que tive medo de que ela matasse o homem, do jeito que ela estava furiosa...
- Não acredito que Paloma pudesse matar alguém - Falou Cali ainda observando a garota - Você não vai dizer nada, Paloma?
Do lugar em que estava, Paloma disse, circunspecta:
- Fábio, por favor, você pode nos dá um minuto.
- Posso sim, Paloma. Acho que vocês têm muito que dizer uma a outra. Eu estou atrapalhando como sempre.
- Fábio, você não atrapalha - Falou Cali - Você é um grande amigo e eu te amo.
- Eu também amo muito você. Que bom que está bem!
O rapaz abraçou Cali mais uma vez, depois deixou as garotas a sós.
Cali observou a figura da garota alta de cabelos negros recostada à janela. Paloma tinha uma expressão mortificante no rosto.
- Por que não se aproxima, Paloma? Vem para cá!
Paloma afastou o cabelo que lhe caia no rosto e falou sem olhar para Cali:
- Você estava enganada, Cali. Quando disse que eu não seria capaz de matar...
- Por que diz isso?
Cali ouviu a garota suspirar fundo, antes de dizer:
- Porque eu já matei alguém, Cali.
***
Cali reparou em Paloma que parecia está travando uma luta interna.
- Matou alguém quando esteve na polícia?
Paloma que evitava olhar para Cali virou-se para ela surpresa. Aproximou-se da cama da garota e sentou-se ao seu lado.
- Então, já sabe que fui da polícia?
- Sim.
- Eu ocultei isso de você, não me odeia? - Perguntou Paloma, com receio.
- Claro que não, amor. Como posso te odiar? Confesso que fiquei magoada por você não me contar, mas compreendi que deve ter seus motivos. Você é uma pessoa muito honesta, Paloma. Admiro isso em você. Mas, ao mesmo tempo, é muito fechada... até comigo.
- Eu sei, devia ter te contado tudo sobre meu passado - Reconheceu Paloma - Está pronta para ouvir?
- Estou.
- Bem, como sabe sai de casa muito cedo. Tive que aprender a me virar sozinha...
- Sim, você me disse que sua família não te aceitava.
- Minha família nunca me apoiou em nada. A única coisa que me dava satisfação era praticar esportes, costumava ser muito boa em todos os que eu me arriscava. Mas a luta sempre foi minha paixão. Segui trabalhando e participando de algumas competições até que decidi tentar entrar para a polícia junto com alguns amigos. Não preciso nem mais te dizer que consegui e passei pelo treinamento na academia. Foi um treinamento duro, mas nem me importava com isso. Um tempo depois comecei a trabalhar na delegacia e atender pequenos chamados. Fui muito bem treinada para usar uma arma, sabia exatamente o que fazer, onde mirar e como não errar. Mais acho que não estava preparada para o que viria...
- O que aconteceu?
- Um dia fomos atender uma ocorrência. Bandidos tentaram assaltar um banco. Houve uma troca de tiros. Um dos assaltantes estava com um fuzil, ele veio em minha direção, mas eu atirei antes. Ele morreu na hora, com um tiro no peito. Quando me aproximei eu vi que ele apenas um garoto. Devia ter uns quinze anos. O crime é assim, alicia garotos desde muito jovens. Eu não me senti bem com isso. Então, refleti sobre o caminho que tinha escolhido. Eu não queria isso para mim, Cali. Não queria por fim a vida de mais ninguém, mesmo que fosse um bandido.
- Infelizmente, algumas pessoas fazem escolhas erradas, Paloma, e é dever da polícia detê-las.
- Sei disso e sabia o que teria que enfrentar quando entrei para a polícia. Eu poderia ser uma boa policial e pegar os bandidos. Em vez disso, eu deixei a polícia. Alguns colegas não entenderam o que fiz, acharam que eu estava sendo covarde...
- Você não é covarde, Paloma. O que você fez hoje foi incrível.
- Não fiz nada demais. Eu nem consegui protegê-la, Cali. Se não fosse pelo policial Thomas, agora você estaria... estaria...
Paloma colocou as mãos no rosto e começou a soluçar. Cali a abraçou gentilmente.
- Você fez muito por mim. Não consegue ver isso, Paloma? Fez de tudo para me encontrar -Consolou Cali - Não entendo porque se martiriza tanto. Você fez tudo o que podia fazer.
- Mesmo assim não foi o suficiente.
