Capitulo 16
“Como pode haver tanto desejo nos seus olhos, nos seus beijos, no teu jeito de abraçar...”
Paloma chegou a seu apartamento no sábado à noite, mas não encontrou ninguém. Ligou para Cali, mas seu celular caiu na caixa postal. Então, tomou um banho rápido e decidiu procurar Fábio que uma hora dessas deveria está enchendo a cara no bar da esquina, como ele prometera que faria nesse fim de semana. Para sua sorte o encontrou bebendo com alguns amigos, mas Cali não estava com ele.
- Paloma! Você voltou! - Gritou Fábio, entusiasmado, chamando a atenção de todos no bar. A bebida já devia ter subido à sua cabeça àquela hora.
- Fábio, não tenho tempo para isso! - Disse a garota, impaciente. - Onde está Cali?
- Achei que estava feliz em me ver, mas você só quer saber de sua garota, não é?
- Fábio, não é hora para ciumezinhos bobos. Preciso ver a Cali, agora mesmo! Me diz logo, cadê ela?
Fábio olhou para cara séria da amiga e decidiu não a contrariar.
- Ela foi a uma festa.
- Como assim? Que festa? - Surpreendeu-se Paloma.
- Parece que era aniversário do tio dela - Falou Fábio, descendo mais um gole de cerveja.
Paloma tomou a garrafa de cerveja das mãos de Fábio e o obrigou a encará-la.
- Fábio, isso é sério. Ela deixou algum endereço ou telefone?
- Ok, ok. Fique calma! Ela deixou sim, está aqui no meu bolso… em algum lugar.
Paloma assistiu impaciente enquanto Fábio examinava seus bolsos.
- Tenho certeza que está em algum lugar... Espera, achei. Tá aqui ó!
O rapaz estendeu um pedaçinho de papel amassado para Paloma que o leu. Cali havia deixado com ele o endereço de onde iria estar para o caso de surgir alguma emergência.
- Espera aí! Onde você vai? - Perguntou Fábio, observando enquanto Paloma saia correndo em direção ao seu carro.
***
Cali estava se sentindo um peixe fora d`água na mansão dos Montenegro. Não se sentia mais pertencente àquele mundo. No entanto, prometera a mãe que estaria presente. Além do mais, ela estava tentando esquecer que Paloma estava há quilômetros dali acompanhada de Andréia que deveria estar dando em cima dela de todas as maneiras possíveis. Cali tentava esconder a apreensão, distraindo-se no jantar com seus familiares. Sentia falta de Paloma, queria que sua história com ela pudesse seguir em frente, mas infelizmente havia Andréia que era um calo apertado demais em seu sapato.
Para a ocasião na casa dos familiares, Cali trajava um vestido preto e longo, ajustado a seu corpo que foi escolhido com a ajuda de sua mãe. Havia passado uma tarde de embelezamento ao lado de Roberta que a levou para o salão de beleza. Cali passou por uma sessão interminável na qual Roberta não a deixou ir embora enquanto não fizesse o pacote completo. Assim, Cali hidratou os cabelos, aparou as pontas, deu luzes e fez escova. Para completar passou por uma sessão de depilação, fez unhas e maquiagem. Sua mãe a acompanhava com um sorriso de ponta a ponta lembrando a Cali o quanto estava feliz em tê-la ali. Há muito tempo, Cali não se prestava àquele ritual de embelezamento completo, nos últimos tempos cuidava-se à sua maneira o que aos olhos de sua mãe era um absurdo. Roberta havia sido uma modelo famosa na juventude, era ainda uma mulher muito vaidosa, ao contrário de sua filha. Chegou a desejar que Cali também se tornasse modelo, ideia que ela afastou logo no início. Definitivamente não era isso que Cali queria da vida já que sempre mostrara certa inclinação para as artes.
Cali reviu tios e primos distantes assim como seus avós, Ernesto e Laura, os pais de Roberta que aproveitavam a aposentadoria para viajar pelo mundo. Cali gostava de conversar com Ernesto que sempre contava boas histórias sobre os lugares que já havia estado. Ele era um homem de natureza vigorosa e que apesar da idade tinha muita disposição para aventuras. Os Montenegro pareciam felizes em estar todos reunidos. Seu tio Alfredo contava piadas enquanto todos o rodeavam. Roberta estava muito feliz ao lado do irmão.