- Não diga isso, meu amor - Disse Cali, segurando o rosto de Paloma e forçando-a a encará-la - Ouviu bem? Não quero que pense mais nisso. Eu estou aqui, vamos ficar bem. De agora em diante, tudo que peço é que me ame, Paloma. Só preciso do seu amor.
- Isso vai ser fácil - Disse Paloma, enxugando as lágrimas - Droga, detesto chorar!
- Ah, não quer que ninguém a veja chorar, não é? Pois eu choro o tempo todo - Disse Cali, conseguindo arrancar um sorriso de Paloma.
- Obrigada, Cali. Por me fazer me sentir melhor, você tem razão no que disse. Eu costumo me cobrar muito para fazer tudo certo.
- Tem que parar de ser tão dura consigo mesma, jura para mim que vai tentar?
- Juro, meu amor.
Cali segurou o rosto de Paloma com as duas mãos e beijou seus lábios.
- Desculpe pela bobagem do outro dia - Disse Cali.
- Não se incomode com isso, Cali. Já esqueci. Não levei a sério.
- Eu fui injusta com você. Vou tentar não implicar mais com suas exs. Afinal, você não tem culpa de ser irresistível...
- Não diga isso, olha que não tenho onde enfiar a cara!
- Adoro quando fica sem graça, Paloma.
- Então é por isso que insisti em me deixar assim?
- Bem, é que às vezes não posso evitar.
Paloma sorriu, depois perguntou:
- Quando vai poder sair desse hospital?
- Logo. Eu estou bem, só tive uma queda de pressão - Respondeu Cali - Mas tem um problema, meu amor.
- Qual? - Quis saber Paloma, preocupada.
- Mamãe quer que fique com ela um tempo enquanto enfrenta o problema do papai.
- Eu entendo - Disse Paloma, triste - Mas não sei se vou aguentar ficar longe de você.
- Eu também não. Mas, amor, prometo que teremos o resto da vida juntas.
- Hum, isso é bom - Sorriu Paloma - Só não sei se o resto da vida é tempo suficiente para te dá todo o meu amor...
Cali sorriu e a beijou novamente.
***
Os jornais noticiaram tudo sobre a operação da polícia contra o mercado negro de armas que ocorrera naquele fatídico dia. Para a mídia foi um prato cheio ver alguns políticos conhecidos saindo algemados das suas residências de luxo direto para a cadeia. Eles eram acusados de receberem dinheiro de quadrilhas que contrabandeavam armas. A polícia esteve em diversos locais prendendo bandidos e apreendendo armamentos. Houvera um tiroteio num galpão no qual dois bandidos haviam sido mortos e um policial ferido.
Murilo Antunes havia sido levado para uma cela especial enquanto aguardava julgamento. Esperava que seu advogado conseguisse colocá-lo em liberdade provisória, levando em conta que ele havia ajudado a polícia. Murilo esperava pegar uma pena leve. A impressa não chegara a saber da tentativa de assassinato à filha de Antunes. Cali estava passando uns dias na casa da mãe fazendo companhia a ela junto com Diogo.
Um dia, os três haviam feito uma breve visita a Murilo. Eles tiveram um momento familiar muito estranho, todos pareciam não saber o que dizer a Murilo, principalmente Cali. A garota notou que o pai parecia diferente, ele não tinha o ar autoritário de sempre. Cali ficou calada quase todo o tempo, não sabia o que dizer a ele naquele momento. Procurava no rosto do pai encontrar o amor que tivera por ele um dia. Mas houveram poucos momentos felizes ao lado do pai para ela recordar. Murilo também não parecia saber o que dizer a filha, mas pediu o apoio dos filhos e da esposa naquele momento difícil. Roberta não aguentou aquela visita e logo foi embora. As coisas em sua família não estavam bem e Cali duvidava que um dia estariam. Talvez fosse a hora de cada um levar sua vida separadamente, mas por enquanto Roberta precisava do apoio dos filhos.
O dia de seu julgamento nunca chegou para Murilo Antunes. Tivera um novo ataque cardíaco na cadeia, dessa vez fora fulminante. Há anos vinha sofrendo de problemas no coração. Talvez não tivesse suportado estar na cadeia e saber que passaria alguns anos preso ou talvez sentisse que não era mais amado por sua família. Ou talvez não suportasse a culpa de que um dia havia sido amado e deixara esse amor morrer... Mas o consolo que restava a sua família era precisamente pensar que ele soubesse que todos o amaram muito.