Alfredo tinha três filhos, dois deles, um menino e uma menina eram ainda muito novos, os pequenos ficavam brincando com outras crianças enquanto o pai era solicitado por todos os presentes. Sua esposa, Helena, exibia toda a sua elegância e também conversava com todos com simpatia e delicadeza. A outra filha do casal, Cíntia, que tinha a mesma idade de Cali ainda não havia chegado.
Cali estava impressionada em como todos pareciam tão felizes e aos poucos começou a contagiar-se com a animação dos familiares. Ficou verdadeiramente contente quando seu irmão chegou acompanhado de Natalie e anunciou seu noivado com a americana. Cali finalmente conhecera a cunhada, seu irmão não exagerara ao dizer que ela era uma mulher maravilhosa. Era uma ruiva encantadora, todos gostaram dela imediatamente. Tinham que falar-se em inglês já que Diogo ainda estava ensinando a noiva a falar seu idioma. Roberta também adorou a nora, mas não gostou do suspense que os filhos fizeram escondendo algo tão importante dela por tanto tempo.
Cali conversava animadamente com Natalie quando sua prima, Cíntia, apareceu de repente e foi recebida com muita festa por Alfredo e Helena. No entanto, para a surpresa de Cali, ela não estava sozinha. Igor a acompanhava. O ex-namorado era a última pessoa no mundo que Cali gostaria de ver na face da terra e o que ele fazia acompanhado de sua prima? Não podia acreditar na hipocrisia do rapaz que convenientemente deveria estar namorando Cíntia. Se o jovem ambicioso não podia ter uma das herdeiras dos Montenegro, provavelmente teria a outra...
A garota observou de longe enquanto Igor cumprimentava os pais de Cíntia com um sorriso encantador nos lábios. Cali conhecia aquele sorriso, era o modo de Igor demonstrar a todos que era um bom partido. Um jovem dedicado e compreensivo com um futuro promissor quando pelas costas era uma cobra venenosa. Cali já fora mordida uma vez por aquela peçonha, mas já estava imune a seu charme. Sabia muito bem como enfrentar Igor, embora não tivesse a mínima vontade de fazê-lo.
Cíntia não tinha atrativos físicos que chamassem a atenção de um rapaz tão superficial quanto Igor, embora fosse uma garota muito doce. Cali gostava muita da prima e sentiu-se triste ao ver como a garota seria manipulada por aquele crápula. Ela não acreditava que ele teria mudado em tão pouco tempo.
Igor era um tipo alto e forte. Tinha cabelos pretos, olhos negros e a pele bronzeada. Estava muito bem vestido e falava de maneira impecável. No começo do namoro dos dois, Cali deixou-se encantar pela beleza e masculinidade do rapaz. Não chegou a amá-lo de verdade, pois não acreditava em suas promessas de amor que sempre lhe soaram falsas aos seus ouvidos, principalmente quando era fato conhecido que ele tinha muitas amantes. No entanto, tiveram alguns bons momentos juntos. Ele fora o primeiro e único homem com o qual Cali fizera sex*. Nem sempre era bom. Cali não reclamava, até gostava de trans*r com ele às vezes, embora soubesse que não era a única a compartilhar a cama com o rapaz. Sabia que ele estava usando a posição social dela para manter um bom status para a sociedade, isso a incomodava bastante até ela ter coragem de por um fim àquela farsa. O que não foi bem recebido por Igor que nunca aceitou bem o fim do relacionamento.
Cali tentou a todo custo evitar um encontro a sós com Igor. Mas não demorou muito para o rapaz conseguir emboscá-la. Ela havia ido até a varanda para pegar um ar e com o intuito de continuar se escondendo do ex o que foi inútil, logo o rapaz estava ao seu lado sorrindo cinicamente.
- Ora, ora se não é a minha gatinha - Disse ele, aproximando-se de Cali antes que ela pudesse se desvencilhar. - Há quanto tempo, Cali. Você está mais linda que nunca. Não vai me cumprimentar?
- Olá, Igor - Disse Cali, sem convicção.
- Vejo que não está feliz em me ver - Falou Igor, aparentemente triste - É uma pena, Cali. Sabe, nunca parei de pensar em você.
- Não seja hipócrita, Igor. Por favor, não finja interesse, você é péssimo nisso.
- Cali, não estou fingindo - Disse ele com uma seriedade que espantou a garota - Senti muito a sua falta, queria tê-la em meus braços novamente, sinto saudades de quando fazíamos amor...
- O que você quer com minha prima? - Disparou Cali sem se importar com as declarações amorosas de Igor para ela.
- Nossa! Você continua tão desconfiada, gatinha.
- Não me chame de gatinha, Igor. Não sou mais uma das suas...
- Você já está baixando o nível, Cali. Não fica bem uma flor delicada como você insinuando uma coisa dessas.
- Escuta, Igor. Você é que não tem o direito dizer o que eu posso ou não posso fazer - Disse Cali, tentando controlar sua irritação - Afinal, me diz logo o que quer com a Cíntia, ela é uma menina muito doce e eu não vou permitir que um canalha como você a faça de boba.
Igor mostrou-se magoado com as palavras de Cali, o que não comoveu a garota.
- Não pretendo magoar sua prima, nem mesmo estamos namorando. Somos apenas amigos…
- Ah, tá. Me engana que eu gosto - Desdenhou Cali - Então, por que está aqui? Não veio conhecer o futuro sogro, ver o que você pode arrancar dele...
Cali não percebera que havia elevado o tom de voz mais do que o necessário. Igor que até então mantivera um tom de voz apaziguador, rebateu quase gritando:
- Vim aqui por que queria te ver!
Cali olhou completamente chocada para o rapaz. Igor continuou a falar, dessa vez quase sussurrando ao ouvido dela:
- Essa é a verdade, Cali. Esse tempo todo que fiquei longe de você, só serviu para eu descobrir o quanto fui uma pessoa horrível. Por favor, me perdoa, eu amo você!
- Não acredito em uma palavra do que está dizendo, Igor. Você nunca me amou, deixei que você me fizesse de idiota tempo demais. Permiti que você me tocasse enquanto se divertia por aí com qualquer mulher que aparecia. Ter ficado com você foi o pior erro que cometi na minha vida!
Igor engoliu em seco as palavras que ouvia da garota. Mas Cali ainda estava chocada com a atitude do rapaz à sua frente, esperava que a qualquer momento ele se mostrasse o mesmo idiota egoísta que ela conhecera. No entanto, ele parecia outra pessoa. Cali não conseguia acreditar que isso fosse possível. Preferia não acreditar.
- Você tem razão. Eu fiz muitas coisas para magoá-la - Reconheceu Igor, ressentido - Fiquei com muitas mulheres quando estava com você. Eu achava que era um grande cara e queria provar para mim mesmo que podia ter a mulher que eu quisesse e ser o melhor de todos na cama. Todas elas me diziam isso e fui ficando cada vez mais cheio de mim. Queria ser também cada vez mais rico. Mas sabe, Cali descobri tarde de mais o quanto estava indo pelo caminho errado. Não me olhe desse jeito! Não encontrei Jesus ou algo assim, simplesmente estou tentando mudar. Todo mundo tem direito a uma segunda chance será que eu não posso ter a minha?
Cali custava a acreditar em Igor, mas decidiu dá um pequeno voto de confiança a ele e tentar descobrir se havia alguma verdade no que dizia.
- Tudo bem, então. Digamos que eu acredito em você, Igor. Quer voltar para mim mesmo sabendo que agora estou por minha própria conta, que não dependo mais do dinheiro dos meus pais...
- Bem, achei o que você fez muito corajoso. Você abriu meus olhos, Cali. Tudo o que consigo ver agora foi que perdi uma garota maravilhosa. Há algum modo de remediar isso?
- Sinto muito, Igor. Mas isso não vai ser possível.
- Você tem certeza? - Perguntou Igor acariciando o rosto de Cali, que o afastou.
- Absoluta. Além do mais, eu já tenho alguém, Igor.
- Oh, me surpreenderia se não tivesse. Uma garota tão linda como você...
- Igor, já pode parar de me cantar. Não há a mínima possibilidade de ficarmos juntos novamente.
- Tudo bem, não vou insistir. Já aceitei o que fiz, não vou atrapalhar sua felicidade... é o melhor que posso fazer para merecer o seu perdão...
Cali ficou conversando com Igor mais algum tempo. O rapaz estava curioso para saber o que ela estava fazendo da vida, então Cali contou algumas coisas sobre a faculdade de cinema. Pensou em quanto era estranho está conversando amigavelmente com seu ex-namorado que agora se dizia um homem regenerado.
- Com licença! - Pediu um homem, interrompendo a conversa dos dois.
- Pois não? - Disse Cali, reconhecendo pela roupa do homem que se tratava de um dos muitos seguranças da mansão.
- Você é Cali Antunes?
- Sim, sou eu mesma. Algum problema?
- Bem, não sei se é um problema. Mas tem uma garota lá fora querendo vê-la, disse que era urgente. Não íamos incomodá-la, mas ela insistiu muito e disse que não iria embora enquanto não falasse com a senhorita.