Murilo Antunes fora enterrado numa sexta-feira fria e chuvosa. O velório havia sido discreto e poucas pessoas haviam comparecido para expressar suas condolências à família. A viúva enlutada chorava copiosamente a morte do marido, amparada de cada lado por um de seus filhos. Diogo e Cali estavam arrasados. Cali estava muito triste pelo pai e triste por saber que as coisas poderiam ter sido diferentes.
Paloma e Fábio estiveram presentes para consolar a garota, no entanto, na maior parte do tempo observaram tudo à distância, respeitando o luto da mulher e dos dois filhos. Sabiam que aquele era um momento muito particular e não queriam atrapalhá-los. Paloma observava o sofrimento do amor de sua vida, sabia o quanto era triste dizer adeus a alguém que se fora para sempre.
Depois do enterro, todos se reuniram na casa que Murilo Antunes vivera com a família. Cali estava sentada à beira da piscina olhando tristemente para seu reflexo na água, quando sentiu uma mão pousar em seu ombro. Ela nem precisou se virar para saber quem era.
- Eu sinto muito - Disse Paloma, docemente.
- Obrigada - Respondeu Cali - Ainda não acredito que ele morreu. Isso não está sendo fácil para mim, Paloma.
Paloma tirou os sapatos e sentou-se ao lado de Cali, colocando os pés na água.
- Não queria que isso acontecesse - Balbuciou Cali - Eu não o odiava...
- Eu sei disso, amor.
- Sabe o que é mais triste? É que haviam muitas coisas que eu queria ter dito a ele.
- Porque não diz agora? Desabafa Cali, vai fazer você se sentir melhor, acredite eu já passei por isso...
- Você? Com quem?
- Algumas pessoas que passaram pela minha vida um dia...
- Você é sempre tão cheia de surpresas, Paloma. Não sei por que ainda me impressiono com você.
- Então, o que diria a ele?
- Acho que diria que já o perdoei por tudo há muito tempo e que esperava que ele pudesse perdoar a si mesmo...
Paloma abraçou Cali que encostou sua cabeça em seu ombro.
- Está frio! - Constatou Paloma.
- Tivemos muito chuva hoje... Isso me lembra que dizem que os dias chuvosos sempre trazem consigo uma grande tristeza, uma tristeza há muito esquecida. A tristeza dos dias que nunca voltarão e dos amores que nunca aconteceram, das pessoas que nunca mais veremos...
- Isso é muito bonito. De quem é?
- Não faço à menor ideia.
- Hum, pois para mim os dias de chuva são ideais para ficar abraçada com as pessoas queridas.
- Então, já sei onde vou me aninhar nos dias chuvosos, em seus braços...
Paloma sorriu. Depois disse:
- Bem, já que você falou nisso, queria te dizer uma coisa. Acho que não é o momento ideal com a morte de seu pai e tudo mais, só que...
- Pode dizer, se não for nada ruim.
- Isso é você que vai me dizer.
- Então, chega de mistério. O que é? - Perguntou Cali, ansiosa.
- Quando tudo estiver resolvido e você voltar para casa, Fábio e eu queremos que venha morar com a gente, Cali.
- Sério? Isso é ótimo! - Comemorou Cali - Mas só tem dois quartos no apartamento de vocês...
- Quero que fique no meu quarto, comigo. Isto é... se você aceitar.
- Isto é um convite para vivermos juntas... tipo marido e mulher? - Questionou Cali, surpresa.
- Isso mesmo, só que tipo mulher e mulher. Sei que isso é novidade para você. Se não aceitar vou entender, não nos conhecemos há tanto tempo assim, pode ser precipitado demais.
- Você já está mudando de ideia? - Perguntou Cali ao ver a perturbação de Paloma - Mas é claro que quero morar com você, sua boba. Será maravilhoso acordar todos os dias ao seu lado.
Paloma não podia acreditar que pudesse ser tão feliz. Queria fazer muitos planos com a sua loirinha, mas não era o momento apropriado. Por isso, ela se contentou em ficar ao lado de Cali desfrutando daquele instante em que a tinha em seus braços em meio ao caos dos últimos dias, ambas se aqueciam nos braços uma da outra no frio da noite que caía. Nuvens carregadas prometiam chuva na madrugada.
Fim do capítulo
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