- Não disse como se chama?
- Não, mas ela disse que a conhecia muito bem e que eram vizinhas de porta.
O coração de Cali disparou. Seria possível que fosse Paloma? Decidiu ir atendê-la imediatamente, mas na sua exaltação em encontrar com a garota, ela nem percebeu que Igor que acompanhava atento toda a conversa com o segurança a seguia à tiracolo.
***
Paloma estava parada na porta principal da residência dos Montenegro. A garota andava de um lado para o outro enquanto era observada por dois seguranças mal-encarados que estavam na guarita de proteção. Ela nem dava importância para eles, já havia derrubados caras maiores que aqueles sem precisar fazer grandes esforços, o que lhe matava era aquela espera...
Cali seguiu o segurança até o portão principal. Avistou a figura inquieta de Paloma no outro lado do portão. Pediu que a deixassem entrar.
- Paloma? O que faz aqui? Não sabia que já havia chegado de viagem.
- Preciso falar com você e não posso esperar nem mais um minuto.
Paloma estava muito nervosa.
- Tem certeza que não dá para esperar? A festa ainda não acabou...
Paloma ia insistir quando reparou no rapaz alto que veio logo atrás de Cali.
- Quem é esse aí?
Cali, então, reparou em Igor pela primeira vez. Havia se esquecido completamente dele. Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, Igor se adiantou e encarou Paloma.
- Me chamo Igor. E quem é você que acha que tem o direito de invadir uma festa assim, hein?
Paloma não podia acreditar no que seus olhos viam, reconheceu o nome do rapaz que Cali havia lhe falado que fora seu único namorado. Nunca esqueceria aquele nome.
- Então, você deve ser o idiota que enganava a minha amiga...
- Quem você está chamando de idiota? - Exasperou-se Igor.
- Vocês podem parar de brigar? - Pediu Cali. Os dois olharam para ela ao mesmo tempo. - Igor, ela é minha amiga. E, afinal, ninguém pediu para você se meter em nossa conversa...
- Não entendo, Cali. Quem é essa machona aí que pensa que manda em você? - Perguntou Igor aproximando-se de Cali.
- Ei, idiota! Não chegue nem perto da minha garota, ouviu bem? - Bradou Paloma, feroz.
Igor olhou de uma para outra, espantado.
- Eu ouvi direito, Cali. Você me trocou por uma mulher - Disse Igor, enfatizando a última palavra. - Qual é a sua, você é lésbica agora?
Cali nem viu o que aconteceu, foi tudo tão rápido. Igor mal acabara de falar e fora atingido por um soco de Paloma bem no meio do rosto. O rapaz alto cambaleou e caiu no chão, imediatamente os seguranças que estavam por perto pularam em cima de Paloma, no entanto, a garota não fez menção de reagir parecia estar muito satisfeita em ver o sangue escorrendo no rosto de Igor.
- Ei, podem soltá-la! - Pedia Cali - Ouviram bem, larguem-na agora!
Os seguranças relutaram por um segundo e depois soltaram a garota a contragosto. Enquanto isso, Cali acudiu Igor que ainda estava deitado no chão.
- Você está bem? - Perguntou ela.
- Não sei ainda, mas a garota tem uma esquerda e tanto! Acho que mereci. - Disse Igor tentando estancar o sangue de seu ferimento.
- Você não devia ter feito isso, Paloma.
- Cali, vai defender esse cara agora? - Perguntou Paloma, incrédula.
- Eu não estou do lado de ninguém. Só não acho que seja necessária essa violência toda.
Com a confusão, algumas pessoas apareceram para ver o que estava acontecendo. Diogo apareceu acompanhado de Roberta e Alfredo. Eles foram alertados pelos seguranças de que Cali estava tendo problemas com alguém.
- O que aconteceu? - Perguntou Roberta, espantada ao ver o rosto sangrado de Igor.
- Não foi nada, Roberta - Tranquilizou Igor - Somente um mal-entendido.
- Isso está feio garoto, é melhor você ir cuidar logo - Sugeriu Alfredo.
- Cali, o que está acontecendo minha filha? - Roberta olhava de Cali para Paloma sem entender nada - O que a sua amiga faz aqui?
- Não está acontecendo nada, mamãe. A Paloma já estava de saída...
- Eu não estou de saída coisa nenhuma - Interrompeu Paloma sem se importar com mais nada - Só vou embora daqui se levar você comigo, Cali.
Todos olharam para as garotas, sem entender coisa nenhuma.
- Cali do que ela está falando? - Disse Roberta, segurando a respiração.
- Mamãe, é melhor entrarmos e deixarmos as meninas resolverem suas diferenças - Disse Diogo, tentando aliviar a tensão.
- Não, Diogo, eu preciso saber o que está acontecendo aqui. - Falou Roberta, determinada.
Cali avaliou a situação e decidiu o que seria o melhor a fazer.
- Mamãe, Diogo, tio Alfredo. Eu sinto muito, mas preciso ir embora. Preciso ir com ela...
Roberta não conseguia aceitar o que a filha estava dizendo.
- Mas meu bem, ainda temos a noite inteira pela frente para comemorar. - Ariscou Roberta sem muita convicção.
- Não se preocupe, mamãe. A comemoração pode continuar muito bem sem mim. Não é, tio Alfredo?
Alfredo que não entendia nada do que estava acontecendo apenas acenou com a cabeça.
- É melhor deixá-la ir, mamãe - Disse Diogo - A Cali já é grandinha e sabe muito bem o que quer.
- Tudo bem, se quiser ir não vou impedi-la.
- Obrigada, mamãe - Disse Cali abraçando Roberta. - Eu mando notícias, não se preocupe.
Os presentes despediram-se de Cali e voltaram para a festa. Paloma guiou a loirinha em silêncio até seu carro que estava estacionado a uma quadra dali. Quando deixavam a mansão, os seguranças lançaram um olhar contrariado para a garota mais alta que mais uma vez nem se importou.
As duas sentaram-se lado a lado no carro. Mas Paloma não fez menção de ligar a ignição. Olharam-se demoradamente, perscrutando o rosto uma da outra.
- Obrigada por vir comigo - Disse Paloma, tímida - Desculpe pela confusão que armei...
- Vamos esquecer isso. Você veio aqui porque queria me falar algo.
- Você tem razão, foi por isso mesmo.
- Mas antes - Interrompeu Cali - Quero saber se ainda existe algo entre você e Andréia.
Paloma fez careta diante desse nome.
- Por favor, não vamos mais falar dessa garota. Cali, eu não quero mais que ela fique entre nós.
- Eu também não.
Paloma olhou a garota ao seu lado com atenção. Ela admirou o vestido justo e decotado de Cali. Percebeu que seus cabelos loiros estavam diferentes, mais curtos e claros. Reparou também na maquiagem que realçava ainda mais a beleza de Cali.
- Você está muito linda - Disse ela, deslumbrada - Parece mesmo uma princesa.
- O-Obrigada - Gaguejou Cali, notando que Paloma olhava para seu decote, sem se conter.
Ficaram assim algum tempo, Cali sentia-se estranhamente tímida diante dos olhares de Paloma. Achava incrível como conseguia ficar desconcertada na presença daquela mulher.
- Paloma, o que estamos fazendo? - Perguntou Cali, com receio.
- O que você quer dizer?
- Estou falando disso. De nós… Você sabe que eu nunca…
- Que nunca esteve com uma mulher antes?
- Isso também, Paloma. Mas mais do que isso, eu nunca me apaixonei por ninguém antes - Confessou Cali.
Paloma sorriu diante das palavras de Cali. Seu coração batia muito mais forte agora.
- Cali, acredite, eu também nunca me apaixonei assim por ninguém antes - Disse Paloma tomando as mãos da loirinha entre as suas. - Eu amo você.
- Eu também amo você...
Paloma queria tomá-la o quanto antes em seus braços. Mas antes tinha que deixar tudo entre ela e Cali em pratos limpos.
- Não se importa que eu seja uma mulher? - Perguntou Paloma, com seriedade.
- Não, não me importo. Já superei a dúvida, Paloma. O que sinto por você, não me parece errado. Confesso eu nunca imaginei que isso aconteceria um dia, de me apaixonar por uma mulher, mas aconteceu...
- Eu entendo, meu bem - Disse Paloma, beijando as mãos de Cali - Quando nos conhecemos, eu logo senti algo diferente por você. Mas achei que nunca seria correspondida...
- Então, o que vamos fazer agora?
- Bem, isso depende de você - Disse Paloma, com cautela - Cali, quer ficar comigo?
- Isso não é óbvio? - Respondeu Cali aproximando seu rosto do de Paloma - Meu amor...
As duas beijaram-se com vontade.
- Não acha melhor sairmos desse lugar? - Sussurrou Cali ao ouvido de Paloma.
- Concordo. Vamos para casa.
Fim do capítulo
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